Whispering escrita por Brubs


Capítulo 12
Love Disease


Notas iniciais do capítulo

"You're mine and I'm yours and if we die, we die but first we'll live" - Game of Thrones



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/673197/chapter/12

O céu tinha se transformado numa explosão laranja e esse foi o momento que Rey desistiu de viver pelo dia, resolveu dormir e concordou que era a melhor coisa a se fazer. Agora estava na beira do local, arvores curvas formando um círculo perfeito e destroços por todos os lados junto com corpos queimados.

Eu já vi isso, eu já vi isso. Rey pensa assim que chega e se vira. Não de novo, não. Eu não aguento. Bellamy ia ao lado de Clarke, sem perceber que ela havia ficado para trás.  Eu apenas quero esquecer.

Eu estou com meus pés no local onde no outro dia havia meu quarto, meu pai procura algo que possamos usar com a minha mãe. Josh está sentado e observando tudo, eu apenas olho para chão negro. O céu brilhava, era um dia lindo. Cyrus coloca sua mão no meu ombro, não sei o que iria fazer se ele não estivesse aqui. Ele beija minha testa, sempre fazia isso quanto estava na frente dos seus pais. Ontem, Cyrus havia me abraçado e me beijado, tinha um gosto salgado de lágrimas, ambos tremiam e procuravam uma fonte de segurança no outro.

Tentamos salvar os pais deles, mas eles não queriam ir embora sem o resto da estação e morreram assim.

Não sei como Josh está, apenas quatorze anos, ele entende o que aconteceu e sente o mesmo que nós. A noite passado foi um silencio horrível, ninguém ousou falar nada e está assim até agora. Ainda não ouvi a voz do meu irmão, ele apenas assente com a cabeça e anda.

Uma explosão acorda Rey do transe, todos estavam no meio do campo queimado e ela estava na borda, Raven grita para esvaziar o local e Bellamy ordena o mesmo, mas com um tom de líder. Ele se aproxima dela, e a segura pelo braço:

— O que aconteceu? — Bellamy pergunta com a arma perto dele.

— Apenas não gosto muito daqui, me lembra de coisas nada agradáveis. — Ele observa o local e entende.

— Vamos embora, então.

Rey estava quieta desde do acontecido, tentava lembrar, mas nada vinha. Os selvagens não fizeram nada com ela, seu corpo estava intacto a não ser por alguns arranhões. Bellamy tentava perguntar e entender, porém nem Rey sabia e responder ficava difícil. Nenhuma resposta dos ataques aconteceu, estava estranhamente calmo até...

— Bellamy! — Derek diz assim que eles chegam no acampamento — Murphy voltou.

—____________________________________________________________________________

Murphy estava num canto da nave, cheios de cortes e sangue, seu olho era uma gosma, a mesma que cobria seu corpo. Ele gemia e chorava no canto.

— O pegamos tentando entrar aqui. — Derek diz com a arma perto dele.

— Não estava tentando entrar, tava fugindo dos terra-firmes — Ele fala com uma voz fraca.

— Alguém viu terra-firmes? — Bellamy pergunta com raiva e com sua arma na mão.

Todos acenam em negação.

— Bem, nesse caso... — Ele mirava com a arma e o dedo pronto no gatilho.

— Qual é o seu problema? — Finn se aproxima e abaixa a arma dele.

— Fomos claros no que aconteceria se ele voltasse!

— Se ele estava com os terra-firmes, sabe de coisas que pode nos ajudar!

— Ajudar? —A arma ainda estava pronta na mão de Bellamy — Nós o enforcamos, banimos, agora vamos mata-lo. Saia da minha frente!

— Não, Finn está certo — Clarke diz e se aproxima de Murphy, tentado o ajudar.

— Uma ova que ele está! Pense na Charlotte!

— Eu estou pensando nela. O que aconteceu com Charlotte foi tanto a nossa culpa como foi dele. E Murphy não está mentindo, suas unhas foram arrancadas. Ele foi torturado.

— Você e os terra-firmes deviam comparar os métodos — Finn diz e Rey apenas observava, preferia manter longe de questões diplomáticas.

— Os terra-firmes sabem que estamos em guerra — Bellamy vira-se para Murphy — O que falou sobre nós?

— Tudo, eu os contei tudo — Murphy diz com uma voz estranhamente calma.

—____________________________________________________________________________

O rádio estava mudo, assim como Bellamy do outro lado da cama quando Rey acorda. Os dois se olhavam, mas não falavam nada. Foi quanto uma onda de gritos surge que ambos levantam e trocam palavras.

Todos estavam desesperados, alguns tossiam e outros não sabiam o que fazer. Bellamy pega sua arma e procura por Clarke dentro da nave, Rey o seguia também querendo saber o que estava acontecendo.

— Fiquem ai! — Clarke grita assim que ambos entram na nave.

— Ele fez algo para você? — Bellamy pergunta sem saber direito o que fazer. — O que está acontecendo?

Duas simples palavras saíram da boca de Clarke:

— Guerra biológica. — Ela diz soando cansada, mesmo com o dia tendo começado agora — Estava esperando a retaliação? É isto. E Murphy é a arma.

—____________________________________________________________________________

— Essa é a sua vingança? Ajudar os terra-firmes a nos matar? — Bellamy gritava com raiva acusando Murphy de tudo.

— Eu não sabia, juro!

— Pare de mentir! Quando eles virão?

— Murphy, apenas pense, por favor. Você ouviu algo?

— Eu a ouvi — Murphy diz apontando para Rey — Gritando coisas sem sentido e coisas na língua deles. Então a vi passando pela minha cela, no outro dia a porta estava aberta. Eu te chamei, Rey, e você me deixou lá.

— Eu...sinto muito, Murphy — Rey diz com uma voz tremula. Eu não era eu no momento — Não me lembro de nada.

— Eles são perversos, vocês são cruéis.  — Murphy a acusa e ela não consegue se defender, ele estava certo.

— Você quer ver perversidade? — Bellamy se aproxima e Rey o segura pelo o ombro.

— Pare, o que seja que for espalha por contato — Ela diz e Clarke concorda.

Finn entra na nave a procura de Clarke, ela dá um sermão dizendo que ninguém deveria estar lá.

— Clarke, o que é isso — Finn pergunta olhando ao redor.

— Eu não sei. Algum tipo de febre hemorrágica. Apenas precisamos conter antes-

Um menino começa a engasgar loucamente, seu corpo tremia e as tosse não cessavam. Clarke se aproxima para ajudar, mas o garoto apenas cai mole no chão.

— Ele está? — Rey pergunta atrás de Bellamy.

— Morto. — Clarke confirma ao checar o pulso.

— O que iremos fazer? — Bellamy pergunta desesperado.

— Quarentena — Ela responde com certeza — Reúna todo que tiveram contato com Murphy.

— E todo que eles tiveram contato? — Rey pergunta percebendo o tamanho da enrascada.

— Precisamos começar de algum lugar. — Então Clarke se vira para Connor, que sangrava pelo nariz deitado numa parte da nave — Connor, quem estava com você quando o encontrou?

— Octavia foi a primeira a chegar.

E assim o coração de Bellamy para de bater, Rey podia sentir.

—____________________________________________________________________________

Rey estava examinando uma garota quando a gritaria começou, ela se afasta da multidão armada procurando de proteger. Um bando de adolescentes com medo e armados não era a coisa mais segura do mundo.

Três tiros. Deu merda. Clarke havia atirado para o alto, agora todos estavam a observando. Discurso heroico. Um menino aponta uma arma. Bellamy o nocauteia. Clarke cai. Finn ajuda. Raven grita. Octavia aparece.

— Não tem cura — Ela aparece, todo esse tempo ela estava fora do acampamento. — Mas eles não usam a doença para matar.

— É mesmo? Diga isso a eles — Ele apontava para os corpos do lado de fora da nave. Por que você não cala a boca e ouve um pouco, Bellamy? — Eu te avisei sobre falar com o terra-firme novamente.

— É, eu também tenho um aviso para você. — Octavia estava com raiva e mostrava confiança — Os terra-firmes estão vindo. Atacarão a primeira luz.

—____________________________________________________________________________

Bellamy caminhava com passadas fortes, Rey sabia o que tinha que fazer. Ela se aproxima dele e o puxa para o lado, para fora do acampamento. Ele tinha uma cara de interrogação e ela se apressa para explicar.

— Eu tenho um plano, bem...um meio plano — Rey diz e tentando ter confiança — Podemos tratar os sintomas. Assim eles curarão rapidamente e teremos soldados quando o sol nascer.

— Poderia me dizer como vai fazer isso, Rey.

— Tenho amostras de plantas que uso para passar a febre, em meia hora eu volto...

— Não, sem chance que vou te deixar sair com um exército vindo em nossa direção — Bellamy gritava e estava indignado.

— Bell, eu sei correr e me defender, além do mais, nem devem estar por aqui ainda.

— Rey, te proibido de sair daqui. É perigoso e eles já te pegaram uma vez, não vou correr esse risco.

— Eu vou agora e teremos uma chance amanhã. Fico aqui e nossas chances diminuem.

— Rey, eu não posso te perder...

O que isso quer dizer?

Sua pergunta foi respondida com um beijo, o tão esperando e o tão negado, delicado e doce. A mão de Bellamy estava no pescoço dela, o puxando para perto. Rey não sabia o que fazer, estava surpresa, mas queria isso mais do que sabia. Sua mão então vai para o peito dele, sentia sua respiração e ele a dela. Não queriam se separar, mas tinham que fazer isso. Bellamy segura seu rosto com as suas mãos e Rey segurava a deles.

— Não posso pôr em risco de perder outra pessoa que eu amo, Rey.

— E eu não posso fazer isso com você, Bellamy. — Lágrimas escorriam do seu rosto, nunca pensou que poderia amar tanto assim outra pessoa e o fato de falar apenas fazia mais verdadeiro. Finalmente pode entender o que sentia por ele, a sua dependência e o fato de querer passar todo o tempo possível com ele. — Vamos viver mais um dia, que tal?

— Rey...

— Bellamy, volto no máximo em uma hora, juro.

— Apenas volte — Bellamy beixa sua testa e Rey parte, já estava com sua mochila e tudo que precisava.

Lembranças, do beijo, não foi meu primeiro, mas me lembra de outros. Cyrus gostava de me segurar forte, nunca iria me largar se fosse possível. Por que estou lembrando dele agora? Ele morreu, ele morreu por causa de mim. Por causa de você, Rey. Todos morreram por causa de você. Todos que amei estão mortos...por que sinto um dejá vu? Tudo está se repetindo, é um ciclo de morte sem fim. Isso precisa parar, precisa!

—____________________________________________________________________________

Planos para uma bomba Raven sugere, tudo que Bellamy pensa é que poderia ter dito não a Rey se tivesse esperado um pouco. Porém, agora ela está bem longe, talvez no caminho de volta, e aqui está ele do lado de fora de uma tenda enquanto uma bomda está sendo construída por dentro.

Sua cabeça doía muito, não tinha dormido há vários dias. Um problema após o outro e a solução nunca parece uma de verdade.

Uma lata, essa é a bomba. Raven explicava como funcionava, colocava o pote com o combustível dentro da lata, pólvora em volta, tampa e o tiro no “x”. BUM! Uma ponte destruída e terra-firmes mortos.

— É o rosto da nossa pólvora, não poderemos fazer mais balas — Essa ideia de bomba não o convencia, não parecia correto.

— Hoje precisamos de uma bomba, preocuparemos com as balas amanhã — Finn dizia maravilhado com a ideia.

Conversa e discussão, o que é moral e o que não é. Explodir pessoas gastando toda a pólvora, se não funcionar estariam mortos no outro dia. Quem iria atirar, um silencio até Finn se voluntaria com uma voz de dúvida. Agora ele o observava assustado, Bellamy vira-se para Raven que demostra a mesma emoção. Limpa o seu nariz com a roupa apenas para ver a mancha vermelha de sangue.

Bellamy mancava pelo acampamento, precisava achar alguém que poderia atirar, todos os atiradores estavam doentes. Apenas tinham Jasper e procura-lo nesse estado não era muito fácil.

— Por que eu? — Ele pergunta quando Bellamy o acha, mas a resposta não foi necessária — Eu sou o único que estou bem.

— Exato. — Sua voz era fraca e não conseguia nem manter sua cabeça erguida — Não erre.

Bellamy se vira, tentando chegar a nave, apenas para cair no meio do caminho. Sua cabeça bate no chão e tudo que pensa é sobre o beijo, algo errado sobre ele. Foi quando ele junta os pontos, a doença e o beijo. Ou Rey passou para ele, ou ele passou para ela. De todo o modo, Rey estava sozinha na mata doente com um exército chegando.

—____________________________________________________________________________

A dor de cabeça surge ainda na ida, Rey escolhe ignorar, a fraque começa quando estava quase chegando, ela escolhe ignorar. Porém, ao ver nariz sangrando e seus olhos vermelhos percebe que não podia mais ignorar. Precisava correr e muito, estavam dependendo dela.

A volta parecia ser mais longe, o dobro da distância e a metade da velocidade. Seu corpo queria cair e seus olhos fecharem, a mochila estava pesada e não aguentava mais.

Rey, não quebre outra promessa, por favor.

O beijo, como poderia esquecer, era tudo que estava na sua mente. O toque delicado e a sensação de desejo após o termino. Volte para ele. Outro passo, iria aguentar?

Ela cai, apoia na arvore e volta a andar. No meio da escuridão ela caminhava, mas agora podia ver as luzes do acampamento e sorri.

Porém Rey cai, bate sua cabeça com força no chão.

Aquele momento que tudo que vê é duplicado, vozes aparecem enquanto tenta gritar palavras que não ouve saindo da sua boca. Isso é o que Rey sente.

— HEEY! — Rey tenta gritar quando vê a sombra de alguém.

Alguém...me ajuda.

—____________________________________________________________________________

Alguém traz Rey para dentro da nave, Bellamy não consegue discernir quem era, apenas se arrastou para o lado dela. Seu rosto estava muito pálido, seu nariz e olho sangrava, não muito diferente dele. Tudo que conseguiu fazer era deitar do seu lado, nem sentar foi capaz.

Então a crise de tosse começou e a boca dela ficou lotada de sangue, Octavia tinha ido colocar os remédios que ela trouxe na agua e não tinha ninguém para ajuda-la.

Murphy veio, tentou a coloca-la de lado.

— SAIA DAQUI! — Bellamy grita e ele se assusta, indo para traz.

— Ela vai sufocar no próprio sangue, Bellamy — Murphy tenta dizer e a coloca de lado, todo o sangue da boca de Rey escorre para o chão e ela finalmente volta a respirar. — Estou apenas tentando ajudar.

Ele sai e vai ajudar outra pessoa, Bellamy pega o seu copo d’agua e despeja um pouco na boca dela. Rey engasga com a agua e abre os olhos, vendo-o na sua frente, ela sorri e fecha os olhos descansando.

— Voltei, disse que voltaria — Rey sussurra rindo.

— Eu queria que fosse inteira — Ele responde deitando do lado dela.

— Nunca temos o que queremos, Bellamy.

— Isso quer dizer que você nunca vai ser minha? — Essas palavras vieram do nada, Rey nunca as esperou, se ela respondesse tornaria tudo real? Queria que fosse real?

— Eu sou o um por cento que dá certo — Ela diz segurando sua mão — Eu sou sua e você é meu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Finalmente dei o que minhas leitoras mais queriam, quero coments nesse cap, viu? VIU?!!