No dia seguinte, ela estava me esperando com uma cara triste e em lágrimas, quando a vi corri para saber o que havia acontecido.
— O que foi? Alguém te machucou?- perguntei aos berros, o que a fez rir, mas logo depois ela voltou a chorar. Quando cheguei até ela dei um abraço bem forte.
— Beatriz... - lembro que quando me chamavam assim era por algo sério que aconteceu- eu não sei como te contar... - entre os soluços, dei um beijo nela.
— Calma... Olha pra mim e respira- ela se acalmou enfim.
— Eu te disse... Tem algo de errado comigo... - ela voltou a soluçar, e se encolheu contra meu peito, e eu a abracei mais forte. Ao longe vi o ônibus passar...
— Ei vamos não fique assim- estava dizendo isso tanto para mim quanto para ela, sentia que eu também começaria a chorar- vamos pra casa, você precisa!
Começamos a andar, em direção a minha casa, a mais próxima, ela não disse uma palavra durante o caminho, só chorava e soluçava. Enquanto isso ao longe via nuvens carregadas vindas do sul, as chuvas torrenciais iriam começar em breve.
Chegamos à minha casa, todos já tinham saído meus pais e irmãos mais novos. Então a chuva começou e ao longe ouvi um trovão. 

—Calma vou ali pegar uma água para você- a beijei na testa.
A sentei no sofá da sala e fui até a cozinha pegar uma água para ela.
—Bia... Me desculpe, eu estou com muito medo- disse ela e em seguida voltando a chorar.
Depois de ouvir aquilo, depois de ouvir o que fazia ela chorar tanto comecei sentir lágrimas correrem meu rosto, minha única reação foi abraça lá. Agora eu estava com medo, abracei mais forte enquanto ela chorava baixinho, tentando acreditar no que eu acabara de ouvir. Silêncio, apenas a chuva falava.