—Srta. Lee... Acorde.

—Ham? –Esfrego meus olhos e Huna encontra-se de pé à minha frente.

—Desculpe acordá-la, mas já está na hora de ir pra escola... –Huna aponta para o relógio em cima da minha cômoda, 06:00.

—Está tudo bem, não se desculpe. Obrigado. –Huna sorri meio sem jeito.

—Seu uniforme está aqui. –Sorrio para Huna e assinto.

—Obrigado.

Levanto-me da cama e vou para o banheiro. Tomo um banho de quinze minutos e depois escovo os dentes. Coloco meu uniforme e meus (novos) convers’s vermelhos. Penteio meu cabelo rosado e deixo-o solto á frente dos ombros. Passo uma maquiagem leve para despistar meus olhos avermelhados (a noite anterior foi difícil, não parei de chorar pelos meus pais). Encaro-me no espelho e balanço a cabeça negativamente. Não. YoonGi não vai acabar com  a minha felicidade . Desço as escadas calmamente e encontro Huna parada me esperando.

—O café já está na mesa. –Diz ela sorrindo.

—Eu... Não estou muito afim.

—Mas o Sr. YoonGi já a está esperando. –Huna lança-me um olhar triste. –E depois, não é bom sair de casa com o estômago vazio. Já pensou se passar mal?

—Huna, eu agradeço muito por se preocupar comigo. Mas eu realmente não estou a fim de ver YoonGi agora. –E tenho que admitir, nem agora e nem depois.

—Não está a fim de me ver? –YoonGi pronuncia-se e eu me viro. Lanço um olhar sarcástico e YoonGi sorri. –Parece que não. Enfim, o motorista já está te esperando.

—Veio aqui só pra me dizer isso? –Pergunto inocentemente.

—Não. Depois que sua aula acabar, nós vamos almoçar fora. –YoonGi sorri maliciosamente.

—... –Como se não bastasse ser obrigada a ficar aqui. –Eu não vou. Tenho que fazer um trabalho de literatura na casa de uma amiga hoje. –Minto.

—Faça amanhã.

—Não posso. Amanhã é a entrega. –YoonGi permanece em silêncio e eu sorrio vitoriosa. Mas confesso, a expressão dele é de dar dó. Suspiro cansada. Não acredito que estou cedendo à YoonGi. —Nós podemos almoçar outro dia? –YoonGi assente.

[...]

—Você parece distante... Está pensando em que? –Pergunta-me Yang guardando seu gloss labial na mochila.

—Nada, eu só... –Suspiro e Yang encara-me pelo espelho. –Esquece, não foi nada.

—Não parece. Sabe que pode me contar qualquer coisa, né? –Yang sorri gentilmente e meus olhos enchem-se de lágrimas. Como contar a ela?

—Ah, Yang... –As lágrimas que antes estavam repreendidas em meus olhos agora se encontram escorrendo por minhas bochechas rosadas.

—Lee... O que aconteceu? É algo com a sua família de novo? –Balanço a cabeça negativamente. –Então o que foi? –Olho para baixo encarando o frio piso do banheiro. –Tem a ver com aquele cara de ontem, né?

—Tem... –Seco minhas bochechas e volto a encarar o piso.

—O que ele te fez? –Yang realmente parece preocupada. Ela coloca sua mão em meu ombro e sorri de forma doce.

—Você não acreditaria se eu te contasse...

—Sou sua amiga, não? –Então, eu me vejo contando a Yang sobre tudo nos mínimos detalhes.

—E foi o que ele disse. Meus pais me abandonaram aqui e só Deus sabe o que YoonGi fez para mantê-los longe. –A expressão de Yang muda de preocupada para surpresa.

—Eu... Não sei o que dizer... –Yang parece medir cada palavra que pronuncia. –Ele está te chantageando pra ficar na casa dele? –Assinto com a cabeça em concordância. –Você precisa contar pra alguém! Quer dizer... Além de mim.

—Não. Apesar de tudo, YoonGi ainda sabe dos meus pais e eu preciso ficar de boca fechada. Sabe-se lá do que ele é capaz... –Yang assente em concordância. –E mais uma coisa, por favor Yang, não conte a ninguém! Ninguém mesmo! A vida dos meus pais depende disso.

—Fica tranqüila, seu segredo ta bem guardado comigo. –Sorrio e Yang olha-me com uma pontada de malícia nos olhos. –Eu só não entendi uma coisa. Por que ele te comprou?  -Levanto as mãos a minha frente e franzo os ombros em sinal de desentendimento. –Do tipo... Ele na certa vai querer alguma coisa de você, não?

Paro bruscamente com o comentário. Eu não havia pensado nisso. Realmente, YoonGi não me comprou apenas para ocupar espaço em sua casa. Minha barriga revira só de pensar no que poderia ser. Eu imagino muito bem o que alguém como ele poderia esperar de mim. Mas por que eu? Ele já deve ter estado com tantas outras mulheres com mais... Atributos. Sorrio com meus próprios pensamentos.

Entramos na sala de aula logo após o sinal e nos sentamos no fundo. Yang tira de sua mochila seu celular e os fones. Enquanto o professor de literatura explica a matéria, eu não consigo parar de pensar em quando YoonGi apareceu na escola ontem. Os olhos escuros que continham um brilho intenso. A boca em sorriso perverso que me mantinha vidrada em si, apenas o desejo de beijá-lo e sentir suas mãos em mim já me fez suar frio. Retomo o foco e percebo minha respiração descompassada. Passo minha mão na testa para garantir se não estou com febre, positivo. Eu estou bem.

—Você está bem? –Yang sussurra-me.

—Ah... Ahã. –Volto a prestar a atenção no quadro e, de soslaio, percebo que Yang encara-me preocupada. Definitivamente eu não sei o que deu em mim pra estar pensando em YoonGi.

—Pode entrar. –O professor diz ao ouvir três batidas na porta. A secretária abre a mesma e entrega ao professor o telefone. O mesmo sai da sala deixando os alunos sozinhos. Minutos depois ele entra e retoma o conteúdo.

[...]

Saímos da escola tranquilamente. Escoramo-nos em frente ao portão. Como esperado, parte dos alunos ainda estava aqui. A maioria, eu suponho, esperando seus pais buscarem-nos. A nossa frente, vejo os pais de Saeyuri saírem de um carro e abraçá-la. Meus olhos lacrimejam ao pensar em meus pais. Onde eles estão a essa hora? Muito longe, eu imagino.

—Tudo bem? –Yang pergunta-me. Apenas continuo a olhar para frente e Yang parece perceber o motivo de minha tristeza. Ela passa o braço por cima de meu ombro.

—Obrigado. –Digo e Yang sorri.  Um carro preto para a nossa frente. Seus vidros são escuros então eu não pude ver quem é o dono. O vidro se abaixa e a imagem de YoonGi aparece adentro do carro. Engulo seco. –O que está fazendo aqui? –Pergunto realmente confusa.

—Vim te buscar. –YoonGi está com uma expressão séria e vazia.

—Eu disse que ia passar a tarde na casa de uma amiga fazendo um trabalho de literatura. –Tento encobrir minha mentira.

—Eu liguei para o seu professor hoje cedo, e ele me disse que não havia trabalho algum de literatura para ser entregue. –Senti-me desmoronar. Algo em mim dizia para sair correndo, mas eu não o fiz. Apenas continuei ali, parada ao lado de Yang. –Nada a dizer? –YoonGi parece não gostar nada do que eu fiz. Mas garanto que se ele tivesse sido comprado por um completo estranho, também faria o possível para manter distância. –Entre no carro.

Dou a volta no mesmo e entro, sem ao menos despedir-me de Yang. A mesma deve estar confusa, mas amanhã eu explico tudo. Agora não estou com cabeça pra nada. Estou furiosa com YoonGi, ele é tão...! Aish! Aquele convencido!

Entramos em casa e eu me apressei em subir as escadas, minha surpresa foi ter meu pulso direito ser segurado fortemente.

—Aonde vai? –Viro-me tranquilamente para YoonGi.

—Ao meu quarto. –Respondo seca. Sei que não tenho direito de estar brava. Afinal, eu menti para YoonGi descaradamente. 

—Por que mentiu pra mim? –Desvio o olhar de YoonGi, pois sei que, se continuar assim vou acabar cedendo e me desculpando. Mas isso está fora de cogitação, definitivamente.

—Não queria ficar perto de você, apenas isso. –As palavras simplesmente saíram da minha boca. Minha expressão foi de surpresa, mas YoonGi simplesmente pareceu não ser atingido. Viro-me bruscamente forçando YoonGi soltar meu pulso. Subo as escadas mais rápido do que eu gostaria, mas enfim, no meu quarto.

Deito-me na cama e jogo minha mochila ao lado. Eu realmente não me entendo. Ouço duas batidas na porta e olho de soslaio para a mesma. Só pode ser YoonGi, mas que se dane. Continuo deitada na cama sem me importar com as batidas. Uma hora ele se cansa.

—Aish! –Levanto-me nervosa com a insistência de YoonGi. –O que você-

—D-desculpe... –Huna olha-me assustada. Ela está com uma bandeja em mãos. –E-eu vim trazer seu almoço. O Sr. YoonGi disse que talvez fosse melhor a senhorita comer aqui, visto que estava um pouco... Exaltada. –Huna sorri-me desconfortável.

—Não se desculpe, Huna. Eu sinto muito, achei que fosse o YoonGi. –Pego a bandeja das mãos de Huna e sorrio. –Obrigado.

—É só o meu trabalho. –Fecho a porta e sento-me na cama.

[Horas depois]

—Srta. Lee? –Huna bate na porta ao mesmo tempo que abre-a. –Desculpe incomoda-la, novamente. Mas o Sr. YoonGi está a esperando na sala principal, quer falar com a senhorita.

—E... Você sabe do que se trata? –Pergunto apreensiva. Huna nega com a cabeça. –Obrigado. –Desço as escadas até a sala principal, como havia sido informada. Encontro YoonGi sentado em uma poltrona de couro preta, ele segura um pequeno copo em suas mãos. O mesmo possui um líquido que não me é estranho, eu subjugo ser vodka. –Precisa de alguma coisa?

—Essa noite eu vou dar uma festa. Vou convidar uns amigos e mais umas pessoas da empresa. –YoonGi tira seu olhar do copo e o volta para mim. –Vou te pedir só uma vez: não quero você perto dessas pessoas.

—Ótimo. –YoonGi sorri. –Mas eu preciso saber o porquê.

—Não é necessário.

—Sim é. Se você não me disser, eu vou descer na hora em que todo mundo estiver olhando e fazer um Stripp! –Rebato ao comentário de YoonGi e o mesmo sorri ainda mais.

—Isso não seria assim tão mau. –Sorrio apesar de levar esse comentário de diversas formas. –Enfim, apenas não quero você perto “desses” convidados. Eu os conheço muito bem. Então fique no seu quarto e não saia pra nada. Entendeu?

—Ahã. Só isso? –YoonGi assente com a cabeça em concordância.