Epicureanism escrita por holden


Capítulo 1
Nunca me deixe ir.


Notas iniciais do capítulo

Ok, Ok, Scorbus é uma das minhas coisas favoritas no mundo!
Escrevi essa fanfic faz muuuuuito tempo, então... é, provavelmente está uma merda!!! hahahaha, mas eu gosto dela, de verdade. Muito obrigado por lerem e espero que gostem!
Scorbus is real motherfucka.

Música do capitulo: https://www.youtube.com/watch?v=B75PGFrWvFo&ab_channel=MarkusRenard PLEASE, escutem enquanto estiverem lendo!!!



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Epicurismo é um sistema filosófico, que prega a procura dos prazeres moderados para atingir um estado de tranquilidade e de libertação do medo, com a ausência de sofrimento corporal pelo conhecimento do funcionamento do mundo e da limitação dos desejos.

Scorpius Malfoy corria o mais rápido possível, o rosto doendo pelo soco que levara minutos atrás. Conseguia ainda ver Albus a alguns bons metros dele, a capa negra esvoaçando pelo vento forte daquele final de tarde de inverno. Haviam poucas pessoas pelos corredores, a maioria já se encontrava em seus salões comunais, quentes e protegidos do frio.

Scorpius surpreendentemente não tremia devido ao frio. A corrida e o soco no rosto deviam ajudar, a adrenalina esquentava seu corpo quase naturalmente gelado, o frio já era rotina, tanto internamente quanto externamente. Não entendia de fato o porquê de estar correndo atrás de Albus, ainda mais depois do soco forte que levara no olho direito. Talvez ele fosse meio masoquista.

Mas ele merecia aquilo, e ele sabia muito bem. Nunca nos 7 anos de amizade com Albus eles haviam brigado, nem uma discussão, nada. E ele não entendia como em um momento os dois estavam no salão comunal conversando e rindo, e no outro discutindo e trocando insultos.

Iria casar com Rose Weasley daqui á um ano. A data já estava marcada. Eram namorados desde o quarto ano e Scorpius a amava mais do que poderia um dia acreditar, e de verdade, ele realmente acreditava nisso, tinha que acreditar, não é como se houvesse muita escolha. E foi assim que disse para Albus Potter, seu melhor amigo, seu único confidente. Esperava piadas e abraços quando contara a notícia para ele, e não xingamentos e socos.

''Você é um idiota Scorpius, caralho!'' Foi o que ele dissera.

A príncipio Scorpius não entendeu. Ficou estático, surpreso demais para falar qualquer coisa. Pensava que Albus fosse lhe apoiar, mesmo depois de tudo.

Haviam jurado esquecer os beijos trocados no salão comunal no meio da noite. Scorpius até quisera fazer o voto perpétuo, covarde demais, ele sabia. Mas ele era um Sonserino, e não havia um pingo de sangue Grifinório nele. Não havia coragem.

Não havia coragem para assumir para qualquer um que era Bissexual, ou gay, tanto faz.

Mas ele amava Rose, e isso era claro como cristal. Amava os cachos ruivos que ficavam tão alaranjados no sol que podiam iluminar Hogwarts inteira. Amava os olhos azuis, sempre tão belos e brilhantes. Amava o seu sorriso e sua covinha na bochecha esquerda. Amava contar quantas sardas ela tinha no rosto, fazendo isso milhares de vezes e sempre perdendo as contas.

Mas também amava Albus da mesma forma, talvez até mais intensamente do que amava Rose.

Amava os olhos verdes. Sempre tão astutos e debochados. Da mesma cor do brasão da Sonserina. Albus se gabava muito por isso. Amava os cabelos negros e a risada escandalosa, amava quando seus olhos se fechavam quando ele ria; odiava quando seus olhos se fechavam para reprimir a raiva, quando ele estava prester a explodir.

Isso acontecera minutos atrás.

Pensando bem, ele odiava muitas coisas em Albus, e amava muitas coisas em Rose. E era nisso que estava pensando e pesando. Os prós e os contras.

Lembrava perfeitamente da primeira vez que viu Albus. Estava sozinho em uma cabine. O rosto vermelho, estava chorando, Scorpius constatou assim que se aproximou. Não fazia idéia de que aquele era Albus Potter, filho do antigo inimigo de seu pai. E foi por isso que se aproximou. Viraram amigos antes mesmo da seleção começar.

O chapéu-seletor não hesitou um segundo antes de lhe mandar para Sonserina. Scorpius sorriu de lado, ele já sabia.
''Tudo bem, Potter. Te vejo na Sonserina.'' ''É? E posso saber como você sabe disso?'' ''Eu apenas sei.''

Com Albus foi mais difícil. Podiam escutar até o vento batendo nas janelas quando Albus Severus Potter foi chamado. Foi devagar até o chapéu, as mãos tremiam, mas ele tentava aparentar naturalidade. Ficou um minuto inteiro no banquinho - Scorpius contou. Até o chapéu gritar Sonserina.

O silêncio se possível se intensificou. Foi Scorpius quem puxou as palmas. Logo todos parabenizaram o pequeno Potter, todas as casas, menos a Grifinória. Scorpius bufou, que idiotas! Não entendia como a casa dos leões podia ser a favorita em Hogwarts.

Os anos se passaram e a amizade se fortalecia, Albus era como um irmão, pelo menos era isso que Scorpius pensava naquela época.

''Um Malfoy e um Potter, que combinação mais estranha!''

Na verdade, Albus definitivamente não parecia um Potter. Scorpius passou a perceber ao longo dos anos. Quer dizer, não era possível que aquele garoto astuto e debochado tivesse sangue Grifinório. Albus era gelo. Gelo puro. Tão frio quanto um floco de neve. Uma pessoa pode ser fria em vários sentidos, Albus era frio no sentido...estranho, no minimo. Albus Potter não parecia fazer o tipo que se importa. Ponto final. Ele era um maldito clichê.

Fora com Albus que bebeu pela primeira vez. Fora com Albus que experimentou a primeira droga trouxa. Albus, Albus, Albus... sempre ele. Isso incomodava Scorpius. Oras, ele era um Malfoy! Tinha sangue Black e Greengrass. Era rídiculo seguir o filho do heroí do mundo bruxo. Porém logo em seguida que tinha esses pensamentos Scorpius se repreendia. Que pensamentos antíquados! Além de hipócritas, afinal, ele estava noivo de uma Weasley.

Ás vezes tinha curiosidade em saber o que os pais de Albus sentiam em ter um Potter tão diferente na família. Mas, na verdade, eles pareciam não se importar.

As coisas começaram a ficar estranhas no quinto ano, Albus parecia distante. Não falava com Rose, e muito menos com ele.

Scorpius não entendia.

Será que ele tinha feito algo errado?

Por vezes percebia Albus o olhando de longe, desviando os olhos assim que os olhares se encontravam.

O primeiro beijo aconteceu no salão comunal. Os dois estavam conversando sobre algo a ver com feitiços que saiam errado, quando Albus lhe roubou um beijo. Foi bobo, um simples selinho.

Scorpius ficou confuso, que brincadeira era aquela? Albus o olhava, esperando uma reação.

''Que porra foi essa?'' Albus riu tanto que quase caiu da cama em que estavam. O que seria uma memória muito engraçada em outra situação.

Depois daquele dia Scorpius passou a observar Albus melhor. Observar no sorriso sacana que dava para as garotas no corredor, as vezes até para alguns garotos. Scorpius não se importava, sabia que o amigo era um ninfomaníaco, que curtia qualquer coisa que fosse racional e tivesse pernas.

Já havia visto Albus com todo tipo de pessoa. Negras, loiras, ruivas. Garotos de cabelos loiros, platinados como os dele. Garotas magras, gordas, altas, baixas. De cabelo liso, encaracolado. As de cabelo cacheado eram as favoritas de Albus.

Com os garotos era diferente. Albus preferia os loiros, sabe se lá o porquê. Já havia visto Albus na cama com um garoto numa noite, foi rápido, Scorpius nem chegou a entrar no quarto, por mais que isso fosse algo de se esperar se assustou tanto que quase gritou. Saiu do quarto com o rosto tão vermelho que sentia como se fosse desmaiar.

Foi procurar Rose imediatamente em seguida.

Se sentia estranho. Nunca havia sentido atração por um garoto antes, tinha certeza de sua orientação sexual.
Mas com Albus era sempre diferente, ele nunca tinha certeza de nada.

Em uma noite os dois estavam andando pelos corredores, era de madrugada. Scorpius era monitor, Albus sempre lhe fazia companhia em suas rondas noturnas. Foi nessa noite em que Albus lhe colocou contra a parede. Os olhos verdes elétricos, o sorriso debochado.

Scorpius estava com medo, assustado, curioso. Vários sentimentos que eram impossíveis de numerar e explicar.

Albus colocou as duas mãos na parede, impossibilitando que Scorpius fugisse. O sorriso sacana ainda no rosto.

E então o beijou.

Se Scorpius pudesse escolher uma palavra para descrever aquele beijo seria: Insano. Insano porquê aquilo era proibido, porque Albus era seu melhor amigo, e ele não era gay, sabia disso.

Insano porque era surpreendente, surpreendente em perceber o quanto o beijo era bom. Scorpius hesitou no começo, mas a curiosidade lhe venceu.

Sempre fora curioso, Draco achava aquilo engraçado. Scorpius Malfoy sempre fora curioso, desde querer saber por que o céu é azul e não verde, desde querer saber como era beijar um garoto, como era beijar Albus.

A sensação de beijar Albus era a mesma de tomar sorvete no inverno. Muitos acham estranho, afinal está frio demais para tomar algo gelado, geralmente você quer algo quente. Algo que te conforte do vento frio. Mas a vontade lhe vence e você toma o sorvete, ficando surpreso ao constatar que ao invés de estranho, aquilo era bom. E então você pensa: Oras, por que nunca fiz isso antes?

Depois daquela noite outros beijos se seguiram. Os encontros de madrugada no salão comunal era quase diários. Albus sempre lhe fazia companhia nas rondas noturnas.

E ele via Rose com menos frequência.

Rose não reclamou, dava espaço para o namorado. E Scorpius fazia o mesmo. Mas por vezes via a garota ruiva lhe lançar olhares magoados, já até a vira chorando uma vez.

Scorpius se aproximou novamente, e se afastou de Albus.

Era automático: Cada passo para perto de Rose, eram dois para longe do Sonserino.

Até que um dia Scorpius resolveu esquecer. Disse para Albus sem rodeios que aquilo não podia continuar. Amava rose. E eles eram amigos, aquilo era ridículo.

Albus lhe olhou incrédulo. Mas logo sua feição mudou. A frieza tomou conta de seu rosto. Sonserino, completamente Sonserino. Salazar sentiria orgulho.

''Você é um covarde, Scorpius. Agora entendo porque não foi para a Grifinória.'' Ele dissera, a voz debochada como sempre, mas os olhos não mentiam, Scorpius via tanta dor que tinha vontade de chorar.

''Como se você tivesse ido.''

''Não fui, mas sou um Sonserino. Faço de tudo para atingir meus objetivos, e você não foi uma exceção. Mas tudo bem, vou esquecer tudo isso, para o bem da nossa amizade, e pela Rose.''

As coisas ao contrário do que ele pensava, voltaram ao que eram antes. Albus voltou a agir como no quarto ano, quando as coisas eram normais - Ou tão normais quanto possam ser em relação a um Potter na Sonserina.

Iria se formar dali a alguns meses. Planejava casar com Rose assim que entrasse para o Harpias de Hollyhead. Antíquado, ele sabia.

Quem se casa aos 18 anos?

Mas se sentia pressionado. - Não por parte de Rose, mas sim pressionado por sí mesmo. Tinha medo de que se não colocasse uma aliança no anelar direito as coisas poderiam voltar ao sexto-ano. E além disso amava Rose, era sua melhor amiga. Ás vezes até esquecia que era sua namorada, Scorpius teria contado do beijo com Albus para ela, se não tivessem um compromisso, se gostasse dela de outra forma.

Mas afinal, como gostava dela? Se perguntava isso muitas vezes. Rose era sua melhor amiga, a garota com quem perdera a virgindade, a que sempre sabia quando estava chateado, quando estava com raiva, ou escondendo alguma coisa. Rose sempre sabia de tudo. Não entendia direito o que sentia por ela, sentia desejo?

Sim, sentia.

Não, não sentia.

Era um looping infinito.

Scorpius pintava. Como Astória. Foi ela quem o ensinou tudo que sabia. Scorpius por diversas vezes pintara Rose nua. Não era algo excitante, quer dizer, era, mas não da forma sexual. Rose ria, Scorpius ficava vermelho. Uma rotina que nunca lhe cansava.

Sentia que estava traíndo Rose, mesmo depois de ter terminado o que quer que tinha com Albus. Tinha vontade de gritar ''Você não vê?! Eu sou um idiota! Traí você com nosso melhor amigo! '' Mas não podia estragar tudo.

Os meses se passaram. Scorpius pediu a mão de Rose. Estavam sozinhos nos jardins, Scorpius podia jurar que era a pessoa mais feliz do mundo naquele momento.
Esqueceu Albus e os beijos trocados na torre de astronomia, nos corredores, no salão comunal.

Até o dia que contou a notícia para o amigo. Umas horas atrás.

O soco ainda dóia, mas Scorpius não estava com raiva. Na verdade, não sabia muito bem o que sentia naquele momento.

Suas pernas pareciam ter vontade própria, correndo sem parar tentando alcançar Albus.

O Sonserino finalmente parou de correr. Scorpius mal havia percebido que haviam entrado na floresta proibida. Albus estava de costas, fumando um cigarro trouxa, Scorpius pode perceber que ele estava chorando.

Albus Potter. Chorando.

A última vez que o vira chorando fora aquele dia no trem, há sete anos atrás.

Tomou fôlego, sem saber exatamente o que falar.

Por que mesmo o seguira até ali?

''Albus... eu sinto tanto.'' O receio em sua voz era gritante. Que tipo de Sonserino ele era? Lucius ficaria decepcionado.

Albus virou surpreso, não percebera Scorpius ali, muito menos que o mesmo o estava seguindo.

Ouvi falar que Sonserinos não choram.

A risada irônica saiu antes mesmo que pudesse controlar.

''Sente, é? Exatamente o que? Sente por ser um filho da puta covarde?''

Scorpius recuou. O quê?

''Eu... não sei do que você está falando, cara.''

O Sonserino de cabelos escuros riu. Não o tipo de risada que o fazia fechar os olhos e rir escandalosamente. Mas o tipo de risada irônica, como se fosse um alerta que dizia: ''Eu vou explodir a qualquer momento, por favor, vai embora.''

''Eu pensei que você já estivesse esquecido isso. Você jurou.''

''Eu jurei...Eu menti. Acho que você não sabe, mas os Potters fazem isso com uma frequência assustadora.''

''Albus, somos amigos, sempre foi assim. Por favor, esquece tudo isso que aconteceu. Eu... não posso, entende? E mesmo se pudesse não seria certo. Você é o meu melhor amigo, caralho!''

O de cabelos pretos piscou, confuso. Uma falsa confusão perfeita. O sorriso melancólico nos lábios. Se seu avô estivesse ali passaria a mão na cabeça de Albus e lhe daria um doce.

''Não daria certo? Não daria certo por que você é um covarde que tem vergonha de admitir que é gay? É isso?''

Bingo. Scorpius fechou os olhos, tentando, de alguma forma, bloquear as palavras. Albus acertara na mosca. Agora entendia porque o chápeu-seletor nunca nem sequer cogitou a possibilidade de lhe mandar para Grifinória. Ele era mais covarde que qualquer pessoa que já conhecera.

Passou as mãos no rosto fino, querendo logo sair dali, ou talvez voltar no tempo. Droga! Quando sua amizade com Albus virara aquilo? Ah, ele sabia. Foi em uma sexta-feira, corredores escuros e um beijo.

''Ser meu amigo, meu melhor amigo, isso não basta pra você?''

''Você sabe que eu sempre vou querer mais do que eu posso ter. E se não posso ter demais, também não vou querer nada, Scorpius.''

''Nossa amizade, esses sete anos não valeram nada então?''

Aquela conversa, naquele lugar...tudo parecia clichê demais. Ele quase podia sentir uma certa vergonha interna.

''Valeram. Valeram tanto que estou aqui, no meio da porra de uma floresta, pedindo para que você fique. E você sabe como não sou nem um pouco chegado em um drama.''

''Você nunca pediu.'' Foi a única coisa que conseguiu dizer.

Albus balançou a cabeça, descrente. Seu rosto já não tinha nenhum vestígio de choro. Seus olhos, porém, estavam vermelhos, quase como se ele estivesse se esforçando muito para não chorar novamente.

''Pedi. Pedi no dia que comecei a me afastar de você. Pedi quando voltei a ficar perto. Pedi no dia que te beijei. Já pedi tantas e tantas vezes que chega a ser patético. Eu pedia todos os dias, Scorpius. E eu to parecendo a porra de um clichê ridículo, não é? Quem diria, Albus Potter, o primeiro Sonserino de uma geração de Grifinórios, pedindo para um Malfoy ficar.''

''Eu- eu não posso.'' Scorpius gaguejou depois de alguns segundos.

''Você nunca pode, Scorpius. Essa é a grande diferença entre nós dois.''

''Então é isso? Os inseparáveis Malfoy e Potter, afinal não são tão inseparáveis assim?''

''É o que parece.''

''Você não entende, Albus, caralho! Você é gelo, fogo demais entende? Tudo em você é demais! E eu to cansado de ter demais. Enquanto eu sou o silêncio, você é o barulho. Enquanto eu sou gelado demais, você é quente demais. É uma volta infinita e sempre voltamos ao mesmo lugar. E talvez eu não ter coragem o suficiente pra dizer que gosto de um garoto não seja o problema real, mas sim que nós somos um problema juntos. Nesse sentido que você quer, pelo menos. Somos amigos, sempre vamos ser, e não importa pra mim se você vai começar a rejeitar minha amizade agora. Sempre seremos Albus e Scorpius, mesmo quando eu me casar com a Rose, mesmo quando saírmos de Hogwarts.''

E depois de algum tempo.... aconteceu, Albus sorriu de lado, sem mostrar os dentes. Os olhos ainda tristes. Os olhos verdes tristes sempre foram uma carácteristica peculiar em Albus, Scorpius nunca havia entendido o porquê. Talvez conhecece o amigo muito menos do que imaginava.

''Você vai ficar bem?'' Scorpius perguntou depois de algum tempo em silêncio.

''Eu sou um Sonserino, geralmente sempre fico.''

''Então eu...eu tenho que ir... nos vemos no expresso?''

''Tudo bem.''

Scorpius sorriu inseguro, e em um giro de pés desapareceu na escuridão.

Albus sentou-se de qualquer jeito no chão úmido da floresta, colocando a cabeça entre as pernas. Sentia vontade de se socar, como fizera com Scorpius.

Que tipo de estúpido ele era?

E, Afinal o que ele estava pensando? Que Scorpius assumisse pra Hogwarts inteira que ele era gay? Que se separasse de Rose? Scorpius era covarde demais. Ou talvez apenas o esforço que faria não valesse a pena, talvez ele não fosse tão importante assim. Rose era mais importante.

''Albus, você é tão infantil!''

Sentiu uma lágrima descer pela bochecha gelada e riu sozinho. De Sonserino frio e calculista virara um Lufano de merda.

''Talvez você devesse se declarar.'' Dominique dissera no quinto ano. Se lembrava perfeitamente. Se declarar, se declarar, se declarar... não parecia uma boa idéia. E não fora, de qualquer modo.

Para Albus, Scorpius era como a neve, como o fogo crepitante de uma lareira. Tão gelado, tão quente, tão quente que queima no primeiro toque se você não tomar cuidado.

E Albus não tomara.

Se queimou completamente. Ardia, sangrava. Como a picada de uma serpente.

Então era essa a sensação de coração partido? Que interessante.

Ás vezes ele queria não sentir demais. Scorpius estava certo, tudo nele era demais. Frieza demais, arrogância demais. Ele era como um tornado que passava e na maioria das vezes destruía da pior forma tudo o que via pelo caminho. Queria ser como seu pai, como sua mãe. Calmos e felizes. Mas parecia que para ele as coisas nunca eram fáceis. Tudo sempre tinha um preço. E o preço daquela vez fora o seu exagero.

''Albus tente não destruir as coisas dessa vez, tudo bem?''

Resolveu se levantar dali de uma vez. Fazendo o mesmo caminho que Scorpius seguira á alguns minutos atrás. Deixando a conversa que tiveram ali, na floresta proibida.

No meio da semi-escuridão ele sorriu sozinho. O mesmo sorriso triste de sempre, quase imperceptível.


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Notas finais do capítulo

E então?



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