—Oi. –me joguei no sofá e cumprimentei minha irmã.

—Como foi? –ela perguntou toda animada, se ajeitando no sofá.

—Ele me deixou na porta de casa.

—E?                                                     

—E, ele me beijou.

—Não brinca. –ela disse empolgada.

—E eu lá sou mulher de brincar Ennye.

—Estúpida.

—O jantar está pronto. –minha mãe chamou da cozinha.

Levantei e fui até meu lugar na mesa, minha irmã veio logo atrás de mim.

—E aí docinho, onde estava? –minha mãe perguntou toda gentil.

—Fui num jogo de basebol, depois fui lanchar, aí vi fogos de artifício. E agora estou aqui. –disse sorrindo pra ela.

—Sabe quem eu conheci hoje? –meu pai disse colocando os copos na mesa.

—Quem? –eu e minha irmã falamos ao mesmo tempo.

—Edward Voughan.

—O pai do Christoph? –eu perguntei.

—Este mesmo.

—E como você conheceu ele? –minha irmã perguntou.

—Ele apareceu no meu trabalho hoje, e quis fazer uma proposta.

—Que tipo de proposta querido? –minha mãe perguntou, se sentando.

—Ele quer abrir um negocio novo na cidade, do ramo da empresa, e quer ser meu sócio.

—Isso é ótimo Peter, e qual vai ser o negocio?

—Ainda não decidimos, como a empresa lida com várias coisas, podemos começar algo do tipo por aqui, ou até mesmo algo novo.

—Abra uma livraria. –eu disse colocando uma garfada de comida na boca.

—Pra que livraria Pietra? –minha irmã me olhou com uma cara idiota.

—Pras pessoas irem comprar eletrodoméstico. –eu disse meio irônica.

—Hei ... –minha mãe disse fazendo cara feia para nós duas.

—Você pode abrir um shopping pai. –minha irmã disse olhando pra ele.

—Ainda não decidimos isso, mas acho que o Sr. Voughan não vai querer algo grande, do tipo.

—Ou quem sabe, o senhor possa dar a idéia dele abrir vários negócios. Por exemplo, uma livraria, um cinema, uma loja de sapatos, roupas, artigos, mas tudo separado, não precisa ser um shopping. –eu disse.

—Seria muito trabalhoso, mas aos poucos quem sabe, além de já ter lojas que vendam roupas, sapatos, e artigos.

Eu nunca cheguei a comentar em que trabalha a empresa do meu pai. Bom ele é arquiteto, cria prédios, lojas, casas, etc. Isso vem da geração da família dele, então como ele é o filho mais velho de três irmãos, é o herdeiro chefe, e acabou se tornando o dono da empresa da família. Mas depois que meu avô morreu, ele herdou uma boa grana, além do trono na empresa, começou a viajar o mundo, nos levando junto, e o trabalho também. Ele tem dois irmãos que ficam na empresa, cuidando dos negócios por lá.

—Seja o que for, vai ser incrível querido. –minha mãe disse.

—Eu também comentei que você e o Christoph são amigos. –ele disse me olhando por cima dos óculos.

—E por que fez isso?

—Ora, já que vocês são amigos, e o pai dele quer ser meu sócio, eu não vi o porquê de não falar. E ele nos convidou para um jantar no próximo fim de semana na casa dele, para discutirmos sobre o negocio, e as famílias se conhecerem.

—Que gentil da parte dele. –minha mãe disse, tomando um gole de suco.

Depois do jantar eu e a minha irmã lavamos a louça, bom eu lavei e ela guardou. Depois que eu terminei subi pro meu quarto peguei meu pijama e fui tomar um banho. Tirei a escuta e guardei, não sabia a que distancia o Christoph poderia me ouvir, mas devolveria isso pra ele na segunda. Assim que voltei pro meu quarto apaguei a luz e deitei na minha cama, fiquei vendo as estrelas que brilham no escuro, no teto do meu quarto. E pensando no sorriso, no jeito, nos lábios, e principalmente nos olhos do Logan.

Acordei no meio da noite com muita sede, levantei e fui até a cozinha tomar água, eu estava meio grogue de sono, enquanto estava enchendo o copo eu lembrei que tive um sonho. Enquanto eu bebia a água e matava minha sede, o sonho foi ficando mais nítido; eu estava com o Logan, numa roda gigante, de repente ela parou bem lá no alto, ele disse pra mim, fechar os olhos, e assim que eu fechei, ele me beijou, quando eu abri meus olhos, o Christoph estava com a mão no meu rosto, e olhava dentro dos meus olhos, com aqueles cinza com pequenos pontinhos verdes. A roda gigante voltou a funcionar e eu acordei.

Terminei de tomar minha água e voltei pro meu quarto, eu não fiquei pensando muito no meu sonho, já que eu estava morrendo de sono, virei pro canto e apaguei bonito. Na manhã seguinte eu acordei cedo, vi que horas era, e voltei a dormir. Acordei já eram duas da tarde, levantei e fui direto pra cozinha, onde minha mãe estava preparando um chá.

—Boa tarde docinho.

—Boa tarde mãe. –disse com a voz um pouco rouca.

—Pelo visto o sonho estava muito bom.

—Na verdade, o sono é que estava muito pesado.

—Quer uma xícara de chá?

—Claro.

Minha mãe me entregou a xícara, sentou na cadeira de frente para mim, se debruçou na mesa e ficou me vendo bebericar o chá quente. Eu já sabia que, quando ela fazia isso, é porque quer perguntar, ou falar alguma coisa.

—Me conta. Como foi seu dia ontem, eu nem te vi sair. Você saiu com o Christoph?

—Não. –eu disse bem devagar, e bebericando mais um gole de chá.

—Não? –ela fez um cara de interrogação.

—Eu saí com Logan Fletcher, ele é um cara bacana, e me convidou pra ver o jogo de basebol do irmão mais novo dele.

—Você e esse Logan...

—Mãe. –eu ficava sem jeito de falar essas coisas com a minha mãe, porque eu sabia que ela falaria pro meu pai.

Minha mãe e meu pai são uma espécie de melhores amigos, eles não escondem nada um do outro. Eu admiro isso neles, porque, é por um desses motivos que eles estão casados até hoje.

—Antes de eu conhecer seu pai, eu namorei com o rapaz mais gato da escola, o nome dele é Alex, ele era do time da escola, seu pai também. Eu, e seu pai éramos amigos, antes mesmo de eu começar a namorar com o Alex. Certo dia eu descobri que ele estava saindo com uma das lideres de torcida, eu não lembro o nome dela. Foi então que eu terminei com ele, em grande estilo.

—O que você fez? –perguntei curiosa.

—Um dia nós estávamos na pizzaria, Roger’s. Eu me lembro até hoje, por que foi nesse dia que seu pai me pediu em namoro. Eu cheguei e o Alex estava com uns amigos dele, ele veio todo pomposo pro meu lado, como sempre fazia, aquilo me deixava toda apaixonada, mas não naquele dia, não mais. Eu o esnobei, e disse que não queria mais namorar com ele, porque ele era um babaca que não prestava, e que se ele achava que eu estava apaixonada por ele, estava muito enganado. Dei um soco na cara dele, e sai de perto.

—Mamãe, a senhora era das minhas. –eu disse rindo.

—Você acha que herdou seu temperamento do seu pai. –ela começou a rir também.

—Certamente, eu tenho um pouco do gênero de cada.

—Mãe. –minha irmã gritou da sala.

—Como dizem, a fruta não cai muito longe do pé, sua irmã pode não ser muito geniosa, mas puxou um pouco de cada também.

—Com toda certeza.

—Mãe, corre aqui. –ela gritou de novo.

—Estou indo Ennye. –ela se levantou e foi.

Eu continuei ali tomando meu chá, estava pensando em andar um pouco, já que não tinha nada para fazer em casa. Assim que terminei meu chá subi para o meu quarto, coloquei uma calça jeans e uma camisa, quando cheguei na sala, não tinha ninguém por ali. Sai, e vi meu pai trabalhando em alguma coisa no galpão.

—Oi pai.

—E aí querida, quer dar uma mãozinha pro seu velho?

—Claro. Precisa de quê?

—Me alcança aquela chave de fenda, por favor. –ele apontou pra caixa de ferramentas.

—Essa aqui? –eu peguei e mostrei a ele.

—Essa.

—Pai ... Que tipo de negocio o senhor pensa em abrir aqui nessa cidadezinha?

—Eu ainda não sei Pietra. Por quê?

—Nada... é que a ilha é um lugar lindo. O senhor poderia abrir um hotel, perto da praia, aposto que daria certo.

—Você já foi á praia?

—Não, mas ouvi dizer que é linda.

—Vá chamar sua mãe, e sua irmã por favor.

—Pra quê? –perguntei confusa.

—Vamos sair.

                                                               ...