“Que nos encontremos novamente”

Aquela simples frase não saiu dos pensamentos de Bellamy. O acampamento estava em festa, e Bellamy também deveria estar, afinal, a guerra tivera acabado, eles estavam a salvo, ou pelo menos estão por enquanto. Bellamy deveria estar comemorando com eles, bebendo com os amigos e rindo. Mas ele não conseguia, à medida que o sol se punha no horizonte, mais o coração de Bellamy apertava, Clarke estava lá fora, sozinha, e Bellamy sabia o quanto a floresta podia ser mortal.

Como ele pode ter deixado ela ir? E sozinha. O moreno se perguntava se teria feito alguma diferença se ele tivesse pedido para ela ficar, se ele tivesse dado um motivo para ela ficar.

Quando o moreno já estava quase desistindo de ficar ali, vendo toda a comemoração daquelas pessoas, alguém sentou-se ao seu lado.

“Bellamy. ” – A voz de Octavia chamou sua atenção. “Por que não está comemorando como todo mundo? ” – A morena o questionou.

“Não tenho nada para comemorar. ” – O moreno simplesmente respondeu.

“O que Abby falou da fuga de Clark? ” – Octavia indagou.

Bellamy a fitou com um olhar zangado.

“Ela não fugiu. ” – Bellamy esbravejou.

“Ah não, e sair sem rumo e sem falar com ninguém é o que? Fala Bell. ” – A morena irritou-se.

“Eu a deixei ir Octavia. ” – Bellamy sussurrou.

A morena suspirou, seu irmão as vezes era um completo idiota.

“Bell, me responde sinceramente. O que você sente pela Clarke? – A morena o perguntou, mesmo já sabendo da resposta.

“O quer dizer com essa pergunta? ” – O Moreno irritou-se.

“Bellamy, ás vezes você é tão cego. ” – A morena zombou. “Só você não vê que gosta da Clarke. ”

“Eu gosto, mas não desse jeito que você está pensando. ” – Bellamy tentou se defender, em vão, Octavia o conhecia melhor do que ele mesmo.

“Por quanto mais tempo, você irá ficar mentindo para si mesmo? ” – Octavia o perguntou.

O moreno suspirou cansado.

“Você me conhece melhor do que eu imaginei. ” – Ele admitiu.

“Por que não foi com ela Bell? Por que não a acompanhou? ” – A morena perguntou, mesmo já sabendo da resposta.

“Prometi que iria te proteger. ” – O moreno respondeu e a morena bufou. “Vou cumprir minha promessa. ” – Ele falou decidido.

“Bellamy, você prometeu me proteger, mas Bell, eu já estou bem grandinha, eu sou uma guerreira Bellamy. ” – Octavia ponderou. “Sei me defender e eu tenho Lincoln. Bell eu estou protegida, eu estou bem. ” – A morena argumentou. “Mas a Clarke, está nessa floresta sozinha. Tem muitos perigos nessa mata, um inseto pode matá-la. Bellamy, se algo acontecer com ela, você nunca irá se perdoar. Vai atrás dela, vai atrás da Clarke. ” – Octavia pediu.

“Mas, e você? ” – O moreno questionou indeciso.

“Estou bem, e estarei bem quando você voltar. ” – A morena sorriu.

“E se ela não quiser voltar? ” – Bellamy indagou.

“Diga para ela, o que você sente. De motivos para ela voltar. Não precisa voltar imediatamente. Volte quando vocês dois estiverem prontos. ” – A morena aconselhou.

“Mas e se o que sinto, não for suficiente? ”

“Bellamy está fazendo perguntas demais. Para com as dúvidas e comece com a certeza. Vá atrás dela, antes que seja tarde demais. Ela pode até ser Clarke Griffin, mas ela não vai sobreviver nessa floresta sozinha. ” – A morena alertou.

“Você está certa. ” – O moreno disse de uma vez. Levantou-se e começou a andar em direção a sua barraca.

“Hey, Bell. ” – Octavia gritou, mas ele não a esperou. “O que está fazendo? ” – A morena perguntou e observando o irmão arrumar uma mochila grande.

“Pegando o necessário para sobreviver naquela floresta por alguns dias ou meses. ” – O moreno respondeu.

“Que bom que me escutou. ” – Octavia sorriu.

“Que bom que você colocou um pouco de juízo na minha cabeça. ” – Bellamy agradeceu.

Octavia o ajudou a arrumar a mochila com dois sacos de dormir, comida, água e todo o resto necessário para sobreviver naquela mata.

“Bell, tem que falar com a Abby antes de ir. ” – Octavia pediu.

“Pra que? Pra ela me impedir de ir. Não. ” – Bellamy respondeu.

“Bellamy, ela impediria alguém de ir atrás da filha dela? ” – Octavia o perguntou. “Claro que não. Ela pode te ajudar, te dar armas e outras coisas necessárias. ” – A morena pediu. “Por favor, vá por mim, eu coloquei essa ideia na sua cabeça, você precisa levar algo que nos mostre que está vivo, que os dois estão. ” – A morena argumentou. “Se não foi até a Abby eu vou atrás de você. ” – Octavia bateu o pé.

“Tudo bem. ” – O moreno riu.

Os dois encontraram Abby cuidando de um ferido.

“Abby, preciso falar com você, é importante. ” – Bellamy pediu.

“Sim, fale. ” – A mulher falou.

“Eu vou atrás da Clarke. ” – Bellamy informou e Abby o fito.

“Está me informando ou pedindo? ” – Ela o questionou.

“Informando, ela é sua filha, acho que deveria saber. Eu não devia ter deixado ela ir, eu preciso ir atrás dela. ” – O moreno explicou.

“Estava começando a achar que você iria. ” – Abby murmurou sorrindo. “Venha comigo. ” – Ela pediu e os dois a acompanharam.

“Tome. ” – Abby falou o entregando dois fuzis. “Um para você e um para Clarke. ” – Ela explicou. “Munição. ” – Ela murmurou entregando a Octavia que rapidamente guardou na mochila do irmão.

“Tudo isso é realmente necessário? ” – Bellamy questionou.

“Bell, você nunca esteve nessa mata? ” – Octavia zombou.

“Tem comida e água? ” – Abby perguntou e Bellamy assentiu. “Cobertores, barraca, sacos de dormir, caixa de primeiros socorros? ” – Bellamy assentiu novamente. “Então só falta isso. ” – A médica disse entregando ao moreno um comunicador. “Quando a achar, me informe. Ela não precisa falar se não quiser, mas eu preciso que me diga se ela estiver bem. E Bellamy, se ela estiver machucada, traga-a de volta, mesmo contra a vontade dela. Me prometa. ” – Abby o implorou.

“Prometo. ” – O moreno falou convicto.

“Então, vá. Cuide dela. ” – A medida pediu e o abraçou.

“Vou cuidar. ” – O moreno responder e a medida o soltou.

“Abram o portão. ” – Abby ordenou. “Boa sorte. ”

“Obrigado. ” – O moreno agradeceu. “Se cuida. ” – Bellamy murmurou abraçando a irmã.

“Vai logo. ” – Octavia mandou.

Enquanto Bellamy se afastava do acampamento, mais seu coração se apertava, ele não sabia se encontraria Clarke, e nem em que estada a encontraria. Mas ele fez duas promessas, e ele não é de descumprir promessas.

Quanto mais se emprenhava na mata mais o céu ficava escuro, o moreno parou perto de um lago e pegou uma lanterna, apesar que a lua brilhava, e o caminha estava claro.

Bellamy andou mais e mais, quanto mais entrava na mata, mais desejava sair, porém, ele precisava encontrá-la.

“O que estou fazendo? ” – O moreno reclamou parando perto de uma grande árvore. “Ela deve estar a quilômetros de distância. ” – Reclamou.

Porém, um ruído chamou sua atenção, caminhando em direção ao ruído, mas alto ele ficava, então ele percebeu que era uma fogueira, seu coração encheu-se de esperança, mas, ele continuou caminhando em silêncio.

“Quem está aí? ” – A voz preocupada de Clarke foi o alerta que ele precisava para correr. Chegou a fogueira em segundos.

“Clarke, eu te achei. ” – O moreno sorriu fitando a loira a sua frente.

“Bellamy? ” – Clarke indagou confusa. “O que faz aqui? ”

“Vim te procurar. ” – O moreno respondeu colocando a pesada mochila no chão.

“Se quiser me fazer, voltar...”

“Não, eu vim, por que quero ficar com você. Não posso deixar você sozinha aqui. ” – O moreno a interrompeu.

O olhar de Clarke era um misto de alegria, agradecimento e surpresa.

“Vai ficar aqui, na mata, comigo? ” – Clarke indagou e o moreno assentiu. “Por quê? ”

“Por que eu seria um fraco se deixava sozinha. ” – O moreno responde caminhando na direção da loira. “E por quê...” – O moreno não conseguiu completar a frase.

“Por quê? ” – Clarke repetiu.

“Por que eu preciso de você, Clarke, e não posso deixar você sozinha aqui, pois eu me preocupo com você, mais do que eu me preocupo com a minha vida. E eu não posso te perder. Por que eu te amo Clarke. ” – O moreno admitiu.

Clarke nada falou, só o abraçou, forte, do jeito que ela o abraçou quando o reencontrou depois de fugir de Mount Weather. Um simples abraço, porém, que significava tanto para os dois.

“Obrigada por vir. ” – Clarke sussurrou depois de alguns segundos em silêncio.

“Clarke, não precisa dizer que sente algo por mim também. Ou que precisa de mim. ” – O moreno murmurou.

“Mas eu preciso. ” – A loira disse o soltando e fitando seus olhos. “Eu preciso de você Bellamy, eu não posso perder você. Foi por isso que eu não pedi para você vir comigo, se algo acontecer com você, tudo acaba pra mim. ” – A loira disse com lágrimas nos olhos.

“Você pre...precisa de mim? ” – A voz do moreno vacilou.

“Mais do que você pode imaginar. ” – A loira respondeu sorrindo.

Então aconteceu, o beijo, o tão esperado beijo, ele começou calmo, sereno, apaixonado, eles precisavam daquele beijo, de uma forma que nem eles sabiam o quanto, só sabiam que precisavam, eles ansiavam um pelo outro. Mas do que podiam imaginar.

Quando o ar se fez necessário, o sorriso apareceu no rosto de ambos.

“Então, você trouxe comida? ” – Clarke mudou de assunto ao sentir as bochechas esquentarem.

Bellamy riu e mesmo relutando afastou-se para pegar a mochila.

Nos minutos que se seguiram, eles armaram a barraca, arrumaram os sacos de dormir e comeram.

A lua brilhava intensamente no céu, e os dois estavam deitados no chão.

“Estou feliz que esteja aqui, Rebel King ” – A loira sussurrou depois de mais um beijo demorado.

O moreno sorriu.

“Também estou feliz que esteja aqui, Princess. ” – Bellamy murmurou e Clarke sorriu, o apelido ficava melhor se saísse da boca de Bellamy.

E eles se beijaram novamente, e mais uma, e mais duas, mais três, muitas vezes, mas só foi isso, beijos, eles ainda não estavam preparados para avançar, eles ainda estavam muito quebrados pela batalha.

Ali no chão daquela mata, dentro daquela barraca, havia duas almas em cacos, duas almas que sofreram tanto, e naquele momento, só ansiavam por paz.

Eram Duas almas em reconstrução, que acharam o alicerce certo para suas reconstruções, e ele era o amor.