"A dreamy-eyed child staring into night
On a journey to storyteller`s mind
Whispers a wish speaks with the stars the words are silent in him
Distant sigh from a lonely heart..."

Luna desceu mais cedo junto a Gina para as Masmorras. As duas primeiras aulas eram de Poções e a ruiva não terminara sua tarefa da matéria ainda. Acabaria na sala, antes da aula começar. Dessa forma, Luna estava livre por alguns minutos, sentada em seu lugar, para desenhar e divagar sobre a vida.

Num daqueles movimentos inconscientes, ela desenhou um raio. Harry Potter. O pensamento mais recorrente que ela vinha tendo nos últimos dias. Ela não sabia dizer o que era ou porquê, mas pensava muito nele. Será que ela estava apaixonada, como muitas de suas colegas afirmavam por aí estar? O que fazer, como descobrir, como se portar perto dele? Será que ele sentia perto dela o que ela estava sentindo? Será que ele estava pensando nela naquele momento?

Os pensamentos corriam depressa, fazendo Luna desligar-se por completo do tempo e do espaço. Com a cabeça levemente inclinada e a pena na mão, a garota parecia em transe, absorta em outra realidade. Coisa que ninguém notava, porque ela era a Loony, a lunática. Gina perceberia, mas estava muito ocupada. Então ela continuou divagando. Tão imersa estava que não sentiu os dois cutucões da amiga, um tempo depois. Nem os olhares dos colegas ao redor.

— Poderia ler para nós seu relatório, senhorita Lovegood? Estamos ansiosos por ouvi-la.

Demorou quatro segundos para que Luna aterrizasse. Levantando a cabeça, encontrou primeiro o olhar aflito de Gina, e depois os curiosos colegas a observá-la. Todos em silêncio. Por fim, olhando à sua frente, encontrou o olhar gélido do professor Severus Snape.

Ele estava a 30 cm de sua carteira, com os braços cruzados e o rosto impassível de sempre. Apesar do que todos falavam, Luna não o achava nojento ou seboso. Ela conseguia naquele momento mesmo perceber que ele havia acabado de tomar banho. Um suave olor de almíscar e verbena brotava da direção onde ele se encontrava, e os cabelos pareciam ainda úmidos, com as raízes brilhantes. Apesar de tudo e todos, Snape a agradava muito.

— Me perdoe, professor, mas meu relatório não está lá essas coisas...

— Deve estar sim, para a senhorita se dar ao luxo de não prestar atenção à aula e ficar divagando feito sonâmbula.

— Me perdoe, professor - ela o fitou e abaixou os grandes olhos azuis -, não vai mais acontecer.

Snape ficou ainda impassível diante daquilo, mas o olhar da pobre lunática o provocou. Ao voltar para o lugar, virou-se e mais uma vez encarou a jovem, dizendo:

— E não, senhorita Lovegood, ele não a ama. E nem vai. E nem você está apaixonada. Use seu tempo livre com coisas úteis.