Just Another Summer Love escrita por IsaW


Capítulo 6
Live, love, and let be


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo acabou ficando maior do que eu esperava, mas juro que tentei diminuí-lo ao máximo! (Acho que acabei me empolgando demais, hehehe).
Espero que não tenha ficado tão cansativo, qualquer coisa me avisem!
Boa Leitura!



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            O carro de Connor não era nem um pouco como eu imaginava. Parei um segundo para dar uma checada no banco de trás, antes que ele entrasse, e acabei por encontrar um livro de capa grossa, com pouco mais de 400 páginas, uma caixinha azul clara, a qual eu não vi o que continha, e uma jaqueta jeans escura muito parecida com aquela que o vi usar no café, essa manhã. O Audi a5 dele cheirava a perfume masculino, e os bancos de couro bege pareciam nunca ter sido usados na vida.

            Assim que ele se sentou no lugar do motorista, quase que imediatamente puxou o cinto de segurança sobre o peito e girou a chave na ignição.

            -O cinto. –disse.

            Parei para analisar sua expressão facial, que para mim, não parecia muito feliz. Suas sobrancelhas estavam unidas, e ele tinha o maxilar contraído. Connor apertava o volante com certa raiva, e suas mãos, eu pude perceber, estavam levemente avermelhadas pelo soco que dera em William há poucos minutos. Com a mão direita, ele engatou a marcha automática e pisou no acelerador com um pouco de pressa.

            -Como conseguiu fazer aquilo?- perguntei com um tom de indignação na voz, logo depois de atar o cinto.

            Connor olhou de relance para mim, e depois voltou a encarar a estrada, agora relaxando um pouco a contração do maxilar.

            -Não sei, eu só o fiz. – respondeu, com nervosismo.

            Eu meneei a cabeça, pensando na cena de Will caído no chão, cobrindo o nariz com uma mão e repousando a outra sobre o estômago. Por um momento senti pena do meu ex-namorado, e depois me dei conta do quão feliz eu me encontrava depois de tudo aquilo, e deixei o pensamento para trás.

            -Bom, acho que devo te agradecer. –afirmei, ainda um pouco confusa comigo mesma.

            Ele fez que não com a cabeça, sorrindo um pouco para si mesmo.

            -Que cara mais idiota...

            Mordi minha bochecha a fim de fazer uma promessa á mim mesma a partir daquela noite: nunca mais chorar por causa de William Oasley.

            Não trocamos mais palavras pelo resto do caminho, mesmo porque Connor estava inquieto, mas silencioso, e demonstrava raiva até quando virava uma esquina. Nem o rádio se encontrava ligado, e tudo que eu fazia era olhar pela janela e encolher minhas mãos por entre as pernas. Não tive coragem de perguntá-lo de onde veio toda essa agressividade, e nem mesmo de encará-lo nos olhos. A única coisa que fiz, ao sair do carro, foi deseja-lo uma boa noite, e receber um “boa noite” um tanto irritado de volta.

>< 

            Com minha rotina matinal, na manhã seguinte eu já caminhava em direção ao café Gordon's, bem cedo, na esperança de encontrar o lugar vazio para terminar de ler meu livro. Eu adorava aquele café. Nas férias passada, passei a maior parte do tempo lá, lendo meus livros e as vezes levando meu notebook para passar o tempo. Acho que a tranquilidade e o aroma do lugar me deixavam mais calma. Mamãe costumava me levar à Gordon's quando eu era menor, e costumávamos sempre pedir o Chocolate quente com marshmallows de lá. Lembro-me até hoje de quando o Sr.Gordon, um sujeito alto e gordo com uma cara muito simpática, foi me visitar dias depois da morte de meus pais. Ele havia me levado alguns cupcakes para me alegrar. Ainda consigo sentir o gosto horrível de glacê que o bolinho tinha.

Acabei por pedir um café comum, que não demorou muito para ser entregue pelo fato de que era bem cedo e o lugar estava praticamente vazio. Me sentei em uma mesa qualquer, já me sentindo tranquilizada pela serenidade do lugar. Abri meu exemplar de "O Morro dos Ventos Uivantes," que tinha um marca-páginas quase que no fim do livro, e comecei a ler, de vez em quando bebericando de meu copo de café quente. Não vi o tempo passar. Quando me dei conta, faltavam apenas 20 páginas para eu concluir o livro.

E então, com um barulhinho quase inaudível, um copo de isopor “para viagem” praticamente se materializou em minha frente. Olhei imediatamente para cima, encontrando olhos familiares, de uma coloração esverdeada deslumbrante.

—Cappuccino quente. - A voz se sobressaiu sobre as poucas do estabelecimento. - Muito melhor que café comum.

Eu sorri, olhando novamente para meu copo de café, e me perguntando mentalmente como ele sabia que eu estava tomando café comum, mas resolvi não perguntar.

—Mesma quantidade de cafeína?- brinquei.

—Mais ou menos. - ele tombou levemente a cabeça para o lado, sorrindo torto. - Posso?

Assenti com a cabeça para que ele se sentasse. Connor então puxou do bolso um guardanapo bem dobrado, e o colocou delicadamente sobre a mesa, como se fosse um objeto de grande valor. O loiro puxou a cadeira em minha frente e se sentou, puxando para si, sem permissão nenhuma, meu copo de café comum. Ele o balançou no ar levemente, como se verificasse se ainda tinha sobrado um pouco, e começa a desdobrar seu guardanapo amassado, até que eu possa visualizar uma pequena pílula-cor-de-rosa.

—Colesterol Alto. - ele diz, lendo meus pensamentos.

—Ah... -suspiro, enquanto ele toma um gole de meu café, engolindo o comprimido de uma vez só.

Dou-lhe um sorriso leve, o observando empurrar levemente o copo de cappuccino para mim.

—Você não vai se arrepender. - ele diz, brincalhão.

Tomo o copo em minhas mãos e dou um gole curto, apenas para experimentar. Era realmente muito bom. Não que eu nuca tenha tomado cappuccino na vida, mas fazia um bom tempo desde que eu não sentia aquele sabor.  Um gosto leve de cafeína encobriu minha boca em uma temperatura um pouco alta demais, mas não alta o suficiente para queimar meu céu da boca. Senti um gosto doce de leite se misturar com a espuma leve em que consistia o cappuccino recém-feito.

—Me surpreendeu. - confesso, colocando o copo de volta na mesa e observando o sorriso satisfeito de Connor.

Ele parecia tão... Normal em relação ao que acontecera ontem. Percebi que as marcas vermelhas continuavam em sua mão, mas um sorriso estava estampado em seu rosto, substituindo o maxilar contraído que transmitira sua raiva para mim na noite passada. Resolvi não tocar no assunto de William naquele momento, mesmo porque dormi tão bem essa noite, que assim que acordei a única coisa que pensei em murmurar foi “Obrigada, Connor”, e passei as últimas horas sem sequer pensar no nome de William. Eu teria paciência suficiente para esperar o momento certo para falar com Connor sobre o assunto.

—O que você tá lendo? – Ele pergunta, franzindo a testa e esticando sua mão para alcançar meu livro, que eu tinha esquecido que ainda estava lendo.

—Ah - peguei o livro em minhas mãos e o entreguei. - Um clássico que eu gosto.

O Morro dos Ventos Uivantes... - ele diz baixinho, analisando o livro como se fosse novidade para ele. - Heathcliff E Catherine, certo?

Surpresa, eu sorrio.

—Já leu?

Connor assente com a cabeça e me entrega o livro de volta.

—Um pouco complicado de ler, mas como você disse, é um clássico. - ele diz, se se encostando à cadeira. Eu não tinha percebido sua jaqueta jeans estilosa até o momento, e acabo por me pegar pensando na mesma jaqueta jogada sobre o banco do seu carro, na noite anterior.

—E o que achou?

—Um romance diferente... - Ele pensa por um segundo. - Achei interessante como na história, o mesmo sentimento que une as pessoas, é o que destrói tudo.

E então, foi assim que me conformei que Connor havia voltado ao seu estado normal, e que toda a agressividade da noite anterior sumira de repente.

Tive vontade de dizer que era exatamente como eu pensava, e ainda comentar um pouco sobre o livro com ele, mas ele pareceu tão à vontade quando sorriu um pouco cansado, que eu resolvi deixar para outra hora.

Tomei mais um gole do cappuccino, enquanto observava Connor puxar seu celular do bolso para checar as horas.

—Ah, quase me esqueci - Ele disse, colocando o celular novamente no bolso. - Minha mãe quer testar uma nova receita de bacalhau de forno que minha tia passou pra ela esses dias atrás - Ele sorriu, vendo minha expressão de confusão. - Ela pediu para que eu convidasse você e sua irmã para jantar em casa hoje.

Dei uma risada por um segundo. Quer dizer, além de tudo isso estar sendo completamente aleatório, Connor e eu nos conhecemos há menos de cinco dias, e um jantar formal na casa dele me pareceu mais convidativo que o normal.

Connor riu com a minha reação.

—Se vocês gostarem de bacalhau, é claro.- ele acrescentou.

Fiz que sim com a cabeça, ainda rindo.

—Amo bacalhau.

Ele lambeu os lábios rapidamente, em seu sorriso branco alinhado.

—Então te espero lá?

Eu sorrio, me recuperando das risadas.

—Claro.

Connor se levantou da cadeira, depois a colocando no lugar, um detalhe que eu percebi sem a intenção de admirar, mas com uma pontada de espanto pelo ato incomum.

—Então até depois? - Ele perguntou mais uma vez, colocando as mãos no bolso da calça.

—Até depois. -Respondi.

Então ele sorriu, saindo pela porta de vidro e descendo a escadaria do Gordon's, caminhando em direção á rua de casa com um sorriso sincero estampado em seu rosto angelical. 

>< 

O relógio marcava 7:15 quando terminei de abotoar meu vestido roxo escuro. Não era nada demais, considerando a ocasião, mas eu simplesmente adorava aquele vestido. Era simples, sem bordado nenhum; sem mangas, vinha até o joelho e tinha uma saia aberta, com um cinto prata para dar um brilho. Eu já havia usado esse vestido algumas vezes, depois que meus pais se foram, mas a que eu mais me lembrava, era a do meu primeiro encontro com William. Tínhamos ido ao lago, num restaurante de comida do mar que ficava escondido entre as árvores do parque. Me lembro que a comida era ótima, mas era muito difícil de se apreciar quando se tinha o sorriso brilhante de Will na minha frente. Foi o lugar do meu primeiro beijo com ele. Tinha gosto de camarão, devo dizer, mas não deixou de ser especial.

—ESTAMOS ATRASADAS, BELA! - Natalie berrou do andar de baixo, afastando meus pensamentos da cabeça.

—Estou indo! - Gritei em resposta.

Procurei rapidamente minha sapatilha no armário e dei uma última checada no espelho, antes de descer as escadas correndo. Apesar da minha mania de pontualidade, por ser um jantar um tanto formal na casa dos Jacobs', eu tive que investir um pouco na aparência, mesmo não sendo do meu costume.

Bati na porta dos vizinhos exatamente ás 7:18. O pai de Connor, Gregg, nos atendeu com um sorriso fino no rosto.

—Bem-vindos! - Ele disse, com uma voz um pouco intimidadora para sua aparência franzina. Depois de cumprimentarmos o Sr. Jacobs, ele tomou a travessa de sobremesa da mão de Natalie (que eu não havia percebido que ela carregava) e a levou para cozinha, na companhia de minha irmã, que comentava com ele sobre a decoração da casa. Ouvi conversas vindo da cozinha e deduzi ser a voz de Stacey, mas o barulho da televisão me chamou a atenção. Ao invés de ir para a esquerda, me virei para a direita para bisbilhotar a casa.

Era bem parecida com a minha, em questões de estética. Paredes de tijolos, piso de madeira escura e iluminação amarelada. No andar de baixo, não havia portas separando a sala do Hall, nem o Hall da cozinha. Passei pela abertura que dava pela sala e dei de cara com o sofá marrom que Connor e seu pai carregavam no dia da mudança. Algumas caixas de papelão estavam espalhadas pelo cômodo, além de um papel de parede que não tinha sido completamente colado ainda. O barulho da TV estava razoavelmente alto. Um programa de criança passava no canal infantil, e no sofá, Connor e seu irmão estavam sentados lado a lado. O menininho estava concentrado no programa, cantando a musiquinha um pouco irritante, baixinho, e batendo palmas, como o protagonista do desenho. Connor tinha seu celular em mãos, e intercalava seu olhar do desenho para a tela, sempre com um olhar descontraído.

Assim que ele me viu, parada como idiota na divisa da sala, ele se levantou em um pulo. Ajeitou sua camisa social branca e sorriu, vindo em minha direção.

—Desculpe - ele disse, - Não ouvi você bater.

Dei um sorriso simples enquanto ele me observava.

—Tudo bem. - Desviei rapidamente meu olhar para o menininho, que agora nos olhava com a boca levemente aberta, como se estivesse curioso para saber o que eu estava fazendo ali.

Connor se virou para o menino, percebendo minha curiosidade, e sorriu.

—Liam, vem aqui cumprimentar a Bela. - Ele disse, sutilmente.

O irmão mais novo se levantou do sofá, antes desligando a televisão, e veio até nós com as mãos juntas em frente ao corpo, claramente envergonhado. Ele parou na frente de Connor, se se encostando às pernas longas dele e me olhando curiosamente.

—Bela, esse é meu irmão, Liam. - Ele apresentou.

Por educação, me abaixei para ficar na altura dele, e o encarei nos olhos, sorrindo.

—Prazer em conhecê-lo, Liam. - Eu disse, e o menininho sorriu sincero. Os olhos eram tão bonitos quanto os de Connor, e seu cabelo quase que encaracolado o deixava com cara de inocente.

—Oi. -Ele disse tímido, depois se soltando dos braços de Connor e correndo escada acima.

—Ele é meio envergonhado. - Connor disse, enquanto eu me levantava e acertava meu vestido.

—É muito parecido com você.

Connor sorriu de lado.

—Todo mundo diz isso, apesar de eu não concordar muito.

Eu sorri.

—A propósito, - Ele disse, colocando suas mãos no bolso da jeans. - você esta linda.

Mordi meu lábio inferior sutilmente.

—Obrigada.

Fomos juntos até a cozinha, onde eu cumprimentei a Sra.Jacobs e dei uma olhada na comida. O bacalhau ainda estava no forno, mas a salada estava com uma cara deliciosa. Tive vontade de perguntar de onde ela comprou essas alfaces tão verdinhas. A mesa de seis lugares estava arrumada com pratos, guardanapos de pano e velas, com um vaso de vidro com uma rosa no meio dela.

—Ainda vai demorar um pouco, Filho. - Stacey disse, sorrindo. Por cima da camisa social verde e da calça preta, ela usava um avental branco, e seu cabelo estava preso em um coque, o que a deixava ainda mais parecida com a versão gordinha da Tinker Bell. Tive que sorrir ao me lembrar disso.

—Então vamos subir um pouco, pode ser? - Ele disse, mais em tom de afirmação do que pergunta. Antes de ouvir a resposta de sua mãe, ele já estava me puxando pelo braço de volta para o Hall e subindo as escadas.

Eu ri, enquanto ele me puxava pelo corredor curto, com quatro portas de madeira clara, e me levava à primeira porta da direita, que deduzi ser a do seu quarto. Era mais ou menos do tamanho do meu, só que com um toque masculino. Sua cama de solteiro estava recostada na parede (com papel de parede de cor azul-claro), á esquerda, com uma colcha azul-marinho e travesseiros brancos. De frente para ela, uma Televisão não muito grande se encontrava sobre um móvel de suporte marrom-escuro. Acima dele, uma estante, também marrom-escura, continha mais ou menos 15 livros grossos, empilhados na vertical. Ao lado da TV, uma porta dava para o banheiro, que também deduzi ser do tamanho do meu. Algumas caixas de papelão fechadas ainda se encontravam em cima de sua escrivaninha, que dava para a janela, a qual dava vista para a janela do meu quarto. As cortinas eram brancas e macias, e a iluminação um pouco amarelada dava vida para o lugar.

—Quarto legal. - Comentei, depois de analisar tudo.

Connor riu da minha concentração. Admito que sou uma pessoa detalhista.

—Você gostou?

—Aham.- falei, enquanto observava o teto e a porta de onde viemos.

Sem perceber, fui direto à sua estante de livros, para ler os títulos de sua coleção. William Shakespeare era o líder dali. Macbeth, Romeu e Julieta e Hamlet eram os primeiros da fila. Depois os modernos John Green e George R.R. E lá estava a cópia de Morro dos Ventos Uivantes da qual ele falara.

—São os mais lidos- Ele comentou, atrás de mim. - O resto eu não tirei da caixa ainda.

Virei-me para ele para o ver sentado em sua cama, com um caderno grosso de capa marrom em mãos. Fui até ele sem dizer nada.

Connor deu uma olhada no caderno em sua mão, como se estivesse pensando no que fazer com ele. Ele me entregou com um sorriso no rosto.

—O famoso "caderno especial"? -Perguntei, me sentando ao seu lado e abrindo o tal caderno devagar.

—Acabei por me decidir que você é confiável o suficiente para abri-lo. - Ele brincou, arrancando-me um sorriso. - São só alguns desenhos e poemas. Nada demais.

"Nada demais?” pensei. Os desenhos dele eram maravilhosos. Apesar de ser um caderno de bolso, de tamanho pequeno, os desenhos de animais e pessoas eram tão realistas, que pareciam saltar do papel. O que mais me chamou atenção, foi o desenho da página 4, que retratava uma mulher idosa se olhando no espelho. Os detalhes da pele enrugada me deixaram tão fascinada, que eu o classifiquei como o melhor de todos.

—É lindo... - eu disse.

Connor sorriu, escorregando para perto de mim para ver o desenho.

—É minha avó. -Disse. - Fiz esse ano passado, antes de vir pra cá.

—São modelos reais? - Eu o encarei, curiosa.

Connor assentiu, juntando as mãos no colo e mexendo a perna direita, inquieto.

—Olha, em relação ao que aconteceu ontem à noite... –Connor começou, e eu voltei minha atenção para ele.- Eu só queria dizer que William é um babaca.

Soltei uma risada fraca com o humor dele, e fiquei surpresa por ele ter tocado no assunto. Tomei a liberdade de fechar o caderno de capa dura que eu tinha em mãos, e o depositar na cama.

—E você deu uma boa duma lição nesse babaca. –respondi, no mesmo tom.

Connor sorriu, olhando para o chão, e depois subindo seu olhar para o meu rosto.

—É sério. –acrescentei- Obrigada por isso.

Ele passou exatos 3 segundos me encarando nos olhos, e depois se levantou da cama em um pulo, esticando sua mão para mim.

—Bom, parece que não vou me esquecer desse babaca por um tempo. –Assim que aceitei sua mão, ele a virou, para que eu pudesse ver a marca vermelha, agora tomando uma coloração arroxeada, que ainda marcava a região da dobra de seus dedos.

Descemos juntos as escadas, antes passando no quarto de Liam para chamá-lo, e nos direcionamos para o lado esquerdo da casa.

Na cozinha, me sentei ao lado de Liam, ficando de frente para Connor, e quando Stacey preparou os pratos na mesa, o vi acender com um fósforo as duas velas simples que enfeitavam a mesa, depois colocando a caixa de fósforos no bolso.

—Então, - Stacey declarou, com um sorriso aberto. - Vamos comer!

Depois de fazer um brinde com taças de vinho, cada um de nós se serviu de bacalhau, que por sinal estava delicioso. Durante o jantar, Natalie falava sobre seu trabalho de empresária com Gregg, que também trabalhava nessa área, e comentavam assuntos empresariais que eu não entendia. Por respeito, prestei atenção no que eles diziam, as vezes comendo, as vezes olhando para eles. E com o meu sexto sentido, percebi estar sendo observada, tanto por Connor quanto por Liam. Quando voltei minha atenção para o loiro em minha frente, ele lançou um sorriso, com sua boca cheia de bacalhau, o fazendo parecer um esquilo. Cobri minha boca em uma risada silenciosa, quase cuspindo pra fora meu peixe mastigado. Connor pigarreou, também escondendo uma risada, e nós dois parecíamos duas crianças da idade de Liam, brincando na hora do jantar.

Já passava das 9 quando terminamos a sobremesa de morango de Natalie, e quem mais pareceu gostar da comida foi Liam, que segundo Gregg, amava morangos. Depois de uma longa conversa sobre o clima de Vancouver, Nat decidiu que era hora de ir embora, antes se oferecendo para ajudar a lavar a louça com a Sra.Jacobs, então Connor e eu fomos para o Hall.

—Sua irmã cozinha muito bem. - Ele comentou, se sentando no terceiro degrau da escada.

—Ah, ela aprendeu com a minha mãe. - Me sentei ao lado dele. - Eu sempre quis aprender.

—Se te faz sentir melhor, a única coisa que sei cozinhar é macarrão instantâneo.

Dei uma risada baixa.

Connor sorriu, desviando o olhar para baixo, e depois passando as mãos no cabelo.

—Obrigado por ter vindo. - Ele disse. Eu o encarei nos olhos. Não tinha reparado o quão bonito ele estava, em sua camisa social de mangas dobradas e suas jeans escuras. O topete dele estava com um pouco de gel, percebi. Suas feições me lembravam de Jason, talvez pelo queixo definido, mas o rosto de Connor era diferente dos outros. Transmitia um calor confortável de humildade e gentileza, ao mesmo tempo tendo detalhes que atrairiam qualquer ser humano do sexo feminino. Ele parecia mais velho que 17 anos, devo dizer. Por ser alto e de corpo saudável, qualquer um diria que ele aparentava ser pelo menos um ou dois anos mais velho.

—Obrigada você por ter convidado. - Digo, finalmente.

Connor sorri, juntando as mãos e voltando a olhar para frente, descontraído.

Liam passa correndo por nós e vai para a sala, assim que Natalie e o Sr. e a Sra. Jacobs saem da cozinha.

—Muito obrigada por hoje, Stacey. - Nat diz, enxugando as mãos no próprio vestido preto e sorrindo.

—Eu é que agradeço Nat.- a Sra.Jacobs sorri. - Vamos fazer mais vezes.

—Claro!

Gregg abre a porta e eu me levanto da escada para sair, antes parando em frente à Connor.

—Então... te vejo depois?

Connor sorri de lado.

—Te vejo depois.

Fiquei parada por um segundo, possibilitando a ideia de me inclinar para beijá-lo na bochecha, mas declino a ideia assim que Nat me puxa pelo braço. Cumprimento Sr. e Sra. Jacobs rapidamente, antes de Nat e eu sairmos pela porta e atravessarmos a rua, em completo silêncio. E eu, como sempre, dou uma rápida olhada para trás, encontrando Connor encostado á batente da porta, sorrindo para mim. E eu sorrio de volta.


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Notas finais do capítulo

Bom, pra ser sincera, não ficou BEM do jeitinho que eu queria, mas acabei gostando bastante do resultado.
Até o próximo capítulo!
PS: Leitores fantasmas, tratem de aparecer, viu?! *humpf*
Beijos!



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