Primaveras escrita por Melli


Capítulo 2
Capítulo 2




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Eu estava no chão, sentada, e brincando com algumas caixinhas, ou melhor, estava tentando descobrir o que seria aquelas coisas tão curiosas que colocaram na minha frente.  11 meses. Faz exatamente 11 meses que eu saí da barriga da minha mamãe e eu havia feito muitos progressos desde então. Começando pela minha aparência, meus cabelinhos cresceram um bocadinho. Eram amareladinhos e bem lisos. Já meus olhinhos, começaram a clarear, aparentando serem levemente arroxeados.  Já comia sopinha, tomava suco,engatinhava, sorria para as pessoas ou melhor, não era para todas. Bem, estava alí, me entretendo com caixas de suco vazias e limpas as quais minha mamãe me deu para que eu pudesse deixa-la livre para fazer meu almoço.

—Bababa! – eu engatinhei para o lado de minha mãe, e puxava a saia dela.

— Agora a mãe não pode brincar, filha.

Continuei ali.  Era engraçado... Ao mesmo tempo em que ela fazia minha comidinha, ela ficava cantando junto com a musica de um negócio grandão que tinha em cima do armário. Mas não me contive muito tempo em ficar observando minha mãe. Logo, saí de perto dela, e sentei junto de minhas caixinhas. Mas de repente, algo me chamou a atenção.  Uma coisa cheia de cores e fitas em cima de uma cama. Não pensei duas vezes: engatinhei o mais rápido possível para lá. Cheguei bem pertinho da cama, me agarrei nela, mas por um instante, me desequilibrei, e acabei caindo de bum bum no chão. Au, doeu!

—Buáááááá!

—Mas o que aconteceu aqui? – Vovó Savannah apareceu.

—Buááááá! – Eu estava chorando sem parar.

— Oh meu Deus...

Nessa hora, mamãe apareceu na porta e rapidamente, estendi meus bracinhos para ela.  Em seus braços, ela tentava me acalmar passando de leve a mão em meu cabelo, mesmo estando desesperada.

—Calminha, calminha... Já passou, foi só um susto. – Ela me acarinhava.

— Elizabeth, nunca desgrude os olhos dela. Você nunca sabe onde ela pode estar.

— A senhora viu se ela caiu?

— Sim, ela caiu. Acho que foi tentar pegar a boneca que está em cima da cama.

—Não faça mais isso, está me escutando?

Mamãe estava me olhando feio. O que eu fiz de errado? Será que ela vai me punir? Não. Apenas me deu uma bronca, mas não gostei disso.  E lá fui eu, tentar pegar o negócio colorido de novo, mas dessa vez, vovó foi quem me pegou no flagra.

—Desça já daí!

Vovó também me deu medo. Ela parecia estar de mal de mim... O que eu fiz de errado? Buááá!

—Acho que você está precisando de um banho...

E lá foi vovó me levar para um lugar que não sei como se chama, mas tem umas coisinhas que você abre e sai água delas.  Eu estava com xixi nas minhas fraldas e estava me incomodando demais e acho que vovó me levou alí pra me limpar. Ela rodou um botãozinho que ficava na parede e do chuveiro, que ficava perto do teto, saía água e caía na bacia brilhante que estava no chão. Enquanto minha vó tentava tirar minha roupinha, eu ficava rindo da água que caía do chuveiro. Era uma coisa curiosa de se ver! Ela saía e corria direto pra bacia e ainda fazia barulho!

—Hihihi.- Estendi minha mãozinha para a água.

—Ei, espere aí bebê! Já irei te colocar na bacia.

Depois que a bacia encheu, ela me colocou lá dentro e foi uma farra só! Eu gostei de sentar na água, ela estava morninha... E aquela água relando em mim, era legal! Ergui minhas mãozinhas pra cima na esperança de sair mais água lá do chuveirinho, mas não saiu nada.

—Acabou a água! – vovó dizia enquanto me ensaboava.

—Hihi... Baaaaa! – Bati minhas mãos na água, ensopando vovó.

—Assim não, Melli! Vai fazer caca no banheiro. – Ela segurou minhas mãos. -Tome, brinque com o vidro de shampoo.

Oba! Agora ganhei um brinquedinho novo. Virei ele de cabeça pra baixo com a tampa aberta e coloquei o fundo do vidro na boca. Tinha um gostinho bom...Hihiii!

—Opa! Ai meu santo... Tire isso da boca, já! É cácá, não pode fazer isso.

Fiquei olhando um pouco para vovó, que logo me tirou dali. Ah... acabou com a minha festa. Saíndo da sala do chuveiro, ela me levou para um lugar que tinha uma camona bem grande. Lá ela me secou, colocou uma fralda nova em mim e também um macacãozinho limpo. Depois disso, ela penteou meu cabelo e saiu comigo no corredor.

— Onde está a mamãe? – Ela me perguntou.

—Mamama!

Chegando lá na sala em que minha mamãe estava, vi que papai também estava ali, e logo quis me pegar.

— Olha quem chegou! Quer vir com o papai?

Abri meus bracinhos, e ele me pegou. Aonde será que ele andou? Estava com os pés sujos... Que porquinho!

—Cadê o upa do pai?

Mas o que será que seria upa? Logo depois dele perguntar, acho que acabou me dando um.

—Uuupa! – Ele envolveu seus braços em mim.

Acho que agora sei o que é um upa. É quando alguém coloca os braços em volta do corpo de outra pessoa, e a outra pessoa fica cheia de carinho que este alguém dá, sendo assim, o coraçãozinho da pessoa enche de alegria. E foi o que aconteceu comigo! Foi muito gostoso ganhar um upa do papai. Depois disso, ele me levou para a área, e derepente, apareceu um bicho no pé do meu pai. Era um bicho que tinha pelos branquinhos, orelhas em pé e um rabão, que agora estava sendo sacudido. Mas que fantástico esse bicho!

— Olha, Melli! O farinha veio te ver. Diga oi pra ele.

— AAAAA! – Eu gritava, colocando minhas mãozinhas pra frente.

O nome do bicho era au au, e o papai chamava ele de farinha. Ele era companheiro da nossa família. Vivia indo com o papai para onde quer que ele fosse, até mesmo quando papai ia ordenhar as vacas lá no currau, ele ia...Mas que au au esperto! Ele é peludinho e tem um linguão que sempre fica fora da boca. Estava me divertindo vendo o farinha abanar o rabo, quando mamãe chamou o pai pra ir pra dentro.

—Max, traga a Melli pra dentro. Ela prescisa comer!

—Tudo bem, já estou indo.  Vamos indo, mocinha... Hora de você papar!

Depois disto, papai me levou lá pro lugar que era cheio de panelas penduradas, me deu pra mamãe e ela me sentou em uma cadeira bem alta, que tinha uma espécie de “mesinha” na frente.  Em minha frente, mamãe colocou um pote com uma coisa alaranjada. Fiquei tão curiosa pra saber o que era aquilo, que enfiei minha mãozinha lá e quando mamãe viu, digamos que ela não ficou nada feliz comigo...

—MELLI, OLHE O QUE VOCÊ FEZ!

Mais uma vez, não entendia o porque da mamãe gritar comigo. Me senti tão triste, tão ruim... Ao mesmo tempo que estava mal por causa da bronca da mamãe, minha barriguinha pedia comida. Buáááá!

— Não pode fazer isso. Ó céus! Agora ela não para de chorar... E chora tão alto, que quase deixa os outros surdos...Vamos lavar as mãos, já que você encheu de comida.

Depois de lavar minhas mão na pia, mamãe me sentou naquela cadeira alta e dalí eu ficava observando todos ali na cozinha. Mas quando ela voltou com um pote em mãos, minha atenção voltou-se inteiramente para aquela coisa alaranjada que tinha ali dentro.

— Abre o bocão, Jacaré!

Como estava com fome, abri minha boca que logo foi tomada pela papinha que me pareceu ser de cenoura. Hum, era docinha... Uma delícia! Quero mais, quero mais!

— Babababa! – batia no cadeirote.

— De novo, prepare o bocão, que le vem a comida!

Oba! Mais papinha pra mim. Mãmãe parecia estar se divertindo dando de comer para mim, quando parou e com voz preocupada disse:

—Mãe, venha ver.

—O que é minha filha? –Vovó Savannah apareceu, limpando as mãos no avental.

— Olhe a boca da nenê...

Ei, cadê minha papinha? Não quero que ninguém veja meus dentinhos. Quero mesmo é comer... Pára, vovó!

— Se ela deixar eu ver...

— Vamos, Melli. Deixe a vó ver o que você tem na boca.

O que será que queriam ver na minha boca? Poxa vida, me deixem comer... Ai, doeu. Buáááá!

— Ai meu santo... Você está muito ranheta, hein!

— Elizabeth, é o dente.

— O que?

— O negócio que você viu na boca dela, são os primeiros dentinhos.

— Ah! Por isso que ela anda chorosa.

— Exato!

Mamãe me acalmou, e conseguiu ver os meus primeiros dentinhos apontando. Está doendo um bocado, mas em breve poderei comer bastante coisa que sem dentinhos eu não poderia comer, oba!


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