Carpe Diem escrita por Maga Clari


Capítulo 2
Apenas mais um drink


Notas iniciais do capítulo

Estou pensando em por o nome de uma música para cada capítulo, o que acham?
A música de hoje é: Just one drink - Jack White
Espero que curtam o capítulo.
Surto de inspiração repentina. Queria continuar o capítulo, mas iria se prolongar muito.
Beijinhos



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Pois, então, vejo que não desistiu de mim.

Ou quem sabe seja apenas a sua curiosidade agindo. Deixando-o estupidamente louco para prosseguir com a leitura deste relato.

Bem... Isso não faz muita diferença. Na realidade, não é como se de fato me importasse com o que qualquer um iria pensar sobre a minha vida. Então, tudo que preciso fazer é relaxar e contar a minha história.

Beleza.

Tudo bem.

Lá vai.

Lembro-me vagamente de estar felicíssima da vida quando Dominique agarrou meu braço, impedindo-me de ser atropelada por um conversível na rua principal de Londres.

— Calma, prima — ela riu, gostosamente, revelando os efeitos da bebida — Não precisamos de uma hospitalizada aqui, hein.

— Rose Weasley não se hospitaliza, Nique. Lembre-se bem disso. Ah, olha! O sinal abriu!

Ainda aos risos, Nique e eu cruzamos a faixa de pedestres, rumo ao muro de pedras mais mágico de toda a cidade. Esperamos um senhorzinho deixar a rua para que tocássemos os tijolos com a ponta das varinhas. Fizemos isso de modo ritmado, como se estivéssemos numa banda de rock and roll. E talvez, secretamente, fosse o que eu mais desejasse.

Aos poucos, a passagem secreta para o Beco Diagonal se revelou e então pudemos adentrá-lo. Uma vez lá, saltitamos, felizes, enquanto dividíamos uma garrafa de Uísque de Fogo.

— Ainda não acredito que estou fazendo isso.

— O quê? — Nique me perguntou, com a testa franzida — Badalar com a sua melhor amiga?

— Não. Beber antes mesmo de chegar.

— Ora, Rose... Não seja tão careta. Assim é mais divertido!

Olhei para a menina que me estendia o último gole. Seus olhos castanhos brilharam de empolgação. E talvez, secretamente, eu compartilhasse de toda a empolgação dela.

Éramos duas garotas recém-saídas da adolescência, ansiosas por aproveitar a juventude. Havíamos fugido de casa (ou melhor, eu havia fugido. Dominique já era maior de idade e morava sozinha) para comemorar meu aniversário, que seria no dia seguinte.

Já passava das 10PM, e embora odiasse ter que admitir, eu estava nervosa, mas de um jeito bom. É claro que eu já havia fugido de Hogwarts várias vezes, mas nunca havia feito isso em casa. Apesar disso, tive certeza que ninguém realmente sentiria minha falta. Muito provavelmente, Hermione Granger, minha mãe, estaria lendo em sua biblioteca; Ronald Weasley, meu pai, estaria vendo o Quadribol na televisão; e Hugo, meu irmão idiota, estaria ocupado demais em Hogwarts, estudando para o NIEM’s.

Pensando nisso, agarrei a garrafa de vidro e tomei o último gole da bebida. Aquele era quase o meu dia. Eu já era praticamente uma adulta, sabia o que estava fazendo. Assim que tossi, ao me engasgar, Dominique soltou palminhas e me puxou para o novo pub que fazia círculos na fila para entrar.

Esperamos nossa vez, muito pacientemente, para então entregar os documentos e a varinha para ser revistada. O segurança sorriu para mim ao me devolver tudo.

— Tenha uma boa noite. Divirta-se.

— Pode apostar que irei — pisquei para ele, que ficou desconsertado.

— Anda, Rose, vamos logo! — Nique me empurrou, agoniada — Não atrase o resto da fila!

Dei uma risadinha enquanto me empurravam para dentro do pub. E enquanto o fazia, notei pela primeira vez a decoração. Eu nunca havia estado num lugar como aquele antes. Completamente escuro, a não ser pelos archotes a cada metro de distância. O teto era encantado para parecer o céu à noite, assim como o de Hogwarts.

De repente, senti um nó na barriga. Um sentimento nostálgico tomou conta de mim quando pensei nisso. De certo modo, sentia-me segura na escola. Hoje, estou por conta própria. E nem mesmo dois anos foram suficientes para extinguir esse sentimento.

— Qual foi o problema? — Nique gritou em meu ouvido, tentando se sobressair ao barulho do local.

— Nada — respondi, prontamente — Vamos mais pra frente. Quero ouvir a banda. Ah, e à propósito... Joga essa garrafa fora! Vamos parecer duas loucas. Tem mais nada aí dentro.

— Tem razão! — ela piscou para mim, rindo à toa — Garota esperta! Volto já! Não saia daí, hein? Volto num minuto.

Acenei com a cabeça e caminhei um pouco para frente, para ouvir o show. Não soube identificar quem estava no palco, mas havia reconhecido a música rapidamente. Era um cover da minha banda preferida.

De repente, encontrei-me perdendo o controle dos meus movimentos. Foram poucas as vezes que me recordo de ter dançado tão livremente como naquele momento. Meus ombros balançavam de modo suave; meus pés deslizavam no chão; meus olhos, fechados, indicavam tudo que estava sentindo: paz e alegria.

Acho engraçado esse tipo de coisa. Sempre que estamos assim, alguém surge, do nada, para estragar ou encurtar o momento. Inúmeras foram as vezes que isso aconteceu comigo. A única e grande diferença daquela noite fora justamente quem fizera isso.

— Desculpe?

Senti um toque frio em minha nuca, seguido por um pigarro.

Estávamos em Fevereiro, e embora a festa fosse em ambiente fechado, todos trajavam vestes de inverno. Portanto, aquele fora o único ponto nu em meu corpo, exceto minhas mãos.

Ele tornou a pigarrear.

— Ei, moça, eu não te conheço?

Finalmente, virei-me para ele. Apertei os olhos para enxergá-lo melhor. Estava escuro demais. Além disso, o álcool tornava minha visão um pouco turva.

— Não tenho muita certeza... — procurei ser o mais gentil possível ao respondê-lo.

— Você estudou comigo, não foi?

— Acho que sim... — gritei para ser ouvida, mas sem dar muita importância. Aquele cara estava sendo muito grudento — Nos vemos depois. Tchau.

A visão de Dominique voltando foi minha salvação. Ela trazia taças novas em sua mão e sentamos num balcão para conversar. Pedimos uns aperitivos e falamos amenidades.

Não sei ao certo em qual momento meus olhos se distanciaram das palavras de minha prima. Antes que pudesse me controlar, já estava procurando o garoto por todo o salão. E enfim o descobri conversando com um grupo de amigos bem do outro lado do pub.

— Ei, Rose, você está prestando atenção?

— Estou.

— Então o que foi que eu disse? Não, aliás... O que você acha a respeito disso? Devo ou não?

— Deve o quê?

— Viu?! Você não estava prestando atenção.

Respirei fundo e esfreguei os olhos antes de resolver descer do banco. Nique ergueu a sobrancelha para mim, sem nada entender.

— Por que você não vai dar um rolê por aí, Nique? Vou cumprimentar uns antigos colegas meus e depois a gente se encontra de novo. Você é um amor, sei que vai entender.

— Está de olho em alguém, não está?

Diante de meu silêncio, Nique me ofereceu mais uma de suas gargalhadas sapecas.

— Eu sabia.

— Não estou!

— Está sim. Nem conseguiu terminar sua cerveja amanteigada.

Instintivamente, bebi todo o resto de uma só vez.

— Viu? São só meus colegas. Tchau, Nique.

Enquanto caminhava, tive a impressão de estar sendo observada. No entanto, isso não me impediu de ir até o outro lado do pub.

Odeio me sentir pressionada, ou fazer qualquer coisa só porque me pediram. Mas dessa vez, senti vontade de ir até o garoto-grude por conta própria. Algo nele me despertou curiosidade.

E talvez eu devesse ter continuado com Dominique lá atrás. Talvez eu devesse parar de desviar meus planos, meus objetivos, meus caminhos. Mas agora nada disso importa mais.

Não faz diferença.

Simplesmente não faz.

— Oi — ouvi a mim mesma dizer, de repente.

No meio daquele grupinho, o garoto-grude virou-se para me encarar.

Ele fumava um cigarro entre os amigos e soltara uma fumaça enorme antes de devolvê-lo a um dos rapazes.

À luz dos archotes, pude notar seus olhos cinzentos. Acima de sua cabeça, o que provavelmente já fora uma cabeleira loura-escura. A memória estava me ajudando a me lembrar dele. Hoje, tinha a cabeça quase toda raspada. Suas vestes eram inteiramente negras, exceto por uma gravata vermelha, bem abaixo de sua jaqueta.

Não podia ser quem eu pensava que era.

Podia?

— Em quê posso ajudá-la? — ele sorriu, debochadamente, com um tom falsamente cortês.

— Desculpa. É que minha amiga estava me esperando naquela hora. Acho que me lembro de você sim. Fomos colegas. Mas agora estou me lembrando... Grifinória, acertei?

Seus olhos seguiram meu dedo, que apontava para sua gravata. Ele assentiu, hesitantemente.

— Muito óbvio, não é? — Scorpius respondeu com outra pergunta, sua sobrancelha estava quase inteiramente erguida.

— Não muito — admiti, um pouco sem-graça —  Nem todos tem amor à própria casa.

— Lufa-Lufa?

— Viu? Não, Scorpius, eu era Corvinal.

— Entendo — ele voltou a rir, sem discreção — Verbo no pretérito. Era. Pois eu sou Grifinória até a morte.

— Por que achou que eu era Lufa-Lufa?

— Não os vejo tão fanáticos pelas origens. Por que não gosta da Corvinal?

— Pelo simples fato de ser a única da minha geração de Weasley a se transferir para lá. Ah... À propósito, caso não se lembre, Rose Weasley.

Observei-o demorar a apertar minha mão. Ele parecia pensar e refletir sobre alguma coisa.

Ele então disse simplesmente:

— Scorpius Malfoy.


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Notas finais do capítulo

Gente, eu estou escrevendo em Português, mas visualizo o James Campbell interpretando o Scorpius e falando em seu sotaque britânico maravilhoso em certos momentos. Tipo na parte do "muito óbvio, não é?". Imaginei ele falando "Pretty obvious, huh?" e o "pretty" bem marcado (prítt). Sim, eu fico imaginando essas coisas u-u



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