A Lagarta escrita por Vatrushka


Capítulo 16
Desenrolar




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"Recuar! Formar barreira!" Foram ordens prontamente atendidas pela Guarda de Ouros.

Mas para a surpresa de Ghunter, os Cartas não continuaram com a barreira ao redor dele. Eles correram do Salão, como se capturá-los não fosse mais importante.

O Gato olhou para o jardim principal através da vidraça. Estavam fazendo uma barreira ao redor do Palácio.

'Mas o quê...?'

Foi quando viu um outro exército marchando em direção a eles. Um exército gigante e assustadoramente determinado. 

Na multidão se encontravam Flores, Cartas de Espadas - e para seu maior assombro - muitos Cartas de Paus.

As engrenagens foram se encaixando em sua cabeça. 'Alice libertou os Cartas de Paus de suas bases... Estão do seu lado agora.'

Ficou ainda mais paranoico ao avistar seres mágicos marchando junto deles. Não pareciam estar sendo obrigados a fazê-los.

Um arrepio percorreu sua coluna... Então aquele era o exército rebelde que Alice estava organizando.

Ghunter só parou de estudar a vista quando ouviu o guincho de Lana:

"Carl!"

Pelo nível de desespero que sentiu em sua voz, já entendeu o que significava. 

Virou-se e avistou a seguinte cena: o Chapeleiro e o Rei, mortos e estendidos no chão. Lana com sangue nas mãos, chorando em um delírio quase irreversível.

Correu e impediu-a de cair. Assistiu, enquanto isso, o ataque de fúria de Luce - desejosa por vingar seu irmão.

Victoria exclamava: "Não, seus tolos! Aonde estão indo? Voltem e me protejam!"

Ghunter ergueu a sobrancelha. Ela realmente não sabia o que estava acontecendo...?

Luce apanhou uma espada no chão e avançou na direção da Rainha sem vacilar.

A garota berrou, soltando todo o ar de seus pulmões e todo o medo e ódio que guardara todos aqueles anos:

"Cortem-lhe a cabeça!!"

E com um golpe violento, a Rainha acabara de perder a sua.

Luce, assim como Lana, cedeu à dor e desmaiou - Giullian impediu que a jovem caísse. Carregou-a e preparou-se para fugir - aconselhando, pelo olhar, que Ghunter fizesse o mesmo.

O Gato logo se viu em um Salão silencioso, apenas com a companhia de Lana semiacordada e dezenas de corpos.

Não sabia como Giullian conseguiria sair dali, mas Ghunter decidiu que usaria o teletransporte.

'Vai ficar tudo bem.' Se convencia. 'Vamos fugir para os Grandes Salões, sumir desse mundo e conseguir sobreviver... Vai dar tudo certo!'

Foi quando os portões do Salão se trancaram em um movimento brusco. Lentamente, Ghunter deitou o rosto de Lana no altar e se levantou. 

"Estava ansiosa para te conhecer, Gato."

Ghunter se virou, segurando o ódio.

Viu uma mulher magra e alta, com aparência de 30 anos. Tinha cabelos longos, loiros e cacheados. Seus olhos verde-azulados eram afiados como navalhas.

E claro, estava vestida em um glorioso vestido esmeralda.

"Alice." Murmurou, por fim. "O prazer é todo meu."

A mulher sorriu, triunfante e despreocupada. "Gostou da piada?" Perguntou, apontando para os próprios trajes. "Resolvi adotar a ideia daquele seu amigo Giullian. Achei muito criativo."

Ghunter murchou os ombros. "O que quer? Ah, não, espere, não precisa responder que eu já sei. Terminar com as Dinastias Vermelha e Branca, para que então provavelmente suba ao poder. Pois bem, conseguiu. A Rainha e o Rei estão mortos, assim como o Chapeleiro. Não tem mais nada pra você aqui."

Alice gargalhou, deliciando-se com a situação. "Você é exatamente como me descreveram! Insensível, calculista! Não se importa mesmo com o paradeiro da Lebre e do Arganaz, ou com o que planejei para eles?"

Lana murmurou ao ouvir os apelidos dos amigos.

O rosto de Alice se contorceu em desprezo. "Ah. Essa daí ainda está viva."

"Quem é você, afinal?" Lançou Ghunter. "Duvido muito que Alice seja seu verdadeiro nome."

Alice revirou os olhos. A cor intensa e exótica destes deixavam claro que era uma feiticeira também.

"Ah, óbvio que Alice foi só um apelidinho que peguei emprestado para causar mais impacto. Entende? Alice, aquela que desafia a Rainha de Copas. Encaixa bem." Ela respondeu, ao arquear um sorriso sinistro e se aproximar calmamente de Ghunter. "Mas... Em resumo? Não sou muito mais que uma mercenária mesmo."

O Gato estava começando a perder a paciência. "Não somos mais uma ameaça. Por quê. Ainda. Está. Aqui?"

Alice estava agora a um passo de distância. Suavizou sua expressão, inclinando o rosto. "Ora... Só queria dar uma olhada nos meus irmãozinhos..."

Lana tentava juntar forças para se sentar. "O quê...?" Ela sussurrou. Ghunter engoliu a seco.

"Não me olhe com essa cara. Acha mesmo que Martin não teve outros aprendizes antes de vocês?"

Ghunter aproveitou a situação. Em um movimento rápido e silencioso, direcionou sua mão à testa de Alice. Queria invadir sua mente, analisar suas memórias. Queria acreditar que era um blefe.

Mas Alice entendeu o que Ghunter estava tentando fazer. Com um movimento ainda mais rápido, agarrou o pulso do rapaz e torceu seu braço. Aproveitando-se se sua pose, Alice que começou a analisar as memórias do Gato.

Lana lutava contra o cansaço de seu corpo para reagir. Queria impedi-la, arremessa-la dali, berrar para que Ghunter se soltasse!

Após longos e dolorosos minutos, o Gato cedeu ao chão. De cenho franzido, Alice se ergueu - rindo.

"Ah, Gatinho... Que vida miserável você teve, não?" Jogou seus longos cachos para trás. "Nenhum de nós teve muita sorte..."

Alice voltou sua atenção para a Lagarta, tentando se rastejar para o lado de Ghunter.

A loira pôs-se por cima dela, apertando sua garganta contra o chão.

"Só você que teve, não é, Laninha?" Cuspiu Alice, odiosa. "A queridinha do Mestre. A filhinha preciosa, perfeita, preferida."

Lana ainda tentava assimilar as informações. Mestre jamais tinha mencionado o fato de ter tido outra aprendiz antes... Nunca recebeu nenhuma visita dela, nunca a citou em nenhuma conversa... Lana podia jurar que nunca havia a visto antes em toda sua vida... Seria possível que Alice estivesse os espionando este tempo todo...?

Surreal demais para acreditar.

A Lagarta a encarou de volta. Os olhos da loira borbulhavam ódio.

"Oh, Alice..." Disse com o pouco ar que tinha. "O que você fez com o Pan?"

Por um segundo, Alice abaixou a guarda. Dor, medo e arrependimento passaram por seu olhar, rápido como uma ave de rapina.

Foi o suficiente para que o dedo de Lana encostasse na testa de Alice.


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