Obscure Grace escrita por Ahelin


Capítulo 22
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

Hey, pudim! Como vão as coisas na Terra?

AINDA É O MESMO DIA PRA MIM. ME AMEM.

Gente, eu tô muito eufórica com esse capítulo. Eu amei escrever cada palavra dele.
Espero de verdade que você também goste de ler.

Nem tenho o que dizer, só... formulem suas teorias aí hahaha
Juro de dedinho que em pouquíssimo tempo tudo será explicado.

A trama está quase completa.
Até lá embaixo o/



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Dessa vez, Leo e eu não nos separamos. Continuo segurando sua mão mesmo depois de atravessar a porta e percebo que nós dois estamos na escola Marília Ribeiro. O brigadeiro ainda está na minha outra mão, e o como inteirinho sem pensar duas vezes.

— Ah, eu tenho tanta saudade daqui — conta ele ao sentar em um dos banquinhos do pátio vazio. A essa hora, as crianças devem estar em aula, mas mesmo assim tomamos o cuidado de ficar num canto meio escondido.

— Também tenho. — Me debruço sobre a mesa à nossa frente e ele faz o mesmo, assim é possível observar tudo que acontece. A nostalgia que toma conta dos meus pensamentos impede que qualquer palavra saia; estar de novo com meu amigo na escola em que crescemos não tem preço.

Não precisamos esperar muito tempo, porque logo o sinal do recreio bate e um mar de pessoinhas toma conta do espaço que antes estava tão quieto. Elas se unem em grupinhos, umas poucas se sentando calmamente para comer enquanto a grande maioria corre ou brinca de alguma coisa com uma energia surpreendente. A última a sair da sala da primeira série é uma menina gordinha de cachos pretos amarrados num rabo de cavalo. Essa Lis não deve ter mais do que cinco anos, e está completamente sozinha.

— Ei — chama Leo. — Não consigo achar nenhum mini-Leonardo por aí. Você se lembra disso?

— Não... — respondo. Nada nessa cena parece familiar. — Deve ser meu primeiro ano na escola, sei lá.

Ele parece fazer algumas contas mentalmente antes de voltar a falar.

— Acho que foi quando eu peguei catapora e perdi mais de um mês de aula.

— Homem é mole mesmo — debocho. — Mais de um mês? Catapora dura no máximo dez dias.

— Ei! — Ele põe a mão no peito, se fingindo de ofendido. — Eu só estava tentando poupar as outras crianças de uma doença contagiosa e horrível.

— Aposto que ficou o tempo todo jogando videogame.

— Sim, é óbvio que eu fiquei.

Não consigo segurar o riso depois dessa revelação. Agora, mais do que nunca, posso ver quanta falta ele fez. Não quero que isso acabe.

Algumas meninas se aproximam de Lis, que está sozinha numa mesa não tão longe de nós, e isso toma minha atenção por um momento. A maior delas está usando um par de presilhas roxas que tiram seu cabelo quase branco de tão loiro da testa.

— Ei, olha só pra ela — diz ela para a outra a seu lado, que segura uma lancheira da Polly como se fosse um bebê. — Parece uma bola.

Arregalo os olhos pela surpresa. Como uma criança pode ser tão malvada?

— Não chega perto de mim, vareta — retruca Lis. — Você pode me estourar e voar longe com a explosão.

Olho para Leo e ele está tão boquiaberto quanto eu.

— Essa garota tem uns seis anos — comenta. — A informação procede?

— Procede — concordo. Estou extremamente orgulhosa de mim mesma. As garotas vão embora, a loirinha de presilhas com uma expressão de Poker Face que chega a ser digna de um filme.

Então, acontece exatamente o que eu já imaginava: assim que todas estão bem longe, seu pequeno e redondo rosto fica vermelho e ela começa a chorar. Isso me quebra por dentro de uma forma que eu não imaginava ser possível.

— Não pode ir lá. — Leo segura meu braço quando faço menção de levantar. — Vamos esperar até eles entrarem e depois procuramos a chav... — Sua voz morre aos poucos e não entendo o porquê.

— Ei, que bicho te mordeu? — Sigo o olhar dele e descubro o motivo da expressão assombrada em seu rosto: ao lado da Lis chorando debruçada sobre a mesa, está Will. — O que ele faz aqui?

— Parece... — Leo tenta escolher as palavras. — Nossa, isso é bizarro. Parece que ele faz parte da memória.

Fico observando, sem conseguir dizer nada. Isso é mesmo muito bizarro. Will toca o ombro da pequena Lis e ela ergue a cabeça, secando as lágrimas na hora com a manga da blusa de lã.

— Olá — sorri ele.

— Will! — Ela abre um grande sorriso, e tem dois dentes faltando.

— Não gosto quando você chora, bailarina. — Ele enruga o nariz de um jeito fofo e sorri de volta. Não consigo entender nada e muito menos me lembrar disso... Deve fazer muito tempo, mas ainda assim não tem sentido algum.

— Eu sei — murmura ela, secando a última lágrima. — Foram só umas meninas chatas. Elas disseram que eu pareço uma bola.

Leo está em silêncio, observando tudo com a mesma atenção que eu.

— Que bobagem sem tamanho — retruca Will. — Você parece um urso panda. E todo mundo ama ursos pandas, eles são fofos.

— Eles também são gordos! — Lis bate de brincadeira no braço dele. Algumas crianças em volta começam a cochichar olhando para os dois.

— Não, eles são absolutamente fofos. — Ele se levanta e estende a mão, que ela aceita. Ambos caminham para a cantina, e nesse momento Will tira um real do bolso para entregá-lo à menina. — Vamos, compre um doce.

— Vai me deixar mais gorda ainda — choraminga ela.

— Ei, escuta. — Will se ajoelha na frente dela, igualando suas alturas. — Você é linda exatamente desde jeito. Promete pra mim que vai olhar no espelho todo dia e dizer a si mesma que é linda até acreditar?

— Ok, eu prometo. — Lis ri de um jeito gostoso e inocente, visivelmente feliz com o elogio. — Você é bobo, sabia?

— É, eu sou bobo. — Will ri de volta. — Compra seu doce. Garanto que vai se sentir muito melhor.

Retiro o que disse sobre Miguel e Lis na festa. Aquela é a segunda coisa mais fofa que já vi na vida, essa merece o título de primeira.

Ela compra um enorme e saboroso brigadeiro na cantina, parecido com o que eu comi minutos atrás, e o devora em uma única mordida. Posso ser bem egoísta quando o assunto são doces; amigos, amigos, brigadeiros à parte.

— Você tava certo — admite ela. — Me sinto melhor.

— Viu? Sempre acerto. Agora eu preciso ir embora, te vejo mais tarde.

Depois disso, ele some. Ela, ao que parece, não se incomoda nem um pouco.

— Ok, isso é muito estranho — diz Leo.

— Eu definitivamente não entendi merda nenhuma — retruco. — Will vai ter que me explicar isso direitinho.

— Concordo, mas vamos nos concentrar em procurar a chave por enquanto, depois você acerta com ele seus encontros na infância e uma possível amnésia envolvendo tudo.

É, ele tem razão. Primeiro as prioridades. Esperamos em silêncio até que outro sinal toque e todas as crianças entrem, para só então levantar.

E dar de cara com Raziel nos esperando.

— Acabou o recreio, crianças. — Ele estala os dedos e instantaneamente o cenário muda: agora é numa ilha, aparentemente no meio de um rio, e não estamos mais sozinhos.

Há muitos outros homens e mulheres, todos engravatados como ele e parecendo tão zangados quanto, amontoados à nossa frente e com o olhar fixo em algum ponto atrás de nós.

Me viro pra trás por instinto e a visão de muitas outras pessoas, de todas as idades e aparências, vestidas como Leo.

A ficha cai nesse momento. São os anjos e a resistência, apenas esperando ordens, e eu estou no meio deles.

— Raziel — chama um homem que deve ser poucos anos mais velho que eu, do lado da resistência. Perto dele há pessoas de todas as idades. — A trégua não acabou. Nosso exército não está completo.

— Ah, Matheus, seja sensato — esbraveja o anjo que está à frente de todos os outros, um adulto de cabelos loiros perfeitamente penteados para trás com gel. Ele parece diplomático ao caminhar para perto do homem. Leo segura minha mão e começa a me puxar para trás. Ótima ideia. — Você vai fazer questão de um soldado? Ainda por cima uma adolescente destreinada? Vamos recompensá-los por isso. Raziel, traga o garoto.

— Sim, chefe. — Raziel outra vez estala os dedos e algo cai na frente da multidão dos descendentes dele. Um homem, sujo e machucado. Muitos se aglomeram ao redor dele, soltam exclamações admiradas e mostram expressões de pura surpresa.

— Leo, para — peço, e ele para de me puxar pra longe.

O homem se levanta um pouco cambaleante e demora um segundo para se fixar do jeito certo no chão. Assim que o faz, seus olhos de céu estrelado que eu poderia reconhecer a uma distância ainda maior do que essa procuram na multidão até me encontrarem. Então, eles rapidamente desviam para Leo.

— Tira ela daqui — diz ele, antes de se voltar para o exército adversário ali à sua frente. Num movimento muito bem sincronizado, todos os anjos deslizam um tipo de faca brilhante da manga para a mão. Parece estupidamente com o que acontece em Supernatural. Um calafrio atravessa minha espinha quando os membros da resistência puxam suas armas, algumas iguais às dos inimigos, outras parecem facas e armas de fogo comuns.

Sinto um misto de alívio por vê-lo ali, praticamente bem, e raiva por ele me descartar tão fácil.

— William — chamo. Ele não se vira para mim de novo.

Leo faz menção de me puxar outra vez, mas balanço a cabeça negativamente e isso basta para fazê-lo parar. Já chega de fugir.

— Você não pode ir pra lá — diz ele, mas escolho não dar atenção. Tenho um pressentimento estranho sobre Raziel.

De longe, consigo localizar as mãos dele. É muito mais fácil fazer isso do que eu imaginava, mas o motivo disso não é nenhuma surpresa: estou morta e esse é meu céu. Pode ter sido criado para parecer real, mas ainda é meu céu.

— Acho que é um pouco tarde, mas descobri uma coisa legal — conto. Uma energia bem diferente percorre meu corpo, e é tão boa que me dá vontade de rir. — Sou a dona desse lugar todo, certo?

— Teoricamente, sim — responde ele, desconfiado.

— Então teoricamente eu posso fazer o que quiser.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que achou? Me conta :3
Vou amar saber.
Sério, nem tenho palavras pra esse capítulo...
Beijinhos ♡



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