A minha segunda lua de mel escrita por Tete


Capítulo 1
A minha segunda lua de Mel




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Eu tentava ficar calma, tomava um chocolate quente olhando insanamente para o relógio. Já se fazia três horas, três malditas horas que eu esperava na sala de espera do hospital.

Repousei minha xícara na mesa de centro e olhei para a minha netinha, a mesma que estava caminhando em volta da sala a mais de quarenta minutos. Seus cabelos ondulados preso em um coque frouxo e o olhar de preocupação por causa da mãe que estava na sala de cirurgia.

—Vó eu não aguento mais, como você pode estar aí tão despreocupada? – Disse minha neta.

—Sua mãe é uma mulher forte, e seu irmão também. Ambos vão sair daquela sala sãos e salvos.

—Não posso esperar mais, não posso.

—Você esperou nove messes para ver seu irmão, então Jude sente-se nesta cadeira e espere.

A garota se sentou do meu lado bufando, tão parecida com a mãe. Era como se eu visse minha filha daquela idade novamente. Meu marido se sentou do meu outro lado, com a mesma expressão da minha neta, preocupação.

—Vocês vão ficar com essa cara, animem-se um novo membro da família está chegando.

Jude, minha neta deitou no meu ombro e disse com uma voz melódica.

—Só estou muito preocupada.

—Eu sei pequena, eu sei.

Foi quando eu tive a brilhante ideia:

—Vou animar você, vou contar alguma historia da vida da sua avó.

Ela deu um sorriso.

—Já estou até vendo as historias... – Disse meu marido.

—Vou contar sobre a segunda lua de mel que eu e sua avó ganhamos da sua mãe. – Meu marido entrou na gargalhada.

—Serio Vovó me conte.

Dei um enorme sorriso e contei sobre aquela pequena viagem:

  “ - Filha eu simplesmente não posso aceitar.

   -Você e o papai há anos queriam uma segunda lua de mel, e agora é a hora. Aceitem isso como um presente de casamento da sua filha.

De principio eu nem imaginava que teria a chance de ter uma segunda lua de mel, nem depois da minha fazer sucesso na carreira eu pensei que poderia ter essa viagem.

—E aonde vocês vão querer ir? – Disse ela.

—Paris, Moscou, Berlin – disse meu marido sonhador.

Fiquei com certo receio de dizer onde eu queria ir, mas no final eu disse:

—Eu quero ir para a Disney.

Não ocorreu nenhuma objeção, pois há anos meus filhos e meu marido sabe o quanto eu sonhava em ir para aquele parque. Conhecer o Mickey, Pateta, Minnie... A única coisa que ele me disse foi:

—Feliz é o adulto que enxerga o mundo pelos olhos de uma criança.

E lá fomos para o país da imaginação. Eu estava tão feliz, tão serena e calma.

Um parque enorme com a felicidade emanando dele, uma tabela de cores que seria possível pintarem milhares de quadros só do castelo principal.

Assim que eu passei do portão principal olhei em volta e me perdi nos meus pensamentos, era muita coisa para processar. Tudo que uma garota da zona sul de São Paulo quis era visitar aquele lugar magico.

—Aonde vamos primeiro? – Lembro-me do meu marido me perguntando.

—Vamos deixar o vento nos levar.

Claro que era a montanha-russa a primeira, fomos três vezes. A roda gigante foi à próxima. Assim fomos direto para comer algodão doce depois das alturas dos dois brinquedos.

Enquanto me lambuzava com a esponja rosa que chamam de algodão doce uma criança se aproximou e deu uma tiara de Mickey para mim. Não hesitei em colocar é claro.

Subimos e descemos aquele setor do parque procurando o Pateta, queríamos uma foto com ele de qualquer jeito. E ao finalmente tirar a foto ele nos disse em inglês “Beautiful Couple”, que significa casal bonito em português. Claro que fiquei lisonjeada, mas meu marido achou estranha a fala do Pateta, pois o personagem ainda estava me abraçando, só que agora de uma forma mais “agressiva”.

Tive medo de ser expulsa do parque, com o meu marido gritando em alto e bom som alguns palavrões que aprendeu sozinho nos Estados Unidos. Puxei ele pela mangá e nos escondemos em uma loja de lembranças até a poeira abaixar.

—Você é louco? – Eu disse em meio à respiração ofegante.

—Louco por você só se for...

Gargalhamos juntos feitos crianças até a lojista nos encontrar no chão rindo. Fomos expulsos da loja...

Para um casal de mais de cinquenta anos estávamos muito bem, era apenas dois idosos correndo pelo parque e burlando filas dos brinquedos enquanto demostravam seu amor para o mundo.

Montanha-russa, elevador, casa mal assombrada, lojas aleatórias do parque, simuladores, fotos com personagens. Fizemos tudo isso, e muito mais.

Lembro-me de um evento especial naquele dia. O simulador de espaçonave. O meu marido sempre foi amante de ficção cientifica, assim que avistei o simulador apontei com o indicar para ele. Os olhos brilhavam como uma criança, ele olhou para mim esperando permissão.

—Vai! Tá esperando oque, mate alguns aliens para mim.

Se eu disser que ele foi saltitando até a fila preferencial ninguém acredita. Eu meio que nem prestei atenção para o brinquedo, até perceber que tinha uma tela de televisão que mostrava a cara do jogador e suas expressões. Ri um pouco da cara dele, mas o clímax da historia foi quando ele bateu o recorde, e ao bater o recorde você é obrigado a gravar um vídeo (uma comemoração). E adivinha qual foi à comemoração dele...

—Tem alguém nesta plateia que eu queria agradecer, a minha vida, a mãe dos meus filhos, a minha razão de viver e principalmente a minha Fênix que renasce das cinzas. Obrigado por fazer esse velho um homem mais feliz. Eu te amo tanto Vânia.

Tentar fingir que não estava chorando era difícil, pensar que aquele vídeo iria passar para todos os participantes antes do jogo era mais difícil ainda. Ele fez uma declaração para mim de escala mundial. Como eu amo esse homem.

O resto do dia passou voando, como a chuva passageira de Verão. E também não me lembro de muitos detalhes, pois minha idade não me permite lembrar-se de muita coisa.

O dia terminou com um desfile a lá Walt Disney. Com carros alegóricos e fogos de artificio brilhando além do castelo. Um beijo sobre os fogos e uma troca de alianças novas, para comemorar um novo ciclo que começa. Relatar nossos votos.

Sobre minha noite... Não tenho nada a declarar, você é muito jovem para entender minha neta.

Minhas férias passaram voando depois disso, foram mais dias no parque voltando a uma idade de imaginação, alegria, sem arrependimentos. Esquecendo o louco e triste mundo da realidade que vivemos.”

Parei de contar a historia e minha neta estava com um sorriso enorme no rosto, aquela cara de preocupação tinha ido embora já fazia tempos.

—O amor faz fazermos coisas que nunca imaginaríamos que pudéssemos fazer- Disse minha neta. – Vocês formam um casal tão fofo, espero ter alguém assim um dia.

—Você terá minha neta. – Disse meu marido.

—Você é tão ... – não terminei a frase, o marido da minha filha apareceu na porta, fazendo um enorme barulho.

Todos olharam para ele com aquele mesmo olhar de preocupação, mas ele entendeu oque nossos olharem quiseram dizer e apenas disse – Eles estão bem, ocorreu tudo bem com o parto. Vamos conheçer o novo membro da família.

Levantamos em um instante e juntos caminhávamos por aqueles corredores brancos, minha neta agarrada a minha mão e a do meu marido.

—Oque você iria dizer vovó? Naquela hora que o papai chegou?

Dei um sorriso sincero para a pequena e disse:

—Você é tão parecida com a sua mãe, sempre acreditando no amor. Oque faz nos sermos tão unidos é porque sempre acreditamos no amor, acima de tudo Jude.

 

 


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