Fix Me escrita por Angel


Capítulo 16
Segredos


Notas iniciais do capítulo

Eii, como pedido de desculpas, estou dando a vocês mais um capítulo fresquinho. Hehe.
ESpero que gostem!
Kiss



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/673607/chapter/16

Acordei com os olhos ardendo, com certeza eles devem estar inchados depois de ontem. Me mexi um pouco e senti algo quente em minha volta, pisquei algumas vezes e encontrei Lucas bem próximo de mim. Era bom, me sentia segura, sentia que o mundo não iria acabar enquanto eu estiver com ele. Levantei um pouco o pescoço para ver seu rosto, sua linda expressão de calmo, nem parecia aquela pessoa brava de antes. Arrumei o coque do cabelo e continuei ali.

“Aquilo aconteceu mesmo? Ou foi apenas um sonho?”

Não saberia responder, mas logo afastei esse pensamento e voltei a olhar cada detalhe do rosto de meu irmão, que ainda estava dormindo. Não conseguia me mexer, pois seus braços estavam em volta dos meus, me apertando mais contra seu peitoral desprotegido. Tentei ao máximo ignorar aquilo para não estragar o clima, mas senti meu rosto queimar um pouco. Fazia tempo que não ficávamos perto um do outro assim. Abaixei a cabeça voltando para a visão inicial, fechei os olhos e respirei fundo.

“Ele ainda tem aquele cheiro amadeirado que eu amo.”

Fiquei lá mais um pouco lembrando de nossa infância, de quando brincávamos juntos no quintal da vovó enquanto nossos pais trabalhavam sem parar. Mas uma dúvida passou em minha cabeça. Não lembro de nada de quando eu tinha mais ou menos dez anos. O que será que houve?

Minha última lembrança era da vovó brigando com meu pai. Sua expressão era de assustado. Eu estava escondida num pequeno armário que tinha na cozinha da vovó Nana, eu estava brincando de esconde-esconde com Lucas, quando comecei a ouvir um pouco da conversa deles.

“ - Eu não disse que eles eram perigosos?! Porque você nunca me ouve?! Se seu pai estivesse aqui...

— Mas ele não está! - Papai levantou-se da cadeira e ficou frente a frente com a vovó. - Ele nos abandonou, lembra?

— Você sabe muito bem o porque! Não o culpe! Ele não teve escolha! Mas você tem. - Ela colocou suas mãos enrugadas nos rosto de Mark. - Saia daquele grupo antes que você coloque sua família em perigo.

— Se eu sair agora perderei tudo.

— Não irá perder tudo, terá sua família com você. Ao seu lado. Não é o suficiente?

Ele olhou para baixo por um momento, mas logo encarou-a com confiança.

— Não.”

Abri os olhos e encontrei aqueles lindos olhos caramelo me encarando. Me perdi neles, até ouvir sua voz rouca.

— Bom dia, minha pequena. Está tudo bem?

Suspirei e sorri.

Que bom que tenho ele para alegrar meu dia.”

Sim. E você? Dormiu bem?

Ele me apertou mais um pouco, fazendo-me encostar a ponta do meu nariz em seu peito.

— Muito. E, a propósito, seu nariz está gelado.

Rimos baixo. Fechei os olhos e estiquei meus braços e enrolei-os em seu pescoço, subindo um pouco e olhando em seus olhos.

— Assim está bom?

Ele ficou surpreso, mas depois sorriu, fazendo carinho em minha bochecha.

— Sim.

Encostamos nossas testas e ficamos mais um pouco assim, até ele levantar um pouco a cabeça em direção ao relógio digital que ficava no criado-mudo atrás de mim. Voltou a posição inicial e suspirou mostrando um sorriso.

— Ainda está cedo.

Ri com sua expressão e senti os olhos arderem um pouco ainda. Foi quando percebi que eu estava com a cara vermelha e inchada. Empurrei Lucas, fazendo-o cair da cama e me cobri com a coberta.

— Alice, qual é o seu problema?! Está frio sabia?

— Meu rosto!

— O que tem ele?!

— Está horroroso! Não olha!

— Esse é o problema?! - Senti sua mão me empurrar um pouco e senti seu corpo voltar para debaixo das cobertas. Ele me virou pela cintura e me abraçou de costas. - Se esse é o problema então não vou ver ele até desinchar, tudo bem?! Pois daqui não saio! Está o maior frio!

— Falou a pessoa que está sem camisa!

— Isso é vício que não consigo largar, você sabe!

Ri. Encarei o relógio, Quatro da manhã. E lembrei do sonho.

— Lu, o que houve ontem?

Senti seus músculos travarem.

—Do que você se lembra?

— De estar na enfermaria do campus e ver... - “Não posso contar sobre o James” - Você e o papai.

Ele me apertou mais um pouco.

— Você... - ele parou e limpou a garganta. - estava com a pressão baixa.

— Sério?! Mas tinha acabado de almoçar.

Senti ele travar.

Ele estava mentindo.”

Lu, me conte a verdade. O que tinha naquela pasta?!

— Pasta?!

Ele sussurrou. Eu ia me levantar para encará-lo, mas ele me segurou mais forte contra seu peito. Deu para sentir os batimentos do seus coração, rápido.

— Lucas Wayne, me solte agora e me explique o que está acontecendo!

— Você... - Sua voz estava falhada, como se estivesse segurando o choro. - confia em mim?!

— Você será sempre o primeiro a quem confio meus segredos. - Coloquei minha mão sobre a dele e acariciei. - Mas você também pode confiar em mim, sabia?

Seu rosto encostou em minha nuca, senti algo molhado e quente escorrendo entre seu rosto e meu pescoço. Apertei sua mão que agora estava tremendo.

— Alice, você sabe que te amo e sempre te protegerei, não é?

— Você sempre me protegeu, porque duvidaria agora?

Ele apertou mais o abraço, e não falou mais nada por muito tempo.

— Me perdoe. Me perdoe. Me perdoe. - Ele não parava de repetir, e cada vez mais baixo, até ele cair num sono novamente.

Fiquei assim até meu braço começar a formigar e, com cuidado, virei para vê-lo. Ele estava vermelho com marcas de antigas lágrimas. Beijei-lhe na testa e sussurrei.

— Eu sempre irei te perdoar, porque te amo. Nada vai mudar isso, prometo.

Voltei a dormir.

***

Quando acordei, nada mudou, apenas a luz no quarto que bateu contra meu rosto, já estava tarde, pude sentir isso. Lucas ainda estava dormindo, me afastei cuidadosamente e olhei o relógio, 9:07.

Se Lucas ver isso, ele pira.”

Ao acabar de pensar, sentir algo se mexer. Ele estava acordando, se espreguiçou e abriu os olhos, piscando algumas vezes até a visão voltar ao normal.

— Bom dia, dorminhoco.

— Bom dia, minha pequena...- Ele olhou para mim e foi direto ao relógio. Ele ficou parado por um tempo. - Espera.

Automaticamente contei.

“3,2,1...”

Sentei na cama e me apoiei a parede.

— Agora.

Em seguida Lucas pulou, jogou a coberta em cima de mim e correu para o seu quarto.

— ESTOU ATRASADO! ALEX VAI ME MATAR!

Me ajeitei e arrumei a cama indo, em seguida ao encontro de meu desesperado irmão sem-noção. Me apoiei na porta que estava aberta e o vi quase cair enquanto colocava sua calça jeans e escovava os dentes.

— Lucas?

— Não posso falar, estou atrasado.

Me aproximei e fiquei no meio de seu quarto, ele simplesmente passava por mim e ia para lá e para cá.

— Lucas?

Cantarolei seu nome.

— Atrasado!

Coloquei meu pé na sua frente, fazendo aquele grandão cair, sorte que ele já tinha acabado de escovar os dentes. Ele se virou, ainda deitado e me encarou.

— Você tem cinco segundos para explicar antes que eu te carregue de pijama até o hall do prédio.

O encarei de cima para baixo, me sentindo o poderoso chefão, sorrindo malicioso.

— Que dia é hoje, meu fofo?

— Dois segundos.

Fiquei séria e apontei ao calendário que ficava ao lado da porta.

— Sá-ba-do.

Falei pausadamente. Lucas demorou mais que o normal para entender e depois soltou um simples “Ah”. Ri e estiquei a mão para ajudá-lo a levantar, ele pegou e me puxou para baixo fazendo cócegas.

— Isso é por não ter me falado antes!

Depois de minutos infinitos de tortura, o encarei em cima de mim rindo comigo. Coloquei minhas mãos em seu rosto e o puxei para perto de mim, o abraçando.

— Eu te amo, seu grandão.

— Também te amo, minha pequena.

Ele me levantou e me deixou em seu colo, apertando mais ainda nosso abraço. Senti meu coração acelerar um pouco, mas já era normal. Esse sentimento não passava de amor de irmão, um amor que sinto por ele desde que me lembro. Um amor especial, pois ele não é só meu irmão, mas também minha família, única família, a quem confio meus segredos.

“Segredos”

Essa palavra está me perseguindo faz algum tempo, me incomodando, fazendo minha vida mudar, para pior. Fazendo-me desconfiar em quem eu mais confiava. Como uma simples palavra pode mudar tanto alguém? Essa maldita palavra que me separou de meu pai, que matou meus avôs e agora está me matando aos poucos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Uou, logo logo eu falo a vocês o segredo dessa história.
Topam? Ou querem esperar mais um pouco?
Kiss



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Fix Me" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.