When Youre Gone escrita por Izabel


Capítulo 1
Capítulo único




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/67283/chapter/1

“I always needed time on my own

I never thought I’d, need there when I cried

And the days feel like years when I’m alone

And the bed where you lie is made up on your side

 

Eu sempre precisei de um tempo para mim mesmo

Eu nunca imaginei que precisaria de você quando eu choro

E os dias viram anos quando eu estou sozinho

E a cama onde você deitava está arrumada do seu lado”

 

- Egoísta! – acusou Kamus – Milo, você exige a minha atenção sempre e quando eu exijo a sua fica bravo e ainda acha que está com a razão! – dizia olhando para o Escorpião, este olhando ironicamente para o seu interlocutor.

Sua voz estava calma, porém não deixava de ser fria, assim como seus olhos. E isso irritava o escorpiano. Às vezes ele preferia que Kamus batesse e gritasse com ele. Preferia isso a ter que encarar aqueles olhos gélidos e voz calma.

Tudo o que aquele aquariano fazia requeria controle. Milo percebeu que Kamus estava no limite de sua paciência e logo haveria de explodir.

“Por que não explode logo, Kamus? Por que não grita e bate como qualquer ser humano, quando está no limite da paciência, faz? Quer se tornar igual Shaka, com aquele discurso todo de encarnação de Deus?” – pensou Milo irritado – Está andando muito com o loirinho da sexta casa meu amor!

- Que? – perguntou Kamus, sem entender coisa alguma do que aquele grego falara.

- Não se faça de idiota Kamus! Anda conversando muito com Shaka, que está dividindo até as mesmas idéias que ele. – falou alto enquanto gesticulava nervosamente as mãos.

- Não faço idéia do que esteja falando. – disse Kamus um pouco confuso.

- Ah faz sim!!! Você está sempre com ele Kamus. Toda vez que eu quero te encontrar é lá que você sempre está... Lá na sexta casa. Conversando com o sexto guardião! – dizia um pouco enciumado – Não tem tempo para mim. Nunca tem tempo para mim. Vem a minha procura apenas por sexo e quando o tem, vai embora sem falar mais nada, vai para a casa de Virgem! E depois eu sou o egoísta, Kamus? – Exaltava-se mais e mais, sentindo as lágrimas desabrochar em seus olhos. Só de imaginar Kamus nos braços de outro, que não os seus, ficava possesso.

- Milo... – chamou pelo namorado, chegando mais perto dele e o abraçando. – Deixe de bobagens... – e Kamus falava enquanto acariciava aquele rosto moreno, secando-lhe as lágrimas com o nó dos dedos e a outra mão, tirava do rosto, os fios que teimavam em cair, cobrindo parcialmente o rosto do amado.

E era assim na maioria das vezes em que brigavam.

 

- x -

 

Milo estava trancado em sua casa fazia uma semana.

Estava em um estado deplorável. Encostado na cabeceira da cama, abraçando seus joelhos, na qual tinha função de ser a base onde Milo recostava a cabeça. Parecia um menino indefeso. Seus olhos perderam o brilho, a vivacidade. Agora estavam opacos.

Queria sentir de novo o braço do seu aquariano envolvendo o seu corpo, queria poder ouvir seu nome com aquele tom meio afrancesado e sentir suas carícias. Ouvir seus gemidos enquanto faziam amor. Queria ter o aquariano de volta para si, mas agora é impossível. A batalha das doze casas tornou esse “querer” surreal. Perdera o seu homem, seu marido, seu amante naquela batalha inútil.

“Ele morreu!!!” – pensou com amargura.

- Kamus... – sussurrou o nome do namorado. – Por que meu amor? Por quê?

 

 

“When you walk away, I count the steps that you take

Do you se how much I need you right now?

 

Quando você se vai, eu conto seus passos

Entende agora o quanto eu preciso de você?”

 

- Eu tenho que ir! – disse o francês.

- Já?! Ainda é cedo Kamus. Fique mais um pouco – pediu manhosamente.

- Milo, ao contrário de você, amanhã eu começo o treinamento de duas crianças. – dizia enquanto se levantava. Pegou os pratos e os levou para a pia. – Obrigado, a janta estava delic... – não terminara de falar, sua boca foi invadida pela língua ávida de Milo. Sentiu o escorpiano puxar seu corpo contra o dele, enquanto a outra mão estava em sua nuca. Kamus enlaçou o pescoço de Milo com os braços, beijando-o, sentindo o gosto do amado se misturando com o seu e quando já estavam sem ar, Kamus encostou a sua testa na testa de Milo e sorriu. – É melhor pararmos por aqui! Nós dois sabemos onde isso vai dar. – disse baixo. Milo podia sentir o ar que saia da boca de Kamus entrar em contato com a sua pele.

- Kâ... Eu quero a sobremesa. – sorriu maliciosamente.

- A sobremesa vai ter que ficar para outro dia. – disse se livrando com dificuldade do Escorpião, indo em direção a porta.

Milo fez cara de dó e ficou observando o namorado sair.

Foi até a janela que dava para escadaria e gritou o nome do amante. Kamus se virou, para fitar Milo, seriamente. Já iria lhe repreender por tal atitude, mas desistiu quando se deparou com Milo lhe acenando, jogando beijos e piscadelas. Sorriu levemente e continuou a subir as escadarias do santuário...

 

- x -

 

Saiu de seu devaneio pelas irritantes batidas na porta.

“Não se respeita mais o luto das pessoas...” – pensou irritado. – Quem quer que seja vá embora. Não quero ver e nem conversar com ninguém. – disse, porém as batidas não cessaram o que irritou o Escorpião. O cavaleiro se levantou pronto para expulsar quem quer que fosse.

Abriu a porta um tanto irritado, e ao ver Shaka ficou estarrecido. Quando voltou a si, segundos depois, fechou a porta na cara do loiro da sexta casa.

- Vai embora! Não quero falar com ninguém! Muito menos com você! – gritou para porta e o loiro voltou a bater insistentemente.

Milo atendeu com a cara fechada.

- Mas eu quero falar com você! E seja mais educado ao receber uma visita. Vim conversar com você e... – Shaka dizia meio aborrecido pelo tratamento do colega até ser interrompido.

- Olha aqui loiro! Eu NÃO TENHO NADA para falar com você e... Não sou educado quando a visita não é de meu agrado. – disse fechando a porta novamente, só que dessa vez fora interrompido por Shaka.

- Deixe de ser imbecil, Milo. Ainda com ciúmes de mim e do Kamus? Ele já deve ter dito o que direi a você: Eu não tive NADA com Kamus, apenas conversas jogadas fora.

Milo encarou Shaka, não dispunha de um estado de espírito bom. Estava triste e não tinha ânimo nem para brigar e se Shaka quisesse conversar com ele, faria daquela conversa um monólogo.

 

 

“When you’re gone, the pieces of my heart are missing you

When you’re gone, the face I came to know is missing too

When you’re gone the words I need to hear

To always get me through the day

And make it OK!

I miss you

 

Quando você parte, meu coração despedaçado sente saudades

Quando você parte, o rosto que eu cheguei a conhecer se perde também

Quando você parte, as palavras que eu preciso ouvir

Para sempre me fazer superar o dia

E fazê-lo ficar bem!

Eu sinto a sua falta”

 

- Milo, por que não deixa de lado esse ciúme bobo que você criou entre eu e o Kamus? – disse entrando na oitava moradia. Reparou o quanto o cavaleiro de Escorpião estava emocionalmente abalado. Seus olhos estavam inchados e marcado pelas olheiras.

 “Não deve ter tido um bom repouso...” pensava o virginiano, olhando para Milo.

- Milo... – Shaka fechou a porta atrás de si – Deve descansar um pouco. Está muito abalado pelo que aconteceu.

Milo voltou para o quarto, para a mesma posição em que estava. Olhar para Shaka lembrava Kamus e o ciúme o corroia. Percebeu que o cavaleiro de virgem chegara ao seu aposento e teve vontade de expulsá-lo, mas não iria conseguir. Ele sabia que não iria conseguir. Sentiu seus olhos se encheram de lágrimas e desabar num choro silencioso e doloroso.

Shaka ficou penalizado com o estado do colega. Nunca vira o Escorpião daquele jeito, seu orgulho escorpiano jamais permitiria que se expusesse desse jeito e ele estava presenciando aquilo, sabia o quão humilhante era para Milo vê-lo chorar. Olhou ao seu redor e viu que a casa estava suja e desorganizada. Havia roupas espalhadas pelo chão e toalha ainda úmida em cima da cama. Suspirou.

- Está uma bagunça o seu quarto Milo! – Shaka falou e viu o olhar do escorpiano sobre si.

“Kamus...” – pensou Escorpião e por um momento achou que fosse Kamus quem lhe falara agora pouco de sua bagunça. “Ele sempre reclamava, mas gostava da minha bagunça. Eu sei que ele gostava...” e fechou os olhos fortemente, para depois voltar a abrir. Viu Shaka recolhendo as roupas de Kamus, aquelas que estavam espalhadas pela casa.

- SOLTA ISSO!!! – vociferou Milo. – Deixe tudo como está Shaka. Por favor, não mexa em nada. – suplicou Milo em voz baixa e as lágrimas voltavam a cair, molhando sua face.

Shaka parou o que estava fazendo e foi de encontro ao Milo. Estava tão fragilizado, tão carente. Sentou na cama, secando as lágrimas dele, sorrindo e dizendo algumas palavras consoladoras para dar força ao cavaleiro. Percebeu a força que o oitavo guardião fazia para se manter acordado. Estava exausto. Shaka se levantou indo para a cozinha.

- Vou fazer um chá de camomila para você Milo. – e como esperado, não houve resposta do outro.

Voltou alguns minutos depois com uma bandeja. Foi até uma mesa de canto e deixou a bandeja lá, levando o chá para o Escorpião.

- Tome Milo, vai ajudar a relaxar. – disse entregando o chá para ele.

Milo se não ouviu, pelo menos fingiu que não ouviu e continuou no mesmo lugar, imóvel. Shaka ainda persistiu mais algumas vezes o que acabou aborrecendo ainda mais o morador da oitava casa.

- Shaka, por Zeus, cale essa boca e me deixe em paz. Se eu tomar isso irá embora??? – perguntou irritado.

- Sim, eu irei. – disse entregando o chá a Milo e esperou que o outro bebesse.

Milo bebeu o chá, entregando a xícara para ele.

- Agora pode ir embora. – disse se ajeitado na cama. Suas costas estavam doendo de ficar tanto tempo sentado. Seus olhos pesaram e exausto demais para travar outra batalha com o sono, acabou dormindo.

Shaka ajeitou Milo na cama. Fechou as janelas e levou a xícara para cozinha, saindo do recinto e indo para sua casa.

 

 

“I’ve never felt this way before

Everything that I do reminds me of you

And the clothes you left the lie on the floor

And they smell just like you, I love the things that you do.

 

Eu nunca tinha me sentido assim antes

Tudo o que eu faço me lembra você

E as roupas que você largou, estão espalhadas pelo chão

E elas cheiram igual a você, eu amo as coisas que você faz.”

 

Milo sonhava com Kamus. Sonhava que ele estava vivo, que ainda continuavam se amando intensamente, seja em qualquer lugar que estivessem e sorriu.

O primeiro sorriso depois da morte do francês.

 

 

Milo parou de acenar quando Kamus sumiu do seu campo de visão. Suspirou e começou a lavar as louças sujas da janta.

Ele mesmo fizera aquele jantar.

Programou tudo assim que soube que o francês teria dois pupilos e iria para Sibéria treiná-los.

Quis fazer uma “despedida” especial.

Foi ao mercado e comprou os ingredientes necessários para fazer a receita.

 

~*~

 

Nunca havia feito uma comida saudável na cozinha de sua casa. Quando não gostava da comida que serviam no refeitório, fazia miojo ou então passava na casa de um dos seus amigos e se convidava para almoçar com eles. Sempre dando indiretas é claro.

“Hum... Que cheiro delicioso!”; “Nossa, como sabia que essa era a minha comida predileta?” ou até mesmo “Uau!!! Tudo isso de comida? Sabia que é feio desperdiçar...” era algumas das frases mais usadas pelo grego e seus amigos acabavam por convidá-lo para almoçar.

- Milo, domingo estarei partindo do Santuário. – disse o francês, terminando o vinho.

- Fala sério Kamus!!! Pare de brincar. – e fitou a expressão séria do namorado, procurando por algum traço que indicasse que não estava falando sério e não o encontrou. – Estará partindo? Para onde? – perguntou sério.

- Vou treinar duas crianças, aspirantes a armadura de bronze de Cisne. Irei para a Sibéria. – percebendo o olhar melancólico sobre si, adiantou logo em seguida. – E não adianta. Ordens são ordens.

- Quando você voltará?

- Ainda não sei.

Os dias corriam e logo chegaria domingo.

Milo mandou um servo entregar o bilhete que escrevera para Kamus.

Seu plano já tinha sido iniciado. Foi até a cozinha do refeitório. Como era de tarde, a maioria das servas estavam descansando, depois de mais um dia de trabalho pesado. Afinal alimentar mais de 1000 bocas, entre eles servos, soldados, cavaleiros e aspirantes, não era uma tarefa fácil.

Milo encontrou sua cozinheira predileta repousando numa cadeira, lendo um livro com uma escrita esquisita. Deveria ser chinês, coreano, japonês, árabe... Alguma língua do Oriente. Não queria atrapalhar a leitura e, portanto esperou que terminasse para poder lhe tomar o tempo.

- Diga querido, por que me observa tanto? – foi ela a iniciar a conversa, fechando o grosso livro.

- Queria que me emprestasse algum livro de culinária francesa, Aya.

- Emprestar um livro de culinária? – espantou-se – Não sabia que você cozinhava Milo.

- A vida sempre lhe revelará surpresas meu bem... – disse piscando.

A velha serva se ergueu sorrindo indo buscar o livro, voltando alguns instantes depois com o livro de receitas.

- Aqui está meu bem. Apenas não o perca.

- Não perderei Aya. – beijou a senhorinha na testa e voltou a subir as escadarias satisfeito. Folheou enquanto subia, tentando procurar uma receita fácil. Acabou desistindo. Não encontrou nenhuma receita fácil. Pensava numa receita fácil enquanto subia as escadas para seu templo.

“Isso!!! Farei macarrão...” – pensou feliz.

Milo amava fazer macarrão. Era uma coisa fácil, prática e deliciosa.

Chegou em seu templo. Olhou no relógio. Marcava quase 4 horas da tarde.

Passou às 3 horas seguintes limpando a casa,arrumando a mesa e fazendo a janta.

Tomou banho e esperou por Kamus. Pelo horário logo apareceria.

- Milo, me explique: “Venha a minha casa no sábado às 19 horas, ou então morrerá.”

Que raio de bilhete é esse? – disse um pouco nervoso

- Apenas um bilhete para você vir a minha casa.

- Não poderia ter escrito apenas: Venha a minha casa no sábado às 19 horas?

- Da próxima eu escrevo, pode deixar. – disse, abraçando o cavaleiro de aquário. – Fiz uma janta para nós dois.

- Você cozinhando? – perguntou surpreso – Obrigado, mas acho que vou comer em casa.

- E qual o problema de eu cozinhar? – disse meio aborrecido. – Vai comer aqui, eu fiz a comida para você!

- Milo, nós dois sabemos que você não é de cozinhar. Amanhã faço uma viagem cansativa até a Sibéria e não quero ficar com dor de barriga.

- Hahaha... Gostei da piada Kamus, mas vai fazer essa desfeita para mim é Aquário? Preparei as coisas para você e você faz essa desfeita de rejeitar a minha comida. – disse meio triste

Kamus abraçou Milo, sentindo-se culpado.

- Está bem Milo, vamos jantar então.

 

~*~

 

A chuva caia forte pelo Santuário.

Sentou-se de frente para a janela. Gostava de ver a chuva, era relaxante. Estava vestido com uma calça leve e larga e secava seus cabelos. Sorriu. Sentiu o cosmo do aquariano vindo em sua direção.

Esperou no quarto, na mesma posição em que estava e logo sentiu as mãos do namorado envolver seu corpo e um beijo na nuca.

- Pensei que queria a sobremesa. – disse Milo, mirando Kamus, enxugando seu rosto, molhado por causa da chuva. Olhou o rastro que ele deixara. – Kamus... Você sujou toda a casa. – repreendeu o outro.

- Você não se importa, mon cher¹! – Kamus sorriu, beijando o outro apaixonadamente.

Fizeram um amor tórrido, apaixonado. Como se aquilo fosse a primeira vez deles. E depois caíram na cama exaustos. Milo abraçou mais o namorado e brincava com os cabelos longos e lisos do outro.

- Ka... – chamou manhosamente – O que te fez mudar de idéia? – perguntou curioso

- Que eu não sei quando vou ter seu corpo perto do meu novamente. Não sei quando voltarei a concretizar nosso amor! – disse olhando para Milo.

Kamus recebeu um beijo leve do Escorpião, ficaram trocando algumas palavras e por fim Morfeu, deus dos sonhos, os embalou pelo resto da noite.

Milo acordou na manhã seguinte, estava só na cama. Notou um bilhete escrito: “Je t’aime!²”. Sorriu. As roupas de Kamus ainda molhadas num canto do quarto.

“Como é bom ter roupas reservas aqui, não é cavaleiro de aquário?” – pensou se vestindo e catando as roupas para lavar.

 

“When you walk away, I count the steps that you take

Do you see how much I need you right now?

 

Quando você se vai, eu conto seus passos

Entende agora o quanto eu preciso de você?”

 

 

Milo acordou procurando por algum bilhete de Kamus.

“Ele sempre me deixava bilhetes!” – pensou triste. Viu seu quarto e reparou na bagunça. Seus olhos se fixaram na camiseta de Kamus largada em cima da cadeira e pegou-a.

 

- Para que trocar de camiseta Kamus? – Milo observava o francês vestir uma camiseta nova, depois de fazerem amor.

- Ora Milo, higiene. Está aí esta suja. – disse largando a camiseta na cadeira. – Gosto de vestir roupas limpas.

- Por que então deixa essa camiseta ai? – reclamou – Coloque no resto de roupa suja. Depois fica reclamando que a minha casa vive bagunçada.

- Tenho pressa Milo, sei que fará isso por mim! – e saiu, dando um beijo no amante.

A batalha viera logo depois, matando Kamus.

 

Ainda tinha o seu cheiro. Abraçou a camiseta, deitou e voltou a dormir. Milo queria dormir para sempre, queria sonhar com Kamus e viver com ele. Isso na realidade era impossível, então sonhava, porque no sonho tudo era possível.

Em seus sonhos, eles não eram cavaleiros, eram pessoas normais, vivendo sua rotina diária e seriam felizes. Não morreriam em batalhas inúteis.

A situação em que Milo se encontrava estava irritando o loiro da sexta casa. Poderia estar triste ou o que quer que fosse, mas ainda sim era um cavaleiro de Atena e tinha suas obrigações como tal.

Determinado foi até a oitava morada, tirar Milo de sua depressão. Bateu na porta até o escorpiano atender.

- Você de novo Shaka, diga o que quer dessa vez! – abriu a porta e encarou o loiro.

- Quero entrar! – disse educadamente. Percebeu o quanto Milo emagrecera, porém em seu rosto já não se encontravam as profundas olheiras.

Milo abriu a porta para o cavaleiro de virgem.

- Milo, não deve esquecer que é um cavaleiro de Atena e como tal não deve esquecer suas obrigações. – disse entrando no recinto, abrindo as janelas.

- Jamais me esqueço Shaka! Se veio só para me falar isso, pode ir embora! – disse seguindo o loiro que ia para todos os cômodos abrir as janelas.

- Pois não parece! Não aparece mais nos treinos. Respeitamos demais a sua dor. Todos nós perdemos pessoas querida nessa batalha. Recupere-se! Você acha que Kamus gostaria que ficasse nesse estado Milo? Ele morreu feliz por Hyoga ter superado ele, o maior orgulho que um mestre pode ter de seu pupilo. Ele queria que você ficasse feliz também Milo.

- Como posso ficar feliz se eu mandei o assassino do meu namorado para ele Shaka? – dizia amargamente – Eu mesmo o matei e jamais me perdoarei por isso.

- Não pense desse jeito Milo! Kamus quis essa batalha. Infelizmente ele morreu, mas você esta vivo Milo. Vivo! Viva a vida como um humano, como um cavaleiro. Kamus detestaria saber que você esta se autodestruindo por culpa dele.

Milo ficou sem palavras e pensando no que Shaka acabara de lhe dizer.

- Vou preparar uma comida para nós! – Shaka disse, indo até a sexta casa pegar alguns ingredientes.

E aos poucos Shaka passou a freqüentar a casa de escorpião.

Milo voltou a freqüentar as atividades de m cavaleiro. Voltou ao peso de antes e sua pele ficou mais macia e com mais brilho.

 

 

“When you’re gone, the pieces of my heart are missing you

When you’re gone, the face I came to know is missing too

When you’re gone the words I need to hear

To always get me through the day

And make it OK

I miss you

 

Quando você parte, meu coração despedaçado sente saudade

Quando você parte, o rosto que eu cheguei a conhecer se perde também

Quando você parte as palavras que eu preciso ouvir

Para sempre me fazer superar o dia

E fazê-lo ficar bem

Eu sinto a sua falta.”

 

Shaka era seu confidente.

Era no sexto templo que ia toda vez que queria escutar sobre o amante. E o cavaleiro de virgem começava a narrativa que Kamus lhe contava sobre o namorado e sempre repetia a pedido do Escorpião.

Shaka era parecido com Kamus. O mesmo jeito paciente e ponderado.

A conversa com o virginiano era agradável. Sempre disposto a qualquer assunto.

Deveria ser por isso que Kamus gostava da companhia do outro. Era calmo e trazia paz. Fazia bem ao espírito.

De manhã Milo treinava com os colegas na arena, depois passava à tarde com Shaka; aprendera até a meditar! E depois vinha a parte mais triste do dia de Milo: a noite!

Era a noite em que mais sentia saudade do aquariano. Todo canto de sua casa lembrava Kamus. Dos beijos roubados, dos abraços, do sexo. Aquele templo havia sido testemunha do quanto o amor deles era incondicional. Do quanto eles se amavam e pensar nisso dava aperto no peito.

 

 

“We were made for each other

Out here forever

I know we were

 

Fomos feitos um para o outro

Para todo o sempre

Estou certo de que fomos.”

 

Milo estava encarando o túmulo a sua frente.

Nunca havia ido lá desde que fora enterrado. Não tivera coragem. Sentia as lágrimas encherem os seus olhos e caiu ajoelhado de frente a cruz, onde jazia Kamus e seus companheiros de luta.

- Kamus, custa-me a acreditar que esteja morto! – disse em prantos. Permitir-se-ia chorar. Milo odiava demonstrar fraqueza na frente das pessoas, mas agora Kamus não era mais uma pessoa e sim um cadáver.

E ficou olhando o túmulo do namorado por horas a fio. O céu começava a escurecer quando finalmente resolveu voltar para casa. Encontrou Shaka preocupado ao chegar em seu templo.

- Onde estava Milo? – perguntou preocupado – Fiquei preocupado.

- Desculpe Shaka, não precisa ficar preocupado. Fui visitar Kamus. Acho que ele sentiu a minha falta. Amanhã, levarei flores.

E Shaka sorriu. Milo finalmente estava se acostumando com a morte de Kamus.

 

 

“All I ever wanted was for you to know

Everything I do I give my heart and soul

I can hardly breathe I need to feel you here with me

 

Tudo o que eu sempre quis foi que você soubesse

Que tudo que eu faço me entrego de corpo e alma

Eu mal consigo respirar, eu preciso te sentir ao meu lado”

 

- Quer ser meu namorado? – perguntara Milo ainda receoso com a resposta.

Kamus o analisou e por fim o beijou.

- Sim, eu quero. – disse Kamus e Milo achou que fosse morrer naquele mesmo instante.

 

Milo relembrava em frente ao túmulo do amante quando o pedira em namoro. Havia ficado tão nervoso. Passou a mão na terra como se estivesse acariciando o rosto branco do francês.

 

Estavam próximos demais um do outro. Podia sentir a respiração de Kamus batendo em sua pele. Não iria mais esperar.

Pegou a cintura do francês colando os corpos. Encostou seus lábios nos lábios do outro e se beijaram. Milo explorava a boca de Kamus com uma incrível impaciência. Suas mãos tateando os corpos, querendo se descobrir mais e mais.

Mesmo com aquela chuva, era impossível “esfriar” aqueles dois

 

Seus olhos já cheio de lágrimas. Passou a mão pelos lábios, como se aquele primeiro beijo entre eles tivesse sido a poucos minutos. Ainda podia sentir o gosto do aquariano em si. Sentir o perfume que exalava seu cabelo e seus braços protegendo seu corpo. Podia sentir que Kamus estava lá com ele.

 

Estava exausto. Os corpos suados e os fios de cabelo em desalinho.

- Eu te amo, Kamus! – disse sussurrando no ouvido do outro cavaleiro.

- Eu também te amo Milo! – disse fechando os olhos.

O cheiro de sexo ainda pairava no ar.

Tinham se tornado um pela primeira vez e foi perfeito. As roupas espalhadas pelo chão do quarto e agora as velas iluminavam o quarto.

Dormiram assim, juntinhos um do outro.

 

- Kamus... – deixou as flores que viera recolhendo pelo caminho e deixou em cima do túmulo. – Eu te amo muito, meu amor!

 

 

“When you’re gone, the pieces of my heart are missing you

When you’re gone, the face I came to know is missing too

When you’re gone the words I need to hear

To always get me through the day

And make it OK

I miss you

 

Quando você parte, meu coração despedaçado sente saudade

Quando você parte, o rosto que eu cheguei a conhecer se perde também

Quando você parte as palavras que eu preciso ouvir

Para sempre me fazer superar o dia

E fazê-lo ficar bem

Eu sinto a sua falta.”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bem, essa história foi feita meio que na correria, então quaisquer erros gramaticais peço que me perdoem. Peço encarecidamente que se acharem algum erro me avisem que eu consertarei.
Minha primeira song-fic.
Eu achei que esta muito bom.
No final tive que correr um pouquinho com os fatos se não daria muito mais palavras.

A música é da Avril Lavigne - When you're gone
A tradução esta no gênero masculino, porque senão, não iria fazer dar muito certo, uma vez que Milo é homem.

(1) Mon cher - meu querido em francês
(2) Je t'aime - eu te amo em francês

Reviews comentando da história são muito bem vindos e agradeço quem leu a história.

Domo Arigatou ~~
(Muito obrigado)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "When Youre Gone" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.