Único - A guerra... Acabou.

Tudo o que eu podia ver era sangue. Ah sim, fumaça e gente morta também. Eu queria correr, queria ir lá embaixo no vale buscar Stephen. Queria dizer o quanto eu o amava, pelo menos antes dele morrer. Mais eu estava presa. Howard, meu irmão, me segurava pelos braços. Eu chorava. Eu gritava. Eu fazia de tudo para me soltar, porém o esforço era em vão. Eu sabia que Stephen nunca me amaria. Afinal, eu era uma simples serva, e ele um homem nobre. Ambos tínhamos 15 anos, e sim, podemos dizer que seria precoce amar nesta idade. Mas, o que eu podia fazer? Sentimentos não são controlados, eles simplesmente nascem em nós, e abitam em nós.

A Colina onde eu estava era alta. A guerra ficava somente no Vale, e os cavaleiros do rei haviam levado a população lá para cima. Henrique não lutava, pois era doente, asmático sério. Minha mãe havia morrido, assim como meu pai.

Só sobrou eu e ele. 

- Howard - implorei - me solte. Por favor. Por favor.

As lágrimas escorriam dos meus olhos incontrolavelmente. Eu tentava segurá-las, porém nada conseguia. Meus olhos deviam estar vermelhos de tanto chorar.

Howard então me soltou.

- Vá Rose. Vá salvá-lo.

Entrei em certo estado de choque. Não acreditei que meu irmão, sempre tão preocupado comigo, me deixasse ir.

No entanto, eu estava feliz.

- Vá - ele disse, serenamente.

Corri colina abaixo.

O estado do vale era terrível. Muita, muita gente morta. Eu corria para chegar na casa do patrão, corria, corria. Ela era no final do vale. Quando cheguei lá, ela estava vazia. Os franceses já haviam destruído-a totalmente.

Agachei. Levei a mão ao rosto, e apenas chorei. Fiquei lá até o dia acabar. O exército da França se foi, com a vitória. Quando anoiteceu, eu sai, e vi a quantidade de mortos que se espalhavam por ali. Fiquei sabendo que os pais de Stephen morreram, mais ele, não achei por lugar nenhum. Até que seu velho amigo, ferido também, me disse que ele também estava morto, e me entregou uma carta.

Meu coração doía. 

Eu preferia morrer a perder ele. 

Queria pelo menos dizer que o amei sempre, mesmo não sendo correspondida.

De tudo o que ele tinha, apenas uma carta sobrou.

E nesta carta, ele disse que me amou. Me amou muito.

Assim como eu, pensei. Eu te amarei para sempre.

Foi ali, que a guerra acabou. Tanto dos países... como dos sentimentos.