Caçadores do amanhã escrita por AYuri


Capítulo 11
No meio da alcateia


Notas iniciais do capítulo

Bitches I'm back
Eu não disse que por mais que demorasse eu não ia desistir da fic? Pois é, aqui estou eu! Leiam as notas do final ok? Dank (sim, eu falo alemão)



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Anotou?

— Sim sim. Obrigada, Krissy, acho que conseguiremos chegar antes de anoitecer - disse Mel com o celular entre o ombro e a bochecha enquanto terminava de anotar o endereço nas costas da mão. 

Garth é um cara meio esquisito, mas você aprende a amar. Ah, e eu preciso te avisar... Como posso dizer?... Não mate ele e a família, ok?

— Como assim?

Eles são lobisomens— respondeu simplesmente do outro lado da linha. 

— ELES SÃO O QUÊ?! - Thomas levou um susto com a exclamação que quase os fez sair da estrada. 

Eles são legais (quando não estão cantando músicas de igreja), eu juro. 

— Eles são l.o.b.i.s.o.m.e.n.s! 

Lobisomens do bem! Eles são confiáveis, Sam e Dean que me apresentaram a ele— Mel ficou quieta ainda desconfiada - É sério, Mel. Garth e a família não querem confusão, além disso, ele só concordou em dizer o endereço porque eu disse que vocês são Winchesters. Ele deu seu voto de confiança, dê-lhe uma chance ao menos. 

— Tudo bem - bufou contrariada - Mas, se algum deles rosnar pra mim, já viu né?

Tenho certeza que vai dar tudo certo— riu - A gente se vê por aí. 

— Tchau - despediu-se encerrando a ligação. 

— O que foi? - perguntou Thomas com as duas mãos no volante. 

— Precisamos passar em uma farmácia antes de chegar lá.  

—--x---x---

 

Chegaram ao endereço indicado por volta das cinco da tarde, quando o sol estava se escondendo entre as árvores no horizonte e os pássaros cantavam. Tom estacionou o carro ao lado de uma cerca branca de madeira de onde já conseguiam avistar a casa. Ouviram sinos de igreja e o som das vacas pastando. 

— Você está bem? - perguntou Mel. 

— Sim - respondeu Tom puxando o freio de mão. 

— Você dirigiu praticamente o caminho inteiro, quase não dormiu. 

— Preocupada comigo? Aw que fofa - disse fazendo bico. 

— Cala a boca, idiota - riu - pegou a arma com as balas de prata? 

— Tem certeza de que é necessário? - perguntou prendendo a arma na parte de trás do jeans - Se os nossos pais confiavam nesse Garth, nós também podemos. 

— Eu não ligo para o que aqueles dois acham, só estou aqui porque Krissy confia nele - disse pegando também a arma - Mesmo assim, é melhor precaver. 

Melanie pegou um pequeno pote de vidro e tomou uma das pílulas que estavam ali. 

— Aliás, o que é isso que você comprou na farmácia?

— Antialérgico. 

— Alergia a lobisomem? - perguntou fazendo uma careta. 

— Não, alergia a cachorro e SUPERALERGIA a lobisomens. Depois de descobrimos isso, Doug sempre fez questão de me levar nas caçadas de lobisomens, eu consigo identificá-los de longe. Mas agora vamos entrar no meio da alcateia e já viu né, vou começar a ficar inchada, nariz escorrendo, olhos vermelhos...

— Que visão do inferno. Não vejo a hora de começarem os primeiros sintomas - disse num sorriso maroto e Mel revirou os olhos. 

Caminharam até a porta da casa simples de dois andares e tocaram a campainha. Uma mulher abriu a porta, ela tinha cabelos brancos disfarçados pelo loiro e leves rugas ao redor dos olhos, o que dava ainda mais simpaticíssimo ao seu sorriso. 

— Querido, eles chegaram! - ela gritou para dentro da casa - Olá - disse enxugando as mãos no avental antes de cumprimentá-los - Meu nome é Bess, por favor, entrem. 

Mal puseram o pé para dentro da residência e um homem apareceu correndo meio estabanado. Ele tinha cabelos grisalhos escondidos por um boné rasgado e usava roupas bem simples meio amassadas. 

— Eu não acredito! - disse parando em frente aos dois - Você deve ser Thomas - disse abraçando-o de repente. 

Mel disfarçou o riso que quis sair ao ver a cara de surpreso do Tom, mas que desapareceu rapidamente ao notar que seria a próxima vítima. Chegou a soltar uma exclamação de negação ao ver os braços se estendendo em sua direção, mas foi ignorada. 

— Você deve ser Melanie! - falou dando tapinhas nas costas dela, depois deu um passo pra trás e a analisou com as mãos em seus ombros - Dean é um cara de sorte, sua mãe deve ser linda, porque tá na cara que você não puxou pro lado paterno - riu sozinho. 

Mel ia responder algo, mas foi impedida por um espirro. Thomas riu da cara da prima, deixando Bess e Garth sem entender o que estava acontecendo. 

—--x---x---

[Melanie's POV]

 

Garth nos levou até a sala e disse que podíamos sentar para conversar com calma. Ele se aconchegou na poltrona e eu fiz questão de sentar-me na parte do sofá mais distante - por questões de saúde e para evitar um outro contato físico, aka abraço inesperado (odeio pessoas) - deixando o outro lado vago para Tommy. 

Mas, antes de alguém falar qualquer coisa, a Britney Spears começou a cantar. 

Isso mesmo, a Britney

Garth tirou uns cinco celulares do bolso e procurou aquele que estava tocando Toxic e atendeu. 

— FBI, agente Williams falando... - Wut de hell tá acontecendo? - Sim, o agente Barnes é um dos nossos mais qualificados profissionais... Mais do que isso, peço total colaboração da polícia no caso... Sim, sim... O país agradece pelos seus serviços - disse a frase clichezona e desligou.

— Espera aí, é você! - comecei a entender o que estava acontecendo enquanto Thomas ainda o encarava com um ponto de interrogação colado na testa.

— Sou eu!

— Calma, quem é ele? - Thomas perguntou ainda mais confuso. 

— Todas as vezes que a história de FBI não cola, nós usamos esse número de telefone... É meio que um conceito universal dos caçadores: sempre que parece que vai dar merda com a polícia ou qualquer outra pessoa, ligue para "aquele cara" e ele vai te tirar da enrascada fingindo ser alguma autoridade. 

— E não só FBI, também finjo ser da Interpool, Serviço de Segurança e Saúde, ONU e revista Vogue. 

— O mais estranho é que ninguém sabe quem realmente "aquele cara" é. 

— Agora vocês sabem - disse Garth sorridente. 

— Mas isso não é estranho? Um lobisomem ajudando caçadores? 

— Eu já fui caçador antes - o homem revelou - Fui infectado por um licantropo durante uma caçada e achei que era o fim, mas aí eu encontrei a Bess e ela foi a luz da minha escuridão. Ela me apresentou à família e ao modo com que eles viviam, estamos juntos desde então - contou com o olhar perdido nas lembranças - É claro que nem tudo foi um mar de rosas, Dean e Sam me ajudaram nisso e, no fim, deu tudo certo - ele suspirou - Eu cometi erros no passado e queria me redimir voltando às caçadas, mas Dean me disse que não, eu tinha uma família agora pra proteger. Mesmo assim, não consegui ficar quieto e comecei esse negócio no anonimato. 

— Agora eu entendo... Não é todo caçador que confiaria num lobisomem desse jeito...

— Além disso, como Dean disse, eu tenho uma família para cuidar - disse fazendo uma cara de cãozinho abandonado. Irônico?

Thomas não conseguiu resistir ao olhar e tirou a arma que carregava e a desmontou colocando as peças em cima da mesa de centro, depois ainda me olhou sugestivamente para que eu fizesse o mesmo! Acabei cedendo e repeti seus atos. Estava calma, pois ainda tinha uma faca de prata escondida na bota. 

— Melanie... - Tom disse com as sobrancelhas arqueadas. Porra, Thomas! Fui obrigada a tirar a faca e a joguei em cima da mesa - Desculpa por isso - ele disse meio constrangido. 

— Tudo bem - respondeu Garth sem ressentimentos - Agora eu vejo a semelhança com o seu pai. Dean Winchester poderia arrumar briga com a própria sombra, mas por dentro era um grande urso de pelúcia. E Sam, vivia questionando seu coração - balançou a cabeça - que Deus abençoe sua alma. 

WTF?

— Querido, vamos jantar - Bess entrou na sala - Vocês dois estão convidados também. 

— Jantar? Mas ainda são seis da tarde - questionei. 

— Sim, mas a Daisy aqui tem aula amanhã cedo, não é mesmo? - disse olhando para a garotinha que segurava sua mão. Ela parecia envergonhada, olhava para o chão e apertava a barra da saia com os dedinhos - Diga oi para os nossos convidados, querida. 

Thomas disse "oi" e eu soltei um "e aí", mas a menina não respondeu e Bess apenas soltou um suspiro paciente. Fomos até a sala de jantar, onde se reuniram ainda alguns primos, tios e tias, os quais foram apresentados, mas não me lembro do nome de nenhum deles. 

A comida foi distribuída: pedaços generosos de carne crua banhada em sangue. A família começou a devorar a janta rasgando os músculos do animal com as unhas e dentes sem se importarem com o vermelho que escorria pelos dedos. 

Havia apenas três pratos "normais" com carne mega bem-passada e purê de batatas: o meu, o de Thomas e o de Daisy. Comi um pouco e não estava ao todo ruim, mas o som da carne viscosa sendo mastigada a minha volta embrulhou-me o estômago. Tommy também mal tocou na comida, diferente da menina Daisy que comia naturalmente, provavelmente já acostumada com o ambiente. 

Assim que findada a refeição, as pessoas foram se dispersando aos poucos. Até que ficamos apenas eu, Garth e Daisy enquanto Bess e Tommy terminavam de retirar os pratos e talheres da mesa. 

— Daisy, querida, já está ficando tarde. Que tal se o tio Garth te colocar na cama enquanto eu termino de arrumar as coisa aqui? - perguntou Bess à garotinha. 

A menina olhou para Garth e voltou-se à Bess cochichando algo em seu ouvido. 

— ... Claro que eu posso, querida - respondeu com o cenho franzido, mas com a mesma calma na voz - Desculpe, amor, ela...

— Tudo bem - interrompeu Garth - Pode ir, eu termino de limpar as coisas aqui. Tenho dois ajudantes para lavar a louça, não é mesmo? - disse dando tapinhas no meu ombro. 

Sério isso? Legal, já posso adicionar o item "lavar louça com um lobisomem" da minha lista de coisas absurdamente estranhas que já fiz na vida. Show. 

Bess saiu com Daisy levando-a ao quarto e ficamos apenas os três na cozinha. Thomas foi o primeiro a arregaçar as mangas dizendo que os pratos não iam se lavar sozinhos e me disse para enxaguar enquanto ele ensaboava. Mandão. E ainda disse que Garth não precisava ajudar, pois era o mínimo que podíamos fazer em troca do "jantar delicioso". Como se ele soubesse que gosto tinha aquele bife torrado sendo que mal comeu-o. Suspirei tendo que aguentar aquela cordialidade chata de Tom. 

— Há alguma coisa de errado com a Daisy? - essa pergunta estava me incomodando já fazia um tempo - Ela não é lobisomem, não é?

— Não... Ela passou por muita coisa ultimamente, mal fala conosco. É uma longa história, ela é filha de um primo de Bess com uma humana. 

— Metade humana, metade lobisomem? - perguntei concentrada no serviço de enxaguar os pratos. 

— Licantropo - ele me corrigiu. Frescura - Sim, mas ela não é como nós, nasceu humana. O primo de Bess saiu aqui de casa já fazia alguns anos, foi seguir a vida, estudar em uma universidade na cidade vizinha. Não aconselhamos sair assim, mas não podemos prender os jovens aqui para sempre né. Felizmente tudo saiu bem durante alguns anos e ele sempre passava os fins de semana por aqui... - suspirou ante de continuar - Há mais ou menos um mês atrás ele ligou, parecia estar com problemas sérios, mas não conseguiu terminar de falar antes da ligação cair. Eu corri até o apartamento em que ele estava morando na cidade vizinha e encontrei Daisy escondida dentro de um armário. O pai estava morto... Caçadores - disse a palavra com certa dificuldade - A pobre garota viu tudo, não é algo fácil de esquecer... 

— E a mãe?

— Descobri que faleceu no parto. 

— Por que o pai de Daisy não contou a vocês sobre ela? Vocês não são uma família unida? Quer dizer, cantam músicas gospel juntos e tudo mais - sei lá. 

— Acho que ele não queria que soubéssemos porque não queria Daisy envolvida em nossas vidas complicadas. Ela é humana, talvez ele só queria que ela tivesse uma vida normal...

Automaticamente lancei um olhar para Tommy ao ouvir aquelas palavras. Não posso negar que aquele sentimento de culpa ainda me incomodava por tê-lo tirado de uma vida normal e... Feliz. Engoli seco e desviei o olhar para que ele não percebesse. 

Eu e Tom havíamos acabado de terminar com a louça quando Bess retornou. Garth tirou algumas garrafas de cerveja e ofereceu como um pedido de agradecimento pelo trabalho. Pelo menos isso. 

— Não obrigado - Tom recusou por nós dois sem pedir a minha opinião - Está ficando tarde e ainda temos que dirigir até a cidade e encontrar um hotel para passar a noite. 

— Você vai dirigir, não eu - lembrei aceitando a cerveja. Poxa depois daquele precário jantar (sem ofensas, Bess) eu precisava encher a barriga com algo. Que seja álcool!

— Nós temos um quarto vago no andar de cima, vocês podem ficar lá se quiserem - disse Bess. 

— Não. Não queremos incomodar - na verdade eu só queria sair dali antes do antialérgico perder o efeito. Só espero que não insistam para que fiquemos, até porque não sei se meu estômago sobreviveria a um café da manhã em família se ele for parecido com o jantar. 

— Não é incomodo nenhum - merda. 

— Bom... - Tom começou e eu lancei-lhe um olhar de súplica para que ele recusasse - Então acho que vou aceitar essa cerveja também - merda x2. 

—--x---x---

[Narrador POV]

 

Não estava tão tarde, entretanto todos os moradores da casa já estavam dormindo em seus respectivos cômodos, deixando um silêncio mortal pairando no ar. O quarto que Bess arrumou para os Winchester era pequeno, mas suficiente para acomodar um armário e uma beliche. Thomas estava quieto na cama de baixo enquanto Melanie fitava o teto na cama de cima irritada com o nariz coçando.  

O tempo estava ameno e a noite tão silenciosa quanto o interior da casa. O único som que se ouvia era o tic-tac do relógio, o qual já estava começando a tirar Mel do sério. Subitamente um ronronar grave e alto quebrou o silêncio. Ambos ficaram quietos por um segundo ao ouvir o barulho e, em seguida, explodiram em risadas. 

— Sossega o leão aí! - Tom disse tentando manter baixo o riso e não acordar as outras pessoas da casa. 

— Eu? Mas foi você isso! - respondeu Mel indignada - Não é pra menos, você nem tocou no jantar. 

— Olha quem fala! Pensa que eu não notei que você estava tentando encher a pança com cerveja?

— Só não tomei mais por medo de acabar como o Garth - disse relembrando momentos anteriores em que Garth ficara bêbado após uma única garrafa e teve que ser arrastado por eles até o quarto. 

The Camptown ladies sing this song doo-dah doo-dah— cantarolaram juntos a música que Garth não calava a boca e riram - The Camptown race track's five miles long oh doo-dah day!

 

— Quer saber, estou mesmo morrendo de fome - falou Melanie ao acalmar as gargalhadas - Acho que sobraram alguns salgadinhos no carro, vou lá buscar e aproveitar pra tomar um pouco de ar fresco - disse fungando. 

— Traga tudo que for comestível! - falou Tom observando Mel saltar da beliche e sair na escuridão do quarto. 

Saiu da casa e foi até Baby buscar qualquer resto de comida que encontrasse. Voltou com três pacotes de salgadinhos de queijo. Ao chegar na porta viu Daisy sentada nas escadarias da entrada com os bracinhos abraçando os joelhos. 

— Oi! - Melanie cumprimentou já abrindo um dos pacotes que carregava - Lanchinho da meia-noite, quer se juntar a nós? - perguntou, mas a garotinha apenas balançou a cabeça tímida - Está tudo bem? Não deveria estar dormindo?

— Garth está roncando muito alto - disse com a voz baixa. 

— Ah, então era ele fazendo aquele barulho de motosserra? Pensei que estivéssemos sofrendo algum tipo de ataque alienígena de tão alto que era. 

— Pensou que era um ataque alienígena e foi buscar salgadinhos de queijo?

— Se é pra ter uma última refeição, que ela seja bem calórica e amarela - Daisy riu baixinho do comentário - Quer? - Mel ofereceu à nova amiguinha e esta aceitou mesmo que receosa. 

— Promete não contar pra Bess? - ela perguntou antes de colocar o primeiro pedaço na boca, como uma criança travessa que vai desobedecer a mãe. 

— Só se você prometer que não vai contar para o meu primo que eu estou comendo esse pacote sem ele. 

As duas sorriram e comeram juntas o salgadinho fedido. Ao terminarem, Daisy lambeu os dedos amarelados e se levantou dizendo que ia tentar dormir novamente. Melanie decidiu que era melhor voltar ao quarto também. 

Quando chegou, fechou a porta e acendeu a luz fazendo com que Tom se sentasse na cama esfregando os olhos com a súbita luminosidade. 

— Por que demorou tanto? - perguntou se esforçando para abrir os olhos. 

— Para de reclamar, desgraça - disse e jogou um dos dois pacotes de salgadinho na cara de Tom. 

— Ai, vadia - xingou ao ser acertado pela comida, mas Mel ignorou - Pra quê tanta agressividade?

— Se você não tivesse aceitado o convite pra passarmos a noite aqui, poderíamos ter pedido uma pizza pra comer no hotel, mas nãaaaao, agora temos que comer esse câncer empacotado clandestinamente. - disse mastigando o segundo pacote da noite - E ainda por cima, acabamos por nem falar direito com o Garth sobre Sam e Dean, não foi pra isso que viemos?

— Ainda temos amanhã para falar sobre isso - deu de ombros - Acha que o Garth aceitaria nos ajudar a procurá-los?

— Não sei, ele tem família e tudo mais...

— Certo, mas ele ajuda caçadores com o lance dos celulares e tal - analisou, mas Mel não respondeu, apenas continuou comendo o salgadinho - O que está havendo com você? 

— Como assim?

— Você anda muito negativa. Bom, mais do que o normal. 

— É só que.. - suspirou - Nós podemos realmente confiar nele? Atender um celular é uma coisa, que eu agradeço muito afinal ele já me tirou de umas boas enrascadas, mas caçar é outra completamente diferente. 

— Do que você está falando? É claro que podemos confiar no Garth, estamos dormindo na casa dele, não é? comemos da sua comida e bebemos da sua cerveja. Isso é confiança suficiente para mim. 

— "Comemos" - acrescentou aspas imaginárias lembrando do jantar. 

— Só está dizendo isso porque são lobisomens. 

— Talvez eu realmente esteja - confessou. 

— Você deve ser mais mente aberta, Mel. Eles estão limpos, nosso pais já checaram isso. 

Melanie não respondeu. Arfou impaciente e se escondeu debaixo das cobertas para evitar um prolongamento desnecessário da discussão, que certamente ocorreria se ela declarasse novamente que não confia nos irmãos Winchester.  

—--x---x---

Pela manhã Melanie saiu da cama ranzinza e desceu as escadas. A crise alérgica somada à pequena discussão que teve com o primo foram suficientes para deixá-la em claro a noite toda. 

— Oh, Mamaduke, você é louco! - ouviu as risadas de Garth vindo da cozinha.

Ao entrar, encontrou-o sentado à mesa posta enquanto lia o jornal. Thomas estava do seu lado, já havia tomado o café da manhã e parecia estar fazendo companhia ao Garth há um certo tempo. 

— Bom dia, margarida - disse Garth sorridente. Melanie ia responder, mas foi impedida por um espirro ao se aproximar - Está ficando resfriada ou algo do tipo?

— Não se preocupe comigo - disse com pouco caso. 

— Ei, Mel, Garth estava me contando sobre como conheceu nossos pais - Tom começou animado com a história que tinha ouvido alguns minutos atrás - Você vai querer ouvir essa!

— Talvez mais tarde - disse enfiando um pão goela abaixo e agradecendo mentalmente por eles terem comida normal no café da manhã. 

Thomas se ajeitou na cadeira lembrando da conversa que tiveram na noite anterior. Garth não notou o clima estranho, mas mudou de assunto. 

— Mais tarde teremos uma missa na igreja com toda a família. Depois do falecimento do pai de Bess, o antigo regente, eu assumi o posto. Vocês estão convidados a participar se quiserem, vai ser divertido. 

— Estaremos lá - respondeu Tom e Mel engasgou com a comida que tinha na boca. Não estava nem um pouco a fim de participar da missa "família feliz de lobisomens". Já estava bolando uma desculpa esfarrapada para não ir quando Bess entrou na cozinha aos prantos. 

— Garth! Garth! - veio gritando desesperada - Ligaram da escola da Daisy. Houve um assassinato lá! - conseguiu terminar a frase com dificuldade. 

Garth levantou-se da mesa alarmado, Thomas e Melanie o acompanharam tendo em mente que podia se tratar de um trabalho para eles. 


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Notas finais do capítulo

Capítulo paradão, mas necessário.
Então, como deveria começar as mil desculpas que devo? Pintando alvos no meu corpo pra vocês atirarem? Tudo bem, tudo bem, eu mereço. Quem mandou ter bloqueio criativo bem nas férias, quando eu poderia escrever livremente ¬¬
Não me abandonem, eu demoro, mas volto!!! E, só pra ressaltar, EU NÃO VOU DESISTIR DA FIC. Não, nunca, never, say never (tá, parei)

Aaah, antes que eu me esqueça, eu menti pra vocês. Isso mesmo, eu menti! Nem sei como contar isso, mas... EU NÃO FALO ALEMÃO! PRONTO, FALEI!
Tchauuu