No sábado à noite nos preparamos para viajar, eu preparei um programa especial para todos, principalmente para o Téo. Iria ser o primeiro dos vários lugares em que eu tinha prometido que ia levar ele para conhecer. Esse também seria meu presente de casamento para minha mãe. Amanhã à noite ela e o Otávio iriam para a lua de mel no exterior, finalmente ele conseguiu convencer ela a ir para Paris, com uma ajudinha minha, é claro, e eles iam ficar uma semana fora.

Já tinham várias caixas empacotadas pela casa, pois logo quando o Otávio a minha mãe voltassem da lua de mel iriamos para nossa casa nova, eu estava animada.

Arrumamos nossas coisas e saímos a noite, iriamos dormir em uma casa próxima a praia para aproveitar o domingo, iriamos com 3 carros. O Joaquim, a Manu e a Julia estavam indo com o Otávio e a Rebeca. Eu estava indo com o Ofélio dirigindo, a Marina, o Téo e o Felipe. E no carro do Pedro iria ele e a Helena, que finalmente estão namorando, a vó Nina, o Mateus e a Dóris.

O caminho era longo do vilarejo até o destino, mas foi divertido, o Ofélio ligou o som em umas músicas legais e ficamos cantando.

Quando estávamos chegando perto já podíamos ver o litoral a noite. Era lindo!

O olhar do Téo brilhava cada vez mais quando nos aproximávamos e eu só ficava olhando para ele.

Paramos o carro na porta da casa, era muito linda, toda de madeira, foi o Otávio que arrumou ela, o aluguel não deve ter sido muito barato.

Eu cheguei e fui direto tomar banho e me arrumar, viagens acabavam comigo. Quando terminei estavam todos me esperando para lanchar, minha vó tinha preparado tudo para nós com a ajuda da Helena e do Pedro. Foi divertido ter todos reunidos lá, estavam todos conversando e rindo.

— Você está com um sorriso tão lindo hoje. – O Téo me disse, ele estava sentado do meu lado na mesa.

— Eu estou feliz. – Eu disse para ele.

— Feliz porquê? – Ele sorriu para mim.

— Porque todos estamos juntos aqui, é tão bom ter uma família e amigos. – Eu sorri de volta.

— Olha a Isa também é sentimental! – A Júlia disse alto ouvindo a minha conversa.

— Sabia que não é muito educado ouvir as conversas dos outros?

— Ah Isa, eu sempre soube que você era assim! – A Manu disse me dando um abraço e eu já estava ficando com vergonha, percebi que todos estavam ouvindo a conversa. – Pode confessar, eu sei que você ama a gente!

Eu sorri envergonhada.

— Escutem bem porque eu não sou de falar essas coisas. – Eu disse para o pessoal na mesa. – Claro que eu amo todos vocês. – Eu sorri rapidinho.

— Ah que lindinha minha filha! – A Rebeca me abraçou quase me amassando. – Nós também te amamos! E eu queria falar algo para todos ouvirem.

Ela disse colocando o braço no meu ombro e do outro lado no braço da Manu.

— Eu sempre tive uma filha que eu amei muito e nunca soube da existência da outra, sempre achei que era o suficiente. Mas acontecem coisas inesperadas na nossa vida. E essas coisas inesperadas as vezes são coisas que você nunca soube que precisava, mas quando você descobre, você sabe que sua vida agora está completa e o que eu achava que era suficiente, não era, isso que aconteceu quando descobri sobre a Isabela, nunca soube que tinha outra filha, mas agora que sei que tenho me sinto mais do que completa, quando ela foi levada um pedacinho do meu coração foi levado, um pedacinho que eu nunca soube que eu sentia falta, com ela aqui agora eu recuperei esse pedacinho e não quero mais viver sem. E eu não poderia estar mais feliz hoje com todos os meus amigos, família e com minhas meninas lindas que eu amo com todo meu coração.

Ela abaixou e deu um beijinho no meu rosto e no da Manu e o pessoal bateu palmas.

— Eu te amo muito mãe, você sempre foi a parte de mim que faltava também. – Eu disse quando abracei ela.

Depois disso todos ficaram sentimentais na mesa, esses caipiras!

Mais tarde os adultos foram dormir. E o resto do pessoal ficou na sala jogando alguma coisa que eu não estava muito afim.

Fui para a varanda da casa e me sentei virada para a vista do mar, não dava para ver muito bem porque estava escuro, mas ainda era muito bonita.  

— Isa, porque está sozinha aí? Vamos lá jogar com a gente! – A Manu chegou perguntando.

— Não estou com vontade de jogar. Estou só aqui pensando.

— Pensando em que? – Ela disse sentando do meu lado.

— Quando a próxima coisa ruim vai acontecer. – Eu disse séria e a Manu fez uma expressão de assustada.

— Credo Isa! Num fala assim!

— Mas é verdade, está tudo dando tão certo agora que é só questão de tempo até algo ruim acontecer.

— Não pensa essas coisas Isa! Você já sofreu demais e eu também, agora sua hora de ser feliz chegou, nada de ruim vai acontecer. – Ela disse esperançosa com aquele jeito único dela.

— Como você pode ter certeza disso? – Eu disse erguendo uma sobrancelha.

— Porque agora nós temos nossos amigos e família do nosso lado, não estamos mais sozinhas.

— É, eu acho que você tem um pouco de razão.

— Finalmente você concordou com algo que eu disse! – Ela disse rindo e eu mandei língua para ela que sorriu para mim. – E tem outra coisa, agora que eu descobri que tenho uma irmã, você não vai mais conseguir me tirar do seu lado, vou estar sempre lá para você! – Ela disse me dando um abraço que eu retribui.

Ela ficou mais um tempo lá conversando comigo e depois o pessoal chegou e acabou que me animei um pouco. Ficamos até tarde lá, a Rebeca teve que levantar para mandar a gente dormir.

No dia seguinte o pessoal acordou bem cedo, tentei ficar mais tempo na cama, mas fui obrigada a acordar quando entraram pulando na minha cama e gritando no meu ouvido. Me sentei na cama irritada, odiava quando me acordavam!

— CALA A BOCA!! VOCÊS NÃO ESTÃO VENDO QUE ESTOU TENTANDO DORMIR!

— Meu Deus, ela vai matar a gente! – A Dóris disse quando olhou para minha cara de brava.

— Pior que eu vou mesmo!! – Então eu peguei meu travesseiro e taquei nela, aí começamos uma guerra de travesseiro e foi divertido.

— Acho que sua irmã está merecendo umas travesseiradas. – O Joaquim disse para mim e eu concordei, fomos por trás da Manu e começamos a dar travesseiradas e ela tentou se defender com o travesseiro dela. O Téo entrou na frente e começou a ajudar.

— Agora você está do lado da Manu? – Eu disse fingindo ciúmes, mas estava rindo.

— Você que se uniu com o inimigo contra nós! – Ele disse apontando para o Joaquim.

Eu fui em direção dele e quando tentei dar uma travesseirada ele me deu uma antes e eu tive uma ideia rápida.

— Nossa! Me machucou! – Eu fingi estar triste e coloquei a mão no meu braço como se estivesse doendo.

O Téo mudou a expressão para preocupado e largou o travesseiro para ir na minha direção, então aproveitei e fui tentar atacar ele com o meu travesseiro. Na hora percebeu que eu estava fingindo e antes que eu conseguisse encostar nele nele ele me pegou na cintura e me deu um beijo.

— Eu proponho uma trégua. – Ele disse sorrindo entre beijos.  – Não gosto de ficar contra você.

— Tudo bem, eu aceito. – Eu disse sorrindo e dando outro beijo nele.

Então a Marina entrou no quarto para acabar com nossa diversão.

— Acho que já chega né pessoal! Senão vai ficar tarde! Vocês podem ir se arrumar?

Depois cada um foi para o seu quarto terminar de arrumar. Todos tomamos café juntos e fomos para a praia.

Chegando lá ficamos um tempo andando pela areia.

Eu estava de mãos dadas com o Téo e fomos até a beira do mar juntos para molhar o nosso pé.

— Aqui é lindo Isabela! – O Téo disse para mim. – Ver é a coisa mais incrível do mundo! – Ele gritou e eu sorri, ver ele assim tão feliz me deixava mais feliz ainda.

Ficamos um pouco na beirada brincando com a água, mas eu não estava muito afim de entrar então nós dois voltamos para a areia.

Estendi uma toalha, me sentei nela e o Téo sentou do meu lado.

— Então, gostou de conhecer a praia? – Eu disse para o Téo.

— Sim, é a coisa mais bonita que eu já vi desde que recuperei minha visão. – Ele disse sorrindo e eu fiz biquinho.

— Achei que era eu. – Eu virei o rosto fingindo de brava.

— Mas você é mais linda e perfeita do que qualquer coisa. – Ele disse dando um beijo na minha nuca e eu sorri porque fez cosquinha. Virei de novo para ele e sorri.

— Que bom! – Eu disse. - Esse é o primeiro lugar de vários que vamos conhecer!

— Juntos? – Ele me disse.

— Sempre! – Eu respondi. – Eu te amo muito Téo.

— Eu também te amo Isabela!

Ele disse e me puxou para perto e nos beijamos, foi um beijo intenso e cheio de sentimento, nunca pensei que amar fosse assim, algo que te completa e te deixa nas nuvens.

Quando paramos de nos beijar eu encostei no ombro dele e fiquei olhando para todos no mar.

A Rebeca e o Otávio estavam de mãos dadas e andando pela beirada da água. A Helena e o Pedro também.

O Felipe, a Dóris, o Mateus e a Júlia estavam fazendo guerrinha de água e pareciam estar se divertindo muito.

A Manu e o Joaquim estavam na água também, mas bem mais no fundo, a Manu estava dentro de uma boia redonda e o Joaquim estava do lado de fora com os braços apoiados na boia dela, um de frente para o outro. Os dois pareciam perfeitos juntos. Podia perceber no olhar dos dois como eles se amavam e eu estava feliz por ela ter encontrado alguém, assim como eu encontrei. Eles se beijaram por cima da boia e veio uma onda e derrubou os dois, foi engraçado. Eu dei uma risadinha e o Téo estranhou, acho que ele perdeu a cena.

— Você não quer ir nadar agora? – Ele me disse um tempo depois.

— Ah não Téo, não gosto muito da água do mar, eu fico toda pregando depois que saio. – Eu disse para ele.

— Você se importaria se eu fosse um pouco com o pessoal? – Ele me perguntou.

— Claro que não! Pode ir Téo!  - Ele sorriu e me deu um selinho. Se levantou e foi em direção aonde o pessoal estava fazendo guerrinha de água, a Manu e o Joaquim tinham se juntado a eles também. Fiquei observando o Téo brincar e sorrir.

Enquanto eu olhava para o Téo, lembrei das histórias de infância que a Manu me contou. Fico imaginando como teria sido se a Regina não tivesse me roubado, eu teria crescido junto com todos, e nem sei se eu estaria namorando o Téo agora.

Pensando bem, apesar de tudo de ruim que meu aconteceu eu não posso falar que queria que fosse de outro jeito. Graças a tudo que eu passei, eu pude ter um pai incrível que amei muito e nunca vou esquecer, a chance de estar com o Téo e as pessoas que eu amo hoje, e até para a Manu, talvez ela nunca teria conhecido o Joaquim. E eu percebo que tudo realmente acontece por uma razão. Não posso deixar de pensar que todas as coisas ruins que me aconteceram me levaram a esse momento. E eu estou muito feliz onde estou, com pessoas que amo muito.

Então decidi que não deixaria mais a vida passar por mim, eu iria viver intensamente cada momento e aproveitar bastante. Me levantei da toalha e corri para onde o pessoal brincava, todos se animaram quando me viram, o Téo estava todo molhado e me abraçou e a água estava gelada, mas eu nem me importei, porque eu estava exatamente aonde eu queria estar, com todas as pessoas que eu amava.

FIM!