Fix Me escrita por Angel


Capítulo 9
Conversas Amigáveis




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/673607/chapter/9

Esqueci completamente do nervosismo enquanto falava com Thomas durante o caminho, eu nem percebi que já estávamos dentro da sala, parei e fiquei olhando o ambiente, depois para as pessoas que ali estavam e deparei com os mesmos garotos das aulas de línguas, mais precisamente para um moreno que havia ali no meio. Ele tinha olhos castanhos claros e um rosto sério, era alto e não parava de me encarar. Percebi que eu ficava o encarando de volta, até Thomas me chamar a atenção.
— Tudo bem, Alice?
— S... Sim. Apenas achei que conhecia alguém, mas me enganei.
Ele achou estranho, mas deu de ombros e encontrou dois lugares para nós. Sentamos e conversamos mais um pouco, tentanto nos conhecer melhor. Quando o professor chegou, todos ficaram sentados e conversando baixo, pois aquela era apenas apresentação, então fiquei pensando em tudo que descubri sobre Thomas: " Thomas Cameron, 20 anos; favorita: vermelho; comida favorita: lasanha;Ama ler e assistir diversos filmes em horas vagas. Namorada: informação desconhecida". Estranho, parece que já pensei nisso antes, automaticamente olhei para trás, mais exatamente para o outro lado da sala, onde havia aqueles quatro amigos. Fiquei observando o moreno, ele estava sério e parecia prestar atenção no que o professor dizia, até olhar para mim e dar um pequeno sorriso, rapidamente olhei para frente e percebi que estava com um sorriso bobo.
"James, será que o destino nos uniu de novo? Espera... se ele está aqui, então é possivel que ela..."
Ao pensar nisso, minha alma congelou e meu corpo não se mexia.
" Se acalme, respire fundo e procure, se ela estivesse aqui, e tivesse te visto, já teria te dado uma voadora!"
Respirei fundo e olhei em volta. Nenhum sinal da vac... Cameron. Já é um bom sinal, fiquei tranquila, até sentir alguém me cutucar atrás, me fazendo voltar ao modo estátua.
— Você está bem?
Conhecia essa voz, Thomas, nem me lembrava que ele sentara atrás de mim.
— S...Sim, apenas estou tentando me acostumar com o lugar.
— Qualquer coisa, me chame.
— Valeu.
***
Ao tocar o sinal avisando o final das aulas, olhei para o fundo novamente, mas a pessoa que eu procurava não estava mais lá. Triste, virei para a saída pensando se tudo que vi era ilusão, até me deparar com lindos olhos castanhos. Não consegui falar, apenas olhar para ele já deixou minhas pernas tremerem.
"E se não fosse ele?"
Essa pergunta passou pela minha cabeça antes de eu falar qualquer coisa, então simplesmente passei por ele e corri daquela sala sem um rumo, até ouvir alguém me chamar de longe.
— Alice, o que houve?
— E... Eu não sei, eu apenas precisava de ar.
— Na quadra?
Olhei em minha volta e percebi que estávamos debaixo de uma arquibancada.
— Pois é, queria conhecer a quadra coberta do campus.
Dei meu melhor sorriso. Mas percebi que ele não estava acreditando muito, quando dei um passo ao lado de Thomas para sair dali, senti minha barriga doer um pouco. "Mesmo depois de meses ainda sinto dor, o doutor vai me xingar na próxima consulta, com certeza!". Pensei enquanto fechava os olhos me preparando para o tombo, até sentir um braço segurando minha cintura e me protegendo do chão, mas ele apertou tão forte que dei um pequeno grito de dor, com certeza eu não estava totalmente curada.
— Alice, o que houve?!
— Tropecei no próprio pé. Tenho esse querido defeito de ser desajeitada.
Dei um pequena risada e olhei para cima, conseguia sentir o cheiro de menta que vinha dele de tão perto que estávamos. Senti que ele estava muito próximo, e por alguma razão eu queria muito beijá-lo, mas mal o conhecia, não podia dar essa brecha, então me afastei, mesmo sentindo meu rosto queimar. Eu estava com as duas mãos na barriga, com medo da dor aumentar.
— Você não está bem, quer que eu te leve até a enfermaria?
— Não se preocupe, é apenas cólica, normal em garotas, eu aguento.
Tentei dar meu melhor sorriso falso, mas parece que ele não acreditou muito.
— Está bem, então vou ficar aqui com você até que a dor passe.
— O que?! N... Não precisa se incomodar, eu estou bem, viu?
Tentei me esticar e abrir os braços, mas a dor foi mais forte, então me agachei me encolhendo e gemendo de dor. "Muito bem, gênio!" Imaginei Lucas aqui me dando um sermão, de que eu deveria ter cuidado e não ficar correndo ou me esticando demais, para os pontos não abrirem, de novo.
Senti algo quente se encostando de mim, era Thomas me pegando no colo e me levando até a frente dos bancos e me colocando na primeira fileira. Não falei nada, apenas o olhava de baixo para cima, e me lembrei de James, quando ele esticou a mão para mim quando a doida da namorada dele havia me ameaçado, e ele não sabia de nada. Voltei ao presente quando senti o gelado do banco encostar no fino pano do meu vestido vermelho, sorte a minha que eu estava de legue.
— Percebi que você é muito teimosa.
— Sério? Meu irmão também acha. - Dei uma risada irônica, enquanto encarava o chão, até ver que Thomas ficou agachado na minha frente, ele parecia preocupado. - Não fica assim, vai passar, é só uma questão de tempo.
Fechei os olhos, me inclinei mais um pouco para frente enquanto suspirava e abri novamente. Consegui olhar perfeitamente os lindos azuis de perto, não me incomodei de ficar assim, mas senti meu coração pular um pouco. Acho que nunca olhei para James assim,então não podia comparar.
"Será que algum dia irei encontrar James novamente?"
— Ainda está doendo?
— Não é isso, só lembrei de um... amigo.
— Ele era especial?
— Acho que era mais do que imaginava.
— Então por que está triste?
— Porque não sei se verei ele novamente.
Senti meus olhos se encherem, mas fechei os olhos para que as lágrimas não fugissem.
— Vai ficar tudo bem.
— Como você sabe?
Ele demorou para responder, abri os olhos e o vi pensativo. - Apenas sei. - Vi um sorriso que nunca imagino em James, mesmo ele sendo educado comigo, ele não era um garoto alegre, ao contrario de Thomas, que já no primeiro dia, já me ajudou três vezes, e ainda me animou numa hora dessas.
— Você não existe.
Dei um pequeno sorriso, só que desta vez foi natural. Ele sentou no chão e ficamos conversando até eu não me lembrar mais da dor.
Após muitas conversas e risos, percebi que a dor já havia ido embora, e que eu já estava reta, de volta ao meu normal. Levantei os braços e juntei meu cabelo, que eu havia pintado de mechas loiras nas férias, em um coque. Ouvimos mais um sinal, o da tarde. Arrumei a franja que também havia cortado na saída com Alex.
— Acho que perdemos a aula de educação física. - Avisou Thomas enquanto se espreguiçava e olhava para o teto.
— O que?! Tem isso aqui?
— Sim, essa é uma das melhoras escolas por se preocupar primeiramente com o alunos e seu bem-estar.
Ri um pouco com a expressão de orgulho que ele fazia.
— Você parece aqueles caras de propaganda agora.
Ele olhou para mim e rimos juntos, até ele se levantar, ficar parado na minha frente e esticar a mão para mim.
— Vamos?
Um pequeno flash de James apareceu agora, no hospital, ele, esticando a mão para mim com aquele sorriso simples e verdadeiro. Voltei para a realidade, olhei para ele com um pequeno sorriso, desta vez forçado, pois por dentro eu me sentia confusa, perdida. Andamos até em uma das diversas saídas do campus. Eu estava pensado em como esquecer James, pensar que ele era apenas um amigo imaginário que foi embora e nunca mais o veria novamente.
— Alice!
Ouvi uma voz rouca ecoando de longe, era Lucas correndo com apenas uma regata e calça de corrida, todo suado e com olhares femininos o perseguindo.
— O que houve com você? Chegou do Tour de France?!
— Engraçadinha. - Ele olhou para o meu lado. - Thomas, certo?
— Sim. Lucas, não é?
— Claro. Ei, por acaso você corre?
Dei um olhar cortante em Lucas, que apenas devolveu com um sorriso divertido.
— Não, pelo menos não como você, estou começando agora.
— Que humildade da sua parte, mas não se preocupe, não sou um atleta como minha pequena diz. Espero correr com você algum dia, você parece ser legal.
Estou chocada, não pelo fato de irmão ser sem noção as vezes, mas sim por ele convidar um garoto que acabou de conhecer para correr. Lucas, mesmo sendo doce e carinhoso, é esperto, destemido e muito desconfiável as vezes, piorou depois do "acidente".
— Obrigado, esperarei pelo dia e horário.
Olhei de canto e vi Thomas dando um sorriso sem graça. Que vergonha! Um dos meus primeiros amigos e meu irmão já o deixa sem graça de primeira!
— Você não havia combinado nada com a Alex?
Tentei o despistar, e parece que eu chutei no gol! Lucas colocou a mão na cabeça e fez cara de preocupação.
— Mas que droga! Eu havia me esquecido completamente! Preciso ir, foi bom te ver de novo, James. Até mais tarde pequena!
Ele me deu um beijo na bochecha e voltou a correr, desta vez mais rápido e desesperador. Voltei a andar com Thomas pelo caminho, em silêncio.
— Desculpe o meu irmão, ás vezes ele é sem noção assim mesmo.
— Até que eu gostei dele. Parece ser divertido sair com ele.
Olhei para seu rosto para tentar descobrir se o que ele dizia era verdade.
— É sério?
Ele olhou para mim sem entender.
— Sim, por quê?
Voltei a olhar para frente.
— Por nada, apenas surpresa com sua resposta. Normalmente os outros dizem que ele é estranho ou sem educação, falando isso diretamente.
— Achei legal e sincero da parte dele.
Fiquei aliviada ao ouvir aquilo. Olhei para meus tênis branco simples, e sussurrei um "Obrigada" quase para mim. Senti sua mão em meus ombros, olhei para o lado onde o sol da tarde brilhava em seu rosto branco e fazia seus olhos parecem o oceano tranquilo e sincero.
— De nada.
Andamos mais um pouco até passar pelo estacionamento. Meu foco era a saída, mas percebi que Thomas havia diminuído os passos. Ele colocou uma mão na cabeça e sua expressão era de duvida com vergonha.
— O que foi? Esqueceu alguma coisa?
— Não é isso... Já que perdemos a última aula, você quer sair para tomar um café e comer um bolinho?
Ele deu um pequeno sorriso de esperança. Eu dei uma pequena risada.
— Não gosto de bolinhos.
Ele abaixou a cabeça e colocou as duas mãos no bolso da calça. Me aproximei e levantei seu queixo com minha mão esquerda com um sorriso.
— Mas aceito o café.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu sei, muito enrolado, e não prometo nada do próximo, mas tretas irão chegar, logo logo... apenas paciência meu queridos fantasmas...
Kiss