Fix Me escrita por Angel


Capítulo 12
Vision


Notas iniciais do capítulo

Para minhas queridas meninas e os fantasmas...
Ruiva e Umaescritorasemnome
Espero que gostem



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     Evan Conrad

 

P.O.V Mark

— Então, gostaria de me explicar o que houve?

Voltei a sentar na frente do médico que fez o mesmo em sua cadeira de couro. Ele olhou sério para mim, respirou fundo e pegou uns papéis que estavam num canto de sua mesa.

— Você ama sua filha?

— Mas que pergunta besta. É claro!

— Você conhece sua filha para dizer que a ama?

— Lógico que sim, sou o pai!

— Tem certeza? Então que é sua cor favorita?

Aquela pergunta me fez calar a boca. Eu podia mentir, mas mentiria até para mim se respondesse. Aquilo já estava me irritando e queria ir embora logo.

— Doutor, se não tem nenhum assunto importante, irei me retirar.

Levantei e fui em direção á porta até ele me impedir.

— Senhor Wayne, não sou vidente e nem psicólogo, mas sei o que é um problema familiar quando vejo um. E o seu é um dos piores casos que já conheci.

— Se eu quisesse alguma opinião, perguntaria á minha esposa e não para um médico.

Me virei e o vi em pé na minha frente, com aqueles papéis estranhos.

— Falo isso para seu bem e, principalmente, pelo bem de Alice.

— Do que você está falando?!

Percebi tristeza em seus olhos. Ele me esticou aqueles papéis e eu os abri. Li várias coisas que não entendia, mas uma frase eu havia entendido. Uma frase que conseguiu me assustar e fazer minhas mãos tremerem, sentei na cadeira novamente sem tirar os olhos daquela frase, que acabou comigo.

— Eu, sinto muito.

— Quando... foi que você fez esses exames?

— Após o pequeno “acidente” de Alice aqui, fui visitá-la e ver como ela estava. Percebi que sua aparência estava um pouco diferente, então pedi alguns exames. Eu sinto muito. E peço passo que aproveite esse tempo para conhecê-la melhor.

Fechei a pasta que tinha os papéis e coloquei em cima da mesa, esfreguei meu rosto com as duas mãos e segurei para não reagir do jeito que ele esperava que eu faria. Respirei fundo duas vezes e me levantei agradecendo pela conversa e pelo conselho. Ele não disse nada, apenas assentiu e voltou sua atenção ao computador. Sai daquela sala sem saber como reagir. Procurei por Alice que não estava no meu campo de visão, o corredor não tão grande e dava para ver qualquer um que ali estava, ou seja, apenas o segurança e a recepcionista. Olhei em volta e nada da minha filha, meu coração apertou um pouco, quando iria gritar seu nome, senti uma pequena mão tocar meu ombro, olhei para trás e a vi ali. Sem pensar duas vezes a abracei forte, acho que a assustei com esse ato, pois ela quase da um passo para trás.

— Está tudo bem?

— Sim, apenas estou cansado. Vamos?

Ela assentiu e fomos para o estacionamento pegar o carro. Na volta ouvi um barulho estranho.

— Está com fome?

— D... Desculpe... eu... não como desde de tarde, mas quando chegar em casa eu faço um lanche.

— Também não como faz um tempo, quer ir á uma lanchonete?

— Sério?!

Parei no sinal vermelho e a olhei, mas não encontrei minha filha que estava quase adulta. Vi uma menina, tão pequena que balançava os pés no banco pois não conseguia alcançar o chão do carro, ela estava de vestido branco e laço rosa na cintura, seus cabelos estavam soltos com cachos nas pontas e um sorriso imenso que aqueceu meu coração no momento.

— Pai? - Pisquei algumas vezes e encontrei minha filha perto de mim, com suas mãos quentes em meu rosto. - Você está bem?

— S.. sim. Apenas com fome.

— O sinal abriu.

— Ah, claro.

Voltei a dirigir e a levei para a minha lanchonete favorita. Chegamos e abri a porta para ela, que estava surpresa com o lugar. Não era para pessoas ricas, mas era bonito, aconchegante e tranquilo, um lugar que gosto de ficar quando quero ficar sozinho.

— Nossa, pai. É lindo!

— Espere só ver por dentro.

Entramos e o lugar pareceu aumentar, era um lugar acústico, com enfeites do interior, mas sem muito exagero. Sentamos numa mesa perto da parede, tirei o imenso vaso de flores que tampava minha visão e me impedia de conversar com Alice. Quando eu ia falar, a vi olhando o lugar com brilho nos olhos, e assim tive outra visão. Uma pequena menina em pé na cadeira, girando e olhando para tudo que havia em sua volta, perguntando o que era as coisas que não sabia e animada por descobrir algo novo.

— Pai!

Voltei á realidade e vi Alice com o cardápio na mão e uma moça em pé esperando eu falar meu pedido.

— Desculpe, o que você pediu?

— Eu já disse, eu não sei o que pedi. Escolhe para nós.

— Está bem. - Peguei o cardápio da mão dela e entreguei á moça. - Quero dois Washington e dois sucos de morango com leite.

A moça anotou e saiu. Voltei minha atenção á minha filha que estava sorrindo para mim.

— Você ainda se lembra.

— Do que?

Perguntei sem entender sua felicidade.

— Do meu suco favorito.

— Eu... foi automático. - Falei olhando para a flor. Ouvi seu riso fofo e sincero, música para meus ouvidos. Fazia tanto tempo que não conversava com ela, não lembrava o quão bom era ficar ao lado de minha filha. - Então... como vai na escola?

Ela olhou para mim com careta.

— Você quer dizer faculdade, não é?

Faculdade?! Quando foi que ela entrou na faculdade?!

Tentei disfarlar minha surpresa.

— É, isso. Ainda não estou acostumado a falar isso. Parece que foi ontem que você vinha correndo nos corredores. - Olhei para Alice que parecia surpresa, mas logo abaixou a cabeça e sussurrou alguma coisa que não ouvi. - Então, Alice. Como é a faculdade para você?

Ela respirou fundo, esfregou o rosto com as duas mão e depois prendeu seus longos cabelos em um nó folgado. Ela parecia com a mãe, Helena, só que de cabelos castanhos claros e olhos cor de mel.

— É enorme! Você acredita que hoje eu fui com Lucas para a escola e nos...

Quando ela estava quase terminando a frase, ouvi meu celular tocar.

— Desculpe, você pode me dar licença?

— Claro.

Ela falou desanimada e olhando para a flor. Levantei e sai dali, indo para fora, onde estava frio. Felizmente eu sabia distrair o frio. Atendi.

— Fala, velho!

— Charlie.

Falei seco.

— Credo. Dormiu em cima do teclado do computador de novo?!

— Não, mas estou ocupado, então se não for nada de importante vou desligar.

Charlie era um empresário que tinha vários contatos e, por causa disto, me ajudava nos meus casos quando eu não dava conta sozinho.

— Se você desligar, irá se arrepender.

— Isso é uma ameaça?

— Pode pensar assim se você considerar o que irei falar de importante.

— Fala logo! Estou ocupado.

— Ocupado o suficiente para não vir aqui na prédio ver as fotos que consegui?

— Fotos?

— Sim, fotos. Sabe o caso que vocẽ pediu para eu pesquisar? Então, além de informações, tenho fotos como provas. Mas se você não quiser, verei com outro...

— Espera. - Falei quase gritando. Suspirei e olhei para a janela que tinha ao lado da porta. Lá, eu conseguia ver Alice no balcão rindo com um barman. - Me dê uma hora que estarei ai.

— Esse é o Mark que conheço. Está bem, uma hora. Até daqui a pouco.

Desliguei e entrei sem saber o porque Alice estava conversando com um estranho.

— Alice?

Ela olhou para mim, ainda rindo. Ela estava apoiada no balcão, bebendo seu suco.

— Oi, pai. - Esta se levantou e apresentou o rapaz. - Esse é Evan, meu colega do curso de línguas. - Evan, este é meu pai.

— Mark Wayne.

Falei esticando a mão, ainda sério.

— Evan Conrad.

Ele apertou firme, mas com um sorriso no rosto. Era um garoto normal com cara de nerd. Alto, magro, cabelos lisos num topete, óculos e uniforme de barman.

Os lanches chegaram e logo pedi ao rapaz para embrulhar par viagem. Ele olhou estranho para mim e depois para Alice, que estava com o mesmo olhar. Quando ele se afastou ela virou para mim séria.

— Alice, precisamos ir.

— Jura? Porque?

Ela cruzou os braços ainda me encarando. Aquilo me irritou um pouco.

— Porque sim! Porque sou seu pai!

— Você deixou de ser meu pai há anos!

Aquilo me tocou, mas a raiva falou mais alto.

— Não vou aturar desobediência de um filho meu. Vamos agora.

Meus pulsos já estavam fechados, e minha voz saiu um pouco mais alto do que o normal. Sorte a minha que a musica me cobriu e não houve olhares para nós, por enquanto.

— Pode ir. As coisas que você faz é mais importante que sua família.

— Não vou deixar você aqui sozinha. Vou te levar para casa. Agora, vamos.

Os lanches já estavam prontos para a viagem, menos ela.

— Cansei! Cansei de tentar ser a filha perfeita e mesmo assim você não me olha, não me dá atenção. Cansei, me deixa!

— CHEGA! - Percebi que falei um pouco mais alto agora, pois todos estavam nos olhando, mas esse não foi e problema maior. Vi Alice se afastando, com aquele olhar. O olhar que me lembrou o motivo do nosso afastamento. - Vamos embora agora.

Peguei nossos lanches e puxei Alice pelo pulso, arrastando-a até o carro. Entramos e saí dali correndo. Cheguei na frente do prédio onde morávamos em menos de dez minutos, ela saiu sem dizer nada e correu para dentro, deixando apenas meu terno e um lanche, o meu.

Dirigi até o prédio onde trabalho, o que levou mais ou menos meia hora. O carro estava silêncioso, não reclamaria sobre isso, se não tivesse discutido com minha filha. Anos sem nos falar direito e é isso que acontece? Parei o carro na entrada principal e encostei minha cabeça no volante, dando um soco neste, xom a esperança da minha raiva sumir, falhei.

— Você é um perfeito pai, hein! Mesmo com aquela noticia, nada vai mudar. Não com você.

Esfreguei meu rosto e entrei, fui para o elevador que me levou até o décimo terceiro andar. Sai e fui até o final do infinito e silencioso corredor onde encontrava meu escritório. Entrei e vi o relógio digital que ficava pedurado na parede perto do mini bar que fiz ali.

— Ainda tenho quinze minutos.

Andei e sentei em minha grande cadeira de couro, olhei em minha volta e depois para o lanche que eu havia deixado em cima da mesa. Abri ele e vi o encarei sem muito apetite, fechei novamente. Encotei a cabeça no aconchegando couro e fechei os olhos, consegui enxergar Alice com medo e se afastando de mim. Tentei me aproximar, mas ela sumia na minha frente. Abri os olhos aos pouco, ainda com essa imagem na cabeça, abri a segunda gaveta da mesa e vi lá várias fotos da nossa família e uns papéis velho. Mais ao fundo consegui pegar o que queria, uma folha sulfite que estava dobrada ao meio, quando abri, encontrei um desenho de minha família, Helena com um vestido vermelho, Lucas fazendo pose de forte e Alice com um longo vestido rosa e eu com uma coroa, todos juntos e em cima, com a pior letra que já vi, escrita em giz de cera, “família feliz”. Senti meus olhos arderem e, desta vez, não consegui segurar as lágrimas.

— Idiota!

Assim fiquei até dar o tempo de ver Charlie e voltar ao mundo real, o meu mundo, o inferno.

 

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Então...
ESpero que comente!
Kiss



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