Just Another Summer Love escrita por IsaW


Capítulo 19
For the rain it raineth every day


Notas iniciais do capítulo

Em que ano eu tô?!
Leitores maravilhosos que ainda estão aqui, esperando eternamente um capitulo que não saía, peço inúmeras desculpas e infinitos "obrigadas" com relação à demora da postagem!
A todos que acompanham esse capítulo, um imenso beijo por não ter desistido de JASL ♥
O capítulo ficou mais longo do que imaginei, mas confesso que não gostei muito do resultado dele, não. Porém, espero que gostem! Deixem sua opinião sobre ele só para eu saber onde melhorar!
Aproveitem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/673832/chapter/19

—Você só pode estar brincando, né? – Riley se vira para mim assim que entro em seu carro, com a boca aberta em um “o.”

—Você cortou o cabelo? –Pergunto, imediatamente, fazendo cara de curiosa. Mesmo aquela sendo minha melhor amiga, sinto meu rosto começar a corar.

Eu não ACREDITO! – Ela praticamente grita. Tenho que tapar sua boca com uma das mãos para Connor não nos ouvir. Direciono meu olhar para o vidro do motorista e mordo meu lábio inferior, vendo o loiro parado em sua porta, conversando com Stacey. Vejo o pequeno Liam entre as pernas da mãe e sorrio para mim mesma.

mmmmnh!— Riley murmura, apontando para meu sorriso disfarçado. Posso ver sua bochecha contrair em uma risadinha. Reviro meus olhos para ela, brincalhona.

—Quando ele voltar, nenhuma palavra, tá legal? –Eu digo para ela, ainda com minha mão em sua boca. Ry dá uma rápida lambida em minha palma e dá uma risada alta quando faço cara de nojo e limpo minha mão em sua roupa.

Ugh...—reviro meus dedos em seu casaco branco e ela ameaça a me morder, ainda dando risada.

—Sem nenhuma palavra, pode deixar –Ry me dá uma piscadela.

A porta traseira do carro se abre e Connor dá um pulo para dentro, se ajeitando no banco do meio.

—Hey, Riley. –Ele cumprimenta, em bom humor.

—Hey, Conny! –Ela o chama por um apelido. Assim que ele se acomoda, Ry gira a chave e acelera rumo ao centro de Toronto. -Então... Atrapalhei vocês quando cheguei, né?

Reviro meus olhos e rezo silenciosamente para que Connor a ignore.

—Ahn... acho que... –

—AH! Vamos ouvir uma música, pode ser? –Interrompo a resposta educada de Connor ao colocar meu dedo sobre o botão do rádio e aumentar o volume.

Riley e Connor caem na risada, e tento me controlar para manter minha aparência séria e não rir.

>< 

A casa de Peter era razoavelmente grande, mas não tanto quanto sua cabana de praia em LA. Assim que entramos em sua mansão privada, me sinto em outro mundo. A realidade de alguém que mora nos subúrbios de Toronto se torna gelatina perto daquelas escadas compridas e extensas que se encontram no meio de seu Hall. O piso é frio, as paredes em tons de marrom e o tapete em que piso é cor-de-sangue. Diferente da casa de Riley, Peter não esbanja vasos banhados em ouro ou vidrarias gigantescas que abrigam xícaras feitas à mão. Por todo o salão, a única coisa que me chama atenção é um quadro, um tanto quanto grande, de mais ou menos 50 x 50 cm. Nele, há a pintura de um vaso de rosas brancas com algumas das pétalas manchadas de um tipo de rosa avermelhado. A sensação que as pétalas “ensanguentadas” me transmitem faz com que eu me arrepie.

—Você tá bem? –A mão de Connor desliza sobre a minha e encontra seu ponto de encaixe entre meus dedos. Me pego pensando em meus pais, por um breve segundo, mas logo consigo respirar fundo e me voltar para Conn com um leve sorriso no rosto e acenar com a cabeça. Ele beija minha testa e sussurra algo que não sou capaz de entender. Quando vou lhe pedir para repetir, Peter entra no salão com um avental preso em seu peito que dizia “Eu sei fazer miojo”.

—Bem vindos, mes amis!—Ele faz uma reverência desleixada. Riley dá risada do namorado.

—Até parece que vamos comer caviar hoje. –Ela vai até ele e agarra seu pescoço, se pendurando e fazendo com que Peter se desdobrasse para segurá-la- Pude sentir o cheiro de picanha do momento em que estacionei.

Peter dá uma risadinha e nos conduz até o jardim traseiro da casa. Sentados em uma mesa de piquenique, ao lado da piscina em forma de “L”, vi Jason, Ashley, e mais dois colegas de time de Pete, Bryce e Nick. Cumprimento cada um deles, recebendo um olhar malicioso de Ash quando passo para me sentar ao seu lado na mesa. Lanço a ela meu melhor sorriso do tipo “te conto mais tarde”.

Depois de algum tempo de cumprimentos e conversas jogadas fora, Peter vai até a churrasqueira portátil que fica no quintal e começa a tirar as carnes dali.

—Quer ajuda, pal? –Nick se levanta da mesa e vai até Peter.

Quando ele se põe de pé, fico analisando-o por um tempo. Acho que já tive uma queda por esse japonês.

Nick era um mestiço asiático alto, mas magrelo. Era um sujeito muito quieto na época em que estudamos na mesma classe, mas eu o considerava interessante. Ele tinha seu próprio jeito de se vestir, de andar e de se comportar Não era o famoso “típico Japonês”. Usava roupas descoladas, ás vezes mudando seu estilo de roqueiro para nerd, e odiava Sushi. Riley costumava o chamar de “Bicuda”, referindo-se ao peixe, só porque ele era magro demais para sua altura. Apesar de achar engraçado, eu nunca chamei Nick por tal apelido. Acho que na verdade nunca contei para Riley que eu o achava bonitinho e até mesmo atraente, ou o quão ridículo eu achava que o apelido Bicuda era. Na festa de aniversário de 13 anos de Ry, ela o contou sobre o apelido, e ele simplesmente deu de ombros e sorriu. "Criativo,” ele dissera. Atualmente, Nick estava ainda mais bonito. Seu cabelo preto estava sempre arrumado em um topete, e seus antigos óculos grossos foram substituídos por lentes de contato. Minha quedinha por ele já tinha passado antes mesmo de ele mudar de classe no nono ano, mas sempre que eu o encontrava, não conseguia evitar pensar que o apelido Bicuda nunca lhe caiu bem. Ou o quanto seus músculos cresceram com o passar dos anos.

—Você não é vegetariano, né? –Me viro para Connor, de repente, que está sentado ao meu lado esquerdo, e encaro-o. Ele dá um sorriso brincalhão.

—Acho que se eu fosse, eu provavelmente estaria estrangulando Peter no exato momento. –Conn aponta para Pete, que está colocando algumas das carnes num espetinho.

Dou um soco leve no ombro dele de brincadeira, e ele segura minha mão para entrelaçar nossos dedos. Mais uma vez.

—Connor, já pensou em minha oferta para ser Receiver dos Lakers? –Bryce, um dos linebackers do time, disse. Não conheço Bryce o suficiente para zombá-lo, mas acho que sua voz estava mais fina do que o normal naquele sábado.

—Ah, cara... –Connor sorriu –Não sei não... acho que atlética não é minha praia.

—Ora, vamos! Não é como se você já não tenha um corpo ideal, certo?

Conn solta uma risada e olha para mim. Meus olhos vão de seu peito ao seu rosto e eu apenas levanto uma sobrancelha. “É, nada mal para um nerd, ” penso. Bryce cruza seus braços.

—Pense a respeito, cara. De verdade, você seria muito útil em nosso time. –Ele termina, depois batendo na mesa com o punho e gritando: -CADÊ A CARNE!?

>< 

Connor e eu almoçamos em silêncio, ouvindo Ashley contar aos meninos como ela tinha aprendido a fazer um Round off enquanto seu pé estava torcido, apenas para terminar uma final de jogo disputada. Depois de comer, conversamos um pouco na mesa sobre a escola e as provas finais que estavam por vir. Em todos os momentos, Connor segurava minha mão e acariciava seu topo com o dedo indicador. Ashley continuava me lançando olhares maliciosos e piscadelas indiscretas, então decidi fazer algo. Eu não me importava em agir como se Conn e eu já tivéssemos compartilhado um beijo, então, enquanto ele não participava da conversa entre Peter e Nick, eu me viro e beijo seu rosto com gentileza.  Ash solta um murmúrio que fez com que Riley também se voltasse para mim. Torço para que Connor não tenha percebido e me achado esquisita.

Eu me aninho no ombro de meu vizinho e sinto ele se inclinar um pouco para depositar um beijo em minha testa. Ry olha diretamente em meus olhos e faz um sinal com as mãos: “Você vai me contar isso depois”. Ash dá uma risada disfarçada.

Quando já passava das duas e meia, ouço a campainha de Peter tocar e o aviso que tem alguém na porta. Pete agradece, pede licença e some na porta do Hall. Enquanto o pessoal se levantava e ia para o lounge externo com sofás na beira da piscina, sinto o queixo de Connor roçar em minha orelha e estremeço.        

Eu te pago um cappuccino se topar sair daqui comigo. –ele sussurra. Mordo meu lábio inferior em um sorriso e olho para ele, sentindo meu pescoço se arrepiar. Seu braço que me aninhava me puxa para si e sua boca toca a ponta de meu nariz.

—Espera aí... –Jason nos interrompe. –Vocês... tipo... vocês... dois? –Ele solta as palavras aleatoriamente, apontando seu dedo para mim e para Connor.           

—Sim, babaca –Ash o cala com um selinho. –Eles “meio” que estão juntos. –Ela faz aspas no ar.

Jay faz cara de surpreso e solta um gritinho agudo.

—Gente, que tudo!

Então, enquanto damos risada, Peter volta do Hall com uma cara de carrancudo.

—Bela, é pra você. – Ele cruza os braços e para na porta. Meu sorriso se esvai imediatamente, pois eu já sabia quem estava me esperando lá fora, e eu já sabia no que isso iria dar. Connor se levanta imediatamente, antes mesmo de eu conseguir processar o que Peter falara, e cerra os punhos, indo até o dono da casa com passos pesados. Tenho que correr para alcançá-lo antes que algo acontecesse.

—Connor, pare! –Eu grito, quando chegamos ao Hall. Ele se vira para mim e consigo ver pequenas veias saltando em seu pescoço.

—Bela, eu juro, se ele fizer qualquer coisa que... –

—Conn, relaxe. – Seguro seu rosto em minhas mãos e ele respira fundo. Viro-me para ver a camionete preta de William parada no meio fio de Peter. Ele está encostado no carro, de braços cruzados, com um olhar distante dali. –Aconteceu alguma coisa... –Volto a dizer para Connor. Ele respira fundo mais uma vez e acena com a cabeça, indo até a porta comigo. Peter e Jason já se encontravam na saída, de braços cruzados, encarando meu ex-namorado com cara de poucos amigos. Nick e Bryce se entreolhavam, confusos.

—Bela, precisamos conversar. –Will diz, em um volume de voz alto e firme. Engulo a seco quando me viro para procurar a aprovação de Conn através do olhar. Sua íris se fixa na minha e ele nega com a cabeça, preocupado. Fecho meus olhos com um suspiro e ignoro a reprovação de meu vizinho, girando meu corpo para sair da casa de Peter.

—Eu juro, só quero conversar, Bel. –William diz novamente, vendo que eu o encarava. E quando ele entoa o apelido que me dera em nossa época juntos, posso ver uma faísca de luz brilhar em seus olhos. A mesma luz que eu via em todos os momentos em que ele se sentia mal ou triste, quando ele me indicava silenciosamente que não estava bem. Viro-me para Connor e Peter e aceno com a cabeça, para que eles nos dessem privacidade, mesmo sabendo que estariam nos observando pela janela. Pete bufa insatisfeito, cruzando os braços e se virando para entrar, seguindo os meninos para dentro da sala e deixando a porta aberta.

Vou até Will com os braços no peito, abraçando-me. Sinto o calafrio do vento bater em minha nuca e me arrepio. A diferença do arrepio de um sussurro de Conn e da sensação de vulnerabilidade de estar com Will faz meu estomago embrulhar. Paro em sua frente a uma distância que considero segura.

—O que é? –Minha voz tende a falhar e pigarreio de leve, desviando meus olhos dos dele. Olhos que ainda me assombravam.

—Minha mãe faleceu na noite passada. –Ele diz, sutilmente. - Achei que deveria saber.

 Então eu tento encará-lo, mas não entendo o que seu olhar quer me transmitir. Uma sensação muito esquisita toma conta de mim, e eu apenas contraio meu maxilar para não derramar uma lágrima.

A mãe dele sempre foi muito gentil comigo. Nas vezes que fui até a casa dele, ela derramava elogios sobre mim e praticamente me idolatrava. No começo, achei um tanto quanto esquisito, mas depois a Sra. Oasley me disse que William nunca tinha levado uma garota para conhecê-la até então. Quando me afastei de Will, ela nunca mais foi a mesma. Não foi por conta do nosso término, mas pelas atitudes que meu ex tomou quando ele me perdeu. E quando seu marido e pai de Will faleceu, algum tempo depois. A última vez que eu a vi foi no shopping, passeando sem rumo pelos corredores, com um olhar distante marcado por olheiras. A cumprimentei, mas acho que depois de 3 meses, ela não me reconheceu. Me olhou com a testa franzida como se nunca tivesse me visto na vida. Ou talvez ela estivesse apenas cansada...

Eu não sabia como reagir. Ele estava tão... manso, tão fora de si. Não parecia irritado, ciumento, ele era apenas... o Will pelo qual uma vez me apaixonei.

—Vou ter que morar com o canalha do meu tio agora – Ele diz, com o olhar distante e a expressão de desgosto em seu rosto.

—William, eu... Sinto muito. –Eu digo, sincera. Ele sorri triste, sem me encarar nos olhos.

—Ela estava mal... Não sei se ficou sabendo, mas já faz algum tempo que ela estava no hospital, depressiva. –Ele cruza os braços. –Ela se foi em paz, então acho que está tudo bem...

William olha por trás dos meus ombros com o olhar assustado, como se não quisesse que ninguém o ouvisse. Então ele derramou algumas lágrimas silenciosas, tristes. Sinto-me mal e até mesmo culpada por não ter estado com ele no momento em que recebeu a notícia. Ele começa a soluçar e não consigo me conter. Dou alguns passos em sua direção e acaricio seu ombro com uma das mãos. Ele esconde o rosto com as suas e seu peito sobe e desce em soluços descontrolados.

Shhh...—Eu o conforto. Tenho vontade de abraçá-lo, mas não consigo fazer com que meus medos desapareçam- Você vai ficar bem...

—Desculpe... - ele limpa os olhos e respira fundo. Então, em um sopro, sinto o cheiro de álcool fresco.

—Você... não está bêbado, está? –Afasto minha mão de seu ombro e tomo um passo atrás. Ele dá uma risada curta, triste e cheia de lágrimas.

—Você sabe que eu te amo né? E... que pode contar comigo... –Ele diz, com os olhos fechados, meneando a cabeça de um lado para o outro. Tomo outro passo em direção a porta.

—William, vá pra casa, por favor. –Minha voz é firme. Volto a cruzar meus braços na falsa esperança de me manter protegida.

 Ele dá uma risada alta. As lágrimas que escorreram por seus olhos agora estavam em seu queixo definido, querendo cair.

—Casa? Que casa? – Ele dá um passo em minha direção. Sinto minhas pernas tremerem. –Eu não tenho mais casa, Bela.

—Will, você tem que ir embora. –Digo novamente, sem encará-lo nos olhos.

—Cara... – ouço a voz de Connor vir de trás de mim e viro-me para vê-lo. –Só vai.

Conn agora está atrás de mim e desce uma de suas mãos para segurar a minha. Imediatamente me sinto protegida, e ele calmamente vai me puxando para si e se põe em minha frente. Will franze a testa por um momento e em seguida faz cara de surpreso.

OH! Então agora vocês resolveram... –ele aponta para nós dois com um sorriso sarcástico.

—William... –

—O NERD? –Ele grita, me interrompendo, com uma risada forçada. – Jura, Bela? Esse cara? Esse Nerd?!

Ok, já chega. –Connor solta minha mão e vai em direção a William com as mãos levantadas, não procurando briga. Ele segura Will pelos ombros e gira seu corpo para que ele entrasse em seu carro.

Então acontece. Will gira o corpo de volta e seu braço dá um swing que eu quase pude ver se movimentar em câmera lenta. Ouço um barulho grave quando seu punho acerta o rosto de Connor. Quando ele cai, Will dá dois passos para trás.

—HEY! – A voz de Peter vem do fundo, ao mesmo tempo em que eu me abaixo para socorrer Connor.

—Mas que diabos, William?! –Eu exclamo, o olhando por baixo, quando seguro o rosto de Conn em minhas mãos. Então encontro seus olhos. Furiosos, confusos, tristes. Silenciosamente, transmito indignação para ele. Will pisca duas vezes antes de voltar à realidade. Vejo o brilho raro de arrependimento estampado em seu olhar, se escondendo atrás de uma lágrima que se formava em seus olhos castanhos.

Peter, Jason e os meninos agora estão atrás de mim, Jay se abaixa ao meu lado para ajudar Connor a se levantar.

—Saia daqui AGORA. –Peter grita. Ele tem a voz de quem é capaz de matar meu ex.

Não vejo o que acontece depois que carrego Connor para dentro, mas Peter está furioso. Quando coloco Conn no sofá, ouço a porta da sala se bater com força, e o resmungo de Pete era de se ouvir por todo o quarteirão.

—Filho da mãe...

Ashley surge ao meu lado quando me agacho para tocar o rosto de um Connor desnorteado.

—Você tá legal? –Ash fala, levando suas mãozinhas de boneca até a testa de Connor, que tinha um pequeno corte por conta de sua queda. –Acho que você bateu a cabeça na calçada.

—Bela. –Riley me chama de trás, entregando-me uma bolsa de gelo quando me viro para ela. Tudo estava acontecendo rápido demais e minha cabeça estava prestes a explodir.

—Obrigada- eu digo, depois aplicando o gelo na bochecha esquerda de Conn.

OUCH! —Ele resmunga, afastando meu braço de seu rosto. –Isso dói.

—Desculpe. Quer aplicar você mesmo? –Eu questiono. Ao fundo, tento ignorar as conversas agressivas entre Jason, Peter e Nick, que não param de soltar xingamentos em bom e alto som.

—Não... –Connor responde, fechando seus olhos e franzindo a testa em dor. Então, ele solta uma risada. –Droga, o babaca do seu ex sabe dar um soco...

Não consigo evitar com que um sorrisinho bem-humorado saia de meus lábios.  Levanto meu braço para aplicar mais gelo em seu rosto, dessa vez tomando cuidado com os pontos doloridos.

>< 

Já era quase 7 da noite quando Connor disse que iria para casa.

Depois do almoço, Jason nos trouxe para casa antes que Peter surtasse e decidisse ir atrás de William. Antes de sair, eu o convenci de deixar tudo para lá, sem mencionar a Sra. Oasley, mas lançando a Pete um olhar sério e apelativo. Ele protestou com alguns palavrões mas consegui fazer com que Riley o acalmasse. Connor foi para minha casa, e passamos a seguinte meia hora entre compressas de gelo e band-aids em seus cortes. Ele reclamou sobre o piso de pedras da casa de Peter e deu risada quando eu o consolei por pelo menos não ter desmaiado.

Conn estava levando toda a situação em um tom de humor, e isso estava me incomodando um pouco. Acho que ele queria fazer com que eu não ficasse com tanta raiva assim de Will por ter batido nele, mas sua tática não estava funcionando muito bem. Se não fosse por minha preocupação, é claro. Abri um pote de sorvete de creme do congelador depois de ter limpado as feridas de meu vizinho, e nós dois comemos em silêncio, e entre uma colherada e outra, ele dizia algo sobre ao almoço de Peter estar muito bom na “escala de churrascos” que ele inventou para tirar minha atenção de seus machucados.

É só quando Connor vai embora que percebo o quanto eu estava exausta. Meu banho é mais demorado que o normal, e quando molho minha cabeça, eu parecia estar lavando uma sujeira de mim que insistia em se grudar ao meu consciente. Então, quando vou para cama com meu pijama azul e meus cabelos molhados, começo a pensar em mil coisas de uma só vez. E quando me dou por si, estou com meu celular na mão, com o dedo pairando sobre meu único contato na lista “W,” hesitando em clicar.

Mordo meu lábio em receio, mas clico no nome “William” e vou até nossas mensagens antes mesmo de eu ponderar sobre o assunto. A última que ele me enviara foi há quase um mês, quando Liam foi para o hospital pela primeira vez. Ela dizia “Sinto muito por seu amigo Connor. Se precisar, me ligue. Te amo”. Eu não tinha o respondido. Meus dedos começam a digitar uma mensagem involuntariamente, e, novamente, só volto a ter consciência do que eu faço quando vejo meu dedo pairando sobre o botão de enviar. Leio a mensagem duas vezes antes de decidir o quão babaca eu estava sendo. E mesmo assim, deixo meu dedo repousar na tela e a mensagem é enviada.

Will, você tá aí? ~B.

A resposta não demora a vir:

Sim. ~W.

Meus dedos digitam com rapidez, e mordo minha bochecha me punindo mentalmente por estar fazendo algo como isso. E ainda assim sou capaz de continuar.

Quero que me prometa uma coisa. ~B.

?  ~W.

Que diabos estou fazendo? Sinto meu estômago embrulhar pela segunda vez naquele sábado.

Não faça besteiras. Não por seus pais, nem por mim. Por favor. ~B.

Novamente, sua resposta vem rápido.

Sabe que eu nunca prometeria isso, Bela. ~W.

Só... não se machuque. ~B.

O que você quer, Bela? Quem se importa se eu fizer alguma besteira ou não? Sinceramente, não tenho mais nada a perder. ~W.

Começo a me arrepender mentalmente quando recebo essa mensagem. Chego até a bloquear meu celular e deixa-lo sobre o criado mudo por quase 5 minutos antes de pegá-lo de novo. Eu não sei o que eu estava fazendo, e não sei se era o certo, mas comecei a digitar novamente, sem pensar nas consequências.

Eu me importo, Will. ~B.

Por um momento, acho que ele não vai me responder. O chat notificava “digitando...” por um tempo, e depois sumia, em um ciclo que durou 4 minutos exatos. Então um beep trouxe sua resposta:

Eu prometo. ~W.

Então desligo meu celular e abro a gaveta de meu criado para jogá-lo ali dentro. Minha cabeça gira e eu pego um de meus travesseiros jogados no chão e cubro minhas orelhas com ele, como se minha própria consciência estivesse gritando em meus ouvidos em punição. Tento relaxar o máximo que consigo, mas acho que só caio no sono depois da meia noite.

Com um pesadelo terrível prestes a me acordar algumas horas depois.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O capítulo foi duplamente revisado, mas caso notem algo de errado, por favor, me avisem!
Beijo! ♥