Miami – 14h05min – Starr Records,25º piso – Estúdio de gravação.

— Tudo bem,Austin — alertou Dez,enquanto retornava a ligar sua câmera,na qual a carrega por vinte e quatro horas do dia — Iremos filmar você gravando sua primeira música do álbum,vai que é a tua!

I got that ro-o-ock and ro-o-oll (yeah yeah)
I'll make you lo-o-se contro-o-l (yeah yeah)
C'mon and da-a-ance with my flo-o-ow (yeah yeah)

(...)

'Cause I got
What I got
Don't you know
I got that rock and roll

— Ótimo! — declarou Jimmy,ao adentrar a sala,apertando a mão de Dez em seguida. Sorri,caminhando até ele.

— Como ficou o vídeo,Dez? — questionei,inclinando-me para poder ver minha imagem na pequena tela.

— Ficou bom. Eu irei apenas editar algumas partes e...Voilà!

— Ok — animei-me,em busca de uma garrafa de água. Percebi a feição do dono de minha gravadora,que não estava tão contente assim — Jimmy,algo de errado?

— Na verdade sim,Austin — o homem envolveu um de seus braços por meus ombros,colocando-se a caminhar ao meu lado,pelo enorme prédio — Com sua primeira turnê chegando...suas músicas contagiantes e...que servem bastante para agitar e dançar...e você...

— Eu já entendi,Jimmy — ri,separando-me um pouco de seu aperto — Vocês sabem que eu sou um péssimo dançarino e...

— E nós inscrevemos você em aulas particulares de dança. Queremos que sua turnê seja completa — interrompeu-me o mulato. Cruzei meus braços,coçando minha nuca em ato pensante — Não nos leve á mal,mas essa turnê tem que ser perfeita. Estamos investindo muito nela,garoto.

— Ah,claro — assenti,nervosamente. Claro,era super normal um cara de vinte anos não saber nem um movimento de dança sequer. Saber eu até sei,mas o que custa,é fazer as pessoas entenderem que aquele é o meu jeito de dançar.

Tudo bem,é ridículo. 

Só de pensar em qualquer movimento feito por mim,já tenho náuseas.

— E quando essas aulas começam? — indaguei,ainda tentando aceitar aquela sugestão. Bem,eu estava sendo praticamente obrigado,não havia nada para aceitar ou negar. Era sim,ou sim!

— Serão todas as segundas,quartas e sextas. Sua professora...

— Espera,é apenas uma mulher? — Jimmy confirmou. De repente,senti uma pontada de felicidade atingir-me — Oh,então falaremos mais sobre isso.

— Você é um garoto sem jeito,Austin — o homem riu.

(...)

Miami – 20h15min – Algum teatro abandonado perto do shopping.

Caminhei com as mãos nos bolsos traseiros,temendo ser assaltado ou que roubassem meu único meio de comunicação - e vida -

Meu celular.

Adentrei o local escuro,com apenas uma meia luz. A do palco,que infelizmente,não estava tão clara assim. Com a pouca iluminação,cambaleei até os curtos degraus até a parte alta do teatro.

— Olá — chamei,um pouco alto.

— Moon,quanto tempo,não?

Uma voz conhecida ecoou pelo ambiente,estremecendo-me. Não era comum. Jamais seria esquecida. Até porque era a voz dela.

— Ally — sussurrei,em tom melancólico. Sorri involuntariamente,procurando por sua silhueta — Onde está? Eu...eu preciso te ver.

— É,parece que não me esqueceu,loirinho — senti mãos cobrirem meus olhos,impossibilitando minha visão. Abafei um riso e uma respiração quente roçava minha pele.

— Impossível esquecer você — concluí,segurando as mãos delicadas daquele ser macio. Agarrando-as com um pouco de força,pude virar meu corpo,colidindo-me com o dela.

Por fim,abri meus olhos. 

Meus lábios tremeram,e um sorriso esboçou nos mesmos,ao vê-la ali. Tão perto. Tão...linda.

— Até porque eu sou uma pessoa bem marcante — gabou-se,lançando um de seus braços por meu pescoço,puxando-me para mais perto. O que era impossível. Em um sussurro,questionou — Não vai me cumprimentar?

— Alls... — foi tudo o que conseguir dizer,antes de envolvê-la em meus braços. 

Eu sentia falta de tudo aquilo. Daqueles olhos,daquele nariz fofinho,os lábios rosados e carnudos...Daquele corpo macio e apertadinho...

Eu sentia falta dela.

— Por onde esteve? Eu...

— Me ligou diversas vezes? Eu sei. Trish estava cansada de ficar com meu celular e rejeitar tanto suas ligações — ela riu,acariciando meu rosto — Vejo que não mudou nada.

— Por onde esteve? — choraminguei,enlaçando meus dedos em sua cintura,encurralando-a em meus braços. Com um sorriso entristecido,disse:

— Esperando uma chance de ser feliz,Austin — abri minha boca para dizer algo,mas ela colou seu dedo indicador na mesma,pedindo apenas com um olhar,que não a interrompesse — Horas depois da sua última ligação,anunciando que havia sido contratado pela famosa Starr Records,decidi colocar meus pensamentos para funcionar. Austin,você iria crescer. Iria ser alguém na vida,como seus pais gostariam que fosse. Assim como os meus. Mesmo separados,eles ainda tinham planos para mim. Nova...

— Nova Iorque. Eu sei — a interrompi,sem pensar duas vezes — Fui atrás de você. Pelo menos tentei — ri,sem humor algum — Foram cerca de duas semanas ligando para todos os hotéis,até que consegui o endereço de seus pais. Eles me disseram que não sabiam onde você estava,me convidaram para entrar e tentaram,de algum jeito,fazer com que eu parasse de te seguir. Disseram coisas horríveis e...e eu fui embora. Sem esperança de te ver novamente.

— Eles o quê?! — exclamou,parecendo não acreditar em minhas palavras — Eu...eu os avisei! Caso você fosse atrás de mim,que dissessem onde eu estava. Queria conversar com você e pedir perdão por fugir. Eu não queria,Austin. Juro que não queria. 

Apenas assenti,retirando um enorme peso de minhas costas. Tentando levantar o ânimo do momento,murmurou,desafiadora:

— Por fim decidiu fazer aulas de dança? 

— Ah,isso — ri,passando minhas mãos pelos cabelos — Parece que você é minha nova professora por algum tempo,não?

É,minha ex e única namorada que tive nesses vinte anos de existência,cruzou com meu caminho e ainda por cima,é minha professora.

De dança!

Tudo bem,eu sempre soube que Ally seguiria carreira com algo que envolvesse música,mas sempre pensei que dedicaria-se ao canto. Essa baixinha manda muito bem!

Como nos velhos tempos,aos dezesseis anos,fugíamos na madrugada,para cantarmos na praia ou em locais mais desertos.

Em meio dessas noites juntos,acabamos por ter nossa primeira vez. Fora surreal. Perfeita e em nosso local favorito.

A casa na árvore.

— Austin,tudo bem? — suas mãos abanavam-se em frente aos meus olhos. Balancei minha cabeça,espantando minhas lembranças. Sorri,assentindo — Ótimo. Podemos começar?

(...)

— Deixe de ser duro,Austin — a morena riu,enquanto eu tentava recuperar o ar em meus pulmões. 

Colocando-se atrás de mim,segurou em minha cintura,deixando-me em alerta. 

— Rebole — ordenou. Ri,negando. Recebi uma joelhada na bunda.

— Ei!

— Rebole,Austin!

— Homens não rebolam — cruzei meus braços,em forma de birra.

— Desde quando você virou homem? — questionou,divertida. Arqueei minha sobrancelha,virando-me para a mesma.

— Sabe uma coisa que estou louco para fazer desde que te vi novamente? — ela negou,um pouco surpresa e hesitante — Te beijar.

— Hnm — pigarreou,separando-se de meus braços — Vamos nos focar na dança,sim? 

Assenti,dando-me por vencido. Eu havia sido rejeitado.

Alguém tem uma arma em mãos? Preciso me matar aqui. Juro que será rapidinho.

— Essa...essa música é um pouco...Uh...sensual.

— Ally,você pode ser sensual. Eu não — a morena riu,deixando-nos em um clima mais confortável — Sério,eu sou muito duro. Ou molenga demais.

— Você pegou os passos. Apenas...não consegue seguir o ritmo. Talvez com a canção,você consiga.

E assim,seguiu até uma caixa de som,ligando-a sem seguida.

— Veja.

Sweat dripping from my body, we both at this party
So come and show me your moves
I got some things I can teach you too
If you wanna see, oh oh
You say you need a shot of the Henee
Then you're ready
Do what you need to do
Cause I'll be waiting for you
It's about to get hot and heavy, oh oh

O suor está escorrendo, nós dois nessa festa
Então venha e me mostre seus passos
Tenho algumas coisa para te ensinar também
Se você quer ver, oh oh
Você diz que precisa de uma dose de Henee
Então estará pronto
Faça o que tem que fazer
Porque vou estar te esperando
Está prestes a ficar quente e pesado, oh oh

É,eu sabia de algo que estava prestes a ficar quente e pesado. Engoli em seco,focando-me em seu corpo,que movia-se com tamanha facilidade no ritmo da música. Cocei minha nuca,enquanto ela aproximava-se de mim,levantando meu olhar ao seu.

Enlaçando minhas mãos em sua própria cintura,ela as desceu para sua bunda.

It's really late
You're getting closer and the lights are off
Your body is in sync to the beat of my heart
And I can feel your nature rising, wild and wild on you

Está muito tarde
Você está chegando mais perto e as luzes apagadas
Seu corpo está em sincronia com o meu coração
E sinto sua natureza ficando mais e mais selvagem

Se eu quisesse tortura,eu ouviria o Dez cantando. Mas isso era tentação demais.

— Sinta.

Let's dance like we're making love
Making love
Let's dance like we're making love
Making love
Let's dance like we're making love

Vamos dançar como se estivéssemos fazendo amor
Fazendo amor
Vamos dançar como se estivéssemos fazendo amor
Fazendo amor
Vamos dançar como se estivéssemos fazendo amor

— Pode apostar,eu estou sentindo.

— A canção,bobo. 

— Eu não posso te sentir? — sussurrei,adentrando meu rosto na curva de seu pescoço,inalando seu perfume doce — Nunca muda.

If you're down just maybe
We dance like we're making babies
As soon as our song comes on
Cause boy we got all night long
So if you're ready
I'm ready to get it come on
I see a little faded
You wanna get crazy out on this floor
I hope you're sure this is what you want
Cause once I'm turned on, you can't turn me off

Se você está dentro só talvez
Nós dançamos como se estivéssemos fazendo bebês
Assim que a nossa música tocar
Porque garoto nós temos a noite toda
Então se estiver pronto
Eu estou pronta, vem
Eu estou vendo um pouco embaçado
Você quer ficar louco nessa pista
Espero que tenha certeza que é isso que quer
Porque uma vez excitada, você não pode me desligar

— Nunca. Assim como seus passos duros,que nunca se transformarão em uma dança. 

— Se eu provar à você que posso dançar,sairia comigo um dia desses? 

— Você não existe — ela sorriu,timidamente — Se me provar,eu posso até pensar.

— Pensar? Por acaso você está namorando? — hesitei mil vezes sua resposta,temendo que fosse um doloroso e sonoro sim.

— Não,eu não estou namorando,Austin. Pode agora parar de apertar minhas mãos? Não há motivos para ter ciúmes.

Ah,tem sim. Começando pelo fato de ainda sonhar com você no período da noite,e na manhã seguinte,tarde e noite novamente. 

— Fechado,então — percebi que a música ainda soava.

— Como diz a música: Dance como se estivesse fazendo amor. Solte-se,Austin. Mova seu corpo lentamente.

Agarrei-me em sua cintura,alisando suas curvas,como nos movimentos da dança. Suspirei baixo,amaldiçoando-me por ainda ter essa mulher em minha vida.

It's really late
You're getting closer and the lights off
Your body is in sync to the beat of my heart
And I can feel your nature rising wild and wild on you

Está muito tarde
Você está chegando mais perto e as luzes apagadas
Seu corpo está em sincronia com o meu coração
E sinto sua natureza ficando mais e mais selvagem

Empurrando-me lentamente até a parede gélida de madeira,girei a morena ao meio do movimento,encurralando-a no local. Sorri,observando-a aproximando-se de mim,e rodamos pelo ambiente,animando-nos nos passos seguintes. 

Roubei-lhe seu boné durante a dança,arrancando-lhe uma gargalhada proveitosa.

Let's dance like we're making love
Making love
Let's dance like we're making love
Making love
Let's dance like we're making love
Making love
Let's dance like we're making love
Making love
Let's dance like we're making love

Vamos dançar como se estivéssemos fazendo amor
Fazendo amor
Vamos dançar como se estivéssemos fazendo amor
Fazendo amor
Vamos dançar como se estivéssemos fazendo amor
Fazendo amor
Vamos dançar como se estivéssemos fazendo amor
Fazendo amor
Vamos dançar como se estivéssemos fazendo amor

Afastamo-nos ofegantes. Não pela dança,e sim por nossa aproximação.

Como eu a desejava. Céus!

Dançávamos por conta própria,o que atraía nossos olhares um para o outro. Ally parecia orgulhosa e eu,idiota como sempre,quase babava por ela.

Off the wall
Body to body
You and I
And then out through the night baby
Closer than before
Dance like no one's watching
You and I tonight
Be the time of your life baby

Na parede
Corpo com corpo
Você e eu
E então pela noite, amor
Mais perto que antes
Dance como se ninguém estivesse olhando
Você e eu esta noite
Seja a melhor época da sua vida amor

Oh Oh 

Oh Oh

Unimos nossos corpos em movimentos lentos e demorados,curvando-nos para frente e para trás. Não concentrava-me na dança.

Concentrava-me nela.

Seu corpo em minhas mãos.

Nossas respirações fundidas.

Movimentos sensuais sincronizados.

O calor atingindo-me.

Enlouquecendo-me.

Let's dance like we're making love
Making love
Let's dance like we're making love
Making love
Let's dance like we're making love
Making love
Let's dance like we're making love
Making love
Let's dance like we're making love

Vamos dançar como se estivéssemos fazendo amor
Fazendo amor
Vamos dançar como se estivéssemos fazendo amor
Fazendo amor
Vamos dançar como se estivéssemos fazendo amor
Fazendo amor
Vamos dançar como se estivéssemos fazendo amor
Fazendo amor
Vamos dançar como se estivéssemos fazendo amor

E por fim,a música terminou. Não nos separamos. Permanecemos ali. Colados. Unidos. Juntos.

Como sempre fomos.

— Eu acho que captei a mensagem — murmurei,com o tom de minha voz um pouco falho,notando a distância perigosa em que nossos lábios estavam. Eu podia senti-los em meu queixo,por sua altura e por nossa aproximação. Erguendo seu olhar à mim,ela assentiu.

— E qual é?

— Essa.

Antes que pudesse deixá-la processar algo em sua mente,a ataquei.

Não para matá-la ou afins.

Como um animal,atacando sua presa.

Seu corpo era.

Seus lábios eram.

Ela era minha presa.

Sem paciência alguma,rosnei entre seus lábios,arrancando-lhe um gemido baixo. Agarrei-me em sua cintura,colidindo mais seu corpo ao meu.

Impossível. 

Deslizei seu moletom por seus braços,apertando-os em minhas mãos.

— Eu te amo tanto... — sussurrei contra sua boca,entre ofegadas.

— Eu te amo,Austin.

A deitei sobre a pequena mesa que suportava o aparelho de som. Incomodada,Ally lançou o objeto longe,quebrando-o em partes grandes.

— Você...quebrou — virei meu rosto,apontando para a pequena caixa preta.

— Cala a boca.

— Me faça calar.

E seus lábios voltaram aos meus.

Sedento.

Por um ano longe de Ally,fui um homem sedento.

Sedento por seu corpo.

Sedento por seus lábios.

Sedento por seu amor.

Sedento por ela.

Adentrando suas mãos por minha camisa,ela a retirou,sem desgrudar nossos lábios - exceto no momento em que o tecido passou por minha cabeça - 

Retirei meus sapatos e ela,seus saltos. A colidi melhor na mesa,permanecendo acima de seu corpo. Era desconfortável,mas ela não.

Entre beijos lascivos,a mulher procurava desesperadamente pelo botão de minha calça. Segurei suas mãos,guiando-as para o local desejado. Logo,senti  a peça ser desabotoada,e o zíper sendo descido. 

— Ally... — alonguei seu nome,levando minha cabeça para trás.

Suas unhas esbranquiçadas cravaram em minhas costas,rasgando-me até a lombar. Grunhi entre seus lábios,sentindo-a esboçar um sorriso vitorioso nos mesmos.

Retirei seu top,observando que a mesma já encontrava-se sem sutiã. Um problema a menos para mim.

Nunca tive pontos com o fecho do sutiã de Ally.

Abracei seu corpo,unindo nossos corpos,ambos quentes.

Gemendo contra minha boca,a morena apoiou suas mãos em meu peito,dedilhando seus dedos por meu abdome,descendo até...enfim,um local necessitado.

Com um aperto um tanto forte,gemi um pouco alto,tocando o cós de seu short,deslizando-o por suas pernas torneadas. Beijei suas coxas,subindo por sua barriga lisinha. 

A mordisquei,adentrando minha face em seus cabelos,beijando-os.

Uni nossos lábios mais uma vez,desvencilhando-me de minha última peça de roupa,retirando por fim,a sua.

Cravei meu olhar ao seu,acariciando seu rosto delicado.

— Fica comigo? 

— Austin,nós...

— Não quero que vá embora. Não de novo. Quero que fique aqui,comigo.

— E sua turnê? — questionou,entristecida. Uma ideia surgiu em minha mente,fazendo-me sorrir.

— Apenas confie em mim,sim?

Assentindo,a morena fechou os olhos que eu tanto amava. A beijei,finalmente,unindo nossos corpos,intimamente.

Abraçando minha cintura,seus quadris arquearam sobre os meus,desnorteando-me.

— Austin...

— Shh... — mordisquei seus lábios,sorrindo em seguida — Olha pra mim.

Seus olhos se abriram e um sorriso adotou no canto de sua boca. Transformei nossas estocadas em algo mais calmo e demorado,sussurrando em seguida:

— Me diz que não estou sonhando.

— Acha que está? — debochadamente,ela uniu suas sobrancelhas. Assenti,choramingando:

— Eu ficaria muito triste se realmente abrisse meus olhos,e visse que você não está do meu lado,na nossa cama. Eu morreria. 

— Eu não deixaria — disse ela,afagando meus cabelos. Sorri,beijando-a novamente.

E mais uma vez,entregamo-nos ao erotismo. 

— Eu te amo,baixinha.

— Eu te amo,loiro.

(...)

— Ainda não me respondeu o que te perguntei lá no teatro.

Ambos estávamos em meu apartamento. Em minha cama.

Nossa cama.

— Falei com Jimmy — espreguicei-me,mirando o horário no relógio digital ao lado da cômoda. Sete da manhã. Não havíamos pregado os olhos. Apenas...

Dançado um pouquinho. 

Talvez muito.

— E...

— E ele disse sim — sorri vitoriosamente,passando um de meus braços por suas costas nuas,alisando-as.

— Sim? Sério,Austin,esse suspense está me matando! Desembuche!

Coloquei-me acima de seu pequeno corpo,causando-lhe um gemido em satisfação. Sorri,aproximando-me e mordiscando sua orelha,sussurrando em seguida:

— Você irá conosco. Para a turnê — a encarei. Ela não dizia nada,o contrário de seus olhos,que marejaram por um curto período de tempo — Ally,eu não vou me separar de você. E não tem mais como você fugir,coreógrafa.

— Coreógrafa? — questionou,com pequenas gotículas rolando por suas bochechas. Assenti,enquanto secava-as com meu polegar. Sim,uma mulher de vinte e um anos,dando aulas de dança para nós.

— Aceita? Eu vou precisar de muitas aulas,sabe...e meus dançarinos também,mas tem uma coisa.

— O que? — sorriu,acariciando meu rosto. Fechei meus olhos,aproveitando a sensação maravilhosa de seus dedos por minha pele.

— Não quero que dance com eles.

— Não entendi...

— Não quero que faça amor com eles,como faz comigo.

Abri meus olhos,encarando sua expressão.

— Você me chamou de vadia?

Gargalhei com sua fala. Neguei rapidamente,beijando-a em seguida.

— Quero que sua atenção seja somente para mim. E para o meu corpo.

— Safado — a mulher estapeou-me fracamente,com um sorriso sacana nos lábios.

— Quero que dance comigo,como se estivéssemos fazendo amor. Sempre.

— Sempre.