You x Kiss x Me escrita por Jude Melody


Capítulo 1
Pelos olhos do Kuruta


Notas iniciais do capítulo

Hey, people! Espero que gostem desta pequena two-shots. Os dois capítulos contam basicamente a mesma história. O que muda é o ponto de vista. Eles se complementam, então, eu aconselho a ler os dois capítulos. A ordem da leitura não importa. Podem começar pelo Leorio, se quiserem.



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Eu não queria assistir àquele jogo, mas o Leorio começou um discurso sobre como ele se sentia um cachorro jogado na sarjeta e sobre como eu devia um pouco de atenção a ele após desaparecer sem aviso e mergulhar em uma série de missões suicidas para alimentar a minha obsessão pelos membros do Ryodan. É claro que eu dei um soco no rosto dele depois de ouvir tantas idiotices. Infelizmente, eu acabei me sentindo mal por essa precipitação e me ofereci para recompensá-lo. Eu esperava um pedido simples, como uma ida ao museu, ou algo do gênero, mas ele me saiu logo com esta: “vamos assistir um jogo dos SupaHanta!” Ergui a sobrancelha, confuso. Quem eram esses SupaHanta? Leorio lançou a mão ao peito. “Como assim não conhece os SupaHanta?” gritou. Respondi com um dar de ombros. Para quê? O idiota começou a contar a história deles, ressaltando que eles eram o melhor time de beisebol-nen do mundo. “Beisebol... O quê?” Impaciente, Leorio segurou meu braço e praticamente me arrastou para fora do apartamento. Em menos de dez minutos, eu me vi dentro do metrô, a caminho do centro da cidade.

E lá estávamos nós, parados em frente ao estádio de beisebol. Eu estava com um mau pressentimento, mas não tive chance de escapar. Enquanto comprávamos os ingressos, Leorio explicou-me as regras do beisebol-nen. É quase um jogo de beisebol comum. A diferença é que todos os jogadores são Hunters usuários de nen. Sentamo-nos na arquibancada, e eu censurei Leorio por ele já ter dois cachorros-quentes, um balde de pipoca e dois refrigerantes tamanho família nas mãos. “Por favor, Leorio! Você está estudando para ser médico. Deveria cuidar melhor da sua alimentação.” Mas ele ignorou minhas advertências. Pior do que isso: ele me entregou um cachorro-quente e um refrigerante! E ainda completou, dizendo que eu podia pegar a pipoca, se quisesse. Acontece que o balde estava encaixado entre as pernas dele. Eu não ia aproximar minhas mãos daquele lugar, não mesmo! Contrariado, fitei meu lanche gorduroso. O cheiro da mostarda não era muito agradável. Mas, para dizer a verdade, eu estava com fome, então arrisquei uma mordida. Leorio começou a rir de mim e estendeu o braço para limpar a mostarda do canto de meus lábios. Quase morri de vergonha com esse gesto.

O jogo teve início. Admito, estava me divertindo bastante. Era bom me distrair um pouco, para variar. Como os jogadores eram usuários experientes de nen, a partida era bem emocionante. Até mesmo condutas simples, como correr atrás da bola, tornavam-se incríveis! Eles praticamente lutavam contra o time adversário, mas sem machucar. Pelo menos, não muito. Feixes de luz explodiam de vez em quando, levando a plateia à loucura. Quando os SupaHanta fizeram mais uma jogada impecável, eu me virei para Leorio, sorrindo. Ele sorriu para mim também, e juro que pareceu tão diferente com aquela expressão tranquila e feliz em seu rosto que eu senti um pouco de vergonha. Bebi um pouco do refrigerante para disfarçar. Eu mal tinha me recuperado da surpresa quando um novo fato curioso resolveu despencar sobre mim, como se forças superiores tivessem subitamente decidido que eu merecia ser torturado.

A enorme tela que alternava entre imagens do jogo e imagens da plateia estava mostrando nós dois! Mas não era só isso... Havia uma legenda, altamente chamativa e rosada. E ela dizia “câmera do beijo”. Acho que nem meus olhos ficam tão vermelhos quando estou com raiva quanto ficaram minhas bochechas ao ler aquelas três simples palavras. Câmera do beijo? Quer dizer que eu tinha de beijar o Leorio?! Não, não tinha erro. Eu sequer podia inventar uma desculpa para me virar para a garota do lado, porque as duas pessoas no centro da imagem eram claramente eu e o Leorio. Com o coração a mil, arrisquei olhar para ele. Para minha surpresa, ele parecia tranquilo. Observava nossas imagens como se estivesse analisando um desenho em um livro de Medicina. Eu engoli em seco e sussurrei seu nome baixinho. Ele olhou para mim.

À nossa volta, várias pessoas gritavam “Beija! Beija!”. Se elas não parassem com isso logo, o vermelho da vergonha acabaria alcançando meus olhos, e nós atrairíamos uma atenção ainda mais indesejada. Sem pensar duas vezes, puxei um bloco de notas de minha bolsa para rabiscar algumas palavras. Com as mãos trêmulas, escrevi uma pequena mensagem. Reunindo o pouco de dignidade que me restava, ergui o bloco na altura do meu peito e me senti um pouco aliviado ao ver minha imagem na tela fazer o mesmo. A mensagem dizia “Somos apenas amigos!” Amigos, entenderam? Arranjem algo melhor para fazer! Mas a imagem do Leorio também havia mudado. Ele mostrava, não um bloco de papel, mas uma mensagem digitada no celular. A maldita da câmera deu um zoom, e eu consegui ler as palavras com clareza. Elas diziam “Não podemos ser algo mais?”

Droga, Leorio! Como conseguiu antecipar meus movimentos com tanta eficiência? A plateia agora ia à loucura. Até os jogadores haviam parado para assistir. Um deles, que me parecia estranhamente familiar, ergueu o punho, berrando “Beija ele, Kurapika!” Os outros logo se uniram ao coro e, de repente, parecia que o mundo inteiro estava conspirando a favor do Leorio. Eu engoli em seco, tentando pensar em alguma forma de escapar daquela situação. Mas não foi preciso. Porque o Leorio me beijou. Na frente de toda aquela gente. Com nossas imagens aparecendo na tela para todo mundo ver. Eu juro que morri de vergonha!

Depois de uma eternidade, ele se afastou de mim, deixando um gosto estranho em meus lábios. Acho que era a mostarda. Ao menos, ele estava tão corado quanto eu. E fez o favor de continuar na minha frente, bloqueando qualquer visão minha na tela que as outras pessoas pudessem ter. Porque meus olhos estavam vermelhos. E não era de vergonha.

A garota ao meu lado estava tirando fotos, visivelmente extasiada. Os jogadores comemoraram e depois retornaram à partida como se nada tivesse acontecido. Aos poucos, voltamos a ser apenas dois naquele mar de gente. Eu fechei os olhos, tentando me acalmar. Senti a mão do Leorio cobrir a minha. Fitei-o de soslaio e percebi que ele ainda estava bastante corado. Mas havia algo mais. Ele estava sorrindo. Parecia muito feliz. E eu, de alguma forma, era responsável por essa felicidade.

Quando a partida acabou, ele me tirou do estádio antes que qualquer um pudesse nos interpelar. Ele sabia muito bem que eu havia ultrapassado todos os meus limites e precisava urgentemente de um pouco de silêncio e paz. Pegamos um táxi e chegamos ao hotel em que estou hospedado em segurança. Infelizmente, o recepcionista havia assistido ao jogo pela televisão portátil e nos lançou um olhar significativo quando atravessamos o saguão a caminho do elevador. Antes de as portas se fecharem, ou o ouvi segredando ao rapaz das malas “Sempre desconfiei desse aí.”

Cheguei a meu quarto com uma aura assassina vibrando ao meu redor. Ela desapareceu quando senti um peso familiar em meus ombros. Leorio começou a fazer massagem em mim, e eu me desvencilhei, ressentido. Ligamos a televisão para nos distrairmos um pouco, mas é claro que ela estava falando sobre nós. O apresentador gastou um ou dois minutos contando os detalhes da partida e depois levantou a “questão que estava deixando todos curiosos: quem eram os dois jovens da câmera do beijo?” Por muito pouco eu não destruí o aparelho com um golpe de minha corrente. Um dos jogadores teve seus quinze segundos de fama. Era um dos irmãos Amouri. Ele dizia para quem queria ouvir que me conhecera no Exame Hunter e sempre suspeitara que existia um clima entre mim e o Leorio. Gravei o primeiro nome dele, porque, da próxima vez que nos encontrarmos, ele será um homem morto.

Mas o que mais me incomodava era a pergunta feita pelo apresentador: então, será que agora eu e Leorio éramos um pouco mais do que amigos? Engoli em seco e arrisquei olhar para o lado. Leorio sustentou meu olhar, genuinamente curioso. Apesar de expressar calma, eu sabia que, por dentro, ele estava muito agitado. Eu podia sentir, pela sua aura, o quanto aquela pergunta era importante para ele. Minhas bochechas coraram só de pensar nela. “Leorio.” comecei “Quero que saiba que, apesar de tudo, nada mudou entre a gente, está be...?”

Ele não me deixou terminar a frase. Calou-me com um beijo que durou uma eternidade ainda maior do que o primeiro. Eu cometi o erro de abrir os lábios, e a língua dele simplesmente invadiu a minha boca. Entrei em choque. Eram experiências demais para um mesmo dia! E o pior de tudo é que eu estava me rendendo. Estava fechando os olhos, abaixando os ombros. Minha terceira grande surpresa naquela tarde foi me perceber tão incrivelmente relaxado enquanto os lábios do Leorio eram prensados contra os meus, e nossas línguas dançavam sem muito ritmo ao som de... Bem, nada. Eu não estava ouvindo nada. Nem pensando em nada. Ah, eu estava mesmo perdido!

Não me lembro de ter aberto os olhos, mas de repente vi Leorio me encarando de perto. Tão perto que nossos lábios ainda se encostavam. Ele repetiu a pergunta. “Então, somos um pouco mais do que amigos agora?” Eu repeti a resposta. “Nada mudou entre a gente, Leorio.” E ele me surpreendeu de novo. “Que bom. Achei que deixaria de ser meu amigo depois desse incidente.” Eu pisquei os olhos, abobado. “Você entendeu o que eu quis dizer? Somos só amigos, Leorio!” Mas aquele idiota era mesmo persistente. “Isso é só uma questão de nomenclatura!”

Confesso que ri um pouco desse comentário. Mais por ouvir Leorio utilizando uma palavra sofisticada como “nomenclatura” do que qualquer outra coisa. Realmente, essa resposta levantava uma questão importante e que, para mim, era assustadora. Será que eu e o Leorio éramos mesmo apenas “amigos”? Amigos... que se beijavam? Mas isso não se parecia muito com o conceito de namorados? Eu ao menos duvidava muito que pudesse resistir caso o Leorio tentasse me beijar outra vez. E algo em seus olhos me dizia que ele tentaria de novo. E algo em meus olhos dizia que eu queria que ele tentasse. Ah... Eu estou mesmo perdido!


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Notas finais do capítulo

Confiram também a Itzumo (Sempre)!



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