Bella se encontrava aérea, a medida que Alice desatava a falar, sobre sua festa de noivado e todas as felicitações de amigos que recebeu. A Black preferiu não contar sobre a discussão que teve com seu irmão, e sabia que com toda sua animação Alice nem perceberia, que a mesma não estava bem. Afinal, o estado indiferente, era de fato parecido com sua personalidade original.

             A amada de Edward, encolheu-se em seu casaco, enquanto caminhava pelos extensos corredores daquela biblioteca, ao lado de Alice.

—Ainda não entendi, porque precisa tirar informações de uma biblioteca velha, para finalizar sua matéria. — foram as primeiras palavras que Bella falou, desde que chegou ali, e para ser sincera, não passou de um murmurio, que por sorte Alice ouviu.

—A internet não é tão abrangente, quanto se pensa. Aqui, podemos encontrar alguns jornais antigos, que me ajudem a entender sobre esses reinos que ninguém conhece. — a baixinha explica, enquanto passa seus pequenos dedos, pelas pastas expostas em prateleiras, naquela seção.

—Reinos que ninguém conhece...Isso é ridículo. — Bella zomba, balançando sua cabeça, e fazendo o rabo de cavalo alto, se remexer.

—É história. — Alice corrige e Bella revira os olhos.

—Não deixa de ser ridículo. — debocha de novo, e assim observa sua amiga pegar uma pasta azul, repleta de folhas amareladas, e se sentar, em uma das mesas disponíveis para os leitores.

                  Bella continua, a fitar os documentos ali arquivados, e de repente lembra-se de sua briga com Jake. Nunca haviam sido tão duros, um com o outro, e isso a incomodava de forma extrema. Sabia que tudo isso era culpa de seu orgulho, e que sempre fazia e falava coisas impulsivas das quais se arrependia depois. Mas, admitia, que naquele momento, estava com medo; Daquele rompimento ser definitivo.

            Balançou a cabeça, querendo afastar esses pensamentos, e foi ai que seus olhos se focaram em uma coisa. Uma pasta, que era diferente de todas as outras; Era cinza, e nela havia um pequeno símbolo dourado, que Bella reconheceu como sendo uma Gardênia.

     Mesmo sem entender o motivo, Bella puxou aquela pasta, e começou a folheá-la com atenção. Falava sobre as tradições, e curiosidades sobre esse reino “Gardênia”. Passo seus dedos, pela caligrafia perfeita do manuscrito e suspirou.

      Por que raios estou lendo isso? — se perguntou, e quando estava prestes a coloca-lo de volta na prateleira, viu algo que a deixou de olhos arregalados. Uma foto. Uma foto de Edward.

           Temeu o que encontraria ao ler o artigo presente ali, mas continuou. Sentia, que precisava fazer aquilo.

      Foram anos de preparação, para o que todos esperavam acontecer. O príncipe Edward Cullen, de Gardênia, está prestes a se tornar rei e com isso casar-se com a princesa Rosalie. Sua noiva desde os cinco anos de idade.

          Aquilo era somente uma introdução a matéria, que era estranhamente recente, e foi publicada em um jornal desconhecido.

        Ela falava sobre tudo que Edward fez, para então poder receber a coroa. Fala da vida, que teve preso dentro de um castelo. Conta sobre a noiva perfeita, que imaginava um casamento dos sonhos. Detalhes de um vida, que era estranhamente planejada.

           Naquele instante tudo se encaixou; O comportamento gentil de Edward, a falta de conhecimento sobre o mundo a sua volta, sua inexperiência sobre tudo, o fato de que ele precisava de uma esposa para assumir os “Negócios da família”. Seu jeito misterioso de ser.

          Foi como em um flash, todas trechos das conversas que tiveram que denunciavam isso, se destacaram em sua mente, e sem que percebesse a pasta caiu no chão, e lágrimas deslizavam por seu rosto, junto com soluços.

               Ele mentiu para ela. A única pessoa que permitiu-se amar, e confiar, foi um cretino com ela.

—O que aconteceu? — Alice questionou aturdida, levantando-se e indo até ela.

        Bella apresentava um olhar vago e vazio, e uma dor profunda no coração.

—Eu preciso ir. — ela anunciou, sem se preocupar com nada ao seu redor e correndo dali, o mais rápido que pôde. Esperando encontrar um lugar seguro, para  aliviar aquele sentimento ruim, mas ela sabia que não encontraria. Edward se tornou esse lugar e ele escondeu tudo dela.

            Chegando em frente a biblioteca, ela desabou . Chorou como nunca tinha chorado em sua vida. Chorou por toda dor, que já sentiu em sua existência. Pelas pessoas que a deixaram, e pelas pessoas que chegaram e quebraram tudo.

          Ali ela descobriu a verdade.  Ela não era forte. Era frágil. E ela soube, não aguentava mais.  A dor tomava conta de si, com tanta intensidade, que ela só conseguia gritar.

                Vulnerável como estava, fez a única coisa que parecia sensata no momento; Ligou para a pessoa, que no fim, sempre estaria ali, por ela.

—Eu preciso de você. — foi a primeira coisa que ela falou. A única vez em sua vida, que admitiu aquilo em voz alta.

[...]

      O abraço de Jacob era quente. O mesmo exalava um calo confortante, ao rodeá-la com seus braços fortes, e seus olhos escuros encontravam-se mais do que preocupados, enquanto sua irmã mais nova, chorava de um jeito que ele nunca a viu chorar.

—Quer me dizer o que aconteceu? — perguntou baixo, e ela balançou a cabeça negativamente.

—Eu só preciso ficar aqui. Antes de fazer algo muito difícil. — murmura com a voz embargada.

—Tudo bem.  — concordou a apertando mais contra si. — Me desculpe por ontem. — ele pede e ela suspira.

—Não tem que se desculpar. Eu é que sou uma vadia, que tenho um  destino terrível e solitário pela frente. — juntou suas forças para dizer isso.

—Bella... — ele tenta falar.

—Estou cansada, de tudo ter que em algum momento, dar errado para mim. O quão ruim eu sou? — indaga e Jake a faz encara-lo.

—Você é incrível. —ele diz com toda sinceridade. — É corajosa, intensa, verdadeira, criativa e é você mesma. Sempre. — a enche de elogios, para que ela entenda, quanto ele a ama.

—Eu amo você, Jake. — aquelas palavras fazem Jacob arregalar os olhos. — Sempre vou amar. — completa com um sorriso triste.

            Sabia quando o pediu para vir a seu apartamento por meio daquela ligação, que Jacob faria de tudo para consola-la. E sabia também, que precisava dizer a ele que o amava. Precisava liberar aquele peso de dentro de si.

—E eu os perdoo. — era verdade. Pelo menos uma parte de toda aquela dor tinha que ir embora. Pensava que a maior dor que podia sentir na vida, era ter sido abandonada. Mas, o fato de Edward ter escondido algo tão importante dela, doía mais do que qualquer coisa, e não podia ser comparado a nada. Então sim, ela podia perdoar seus pais. Mesmo, que no fundo não soubesse, se podia perdoar Edward.

—Eles quem? — Jake tem que saber.

—Os meus pais. — ele suspira, e em resposta a isso, faz um gesto típico dele, e beija a testa de Bella.

—Eu também te amo, Bells. Para sempre. — corresponde aquele sentimento.

[...]

   Enquanto adentrava ao hotel, Bella notou mais um sinal de que havia mudado; Ela havia ficado triste, e ainda sim, não tinha quebrado nada para descontar aquele sentimento. Ela foi somente humana, ao chorar e mostrar que estava sofrendo.

         Passou direto para o elevador, não queria encontrar Jasper, Alice poderia ter contado sobre como ela estava, e a mesma não estava afim de dar explicações.

         Deu um sorriso amargo, quando lembrou-se que Edward disse que tinha uma surpresa para ela. É, ela supôs que não havia nada mais surpreendente do que ela acabou de descobrir.

       Seu rosto pálido, não estava coberto por lágrimas, por hora, e ela se sentia pronta para ter aquela conversa.

          Quando chegou ao andar dele, suspirou. Cada passo, parecia leva-la a um destino cruel.

                Estava prestes a bater, mas notou, que a porta estava aberta. Hesitando, como nunca antes em sua vida, se pôs para dentro. Seus olhos se arregalaram com que ela encontrou e um sensação de perca se instalou na boca de seu estomago.

            O quarto estava repleto por gardênias tão brancas quanto a neve, velas decorativas e mais objetos românticos.

            E para completar, aquele cenário totalmente estranho, um Edward vestido em um smoking perfeito, surgiu de um canto qualquer do quarto, e  carregava um caixinha  preta de veludo, em suas mãos.

—Achei que viesse mais tarde...Mas tudo bem. — o príncipe disse sorrindo nervosamente.

—O que é isso tudo? — a voz de Bella soou estranhamente distante, e Edward franziu as sobrancelhas.

—Eu sei que parece muito, mas essa foi a forma que eu encontrei de dizer que não posso ficar sem você. Que não consigo...E bem, esse anel, que está em minhas mãos, é uma forma de garantir que você não vai embora....Que vai tentar, aceitar o fato de eu te amo, e de que quero todas aquelas coisas de compromisso que você odeia, e se for preciso te pedir em casamento agora, assim será. Então...Quer ser casar comigo?— Bella só conseguia pensar no quão hipócrita e mentiroso ele era.

                     As lágrimas queriam escapar, e Edward notou, e considerou que seriam de emoção.

—Qual é o seu problema? — Bella questionou entredentes. Logo, o príncipe arregalou os olhos, pensando no porquê dela reagir assim. Sabia, que casar não estava em seus planos, mas ela disse que o amava, aquilo devia valer de alguma coisa. Edward só tinha aquilo a oferecer, queria de verdade, poder passar pela fase do namoro, partido para o noivado, mas ele não tinha tempo; Tinha um reino para assumir, e precisava de uma esposa para isso. Ofereceu casamento, creditando na possibilidade de Emmett dar um jeito dele burlar o trato de união dos reinos.

—O que?... — questionou sem entender, e Bella deu uma gargalhada de escárnio.

—Qual é o seu maldito problema? — ela gritou, não tendo problema em chorar dessa vez.

—Bella, o que aconteceu? — ele questionou preocupado.

—Aconteceu que eu sei. — ela murmurou. — Sei que você é um príncipe, e que vai se casar com uma exibidinha, cheia de frescuras. — complementa, e Edward dá um passo para trás. Bella não devia descobrir isso daquela forma. Tudo bem, que ele errou em não contar antes. Mas, nunca achou um momento adequado para isso, e depois desse pedido, parecia um bom momento.

—Como você descobriu? — quis saber, e ela revirou os olhos.

—Isso não importa. — berrou, dominada pela raiva. — —Achei que você fosse diferente dos outros caras com que eu sai! Mas não é! Você não me contou algo que mudaria tudo, algo importante de verdade! Você é a droga de um príncipe, você tem um maldito reino e uma noiva tão estúpida quanto eu. — ela gritou, enquanto lágrimas deslizavam desesperadamente por seu rosto.

—Tem razão, eu não te contei e sabe por que? Porque eu não queria que você me visse como um príncipe idiota, queria que uma vez na minha vida, alguém gostasse de mim, pelo que eu sou, não por meu título e você se apaixonou por mim. Não pela pessoa que eu tenho quer  ser para assumir um reino, mas pelo Edward de verdade. Eu só não queria que você me visse com outros olhos. Eu só queria ser o seu Edward. — ele diz já com os olhos marejados também.

—Mas você não conseguiu. Porque, você não é o cara que eu amo, você é uma ilusão. O cara pelo qual me apaixonei, não me esconderia isso. — ela fala, balançando a cabeça.

—Eu não sou perfeito. — Edward rebate no mesmo tom sôfrego que ela.

—E eu por acaso sou? A minha vida já era ferrada o suficiente, então você me dá esperanças, e depois arranca elas. — ela diz, desesperada.

—Bella, você não entendeu...Não vou casar com Rosalie, eu vou dar um jeito de cancelar isso...É com você, que eu quero passar o resto da minha vida, e por você que quero lutar. — ele diz suplicante.

—Você que não entendeu...Eu não te quero. — Bella diz o encarando, e o príncipe ofega. — Não assim.  Não quero assumir a droga de um reino. Céus! Eu não quero isso. Não vou viver sob as expectativas de milhares de pessoas, que precisam de um comportamento exemplar meu. Se em algum momento, você me enxergou sendo essa pessoa, você é mais idiota do que eu achei. — ela rebate afetada.

—Achei que o amor que você sentia por mim, fosse maior que qualquer coisa. — ele murmura com ironia.

—Não maior do que o amor que eu sinto por mim mesma. Não vou ficar, com um covarde, e um mentiroso. — o príncipe se choca com as suas palavras, e Bella nem ao menos se dá conta do que diz. Está envolvida pela raiva. — O seu reino vai fracassar, sendo comandado por um idiota que nem ao menos pode decidir o que fazer de sua própria vida. Um babaca que se apaixonou por uma vadia quebrada. — ela ri de sua própria ofensa. — Um cretino que enganou a garota, que já enganou todos os homens. — debocha. — Você não é um homem Edward, é só um garoto que pode ser controlado por qualquer um. Nunca será um rei. Será uma marionete. — é cruel em cada palavra. —E eu...Estou fadada a sofrer eternamente, por acreditar que você, algum dia, fosse minha salvação. Você foi a pessoa que deu o empurrão decisivo, para que eu caísse em um penhasco. — Seja feliz, e dê esse anel para sua noivinha, que deve ser menos deprimente que eu. — a essa altura, as lágrimas nem caiam mais. Um sorriso maldoso estava presente em seu rosto, e Edward não reconheceu a mulher a sua frente.

—Então é isso? O fim? — o príncipe questionou ofegante.

—É! — Bella concordou. — Eu tirei sua baboseira de primeiro beijo,e primeira transa, e em troca você roubou as partes boas que restavam em mim. Estamos quites. — Debocha. — Você devia ser um ator, fingindo-se de bonzinho, enquanto me enganava. Foi bom. Fez com que eu notasse, que o mundo está realmente perdido. Não existe pessoas boas. Só atores. — complementa indiferente e em seguida dá as costas para ele.

—Eu não te contei, tem razão por me odiar...Só não pode duvidar de que eu te amo. — ele diz, enquanto lágrimas deslizam por seu rosto. Bella para, mas não se vira.

—Eu sei que me ama. — ela surpreende. — É por isso que dói tanto, que não tenha dito a verdade. Estou cansada, Edward.  Cansada de acreditar que algo bom virá para mim. — admite e depois disso, saí porta a fora.

          O príncipe chora mais, e larga a caixinha que estava em suas mãos no chão.

       Bom, bem que dizem que o primeiro amor é o mais doloroso. Movido pelo sofrimento, o príncipe encosta sua testa na porta do quarto, e suspira. O que ele não sabia, é que do outro lado da superfície de madeira, uma Isabella Black acabada encontrava-se chorando tanto quanto ele.

                 Naquele momento, só o que passava em suas mentes, eram os momentos que tiveram juntos.

           Minutos depois, os dois caem no chão, e se silenciam, ainda pensando um no outro.

               E assim, logo após, os dois mostram o quão diferentes são, dado o que fazem quando se levantam; Edward liga para Emmett e praticamente ordena, que ele arrume suas coisas, pois os dois voltarão ao reino e Bella vai até o térreo do hotel, dando de cara, com ninguém mais, ninguém menos que Jasper.

—Bella, Alice me disse que você não estava bem...Quer a tarde de folga? — indaga, vendo o quão aturdida e confusa ela parecia estar.

—Não. — ela diz indiferente. —Quero minha demissão. — fala como se não fosse nada.

—O que? — arregala os olhos. — Você precisa desse trabalho. — diz algo que já ouviu ela falando, várias e várias vezes.

—Dane-se. — é a Bella de antes, quando diz isso. — Odeio trabalhar aqui. Odeio quem eu me tornei, por causa de um príncipe estúpido. — ela murmura, deixando Jasper confuso, e então suspira. —Acho que não mudei tanto quanto parecia. Devo ter regredido. —fala e após isso, pisca para ele.