“Minha mãe vai ficar preocupada (Docinho, não se preocupe)

E meu pai vai ficar andando de um lado pro outro (Ouça o barulho da lenha queimando na lareira)

Então, é melhor eu me apressar (Docinho, por favor, não tenha pressa)

Bem, talvez só mais meio drinque.. (Coloque um disco pra tocar enquanto eu sirvo)”

Lily olhou para o relógio novamente, como se mais trinta segundos fizessem alguma diferença. Já estavam parados a uma hora, o trem ainda estava silencioso o que deixava a ruiva ainda mais nervosa.

— Isso tudo é vontade de estar em casa? - perguntou James, ele estava deitado ocupando todo o banco com as pernas dobradas porque era muito grande.

— Você não quer ir pra casa?

Ele deu ombros ainda observando o teto da cabine. Lily sentiu um arrepio de frio e esfregou mais os braços, devia ter escolhido um casaco mais quente.

— Meus pais só falam sobre a possível guerra, os negócios, e sobre a proteção para os trouxas. - James voltou a falar. - Claro que com Sirius morando lá eles disfarçam, mas a tensão é inevitável.

— Meus pais nem fazem ideia que pode haver uma guerra.

— É com isso que está preocupada?

Lily assentiu se deitando no banco também,onde ela cabia inteira. Sabia que não devia se incomodar pois James era muito alto de qualquer jeito, mas mesmo assim dobrou um pouco as pernas.

— Eu estou preocupada se a minha mãe vai se preocupar, se isso fizer sentido. Pelo o que dizem Você Sabe Quem pode atacar o mundo trouxa a qualquer momento,se eu morrer aqui,ou algo assim, quem vai avisar meus pais e proteger eles? Não que eu possa fazer muito mas…

— Eu acho que você pode derrotar um comensal da morte fácil. - comentou James fazendo a ruiva rir.

— Eu tenho a maior nota em Defesa Contras as Artes da Trevas por estudo mesmo, Potter.

— Não sei não, aquela vez que duelamos você pareceu bem decidida em me derrotar.

— Eu estava com raiva de você.- respondeu Lily se lembrando da aula de duelos que tiveram no ultimo ano.

— E quando não está?

— Bom ponto.

— E quando você está com raiva de mim? - perguntou Lily.

— Não acho que isso seja possível. - respondeu ele voltando seus olhos castanhos para ela, Lily sentiu a cabina diminuir ainda mais, como se os olhos dele a atraísse para mais perto, como se isso fosse possível.

Então eles começaram a rir, talvez fosse pela quantidade de silencio constrangedor que se instalou rapidamente, mas Lily sentiu que suas risadas encheram a cabine toda de alegria. Uma meio idiota e adolescente,mas ainda era alegria. A ruiva se sentiu mais calma, nunca pensou que ficaria calma perto de James Potter, principalmente presa com ele. Ela não fazia por mal, tinha alguma coisa nele que provocava algo nela, Lily sempre tentou culpar sua mania de mexer nos cabelos, arrumar os óculos e dar aquele sorriso, mas era algo mais, algo que ela não conseguia ver.

— Imagina que estranho quando o trem voltar a andar e as pessoas perceberem que ficamos todo esse tempo presos sem nos matar. - comentou ela.

— Será que vão ficar decepcionados?

— Ou surpresos?

— Será que vão nos testar psic- psicologi…- ele balançou a cabeça tentando achar o jeito certo de falar, algumas palavras trouxas eram difíceis para bruxos de sangue puro.

— Psicologicamente. - Lily completou, ele assentiu. - Provavelmente.

— Mas, eu nunca te mataria sabe. - disse James finalmente virando a cabeça pra mim.

— Nunca? - ele negou com a cabeça, aquele pensamento ficou na cabeça da ruiva. Ela mataria James Potter? Alguns anos antes a resposta seria sim, absolutamente, com certeza, vamos agora. O que tinha mudado? Por que a imagem daquele garoto sem vida a assombrou tanto?

— Lily? - ele a chamava

— Oi?

— Está tudo bem? Você está me encarando a um tempo, não que eu esteja reclamando óbvio. - Lily voltou o olhar para o teto rapidamente sentindo seu rosto esquentar.

— É impressão minha ou está ficando mais frio?

Ela abraçou mais o corpo tentando achar uma posição confortável no banco de couro, mas tudo estava gelado. Logo ela sentiu uma mão quente em sua testa, era James ajoelhado ao seu lado.

— Você está com febre.

— O que?

O coração da ruiva se perdeu numa batida quando conseguiu ver suas respirações se transformarem em névoa e se juntarem. James ficou em estado de alerta e sacou sua varinha, só então Lily percebeu que tinha barulho de passos no corredor.

— James… - ela sussurrou, o moreno continuou a encarar a porta. - O que pensa que vai fazer?

— Lutar. - ele apertava a varinha tão forte que os nós de seus dedos ficaram brancos.

— Não pode fazer isso.

— Acha que eu não tenho chance?

— Não,eu acho que vai nos matar se tentar alguma coisa.

Os passos estavam se aproximando. Lily tentou se levantar mas a cabine a sua volta girou a obrigando a se deitar de novo, então ela fez o que conseguiu, esticou o braço e segurou a mão de James Potter.