Carpe Diem escrita por Maga Clari


Capítulo 16
A vida em rosa


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi, oi!
Como estão?
A música de hoje é uma versão de uma cantora nova. Apesar de Piaf ser clássica, o ritmo é lento demais. Escolhi então: La vie en rose - Zaz
Não me matem por causa do final do capítulo.
Perdão.



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O dia seguinte ao festival de música não foi somente o dia que descobri quem seria nosso padrinho.

Não, não.

No dia seguinte, acordei com Scorpius Malfoy costurando um pano mais alvo do que a barba de Dumbledore.

Ele estava no chão do quarto, rodeado de agulhas e outras trouxisses.

A princípio, achei um pouco esquisito. Mas então me lembrei de quando Scorpius havia feito milagres com meu presente de aniversário. Lá naquela loja que entramos no meio da madrugada.

— O que é isso? — disse, de repente, assustando-o um pouco.

Scorpius levantou o rosto para mim, falhando em segurar o sorriso ao me ver.

— Sabia que a parte mais divertida de tudo é fazer as coisas de última hora? Dá mais emoção.

— Do que você está falando?

— Ah, Rose... Aonde a senhora Weasley-Malfoy gostaria de ir numa lua de mel romântica? Você sabe que meu quarto se transforma em qualquer lugar, não sabe? Pois então...

— Scorpius! — reclamei, aborrecida por não estar entendendo nada — O que está acontecendo?

— A cerimônia será hoje, cabelo-de-fogo.

Quando olhei-o espantada, Scorpius riu.  Ele ficou de pé e veio até a mim.

— Estava escrito isso no convite de todos. Menos no seu.

— Seu idiota! — comecei a rir também, fingindo-me de irritada — E meus pais?

— Já avisei a eles também.

Minha sobrancelha estava erguida, em clara descrença. Mas deixei-o lá e subi as escadas para o térreo.

Quando virei a maçaneta para ir embora, Scorpius gritou lá de baixo:

— Por favor, não demore muito. Em meia hora, quero você aqui para provar seu vestido.

Um sorriso, então, surgiu antes que eu percebesse. Apenas assenti e direcionei meu corpo para a cozinha, onde encontrei Draco Malfoy conversando com Mark.

— Já definimos tudo, okay? — Mark disse, e suspeitei logo de sua animação repentina — Quem sabe não montamos uma banda, hã?

— Vocês? Uma banda de verdade?

— É. Por que não?

Mark deu uma risadinha.

E então, seu rosto se iluminou quando notou minha presença.

— Olha, se não é a noiva mais linda!

— Mark! — o olhar de Draco era de repreensão — Vai dar em cima da noiva no dia do casamento? Nossa, não sei quem você puxou.

— A mãe que não foi — ele riu e respirou fundo — Só estou brincando, Rose.

— Eu sei. Relaxe.

Mark balançou a cabeça ligeiramente e me pôs na conversa.

— Vamos, Rose. Diga que concorda comigo. Não seria legal uma banda comigo, seu irmão e o Scorpius?

— Acho... Acho que ele não é desse tipo. Sabe? Scorp gosta mais da vida de auror.

Foi a vez de Draco rir, sentindo-se momentaneamente vitorioso.

— E aliás — perguntei, franzindo a testa — Como sabe que meu irmão é músico?

— Ninguém te contou? Hugo vai tocar na festa. Com a gente.

Pisquei os olhos, sem acreditar no que eu estava ouvindo.

— Isso... Isso é incrível.

— Ah! Crianças! — Draco falou, em tom dramático o bastante para arrancar mais risadas — Já comeu, Rose? Tem sanduíches bons que Scorpius encomendou. Só não pegue muitos, sem que sua família é naturalmente esfomeada.

— Muito engraçado.

— É sério, pode ir — ele insistiu, um pouco sem-graça — Tem suco de abóbora na geladeira também.

Assenti e fiz o que meu sogro sugeriu.

Não demorou muito para que Scorpius voltasse a me chamar para provar o vestido. Era a peça mais bonita que já havia caído em mim em qualquer época. Parecia feito de cetim das fadas.

Se é que existe algo produzido por fadas.

Mas isso não importa.

A questão é que o vestido era simplesmente lindo.

— Scorpius. Não dá azar ver a noiva antes do casamento?

— Rose — ele sorriu, brincando com meu cabelo — A cerimônia na família Malfoy será um pouco diferente hoje.

— Ah, é?

Scorpius sorriu.

— Nós chegaremos juntos, certo?

— Tudo bem.

— Vou me trocar num minuto.

E então, enquanto Scorpius se arrumava, coloquei maquiagem e baguncei um pouco minha franja.

— Vamos? — ele perguntou, logo atrás de mim.

Scorpius estava realmente bonito.

As vestes eram pretas, exceto pela gravata azul-marinho e os tênis vermelho-sangue. E estas cores também se encontravam num chapéu super chique que ele estendeu para mim:

— O que nos uniu — ele disse.

— Mas é claro.

Scorpius, mal se contendo de alegria, puxou-me para o térreo novamente e fomos encontrar todo mundo no jardim de sua casa.

Quando chegamos, os risos tornaram-se mais e mais altos, e pelo visto, era o que Scorpius planejava.

— Rose — sua voz estava baixa, para que só eu o ouvisse — Você fica aqui assistindo. Na hora, irei chamá-la. Só fique aguardando, okay?

Escolhi um lugar ao lado da senhora Malfoy, que estava sentada numa cadeira de rodas, no ápice de sua felicidade. Ela apertou minha mão e falou:

— Pensei que não veria esse dia. Scorpius. Uma garota. Casando com ele.

— Eu o amo de verdade.

Astória sorriu e deu tapinhas em meu braço, voltando a assistir o desenrolar da cerimônia.

No palco improvisado, estava Hugo acenando para mim. Eu acenei de volta, torcendo para que tudo acabasse bem. Ao seu lado, Mark ajeitava um baixo nos ombros.

E aí subiu Scorpius.

Ele aumentou a voz com um sonorus.

— Bom começo de tarde, pessoal — ele começou, aos pigarreios — Quero começar dizendo que quero agradecer e exibir minha família aqui. A minha mamãe maravilhosa na primeira fileira...

Scorpius apontou para Astória, arrancando uma salva de palmas.

— Meu pai tirado a engraçado que está acabando de chegar aqui. Oi, pai!

— Não sou tirado. As pessoas gostam de minhas piadas.

— Ah, claro.

Os amigos de Scorpius riram. Além de mim e ele, é claro.

— Quero aproveitar, também, pra dizer que meu irmão está aberto a contratos para tocar em outros casamentos ou festas, okay? Ele é simplesmente incrível!

Um burburinho seguiu e tenho a ligeira impressão de que Scorpius estava adorando isso.

— Vocês devem estar pensando agora: “Irmão de Scorpius? Que irmão?”. Eu acho que já passou da hora da nossa classe bruxa deixar os paradigmas para trás de uma vez só. Estou casando com uma Weasley, afinal.

Mais risadinhas.

Procurei por uma resposta zangada de papai, mas não o encontrei. Nem mesmo mamãe.

Senti o estômago embrulhar.

— Eu quero que apreciem o rock and roll do meu irmão Mark Greengrass Malfoy! E se não gostarem, podem enfiar o bolo da festa bem no meio do...

— Scorpius! — a voz asmática de Astória fez todos, sem exceção, gargalharem — Seja mais educado, querido.

— Desculpe, mamãe. Mark, além de meu irmão e roqueiro, será nosso padrinho esta tarde. E agora, aproveito para agradecer à família Weasley por me receber sem ressentimentos. Dominique, ajudando-me com tudo às pressas. O tecido, o buffet... Obrigado, Nique. Não haveria madrinha melhor. Obrigado a você, Hugo, por aceitar tocar comigo e Mark. Será uma honra.

Hugo sorriu e fez um sinal com a mão, como se dissesse “não foi nada”.

— E por último, mas não menos importante, quero um brinde a Ronald Weasley, por ter finalmente aceitado a união de nossas famílias. E a Hermione Weasley, por ter feito algum feitiço desconhecido para arrastá-lo até aqui. Vocês não sabem o quanto isso alegra não apenas a mim, como também a Rose.

Então, virei-me às pressas para encontrar meus pais bem atrás de mim, quietos, como se guardassem o segredo de sua presença.

As lágrimas não resistiram em rolar por minhas bochechas.

Eu odeio chorar.

Odeio, odeio, odeio.

— Não fique tão satisfeita — papai sussurrou em meu ouvido — Eu só vim pelo bolo. E pelos salgadinhos.

— Com certeza foi isso — mamãe revirou os olhos, dando-lhe um beijo no canto da boca.

Antes que eu percebesse, Scorpius já estava cantando junto com Mark, e Hugo arrasando na bateria.

E então, tive mais uma das milhares de surpresas que Scorpius ainda me faria presenciar. Dessa vez, foi sua fluência magnifique em francês:

— Quand elle me prend dans ses bras. Elle me parle tout bas. Je vois la vie en Rose!

Eu sabia por que Scorpius tinha escolhido essa música.

Era muito óbvio.

Meu nome.

Rose.

Scorpius sorriu largamente para mim, daquele jeitinho dele. O piercing do nariz quase encostando na boca. O espírito brincalhão escondido no canto dos lábios.

A banda continuou com a música, seguida por outra e outra. E então, quando Scorpius achou que já era suficiente, chamou-me ao palco.

Eu subi, receosa com o que poderia acontecer.

Aquela cerimônia estava longe de ser previsível.

— Rose, minha esposa — ele começou, recuperando o fôlego — Mamãe Malfoy já lhe deu sua benção. Agora, se me permite, farei um pedido aqui na frente de todos.

O silêncio surgiu.

Todos estavam mais confusos do que eu.

— Quero que Ronald Weasley faça a união.

Papai engasgou com o Whisky, mas subiu ao palco também.

— Pelas calças de Merlin, minha nossa! Isso foi... Inesperado. Nem sei o que dizer...

— Só nos declare casados, papai.

Meu comentário fez os convidados rirem, e também eu mesma e Scorpius.

— Tudo bem, minha filha. Escuta, eu... Sei que não fui um bom sogro para Scorpius. Peço perdão. Acho que terei que aturá-lo até que a morte separem vocês, não é? Ei, eu não quis dizer isso, bem... Ah, eu nunca fiz isso antes, me deem um desconto, por favor.

— Papai... Anda logo.

— Rose — Scorpius sorriu de canto — Deixe-o levar o quanto precisar.

— Não, Scorpius. Vamos acabar logo com isso. Aposto que não sou o único louco para comer o bolo.

Papai estava fazendo um ótimo trabalho como humorista de stand up comedy.

Draco estava transbordando inveja.

Ou isso ou era dor de estômago.

— Scorpius Malfoy! — papai começou, olhando fixamente meu noivo — Você jura solenemente proteger e amar Rose Weasley na saúde e na doença, na paz e na guerra?

— Eu juro.

— Rose Weasley! Você jura solenemente proteger e amar Scorpius Malfoy na saúde e na doença, na paz e na guerra?

— Eu juro.

— Pronto... Acho que chegou o momento mais constrangedor, não é? Vamos, Malfoy. Eu posso tapar os olhos.

Scorpius deu uma risadinha.

Mas quando seus lábios grudaram nos meus, ouvimos um grito:

— Façam aparatação-guardeada! Agora!


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