Once we believe escrita por Kremer
Will e Alice procuravam pela casa do Chapeleiro. O caminho era cheio de galhos de árvores espinhentos, mos-cavalos, mosquitos do tamanho de bolas de baseball e incertezas.
— Alice, você tem certe...
— Will, pelo amor de Deus, pare de me perguntar! Já falei que sei pra onde estou indo.
Alice sempre fora do tipo calada, mas extremamente curiosa. E quando a sua curiosidade vencia seu silêncio, ela se tornava tão tagarela quanto Will. No entanto, vinha se portanto de maneira um pouco sombria, e o Valete de Copas não achava aquilo bom sinal.
—Alice, há algo de errado? – perguntou. Alice parou de imediato, e Will achou que fosse responder, mas ao invés disso ela apenas gritou, ansiosa:
— Will, veja, chegamos! – E saiu em disparada. Will tomou cuidado para não ser acertado pelos galhos que Alice punha de lado, e a seguiu.
Era uma velha casa, que por fora parecia estar caindo aos pedaços. Tinha uma pequena horta de cenouras, que parecia meio bagunçada. Estava tudo quieto, e Alice temeu estar vazia.
— Talvez não tenha ninguém aqui – comentou Will.
— Ou talvez é o que a pessoa que está aí dentro queira que os outros pensem.
Outra característica de Alice: teimosia.
Os dois se encaminharam para a porta, Alice totalmente determinada, e Will um pouco hesitante. A garota abriu a porta, correu para dentro e chamou por Cyrus. Will sentia um mau pressentimento.
Alice continuou chamando por Cyrus, até perceber que não havia ninguém ali.
— Alice, e se o Chapeleiro estiver aqui? – perguntou Will, ansioso.
— Não seja tolo, ele se foi há muito tempo.
— A garota tem razão – disse uma voz feminina, vinda de trás deles. Alice e Will se viraram rapidamente e se depararam com uma garota que aparentava a mesma idade de Alice. Ela era loira, com um cabelo quase castanho, e tinha profundos olhos azuis, que lembravam o oceano. Sua expressão era dura, e ela portava uma ameaçadora baioneta.
— Quem é você? – perguntou Alice. Will a repreendeu com o olhar. Não se pergunta a uma pessoa armada quem ela é. Não se diz nada que não seja perguntado, pensou Will.
— Perdoem-me os modos, mas estou mais preocupada em saber quem são as pessoas que invadiram a minha casa – disse a moça, em um tom calmo e com um sorriso encantador. Suas palavras pareciam mais de flerte do que de ameaça. – Coloquem as mãos para cima. – dessa vez, não havia flerte em sua voz. – Muito bem. Agora, começando pela corajosa garota, digam o nome.
— Alice. – disse, simplesmente. Não fazia sentido mentir.
— Will. Will Scarlet.
— Muito bem, Alice e Will-Will Scarlet, podem fazer a gentileza de me contar o que diabos estão fazendo aqui?
— Desculpe, nós não sabíamos que alguém ainda morava aqui. Estamos em uma missão importante, e não queremos problemas. Estou procurando o amor da minha vida. – disparou Alice.
— Estou lisonjeada, mas mal nos conhecemos – disse a moça, voltando com seu sorriso sedutor.
— Digo, o nome dele é Cyrus, e está desaparecido. A Rainha vermelha o atirou de um penhasco, mas eu soube que ele sobreviveu.
— Ora, a Rainha? São inimigos da Rainha? Poderiam ter dito logo – disse, abaixando a arma. – Por favor, sentem-se e perdoem meus modos, novamente. Nunca se sabe quem vai entrar pela sua porta, aye?
Will e Alice se entreolharam.
— Meu nome é Elizabeth Jones. Aceitam algo para beber? – perguntou, cordialmente.
— Água seria ótimo – respondeu Alice, sorrindo. Will se limitou a dar de ombros.
Instantes depois, Elizabeth surgiu com duas xícaras e uma jarra de metal.
— Jefferson adorava chá. Aqui a única louça que existe é dessas – disse. Alice e Will pareciam um pouco confusos com o nome. – Jefferson. O Chapeleiro.
— O que houve com ele? – perguntou Alice.
— Ele não está mais aqui e duvido que vá voltar. Mas, bem, por favor. Me digam no que posso ser útil nessa sua missão. – Elizabeth deu a entender que não voltaria a falar de Jefferson. Os três sentaram-se em confortáveis, porém velhas, cadeiras na sala de estar.
Alice contou a ela tudo o que houve desde que Cyrus foi arremessado do precipício. Contou também do colar de Cyrus, de como os dois haviam sido ligados um ao outro, explicando a sensação que tinha em seu coração de que ele estaria vivo.
— Um colar, você diz – pensou em voz alta a anfitriã. – Bem, garota, apesar de eu achar ser praticamente impossível seu Cyrus ter sobrevivido, me disseram que nada é impossível nesse lugar horroroso. Um instante.
Elizabeth se ausentou por um minuto, e voltou com um objeto que emitia um estranho brilho vermelho.
— Eu o encontrei perto dos lírios-tigre, e resolvi trazê-lo para casa. É muito bonito, mas nunca o vi brilhar assim – disse, com uma sobrancelha arqueada. Alice deu um salto quando viu que era o colar de Cyrus.
— É este o colar! – a garota o entregou a ela, e Alice o colocou imediatamente, apertando-o contra o peito. – Eu sabia, ele está vivo!
Elizabeth e Will se entreolharam.
— Pelo visto isso lhe será útil – disse Elizabeth.
— Sim, será. Muito obrigada, senhorita Jones. – disse Alice, com um tom aliviado.
— Ora, eu pouca coisa fiz senão lhes apontar uma arma e lhes dar um colar. Por favor, acredito que precisem de ajuda em sua missão.
— Toda a ajuda é bem vinda – disse Alice.
— Se eu os ajudar, poderão me ajudar? Poderíamos fazer um acordo – disse, seu sorriso maroto voltando aos lábios.
— Confiar em piratas nunca foi muito sensato, foi? – perguntou Will. Alice o encarou, furiosa.
— Will! O que está dizendo?
— Jones é uma pirata. Piratas são desonestos. Cheque os pulsos. Em um dia quente como este, por que alguém usaria mangas compridas, senão para esconder alguma coisa? – perguntou Will. Alice estava atônita.
Elizabeth não pareceu com raiva. Apenas sorriu, quase parabenizando Will pela percepção, e ergueu as mangas, mostrando duas tatuagens. No direito havia uma caveira e um número escrito em baixo, e no esquerdo havia um timão com uma bandeira negra de fundo.
— O rapaz é observador. Mas creio que só um fora da lei reconhece outro – disse. – Você já viu todos os cartazes procurando por você, Valete de Copas?
Alice achou que a garota estava apenas contestando, mas Will sabia que era mais como se você contar o meu segredo, eu conto o seu.
Ele ficou em silêncio por uns instantes, e Alice estava começando a se sentir nervosa.
— O que você quer em troca?
— Eu preciso sair de Wonderland, e imagino que vocês estejam só de passagem.
— Acertou em cheio, pirata. E por sorte temos um meio de tirar você daqui. Pra onde quer ir?
Elizabeth sorriu aos dois, erguendo uma sobrancelha. Fez uma pausa, até que por fim disse:
— Storybrooke.
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