A Culpa - Parte Ii escrita por Mara S


Capítulo 8
Capítulo 8




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CAPÍTULO VIII

 

 

Havia caminhado o que seriam poucos metros quando senti que alguém me observava. Era Alice. Suspirei entediada e virando-me em sua direção disse:

- O que você quer?

Alice não pareceu intimidada e saindo de um canto escuro, escondida por entre as cortinas, disse sem esconder seu ódio:

- Por que saiu do quarto de Vergil vestida assim?

Aquela garota não conhecia limites.

- Eu não me lembro de ter dito que precisava lhe informar minhas ações.

- VOCÊ ME TRAIU! – ela gritou. – O que fez com ele?

- Não fale comigo assim, sua aberração – falei me aproximando. Já havia agüentado mais que o suficiente daquele monstrinho.

- Não se aproxime!!! – Alice falou colocando suas mãos para frente.

Eu ri.

- Eu só não termino com essa idiotice. Por que, infelizmente, você já estava aqui antes de chegar. Não cabe a mim esta decisão.

- Exato! Você não manda nada! Eu já o conhecia antes de você! Vergil é MEU! – ela gritou indo na minha direção novamente.

Eu a derrubei com um tapa violento que a fez chorar descontroladamente em um canto. Neste momento Vergil apareceu e depois de analisar a cena disse:

- O que é isto?

- Vergil!!! – Alice se levantou no mesmo momento e correu na direção do mestiço que a impediu de aproximar-se. – Ela... Você viu o que ela fez!

Eu revirei meus olhos e apenas ri.

- Você realmente é um monstro, não é mesmo?

- NÃO FUI EU QUEM DORMIU COM ELE! – ela berrou para mim.

- Não grite na minha presença – Vergil meramente respondeu friamente. Mas eu sabia que ele não suportava mais aquela suposta criança.

Alice nos encarou brevemente até que disse:

- Veja Vergil... Eu sei que as coisas mudaram desde que ela chegou aqui. Você não é mais o mesmo, mas eu compreendo. Mesmo assim, precisava fazer você gostar de mim novamente.

Vergil não disse nada. O silêncio irritou Alice que continuou:

- Vergil, qual o problema com você? Não pode ser tão difícil agradá-lo.

Eu, por outro lado, já estava cansada de toda aquela dissimulação. Alice não era uma criança e muito menos inocente. Percebi que Vergil não faria nada novamente a respeito de Alice, o que me irritava profundamente, pois a garota não era necessária para nada. Absolutamente nada.

- Cansei deste espetáculo – falei virando-me para a direção do meu quarto. – Ela não é uma criança. É só um maldito demônio.

Pude ouvir Alice murmurar alguma coisa, mas não decifrei o que era. De qualquer forma, depois de tudo aquilo não tinha paciência para Alice.

 

 

Não sabia há quanto tempo dormira, mas despertei com uma profunda dor de cabeça. O sol brilhava fracamente pelo nascente. Levantei-me pensando que estranhamente parecia uma eternidade que eu havia estado com Vergil. Óbvio que me sentia desta forma. Já parecia impossível Vergil pedir algo daquela natureza; passava, então, a ser intrigante ver o fato ocorrendo e mais estranho ainda a forma como tudo terminou. Enfim, Alice acabou por parecer acabando com qualquer chance de pensar em tudo com mais calma.

 - Maldita Alice... – reclamei em voz alta enquanto tomava banho.

 

Mal havia colocado minha roupa quando escutei barulhos vindos do andar de baixo. Eram gritos de Alice. Suspirei e decidi ver o que a “criança” fazia.

Quando cheguei à sala, percebi Alice numa distância razoável de Vergil e nas mãos da garota estava um pequeno embrulho. Ambos me sentiram aproximar e ao chegar à porta da sala, ela disse:

- Eu peguei algo para você, Vergil. Tive muito trabalho, mas eu sei que vai adorar.

Estendeu suas mãos para Vergil entregando o embrulho. A minha reação foi esperar curiosa até que desembrulhasse o conteúdo. Pude perceber os olhos do mestiço fitarem ameaçadoramente Alice que apenas sorria orgulhosa de algo que desconhecia. Como Vergil permaneceu calado, caminhei até ele cautelosamente para observar aquele objeto. Ao perceber o brilho avermelhado, apenas disse:

- Eu não acredito...

- Viu só? Ela nunca lhe daria isso! Eu fiz tudo certo para...

Alice parou sua frase ao notar o olhar de desprezo de Vergil.

- Não me olhe assim!

O mestiço não disse nada. Meramente guardou o amuleto consigo e sem olhar mais para nenhuma de nós duas saiu da sala. Pude escutar a porta da entrada ser batida com violência.

 

Agora éramos apenas nós duas. Minha vontade era destruí-la naquele momento, mas não tiraria esse prazer de Vergil, apesar de não compreender por que ele ainda não a matara. Talvez ele estivesse mais preocupado com Dante e o destino do amuleto, afinal de contas, Alice não iria à lugar algum.

A garota roubara o amuleto que Vergil tentara a tanto custo preservar, por simples capricho. E por capricho ela poderia destruir tudo. Vergil não queria se revelar agora e estava fazendo de tudo para preparar o irmão de longe. Fazendo com que o gêmeo mantivesse sua alma demoníaca sempre acessa, mesmo que ainda não totalmente despertada.

- Por que ele agiu assim??? – Alice disse surtando do meu lado.

Eu simplesmente voltei a caminhar para o escritório e esperava que ela não me seguisse.

- Mas ele vai entender o que eu fiz! Tudo o que eu fiz foi por ele! – escutei a voz de Alice ficar mais distante. Provavelmente o demônio decidira desaparecer da minha frente.

Não havia necessidade de discutir com aquele ser. A hora dela logo chegaria. No momento tinha coisas mais interessantes para fazer, além de claro, a preocupação com Vergil e o amuleto de Dante que me perseguiria até que o mestiço voltasse com alguma notícia.

 

Lutava na sala de treino quando senti a presença de Vergil por perto. Estava forte o suficiente para pressentir que algo ruim acontecera ou estava prestes a acontecer. Joguei meu bastão ao chão e abrindo a porta rapidamente, caminhei até o hall de entrada. Lá estava Vergil e ele estava enfurecido como imaginara.

- Onde está Alice? – ele perguntou para mim.

Eu cruzei os braços e respondi secamente:

- Se soubesse lhe diria, mas logo ela aparecerá. Não se preocupe, pois ela sentiu sua presença, eu posso garantir.

Vergil abriu a porta que levava até a sala de jantar e eu o segui.

- Eu lhe avisei, Vergil...

- Lá está ela! – o ouviu dizer ao notar a pequena Alice encolhida em um canto da sala. – Eu acho que esperei demais.

- O que eu fiz??? Vergil, por que está tão nervoso! Eu te ajudei!

- Você atrapalhou! Eu posso ter lhe deixado viva todo esse tempo, por que esperava que você ainda pudesse se mostrar útil, mas eu me enganei.

- Ela também não é útil! – Alice tentou se defender, me apontando, enquanto se levantava. Ela fingia ser forte, contudo era uma tentativa falha.

Eu, que também tinha motivos suficientes para odiar aquele ser, disse:

- Isso é insolência! Não tenho mais paciência para qualquer coisa que essa garota diz ou faz! Você não é mais necessária, Alice.

A garota ameaçou caminhar até minha direção, mas foi impedida por Vergil que trespassou sua espada no peito da jovem. Ela soltou um gemido fraco e ao sentir a lâmina sair começou a chorar:

- Por quê?

Foi então que aconteceu algo que não esperava. Talvez por ser fruto de sua escolha demoníaca, seu rosto começou a desfigurar e lentamente a Alice criança foi sendo tomada pelo corpo da Alice mulher. Eu assisti aquilo intrigada, mas Vergil não esboçou nenhuma reação. Ela caminhou alguns passos em falso até que Vergil a golpeou-a novamente, desta vez no pescoço. Desta vez ela tombou no chão e de joelho soltou seus últimos sibilos.

- Realmente, ela não é mais necessária. Pessoas fracas devem morrer.

Escutei Vergil falar ao meu lado enquanto fitava o corpo contorcido de Alice.

Eu concordei com ele. Finalmente, tudo acabara.


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Notas finais do capítulo

É o fim da Alice muahahahahahahaha(...)



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