Meu pesadelo Benjamim escrita por Larissa Lionel


Capítulo 6
Amanhecer




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Senti meu corpo molhado, era o calor. Acordei ainda um pouco atordoado, passei a mão no rosto para tirar algumas mechas de cabelo irritantes sobre os meus olhos. A luz que atravessava a janela do quarto anunciava o amanhecer. Eram sete horas.

Ao olhar para o lado o vi, ali, dormindo de forma tão serena e tranquila. Os cabelos loiros que tanto se moveram na noite passada agora estavam quietos. Suspirei, o que eu fiz? Um descontrole? Talvez sim.

Talvez não. Posso confessar que aquela tinha sido a primeira vez que senti prazer mais de uma vez numa mesma transa, e o pior, com um cara. O que me fazia pensar numa suposta mentira que Benjamin poderia ter jogado para mim.

Ele parecia ser experiente. É certo que acabei indo rápido demais e deixei alguns detalhes em branco, como por exemplo, não tinha ideia de sua idade. Fazia um tempo que o tinha conhecido, mas sinto como se ele fosse alguém misterioso que se encobre atrás de uma neblina cinzenta.

— Ah... Está quente... – reclamou ele.

Abriu os olhos revelando as íris esverdeadas para mim. Acredito que seja a primeira pessoa a acordar com a beleza intacta. Permaneceu deitado. A cama estava num estado um tanto deplorável, os lençóis saiam parcialmente do colchão, sem contar o rasgão – que eu provoquei – bem no meio dele.

— Posso abrir a janela se quiser. – sugeri.

Ele sorri.

— Faria essa gentileza?

Me levantei, bastou que eu desse um passo para frente. Senti o líquido quente escorrer das nádegas até as pernas. Quem dera fosse apenas isso, senti algo como uma leve pontada no orifício.

— Ai.... – reclamei espontaneamente.

Benjamin olha para mim.

— Está dolorido?

— Um pouco.... – ao menos consegui abrir a janela.

— Não se preocupe. Acontece que não tinha lubrificação o suficiente.

— Hum... – voltei para a cama – como sabe disso?

Ele olha para mim.

— O que é essa ruga no meio da sua testa, Ariel? – ele senta.

— Só não consigo entender. Pra quem nunca gostou de homens antes, é experiente demais, não é mesmo?

Ele ri.

— Qual a graça? – cruzo os braços.

— Está duvidando de alguma coisa, Ariel?

— Ontem eu posso confessar, foi a melhor transa que já tive na vida – ao menos até agora – uma pessoa inexperiente nunca conseguiria fazer aquilo.

— Entendi. – suspiro longo – acha que menti quando falei sobre nunca ter sentido atração por outros homens?

— Disse que se sentia como eu, que estava se descobrindo, está mentindo.

— Na realidade não.

Olho para ele.

— Ariel, eu tenho vinte e dois anos de idade.

Apesar de não parecer. Descobri sem perguntar. Imaginei que fosse mais velho que eu.

— Nunca tive alguém para me dizer o que devia ou não fazer. Aos treze perdi a virgindade com uma garota da escola.

Ele finalmente vai falar sobre si mesmo – alegria interior.

— Eu gostei.

Resposta errada Benjamin, muito errada.

— Sai com muitas outras. Quando cheguei aos quinze, fui parar numa festa que minha irmã tinha me convidado, era dessas de amigos.

— Quantos anos ela tem?

— Vinte e cinco.

Ela era bem mais velha que eu...

— A festa em si não teve nada de impressionante. O problema foi eu ter caído na bebedeira, fiquei sóbrio apesar disso. Não foi o mesmo que aconteceu aos outros garotos. Um deles simplesmente me beijou, assim como seu chefe fez com você.

Que conveniente Benjamin.

— Não senti nojo, mas fiquei curioso. Àquela altura já tinha saído com muitas garotas, então por que não um menino?

— Ah, já entendi. Então você realmente mentiu pra mim.

— Em que sentido?

— Disse que nunca tinha sentido atração por nenhum outro homem. – franzo o cenho.

Ele ri.

— Pare de rir, isso me irrita. – desviei o olhar.

— Você é o do tipo que sofre de véspera?

Suspirei alto para mostrar a ele que estava me irritando.

— Falei que senti curiosidade, não atração. Entenda Ariel. Transei com mulheres e com homens, mas só com você eu senti algo... Estranho.

Ele se aproxima.

— Eu via aquilo como uma brincadeira, mas com você tudo me pareceu diferente.

Colocou a mão no meu queixo.  

— Você é o único que me faz sentir vontade de estar ao lado, e isso me abalou. Nunca tinha gostado de ninguém, nem se quer tive relacionamento algum. Mas alguém chegou e mudou tudo – sorriu – me senti confuso, e também passou pela minha cabeça que estaria em sérios problemas se realmente estivesse apaixonado por outro garoto.

Ele disse, apaixonado?

— Quando saía abraçando garotos na rua, costumava ouvir e enxergar a pessoas que nos olhavam por cima. Pensei em parar de sair com os dois gêneros, mas mudei de ideia quando me dei conta que aquelas pessoas não tinham importância alguma para dizer o que devo ou não fazer.

— Os fones serviam para você não ouvi-las?

— Também. – sorriu – costumo usar para não ouvir os gritos irritantes da minha irmã.

— Então significa que você é um galinha que acredita poder me enganar e sumir no futuro?

— Não Ariel. Esqueça meu passado e foque no presente. Só agora pude perceber o quão isso é difícil... Quando a brincadeira se torna algo sério, nunca sabemos bem o que fazer. Eu sinto atração, eu tenho desejos apenas por você. Isso me assustou...

— Então, o que decidiu?

— Quero tentar, você não quer? O pedido eu já fiz, como prova de que é algo importante pra mim. É a primeira pessoa que pedi para ter um relacionamento sério.

Engoli o seco. Agora conseguia entender bem o que acontecia. Era o mesmo comigo. Saía com mulheres, mas não gostava delas. A diferença entre eu e ele é que não fui atrás de outros garotos – e acabo de perceber que nunca senti atração por nenhum outro que não fosse Benjamin.           

Ele era o único cara que eu desejava, e eu era o único que ele desejava.

— Quero... Só... Podemos ir um pouco mais devagar?

— Claro. – sorriu, beijou minha testa em seguida.

Levantou.

— Aonde vai? – perguntei.

— Pretendo tomar banho, vem comigo?

Perigo!

— Não, não. Ainda estou me recuperando de ontem.

Ele ri. Acompanhei aquele corpo esbelto na minha frente pegar cada peça de roupa jogada no chão. Aquela pele macia me fazia lembrar da noite passada. Me senti corar um pouco, então passei a prestar atenção na janela.

— Onde fica o banheiro, Ariel?

— Ah, na porta perto da cozinha.

Minha casa era feita em poucos cômodos, a sala ficava entre os dois quartos – e acredite, Ítalo ainda conseguiu nos ouvir – a cozinha estava próxima do meu, não tinha como se perder.

Aproveitei para esfriar a cabeça enquanto ele tinha saído. Eu não sabia o que estava fazendo, mas gostava dele, sentia atração de uma forma que não sei explicar mas gostaria de entender.

Acho que ele sente o mesmo. Dizem que amores começam com trocas de olhares, a aparência física é a primeira que te leva a um suposto romance no futuro. O meu medo era, será que conseguiremos avançar para mais que uma atração?

Eu queria isso? Não sei se irá dar certo. Não gosto de relacionamentos, mas.... Oh, é mesmo, ele me fez um pedido, certo? Ainda é cedo para escolher por algo que com certeza virá recheado de consequências no futuro. 

Decidi que as coisas iriam andar com mais calma entre eu e ele. O garoto que saía com meninos e meninas para se divertir, e eu, o rapaz que tentava se envolver com mulheres por que acreditava que aquilo o faria feliz, nos unimos por uma linha chamada atração, não sei se gosto dele, ou se é apenas pele e corpo, nem ao menos pensava na possibilidade de um relacionamento.

Relacionamento = envolvimento físico e mental, ficar preso a alguém, dar satisfações, ciúmes gratuitos, e no nosso caso, um bônus + preconceito. Eu não tinha mais pai nem mãe, portanto, não iria passar por aquela coisa de “meus pais não aceitam.” Ítalo estava comigo, e o que ele achava era importante. Apesar de ser uma criança – mais inteligente do que deveria – ele precisa saber.

O outro lado é ele, tem uma família que não faço ideia se conseguem lidar com a opção sexual do filho – Benjamin. Tomei uma decisão, vou mantê-lo como Sara, uma amizade colorida. Se acaso algo a mais acontecer... Só o futuro pode dizer.


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Notas finais do capítulo

Olá pessoas! Gostaram do capítulo? Então deixe seu comentário, ele é muito importante para mim, ele me dá ânimo para continuar escrevendo a história de Ariel!



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