Já era sábado. Meu despertador me acordou as cinco da manhã para tomar café, me arrumar e sair daquele lugar com Lucas. Me espreguicei na cama e levantei indo até a cozinha. Lucas já estava preparando o café e waffles. Mas para minha surpresa, não estávamos sozinhos. Alex apareceu no meu campo de visão, com a camisa de meu irmão e calcinha boxe. Seus cabelos estavam soltos e mais vermelhos que o normal.
Ela dormiu aqui e acabou de sair do banho.
Encarei-a surpresa.
— Quando foi que você chegou?
— Você não se lembra?
Esfreguei minha cabeça e lembrei que Lucas iria sair ontem com ela pois os dois completavam um ano de namoro então foram comemorar.
— Ahh é. Parabéns.
Forcei um sorriso por causa da cara inchada. Alex sorriu para mim e voltou a tomar seu café. Sentei ao seu lado e ficamos apreciando a paisagem de meu irmão no fogão.
— Que milagre você fazer alguma coisa que não seja ovos.
Falei encarando os waffles na panela sem piscar. Ele virou para mim e levantou a sobrancelha.
— Nunca ouvi você reclamar dos ovos que faço.
— Não estou reclamando. Só estou surpresa.
Lucas fez um sinal para Alex com a cabeça, ela logo se levantou e foi para perto do fogão. Pareciam recém casados de tão fofo. Para me distrair, peguei o celular de Lucas e fui ver sua galeria de fotos. Mas logo senti alguém atrás de mim, quando levantei a cabeça, encontrei apenas Alex no fogão e antes de eu falar algo, senti duas mãos me torturando com cócegas. Lucas me levantou colocando-me em seus ombros e me levou para o sofá da sala.
— Você não gosta da comida que faço, mocinha?
— Não!
Falei sem pensar com medo daquelas mãos na minha cintura.
— Não?
— Quer dizer... sim!!
— Agora já era.
Lucas fez cócegas até eu chorar, e mais um pouco.
— OK, né crianças? O café está pronto.
Falou Alex atrás de Lucas. Ele virou, acenou e voltou a me encarar. Desesperada, tentei chamar Alex, mas minha voz saia baixinho por causa da falta de ar.
— Estava tentando fugir? -Balancei a cabeça negando. - Pois vou continuar mais um pouco.
Ele fez mais cócegas até eu perder o equilibro e cair do sofá. Lucas parou e riu da minha palhaçada. Recuperei o fôlego e comecei a dar o troco. Vi duas almofadas no chão que caíram comigo e comecei a atacar nele.
— VINGANÇA!
Comecei a batê-lo até cansa e sentei ao seu lado depois. Ambos sem ar e vermelhos de tanto brincar e rir. Ele virou para mim e ficou me encarando.
— Estava com saudades do seu sorriso.
— Que drama.
— Não é drama. É preocupação. Eu soube do seu amigo. - Aquilo me congelou. - Me desculpe não estar por perto quando você precisou.
— Tudo bem. A culpa não foi sua. Foi dele.
Lucas me abraçou tentando me animar.
— Mas como você soube?
— Você não saiu do quarto ontem á noite quando te chamei para ir conosco. Eu fiquei preocupado e sabia que a causa era Mark. Mas não sabia o motivo. Então fui perguntar a ele.
Me afastei para ver seu rosto.
— Você não saiu com a Alex?
— Sim....
Ele desviou o olhar.
— Está mentindo.
— Não estou não.
— Lucas, você é péssimo mentiroso!
Ele suspirou.
— Está bem. Não sai completamente com ela, apenas mais tarde.
Fiquei triste.
— Idiota!
Ele me encarou surpreso.
— Não era para ficar preocupado comigo justo ontem!
Encolhi as pernas e as abracei. Lucas puxou minha cabeça e beijou meus cabelos.
— Está tudo bem. Alex entendeu completamente.
— Somos mulheres. Somos compreensíveis por fora, mas ficamos tristes por dentro!
Ele ficou pensativo. Encarou a mesa de centro e deu uma risada irônica.
— Sou um idiota, não é?
— Sim. E assim que chegarmos á América, você irá fazer uma surpresa para ela, viu!
Ele voltou a me abraçar.
— Obrigado, minha pequena.
— É para isso que sirvo.
Falei dando um grande sorriso em sua frente.
Levantamos e fomos tomar café, mas quando entramos na cozinha, vimos uma forte nuvem negra pelo ar.
— Alex!
Lucas ficou preocupado. Eu logo abri as janelas e portas. Após alguns minutos, consegui encontrar os dois. Alex chorando e Lucas a consolando.
— Desculpe. Eu tentei fazer mais waffles, mas eu devo ter esquecido alguma coisa, pois ele começou a pegar fogo e quando tentei apagar com um pano, o pano também queimou. Aí peguei uma panela grande de água e joguei em tudo. Desculpe.
Enquanto Lucas tentava a consolar, eu voltei a rir. Um tempo depois arrumamos toda a cozinha, a fumaça já havia saído quase toda, mas não havia mais comida, então decidimos sair. Liguei para Evan e combinei um lugar para todos tomarmos café junto e ir direto ao aeroporto.
***
— Vocês querem ir logo aí ?! Senão iremos perder o avião? !
Evan não parava de reclamar na frente da entrada do banheiro feminino do restaurante, enquanto Lucas só ouvia e ficava mexendo no celular.
— Não enche, Evan! Estamos nos preparando para arrasar o coração dos americanos.
Retrucou Lauren. A briga estava ficando alta.
— Vocês dois querem parar! Estamos num lugar público e não em um ringue de luta!
Falei revoltada, mas os dois só discutiram mais comigo. Alex tentou acalmar as coisas mas só levou patada e, revoltada, discutiu também aumentando mais ainda o volume da briga.
— Agora já chega!
Gritou Lucas. Todos do restaurante ficaram quietos e até mesmo os músicos de lá pararam de tocam com medo.
— Ou vocês param agora e entram no carro ou eu arrasto todos para ele!
Percebi que Lucas estava bravo mesmo, então de cabeça baixa, todos foram ao táxi que já estava lá por algum tempo.
Quando entramos, um silêncio pairou no ar. Todos estavam apertados e Alex teve que sentar no meu colo. A viagem foi longa, só no carro, e não consegui nem dormir. Depois de duas horas chegamos no aeroporto.
— Ainda é dia?
Perguntou Evan enquanto se esticava ao sair do carro.
— É lógico. Não está vendo?!
Percebi que Lauren ainda estava brava.
— Para de ser tão velha, Lauren! O que eu fiz para você mulher?!
— Nasceu!
Revoltada, pegou sua mala e saiu andando até a entrada do aeroporto.
Evan olhou para mim em busca de motivos, eu simplesmente dei de ombros mostrando que não sabia de nada.
— Faz esse favor para mim, Alice?
Bufei.
— Está bem. Já entendi.
Peguei minha mala e fui atrás da loira.
— Lauren!
Gritei procurando-a. Me assustei com tanta gente correndo para lá e para cá. Olhei para todos os lados procurando pela minha amiga e pensei se ela poderia estar no banheiro retocando a maquiagem, de novo. Procurei um segurança e perguntei onde ficava o banheiro mais próximo. Ao me apontar o caminho, corri nesta direção, mas bati meu ombro em um senhor. Virei pedindo desculpa sem parar de andar, mas quando virei de volta para meu caminho, pensei na pessoa que havia visto. Era um moço alto de boné e um sorriso meigo.

Impossível.
Parei e virei novamente em sua procura. Encontrei suas costas com alguns fios loiros fugindo do boné. Corri para sua direção enquanto o chamava.
— Thomas? Thomas!
Mas era muita gente. Será que foi coisa da minha cabeça? As lágrimas queria sair, mas lembrei de Lauren. Fechei os olhos e uma gota saiu por teimosia. Votei ao meu caminho de origem enquanto enxugava meus olhos. Quando abri a porta do banheiro feminino encontrei Lauren em uma das privadas, sentada e chorando. Estranhei e agache em sua frente. Tentei consolá-la, mesmo sem saber o motivo. Depois de vinte minutos soluçando, a menina se acalmou.
— Consegue falar agora? -Ela assentiu. - Ótimo, agora me explique o porque você está desse jeito. E resuma!
— É que... eu... eu gosto do .... Evan. Mas. .. eu o vi... beijando aquela vaca da Jennifer Garner!
— Quem?
— A nossa vizinha. Morena exibida!
Fiquei chocada.
— Mas vocês não são primos?!
— Não exatamente. Somos primos de consideração. Fomos criados juntos pois nossas mães são amigas desde infância e tal. Mas.... eu nuca imaginei que isso aconteceria comigo.
— Se apaixonar?
— Você quer dizer me iludir, não é?!
Dei de ombros.
— Ei, você esqueceu? Você é Lauren Conrad. A loira nerd e com corpo de modelo que pode ter qualquer homem com apenas um sorriso! Você pode conquistar ele também. E se precisar, pode me chamar.
Ela olhou para mim com aqueles lindos olhos verdes inchados.
— Você acha mesmo isso?
— Eu acredito! E você também deveria. - Pisquei para ela e finalmente a vi sorrir. - Vamos. Antes que Lucas venha aqui e nos pegue pelos cabelos!
Lauren limpou o rosto, suspirou e se ergueu.
— Você está certa. Eu posso! Eu consigo!
— Isso! Sim!
— Vou me vingar.
— O que?! Não!
Naquela hora percebi que eu era péssima em comunicação.