País Não Tão Maravilhoso Assim. escrita por Little Vit


Capítulo 1
Nada é tão Maravilhoso....


Notas iniciais do capítulo

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Boa Leitura:



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Chovia lá fora, a cada minuto um relâmpago clareava o pequeno quarto escuro.

Encolhida na pequena cama, uma menininha chorava e tremia de frio, enrolada em um único manto, que não servia nem para esquentar suas delicadas mãozinhas, a menina soluçava e se perguntava, como sua vida mudará tanto tão de repente.

Seu nome era Alice Kingsley, mas ela não queria ser Alice, ou ao menos não a Alice certa, ela queria ser a Alice errada, ela queria ser qualquer outra garota do mundo, pois, ser Alice Kingsley trouxe a desgraça a sua pobre vida.

Desde a morte de seu pai, Alice vivia com seu tio, um homem pobre tanto de alma, quanto de posses, ele via em Alice, a chance perfeita de ter tudo o que sempre achou merecer. Não bastou para aquele homem apenas prender a pobre menina de quinze anos em um sótão sujo e pequeno, com apenas uma cama e um vaso sanitário, e usar toda a grandiosa herança que o pai da garota tinha deixado, o velho e horrível homem ainda tinha que abusar da pobre menina inocente.

Alice, nunca tentou fugir ou fazer nada que pudesse deixar aquele velho homem sujo enraivecido, pois Alice sabia que fugir da casa onde ela fora tão feliz antes da morte do pai, não era uma opção, ela não iria conseguir, as boas lembranças de sua infância a prendiam ali, o único problema, era que Alice, não sabia se ainda aguentaria viver com aquele estupido homem por mais muito tempo.

Em meio a toda a recente desgraça na vida da doce menina ela adquiriu amigos, apenas na sua imaginação, mas eles eram tão reais, e Alice acreditava com tanto fervor neles, que mesmo eu, uma simples narradora, também comecei a crer neles.

Ela tinha sua própria fantasia, seu próprio mundo, um país onde tudo fosse possível, onde biscoitos fizessem pessoas crescerem, onde ao beber leite pudesse diminuir, gatos falariam e desapareceriam, um local em que o chá da tarde era tomado na companhia de uma lebre e uma ratinha, e sobretudo, um local, que alguém a protegeria, da tirania de seu tio.

Era obviamente um País Das Maravilhas, mas nem sempre ele era tão maravilhoso assim, afinal, até nas melhores histórias, há sempre o vilão, e nessa, seu tio, não ficou de fora, a pobre menina, vivia atormentada pela dor e pelo medo do tio na vida real, e com receio da louca rainha de suas fantasias que a queria morta.

Com o passar dos anos, Alice Kingsley cresceu e mudou, o que infelizmente não mudou foi a sua vida, ainda presa no sujo quartinho e prestes a completar 18 anos, data a qual seu tio tinha grandes planos para si próprio, Alice temia cada vez mais o velho que vivia em sua casa, ainda sendo abusada, Alice mantinha a fé, que algum dia, todo o sofrimento iria acabar. O problema era que, quanto mais rápido seu aniversário chegava, mas ela temia, seu tio, certamente tinha algum plano para arrancar-lhe de vez a fortuna, Alice temia, que fosse de uma forma definitiva, ela aprenderá a temer o velho homem, pois, ele se mostrará cada vez pior, ao ponto de entregar Alice aos próprios serviçais da casa, que também, não tinham pena alguma da jovem moça.

Alice podia ter mudado, porém, sua fantasia, de um País Das Maravilhas, não havia mudado, a garota vivia cada vez mais em seu mundo de fantasia, Alice, estava começando a realmente crer que aquele mundo era real, e isso poderia ser terrível para a mesma, pois, rapidamente foi espalhado entre os empregados da casa, que a menina era louca, pois vivia falando sozinha, e dizia estar falando com seus amigos, Absolem e Chapeleiro.

Aquele dia, que começou como qualquer outro, uma fina chuva caia na região, deixando o já frio quarto, ainda mais frio, Alice estava em sua cama, sentada, fitando com seus pequeninos olhos, seu amigo, Chapeleiro.

“Chapeleiro, eles acham que eu sou louca. ” – A jovem cochichou ao amigo a sua frente.

“Deixe que achem. ” – O seu amigo respondeu sorrindo.

“Mas isso não é ruim? Ser apontada como louca? ” – A pobre menina queixou-se.

“Mas é claro que não. ” – O chapeleiro esbravejo.

“Chapeleiro, você acha que eu sou louca? ” – Ela o questionou temerosa.

“Claro que sim, louca, maluquinha, perdeu um parafuso. ” – O chapeleiro respondeu sorrindo. “Mas posso lhe dizer uma coisa? ” – O mesmo indagou e a menina o fitou confusa. “As melhores pessoas são assim. ” – Ele disse sorrindo e Alice riu.

“Alice, sabe a semelhança entre um corvo e uma escrivaninha? ” – O Chapeleiro indagou.

“Não, qual? ” – Alice perguntou curiosa.

A cena poderia ter se passado despercebida, mas não foi, o tio da menina, virá toda a cena, irritado, ele não iria suportar aquela menina por mais tempo.

A porta foi aberta em um estrondo, a menina assustou-se, pois nunca virá seu tio tão bravo.

“Está louca? Com quem conversa? ” – O velho homem gritou.

“Co....com nin...ninguém. ” – A menina gaguejou.

“Ora, que é louca eu já sei, mas que era mentirosa, essa é nova. ” – O velho riu. “Vou mostrar a você que não deve mentir. ” – O homem falou fechando a porta atrás de si, Alice sabia o que viria a seguir, enquanto o homem aproximava-se da cama da jovem e abriu o zíper da calça, Alice viu nos olhos do pavoroso homem o mesmo brilho que via nos olhos da rainha vermelha, a tirana de seu País Das Maravilhas.

O homem subiu na pequena cama da jovem e a despiu, levantando o vestido azul da jovem e rasgando a calcinha da mesma, Alice, nem tentará mais soltar-se ou fugir, ela sempre soube que não adiantaria, a única coisa que a menina fez ao sentir ser penetrada com força e sem dó pelo grotesco homem, foi fechar os olhos e esperar, que o tormento acabasse.

Enquanto Alice era abusada violentamente pelo velho, a menina escutou um sussurro em seus ouvidos.

“Calma, Alice, isso logo irá acabar. ” – A jovem não sabia quem tivera murmurado tão frase, mas ela sentia, que era verdade.

Ao fim, quando o velho estava satisfeito, ele saiu do quarto, deixando Alice jogada na cama, chorando baixinho, como todas as outras vezes. Mais tarde, ao anoitecer do mesmo dia, a porta abriu, era um dos empregados que também abusava de Alice, ele viera deixar seu jantar.

“Tome, seu tio mandou. ” – O moço, que aparentava ter entre 20 e 25 anos, murmurou ao entregar a menina uma calcinha nova.

Alice pegou e rapidamente a vestiu, sendo observada pelo o homem,

“Está na hora do meu pagamento. ” – O homem falou deixando a comida em cima da cama da menina e se aproximando.

Ele segurou os braços de Alice com força, a trazendo para si, e lhe beijou, não foi um beijo romântico, nem de longe bom, era invasivo, ruim, enquanto beijava a menina, as mãos do ser passeavam pelo corpo da mesma, o ato não durou muito, ele logo a largou e saiu deixando a menina, mais uma vez no dia, chorando.

Devia ser, quase meia noite, a chuva forte fora da casa, não deixava a menina dormir, Alice estava sozinha, nem seus amigos estavam com ela, e ela se perguntava o porquê, até que perto da porta, chapeleiro apareceu.

“Chapeleiro, onde esteve? ” – Alice perguntou aflita.

“Rápido Alice, não há tempo para conversas, você tem que sair deste lugar. ” – O chapeleiro falava rápido.

“O que? Como assim Chapeleiro? Sabe que não posso sair daqui. ” – Alice indagou confusa.

“Olhe a porta Alice, olhe a porta. ” – Foi a última coisa que Alice ouviu da boca do chapeleiro naquela noite.

A menina ainda confusa, caminhou até a porta, e surpresa ficou ao perceber que a porta estivera aberta, de certo o serviçal tinha a esquecido quando veio deixar seu jantar.

Alice tinha a chance de sair, mas ela tinha medo, não queria abandonar a sua casa, mas não queria nem podia viver mais daquela forma.

“Mate-os. ” – Uma voz sussurrou na cabeça da jovem.

Ao fim do corredor, Alice viu o coelho branco, que sempre estava atrasado, ele pulava a chamando, mesmo com medo, Alice o seguiu.

Caminhando pela casa, Alice perceberá que sentirá falta da casa, das escadas em que ela brincava quando menor e da grande biblioteca cheia de aventuras fantásticas. O coelho pulava e a levava para os quartos dos serviçais.

Alice, viu aqueles que a abusavam dormindo, tão tranquilamente, que a deixou enfurecida, como eles podiam dormir tão bem a noite sabendo de tudo o que a menina passava.

“Mate-os. ” – Alice ouviu novamente, e desta vez, ela fez o que a voz mandava.

Olhou em volta, e pegou uma grande faca na cozinha, no quarto, dormia dois dos quatro empregados da casa, Alice caminhou sorrateiramente até a cama de um deles, a faca foi enfiada diretamente no coração do homem, a chuva abafou qualquer tipo de gemido que ele pudera ter soltado, virando-se para o outro, Alice fizera o mesmo, a menina estava com as mãos cheias de sangue e o coração cheio de ódio.

Saiu do cômodo, e começou a procurar o outro quarto, logo o encontrou com a ajuda do coelho branco, lá dormia duas mulheres.

“Devem ser a cozinheira e a arrumadeira. ” – Alice pensou. Aquelas mulheres nunca realmente a fizera mau, porém, elas sabiam pelo o que Alice passava, e nunca tentaram ajuda-la, Alice começava a pensar em deixa-las, mas a voz sussurrou novamente.

“Mate-os. ” – E Alice escutou outra vez, matando-as da mesma forma que matou os homens, Alice não sentiu pena, só ódio, a jovem menina estava tomada pela a dor e rancor.

“Agora, mate seu tirano. ” – A voz sussurrou novamente, e desta vez Alice reconheceu a voz, era da rainha vermelha, mas a menina não se importou, ela teria sua vingança.

Caminhando a passos calmos e serenos, Alice chegou ao quarto do tio, abriu a porta silenciosamente, e viu o homem dormindo calmamente na cama, Alice não queria o matar rapidamente, ela queria que ele sofresse, mas mesmo tendo matado quatro pessoas naquela noite, Alice sabia que não conseguiria torturar alguém, mesmo que fosse aquele velho, e mesmo que o fizesse, ele nunca sofreria nem uma parcela do que a menina sofreu em cinco anos. Tomada pela raiva Alice afundou a faca na barriga do homem, que acordou em meio a gritos.

“O que você fez, sua vadia. ” – O home gritava e se contorcia de dor na cama. “Como fugiu? ” – Ele questionou sentindo a faca sendo levada a sua garganta.

“Vá para o inferno, seu velho repugnante. ” – Alice sussurrou no ouvido do mesmo, enquanto passava a faca em sua garganta, e o sangue jorrava pelos os lençóis de cetim.

Suja de sangue pelo o corpo inteiro, Alice riu, nunca tivera escutado uma risada tão assustadora quanto a daquela menina, Alice, tivera sua vingança.

“Alice, agora é a sua vez. ” – Uma oz murmurou, Alice fitou de onde vinha a voz, e viu a rainha branca, a quem ela sempre adorou.

“Como assim? ” – A jovem perguntou.

“Alice, você quer viver aqui? Neste mundo cheio de gente como este velho? ” – A rainha questionou e Alice sinalizou que não. “Então venha comigo, para o País Das Maravilhas. Pode ser feliz lá. ” – A rainha concluiu estendendo a mão a Alice.

Alice estava estática, ela sabia que a polícia iria vir, sabia que ninguém iria acreditar nela, e que iriam querer prendê-la por simplesmente fazer justiça, ela não tinha nada ali, nada que a prendesse, na verdade, tudo que podia prendê-la era o seu mundo, seu País Das Maravilhas.

Mas, mesmo com tudo conspirando para Alice ir com a Rainha Branca, a jovem moça viu o quadro de seus pais no corredor, em frente ao quarto, eles sorriam, e ela lembrou de como era feliz, de sua vida antes de seu tio, Alice prometerá ao seu pai no leito de morte do mesmo, que cuidaria da casa onde eles foram tão felizes, ela prometeu que protegeria as boas memórias que tinha dele.

Com os olhos cheios de lágrimas, Alice fitou a mão da Rainha Branca.

“Quer que eu vá com você? ” – A jovem questionou em meio a lágrimas.

A expressão na face da Rainha fora completamente diferente da qual Alice pensou que veria, A Rainha sorria.

“Alice, não pode viver a vida para agradar os outros, a escolha tem que ser sua! Você quer vir? ” – A Rainha questionou outra vez sorrindo.

Ela não podia, ela prometerá a seu pai, e ela o amava tanto, Alice já tinha tomado a sua decisão, ela só tinha medo de falar em voz alta.

“Eu não vou. ” – Ela ponderou decidida.

A jovem, sabia que teria que lutar muito, ela sabia que tudo conspirava contra ela, mas ela é Alice Kingsley, ela é a Alice certa para proteger aquela casa, e depois de tudo o que ela passou, nada a impediria de cumprir sua promessa.

A história de Alice Kingsley terminou, mas queria deixar uma pergunta a você, afinal, o chapeleiro não deu a resposta. Será que você consegue?

“Sabe a semelhança entre um corvo e uma escrivaninha? ”


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Notas finais do capítulo

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