Disparos Certeiros escrita por Aline Vataha


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Oneshot



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Os Kindred posicionaram-se no topo de uma colina. Podiam ver os dois exércitos dali. A batalha ainda não havia começado, e faltava pouco para o derramamento de sangue. Lobo dava piruetas no ar, salivando, enquanto Ovelha tentava descobrir qual dos dois lados iria ganhar. Contava a quantidade de soldados em cada lado, observava quem possuía o melhor equipamento, a quantidade de arqueiros, aonde o terreno seria uma vantagem ou não. Não que ela se importasse com quem vencesse; era apenas um passa tempo que ela havia construído ao longo dos séculos.

— Ovelhinha, por que está demorando tanto?!

— Os generais ainda estão pensando, caro lobo.

— Mas... Mas é só lutar! Por que pensam tanto?!

— Porque é o trabalho deles, caro lobo.

 Nuvens negras ganhavam espaço no céu, roubando pouco a pouco a luz do dia. A chuva tornaria a batalha um verdadeiro caos tático, transformando a terra em lama e obstruindo qualquer chance de movimentação eficiente entre as fileiras. Ovelha já podia observar uma ansiedade maior se formando entre os generais. Se tivessem algum plano que envolvesse movimentação, teriam que pô-lo em prática logo.

— Ali - Ela apontou para um dos exércitos. - Está vendo, caro Lobo? Como sussurram?

— Estou, Ovelhinha, estou! O que é que dizem?

— Estão debatendo qual comando deles matará menos dos próprios e mais dos outros.

O lobo deu uma volta na ovelha, pairando a poucos centímetros de sua cabeça.

— Que gente sem graça. Pensam muito, é o que digo!

— Definitivamente, caro lobo.

 Algo chamou a atenção de Ovelha. Uma folha, pequena e laranja. A perseguiu com o olhar, vendo-a ser levada pelo vento. Olhou atrás de si, notando uma árvore enorme, todas as suas folhas debotadas.

— Já é outono - sussurrou. - O tempo perdeu todo o seu significado.

 Ovelha gostava daquela estação muito mais do que as outras. Podia ver preocupações sobre o inverno, memórias do verão, a espera pela primavera. Todas essas coisas misturadas em cada rosto, em cada pensamento, mesmo que as pessoas não percebam isso. Era a calma mórbida entre a espera da morte e a expectativa da vida que ela apreciava tanto.

— Ovelhinha, ovelhinha!

 Ela ouviu. O som estridente de um corno sendo soprado. Centenas de setas subiram até o pico do céu, fazendo uma breve curva antes de caírem como raios.

— Os homens vão cair como folhas, ovelhinha! Vai ser lindo! Vamos, vamos, vamos!

 Ela pegou o arco. Saltitou da colina e galopou até o campo de batalha, já preparando uma flecha.

"Errado, caro lobo", pensou. "Pessoas não são folhas. Elas não são bonitas quando caem."


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