Okaeri escrita por Jessie


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Olá. Vamos a mais um capítulo?
Antes de mais nada quero agradecer as rewies que recebi e as pessoas que mesmo sem comentar nada estão acompanhando; Espero que gostem :)



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Capítulo 3

(When You Break - Bear's Den)

Estragado, egoísta garotinho

Sai para ir brincar na selva

Eu achei que você tremendo como uma folha

Debaixo de sua árvore genealógica

Você nunca poderia viver a céu aberto

Lamentando cada palavra que você falou

***

          Ele adormeceu na varanda da sua antiga casa. Não se lembrava de ter dormido entre os tremores de suas mãos, ou se ele sessaram antes dele adormecer. Quando acordou nenhum vestígio da noite anterior se fazia presente. Não havia a dor, nem a falta de ar que fizera tão mal. Só havia o vazio que sempre ficava. Um vazio que parecia querer crescer a cada dia e engolir todo seu ser.

          As costas doíam por causa da noite desconfortável e foi com muito prazer que se deitou no seu quarto assim que chegou em casa. Deveria agradecer a Hokage por lhe dar férias, ele realmente estava precisando. E aquilo não significava que estava cansado de missões, longe disso. Apenas em missões ele conseguia sentir um resquício de algo dentro de si. A adrenalina e a empolgação de estar na caça de um alvo eram as únicas emoções que ele conhecia dos últimos anos.

          Ele sabia que era algo meio que, por baixo, estranho. Querer arriscar sua vida para conseguir se sentir vivo era no mínimo doentio, mas o que poderia fazer? Era aquilo que ele se permitia sentir, melhor dizendo, era aquilo que era possível sentir pra ele. Depois de tantos anos em que vagou sem realmente prestar atenção no que sentia, apenas acumulando sentimentos, trancafiando sensações na parte mais escura do seu ser, ele não sabia como lidar com emoções novas.

          Era difícil descrever o que estava sentindo naqueles últimos dias. Era como se algo estivesse crescendo e tomando proporções que saía de seu controle, e por mais que ainda não estivesse claro pra ele, grande parte daquelas coisas que sentia surgiram com o súbito aparecimento de Sakura. E mais uma vez, como era seu costume, juntou todas as dúvidas, sensações e desconforto ligado aquilo e os guardou na parte de sua alma responsável em esquecer aquilo.

          Obviamente tinha que descobrir como lidar com aquilo, afinal, em menos de quatro dias estaria quase que vinte e quatro horas por dias em companhia dela. O que, ele tinha certeza, não seria nada fácil. Ele sabia que em algum momento viriam as perguntas, as indagações. O que o preocupava era saber se estava pronto para isso. Diferente do que ele esperava “esperar”, ele não queria a Sakura calada, queria a Sakura falante. Era como esperar reencontrar um pedaço de sua vida que ele próprio abriu mão.

          Levantou-se da cama sacudindo a cabeça e torcendo para que aqueles pensamentos fossem para longe. Se ficasse sem fazer nada o dia todo não deixaria de pensar em toda aquela confusão, por isso foi a passos firmes até o seu banheiro a fim de se preparar para mais um dia em sua vida.

Quando você quebra, é tarde demais para você desmoronar.

E a culpa de que você reclama é toda sua

E você tem chorado para sempre

Mas sempre tem ido e vindo

***

A manhã em Konoha amanheceu cinzenta e chuvosa. Os pássaros pareciam ter se recolhido, ciente de alguma tempestade que estava por vir.  As únicas pessoas que circulavam naquelas ruas eram aquelas que precisavam sair de qualquer forma para trabalho ou afazeres indispensáveis.

Sakura olhou pela janela de seu quarto e se deixou imaginar que a natureza percebera que aquele dia seria tão cinza para ela que permitiu aos céus assumir aquela cor. Aquele era o dia que nada lhe faria ficar animada, ou sorrir. Um dia que tirava para estar só com suas lembranças e seu sofrimento.

Aquele era o aniversário de morte de seus pais. Naquele dia se completavam quatro anos que eles tinham partido. E, desde que a tragédia acontecera, Sakura tirava aquele dia para ficar só com seus pensamentos e lembranças. Todos seus amigos sabiam daquilo, e por isso, respeitavam a vontade dela, mesmo que tivessem vontade de confortá-la.

Um dos motivos de ter aceitado aquela missão onde passou tanto tempo, fora se afastar um pouco de todos os lugares que lembravam seus pais. O que Sakura não sabia era que Tsunade, sua mestra, fizera questão de fazer um esforço a mais para que ela fosse nessa missão. Tsunade não aguentava mais ver os olhos tristonhos de Sakura por mais uma fatalidade da vida, e foi com esperança no coração que viu Sakura sair da vila, tinha fé que quando sua aluna voltasse um pouco de alegria já estivesse no coração dela. 

Após tomar um banho demorado foi ao seu guarda-roupa de madeira branca e pegou uma vestimenta simples e confortável, com a qual se vestiu. Desceu até a cozinha passando pela sala e pelos corredores, fez um desjejum rápido, não tinha muita fome, sempre que chegava naquele dia era assim. Pegou um guarda-chuva e saiu de casa. Amanhã prometia ser longa.

Diferente dos dias que passou na vila do Bronze, Sakura decidiu que deveria visitar os túmulos deles, coisa que não podia fazer estando fora da vila. Por isso em sua bolsa levava alguns ramos de flores e alguns utensílios que a ajudaria a arrumar as lápides caso precisassem.

 Andava a passos vagarosos pelas ruas de Konoha, vez ou outra olhou para os lados para ver se encontrava alguém conhecido. Por sorte não encontrou, não queria que seus amigos a vissem naquele estado de melancolia. Não suportaria parecer fraca aos olhos deles.

Aquele caminho nunca fora tão longo, ela só queria chegar o mais rápido possível, mas parecia que alguém estava conspirando contra ela, pois Ino vinha sorridente a sua direção.

— Testuda! — Exclamou a loira — Fiquei sabendo que voltou. Por que não foi me ver?

 — Precisava descansar um pouco, Ino-porca — Explicou Sakura — Estava com saudades.

 — Eu também, Sakura — Disse Ino abraçando a amiga. — Vamos tomar um café?

— Não posso, — Sakura esboçou um sorriso melancolico.  — Tenho que fazer uma coisa.

 Ino não via Sakura triste, aquilo era muito raro. Só que naquele dia a Haruno encontrava-se com uma expressão de pura tristeza. Vasculhou a sua mente e acabou encontrando duas possibilidades: Ou era Sasuke, ou seus pais. Alguma das duas possibilidades tinha mexido com sua amiga. Descartou a primeira, Hinata havia lhe dito que Sakura não tivera nenhum tipo de reação ao ver que o Uchiha tinha voltado. Então, provavelmente, tratava-se dos pais dela. Foi então que se lembrou de que dia era aquele, pode compreender tudo o que estava acontecendo.

 — Vai visitar seus pais? — Perguntou a Yamanaka.

 — Sim — o sorriso triste permanecia no rosto dela

 — Nos vemos depois então — Disse Ino — Até mais, Testuda.

 — Até mais, Ino-porca.

Sakura agradeceu em pensamento por Ino aceitar sua atitude de permanecer solitária naquele dia. Acenou para a amiga que já ia longe ao fim da rua e prosseguiu seu caminho.

X-x-x-x-x-X

 O dia dele estava muito tedioso, para dizer o mínimo. Não conseguia encontrar Naruto em lugar algum, queria arrastar o amigo para algum treinamento. Aceitaria até comer ramén só para não ter que permanecer sozinho com seus pensamentos, mas parecia que o Uzumaki havia evaporado. Sasuke procurara em todos os possíveis lugares e não tinha encontrado nem a sombra de um clone do amigo. Obviamente ele deveria estar por algum lugar com Hinata, mas Sasuke ainda não tinha ficado desinibido o suficiente para ir procurar o amigo na cada da Hyuuga.

Ele tinha que admitir que a sua vontade era dizer a Naruto que não iria pra viagem em grupo. Inventar qualquer outra coisa para fazer, uma que fosse de preferência bem longe de garotas de cabelo rosa. Sabia, entretanto, que seria muito difícil evitar ir. O primeiro motivo era que: não tinha motivo lógico para não ir (querer ficar longe de Sakura, e da angústia que ela lhe trazia, não era algo que ele classificava como lógico). O segundo motivo: No fundo ele sabia que era apenas uma tentativa de fugir de seus maiores problemas.

 Voltando para casa trocou de roupa mais uma vez. La fora já caiam alguns pingos de chuva, e pra evitar uma gripe, ou ida ao hospital, ele preferiu se agasalhar melhor, mas mesmo com a chuva não se importou de sair novamente. Lembrando-se da noite passada tinha decidido visitar o jazido da família Uchiha. Fazia tempo que não ia lá. Recordava-se que quando adolescente evitava passar por perto, mas depois de tantos anos, sabia que ir até lá era uma forma de ficar um pouco mais em paz com seus fantasmas. Por isso, mesmo sentindo as gotas de chuva começar a encharcar suas roupas, não diminuiu o ritmo rumo ao seu destino.

 Em pouco tempo alcançou os portões do Cemitério de Konoha. Não foi difícil para ele encontrar as lápides de seus pais, conhecia muito bem o caminho; além de que era impossível não perceber o grande monumento erguido em homenagem aos Uchihas.

Várias pessoas passavam seu lado. Famílias completas andavam por ali com seus rostos sombrios pela dor da perca. Achou um pouco estranho a grande movimentação de pessoas, mas logo se recordou que aquela era a data de um grande ataque que houvera em Konoha, por certa aquelas pessoas estavam visitando seus familiares e amigos que se encontravam sepultados ali.

 Ao chegar às lápides de sua família retirou algumas folhas que estavam sobre eles. Viu os túmulos de seu pai e sua mãe, notou que faltava um para que sua família estivesse completa. A lápide de seu irmão. Infelizmente os restos mortais de Itachi não foram depositados na vila que ela tanto amava, na vila que ele dera a vida para defender. Na época que Sasuke o matou Itachi era considerado um criminoso rank S, por isso não foi sepultado ali.

 O Uchiha caçula sentiu uma pontada de pânico ao se recordar disso, a dor da morte de Itachi voltou com força, mas ele controlou, daquela vez não estava só para poder sentir sua dor.

Pensava que, talvez, se ele não tivesse se apegado tanto ao desejo de vingança, seu o irmão ainda estaria vivo. Quem sabe não poderiam estar lado a lado? Essas dúvidas atormentavam a mente de Sasuke. Tudo poderia ter sido tão diferente. Se ele se permitisse ter vivido... Se ele tivesse ouvido os conselhos de Kakashi... Se ele tivesse deixado Naruto o trazer de volta na primeira vez que o Uzumaki tentou... Se ele não tivesse deixado Sakura desacordada naquele banco... Se ele tivesse aceitado as palavras dela. Mas não, não tinha feito isso e perceber aquilo machucava.

A chuva aumentou fazendo com que gotas grossas pingassem no seu cabelo que logo começou a colar na testa dele. Puxou o zíper de seu casaco até esconder completamente seu pescoço, de mãos no bolso fez o trajeto que lhe levaria de volta para casa. Ao começar a caminhar pode ouvir soluços num tom que mais parecia um sussurro.

X-x-x-x-x-X

 Era difícil para Sakura reviver todas aquelas emoções. Ali, sentada sobre os túmulos deles, se recordava da perda de seus amados pais. Eles eram os únicos parentes vivos que ela tinha, agora estava sozinha. Amava seu pai mesmo ele sendo tão rígido, sabia que ele era duro na queda por que a amava, na verdade, nunca quis que ele mudasse, adorava o jeito dele de ser. Sentia falta de sua doce e querida mãe, que a apoiou no momento que ela mais precisou, quando Sasuke a deixou naquele banco gelado. Lembrou-se de todas as vezes que dormiu após ter derramado rios de lágrimas no colo dela. Sua mãe nunca reclamava somente a apoiava, tentava fazer com que ela se sentisse melhor. E foi graças a sua família que aos poucos conseguiu se restabelecer.

Quando a dor era mais que sufocante as lágrimas não conseguiram permanecer em seus olhos. Enquanto chorava colocava as mãos sobre a boca para evitar que soluços altos escapassem. Ela sentia como se sua alma estivesse sendo despedaçada, da mesma maneira que sentiu ao os ver sendo sepultados.

 — Sakura? — Por reflexo seus olhos foram diretamente para o dono da voz que lhe chamava, ao encará-lo desejou não ter feito isso, pois sabia o quanto seu rosto estava vermelho devido às lágrimas.

 — Sasuke... — Um sussurro saiu de seus lábios.

 O Uchiha não pensou duas vezes ao perceber que o choro era de ninguém menos que Sakura. Era como se seu corpo agisse por conta própria. Ele odiava a sensação de se sentir impotente. A mesma sensação que sentira pela primeira ver ao ver Sakura presa por Gaara na época em que ele ainda era controlado pelo bijuu que estava selado em seu corpo. Lembrava-se perfeitamente do sentimento de impotência ao ver que Naruto, ao invés dele, tinha sido responsável pelo resgate de Sakura.

 — Você está bem? — Sua voz tinha um tom de preocupação que ele não lembrava possuir — Por que está chorando? Machucou-se?

Sem dar nenhuma resposta Sakura desviou seus olhos do olhar preocupado do Uchiha e os fixou nos nomes gravados na pedra fria. Não demorou muito para que Sasuke percebesse o que estava acontecendo ali. Ele melhor do que ninguém naquele momento entendia o que ela estava sentindo.

 Ao longe ouviram vozes de pessoas que certamente se aproximavam do local onde eles estavam. Sakura se agitou enquanto levantava, esfregando os olhos com as mãos, tentando, em vão, limpar os vestígios das lágrimas. Já tinha sido o suficiente encontrar Sasuke naquele momento, não queria que outras pessoas presenciassem seu sofrimento.

— Tenho que ir —Em meio a gaguejos e soluços ela conseguiu formular aquela frase.

Sasuke entendia o que ela estava tentando fazer. Sair para que ninguém visse seu estado. Algo tocou seu coração, naquele momento queria fazer algo por aquela garota que tantas vezes esteve ao seu lado. Sakura parecia tão frágil com seu corpo tremendo por causa dos soluços associados ao frio. Sabia que qualquer coisa que fizesse para ajuda-la faria a garota ficar com raiva, mas o que menos importava era aquilo. Naquele momento seu único desejo era tirá-la da li e fazer toda aquela dor sumir.

 Sakura só se deu conta das coisas que aconteciam quando se sentiu ser carregada para longe do túmulo de seus pais. Mais que rapidamente tentou se livrar dos braços de Sasuke que pareciam verdadeiras correntes em torno de seu corpo. Sabia que se usasse um pouco de sua força adquirida em treinamento, conseguiria se livrar dele, mas por algum motivo não a usou.

 — Me solte, Sasuke — Pediu, em mais uma tentativa de sair de perto dele.

 — Você não está em condições de ir sozinha — Explicou ele sem desviar o olhar do caminho que fazia entre os telhados. — Vou levá-la.

 Sakura sabia disso, mas não estava entendendo o porquê de Sasuke estar agindo de uma forma tão protetora. Por que as coisas tinham que estar tão confusas? Por que ele tinha que voltar justo agora? Enterrou o rosto no peito dele e permitiu-se chorar, estava muito fragilizada para pensar no depois.

 Sasuke entrou pela janela da casa de Sakura com ela ainda em seus braços, estava sem nenhuma paciência para perguntar a onde estava a chave. Tinha certeza que ela tentaria sair novamente de perto dele, e sinceramente, ele estava adorando a sensação de tê-la perto de si. Assim que entrou na sala a colocou no sofá e ligou o aquecedor que se encontrava em um dos cantos do cômodo. Começou a procurar alguma coisa para ela se secar, o que não foi nada fácil, pois ele não estava acostumado a ficar na casa da Haruno. Quer dizer, ele nunca tinha passado da sala da casa dela. Até porque a primeira e única vez que esteve lá foi na visita que fizera com Naruto e Hinata.  Por fim encontrou umas toalhas no banheiro, no andar de cima. Quando voltou a Haruno estava encolhida em um canto do sofá abraçando as pernas, tremendo de frio. Ela ainda chorava.

 Ele não sabia de onde tinha tirado tanta gentiliza em seus atos. Em poucos segundos Sakura já estava com a toalha sobre os ombros e outra sobre a cabeça. Sasuke simplesmente agia por puro instinto. Suas mãos estavam nos cabelos dela tentando secar a agua gelada da chuva. Ele pensava que ao chegar a casa Sakura ia se controlar e voltar a ser a garota que ele vira  no escritório da Hokage: forte e dona de si, mas pelo contrário, ela parecia cada vez mais afogada em sua dor. Seu corpo reagiu aquilo, e quando percebeu já tinha passado os braços em torno dela e puxado a menina para si.

Sakura sentiu os braços dele colados em seu corpo molhado. Em meio aquilo ela começou a se sentir aquecida. No momento não estava pensando em todas as complicações que existiam entre os dois, ou todas as perguntas não respondidas. Pela primeira vez permitiu-se apreciar o calor do corpo dele perto do seu, e por mais que fosse se repreender depois que aquilo acabasse, colou seu rosto no ombro dele e permitiu que as lágrimas guardadas esvaziassem de uma vez.

 —Sasuke, obrigada... — Ela não precisou dizer mais nada, ele pode entender o que ela estava agradecendo, por isso não formulou nenhuma resposta, não tinha conseguido pensar ainda logicamente em suas ações —  Vou te falar por que estou assim;

 — Não precisa. — As palavras saltaram da sua boca, não queria que Sakura voltasse a chorar ao se lembrar de algo que causava tanta dor a ela.

 — Eu quero falar.

Sakura se afastou do corpo dele, queria espaço para respirar e organizar suas ideias que estavam desordenadas desde o momento em que o encontrou. Sabia que não devia nenhuma explicação a Sasuke, mas seu jeito de ser a impelia a compartilhar com ele aquela dor que a sufocava. Naquele espaço de tempo permitiu-se ver Sasuke novamente como um amigo, um companheiro do time sete.

 — Estou ouvindo — A voz de Sasuke soava tão gentil que ela sentiu seu coração aquecer.

 — Você deve saber como é difícil perder os pais, principalmente quando a perca é recente — ela respirou fundo e continuou falando coisas que não disseram nem mesmo para Ino, ou Naruto — meus pais morreram há três anos, no ultimo ataque da Akatsuki. Não estava na hora em que eles foram feridos, mas assim que soube fui correndo até o local —lágrimas voltaram a rolar sobre a face dela — Não cheguei a tempo, os ferimentos foram muito graves, e como eu já tinha gastado muito chakra não tinha o suficiente para salvá-los, e mesmo que tivesse eles não sobreviveriam. Por isso fico assim quando o dia da morte deles chega. Sou uma médica, salvo a vida das pessoas, e a deles não fui capaz de salvar.

Ela afundou-se mais ainda em lágrimas, sempre que se lembrava disso entristecia-se. Sasuke a abraçou novamente, sabia o que ela estava sentido, ele a entendia. Tudo que Sakura precisava naquele momento era que uma pessoa a compreendesse. Abraçou mais forte o corpo dela, como se aquele ato impedisse que ela sofresse, e na realidade, amenizava a dor.

 — Droga Sakura! — Resmungou ele — Odeio lágrimas . — Ele queria completar que odiava as lágrimas de tristeza dela.

 — Desculpe, Sasuke.

 Após algum tempo de choro ela acabou adormecendo, ele percebeu e a levou para o quarto. A ajeitou na cama, ligando o aquecedor e a cobrindo com alguns edredons. Não sabe quanto tempo passou observando enquanto a menina dormia. Como uma pessoa como Sakura podia sofrer tanto? Ela não causava mal nenhum. Ele sim tinha feito muito mal. Queria poder fazer com que toda a dor dela parasse. Foi embora assim que escureceu.

  A Haruno acordou na cama, a última coisa de que se lembrava de era de ter sido abraçado por Sasuke. Cheirou a sua roupa, ainda tinha o cheiro de canela dele. Porcaria! Aquilo não devia ter acontecido. Ele deve ter percebido que ainda mexia com ela, mas a forma que o Uchiha agiu foi tão legal, ele nunca a havia tratado com tanto carinho. Sakura não entendia o porquê dele ter feito aquilo. Pelo menos naquela noite aceitou que ainda gostava dele, e ficou ali, deitada, lembrando-se do calor dos braços dele. 

***

Você continua implorando por perdão

Mas você não acha que você fez de errado

Você tem chorado para sempre

Para sempre veio e se foi

Minhas mãos sangrando, minha cabeça sacudindo

 

 

Ele ouviu passos dentro do quarto e viu a luz quando ela ascendeu iluminando todo quarto. Na sua mente perguntas como: Sakura estava melhor? Havia a possibilidade de ela voltar a chorar (esperava que não). Logo a luz apagou novamente e ele soltou o ar que havia ficado preso no seu pulmão. Com cuidado estendeu seu corpo sobre o telhado e focalizou o céu que naquela noite parecia estar mais estrelado que o de costume.

 

Algo o fizera permanecer ali. Como se quisesse estar perto caso ela precisasse novamente. Colocou seu braço sobre seus olhos. Naquele momento não conseguia classificar o que sentia. Era uma mistura de preocupação e necessidade, tento no centro daquele turbilhão apenas uma pessoa: Sakura. Ainda se lembrava do corpo dela tremendo e da dor que aquilo tinha causado a ele próprio. Ainda era novidade aqueles sentimentos de ter que se preocupar com outra pessoa que não ele próprio.

 

—Sasuke? Acho que você errou de casa.

 

Ao lado de Sasuke os pés de Naruto pousaram sem fazer barulho algum sobre as telhas. O Uzumaki sentou-se ao perceber que o Uchiha não tinha a mínima intenção de lhe responder ou algo parecido.

 

—Algum problema com a Sakura-chan? — Naruto não era o tipo de cara que conseguia ficar mais que cinco minutos calado, por isso Sasuke decidiu que era melhor falar antes que ele ficasse lhe atazanando com perguntas.

 

—Ela estava chorando quando a encontrei, algo relacionado com os pais dela.

 

—Sakura-chan sofreu muito na época, e nunca deixou ninguém ajuda-la. Todas as vezes que tentei algo para fazê-la se sentir melhor ela me dava um sorriso e dizia que estava tudo bem.

 

Sasuke guardou aquilo pra si. Aquela sensação de ser o único para algo. Sakura compartilhara com ele sua dor, e naquele momento ele se sentiu desejado e querido, algo que não tinha lembrança desde que recebia abraços de sua mãe.

 

—E você? O que faz por aqui? — Sasuke achou estranho Naruto pelas ruas da vila aquela hora.

 

—Indo pra casa, fiquei até agora com a Hinata-chan. — Naruto olhou para o amigo com alguma desconfiança no olhar — Sasuke, ela já sofreu demais, você sabe , não é...

 

Sim, ele sabia. E não queria fazer parte em mais nenhuma situação na vida de Sakura que causasse sofrimento. Por isso estava mais que decidido a manter distância. Era o mais lógico a fazer. Não queria confundir a cabeça de Sakura, nem a dele mesmo;

 

—Eu só queria que ela voltasse a sorrir como sorria quando erámos apenas guennins do Kakashi-sensei.

 

“Eu também, Naruto”.

 

E eu tenho visto tudo o que você já viu

E eu estive onde você esteve

Não, nossas mãos estarão limpas.

Pelo menos podemos segurar um ao outro

 


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
espero receber o retorno de vocês
Beijos e até o proximo



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