Quando nos mudamos para Eagle foi como voltar no tempo e viver todo sofrimento que a vovó havia passado lutando contra o câncer, mas era necessário uma vida nova, com os amigos que estariam ao nosso lado, já haviam se passado cinco anos a saudade de Fill, Carrie, Jim já era imensa.

— O vai fazer quando chegar? - Perguntou minha mãe

— Ainda estou pensando, talvez vou ir até a casa do Fill

— Sente muitas saudades dele não é mesmo? - Perguntou ela retirando uma goma de mascar do porta-luvas

Fiquei em silêncio, quando chegamos peguei minha bicicleta, estávamos de férias escolares o que não ajudava muito, por um caminho de terra cheio de árvores carregadas de neve cheguei a fazenda dos Rarper, o sobrenome tinha o cargo de família mais antiga da cidade.

— Fill – Gritou Lise

Lise era a empregada chefe da casa, ela comandava um batalhão de vinte mulheres com a idade entre vinte e trinta anos, nunca se soube muito sobre a mansão dos Rarper também nunca havia entrado no local.

*Fill veio correndo ao meu encontro e me abraçou

— Que saudade!!! Por onde estava? - Perguntou ele

— Bem estávamos longe, depois da morte da vovó decidimos sair um pouco da cidade

— Venha, vamos!

— Espera, Fill não é muito seguro

— Relaxa, meus pais saíram

Por uma primeira vez estava entrando na mansão, haviam centenas de quadros da época vitoriana, era tudo de madeira brilhante como se a casa não tivesse uns cem anos

*Fill começou a correr por corredor escuro, parecia muito empolgado

— Onde estamos indo? - Perguntei ofegante

— Meus pais não sabem disso, estou investigando os locais da mansão onde eles nunca deixaram eu ir, temos duas horas

— Temos? Como assim (Parei de repente) Não estou metida nesse problema mocinho!

— Ah! Vamos lá, eu sei que você mais do que eu está curiosa para saber se realmente existe o que tanto escondem aqui

*Continuei correndo

A lenda diz que a mais de mil anos uma mulher fez um pacto para se tornar imortal por longos dias ela adoeceu, foi diagnosticada pelos melhores médicos da cidade com diversas doenças, então ela pediu que se viesse a falecer fosse enterrada num calabouço que na época foi construído para aprisionar escravos, então no seu último dia de vida estipulado pelos médicos ela desapareceu deixando uma carta dizendo que se sentia muito bem, mas que partiria em breve daquela vida.

— Você não acha que estamos indo longe demais? - Perguntei

— Não quando se ganha coragem após ver a amiga que ficou longe por longos cinco anos

— Está okay! Qual é a parte da história que eu não conheço?

— Você acredita em seres sobrenaturais? Perguntou Fill

— Oi? Que história é essa? Está falando de chupa cabra? Pé Grande?

— Humm, tecnicamente isso são histórias, mitos, Ah! Não sei explicar, mas estou falando de bruxas! Especificadamente bruxas de salem

— Mas o que uma bruxa tem a ver com um ser imortal, isso não seria um vampiro? - Indaguei a ele

*Enquanto andávamos dava-se para ouvir ruídos e pingos de água como se o lugar estivesse com infiltração a dias, era escuro, frio e nada além de portas e mais corredores feitos de aço

— Sim, também. Olhe só – Disse ele tirando um papel enorme do bolso

— Está vendo essas escrituras? São em hebraico, uma escritura antiga, muito difícil de se decifrar, na biblioteca proibida na parte de cima da casa da Lise tem um livro chamado “O calabouço imortal” bem convencido de que isso poderia ter a ver com essa mansão eu o li e encontrei na última página essa escritura, pode ser uma senha ou coisa assim

Enquanto ainda procurávamos a porta para o “centro da terra” fiquei pensando que talvez a solidão houvesse o tornado um psicótico no sobrenatural

— Está aqui! - Gritou ele

— Fale baixo garoto! A Lise nos mata se nos encontrar aqui

— A que nada! Ela pediu para que eu viesse aqui

— Bingo! Estamos em apuros garotinho, pode ter sei lá o que aqui, um ciclope ou um mago, ou um urso, não sei vamos embora

*De repente a porta que Fill havia encontrado se abriu dando espaço para um grande salão iluminado por velas

— Não estamos em Hogwarts – Disse ele

O salão era totalmente vazio, e quando eu digo isso é claro qualquer pessoa espera que eu diga exceto por… Porém não havia realmente nada além de velas e mais quadros vitorianos, mais ao fundo havia uma porta lacrada com correntes enferrujadas o local estava fedendo a ferrugem e lodo, talvez fosse o local mais obscuro da cidade e me dava medo só de pensar que algo de dois mil anos morava ali.

— Olha!!! Venha aqui – Disse Fill sussurrando

— O que foi? O que foi? - Perguntei

— Olhe mais de longe, tem uma marca como se houvesse algo aqui, e eu tenho quase certeza que o que estava aqui agora está por trás daquelas portas

— Fill, vamos embora, não é uma boa ideia ir a fundo

— Se está com medo pode ir! Eu tenho que descobrir isso, olha ali, perto do quadro de uma mulher seminua tem um pedaço de madeira, usaremos para quebrar as correntes.

Então Fill me puxando novamente pegou o carvalho antigo e ele se despedaçou no mesmo instante

— Frustrante não? - Disse Fill

— Olha, talvez… Espera um instante

Já era quase sete da noite, não dava para enxergar quase nada no salão segui em direção a porta e toquei nas correntes, elas se soltaram da porta com a maior facilidade

— Fill! Me empresta aquele papel

— Para que? Não vai entendê-lo – Disse ele

Peguei o papel da mão de Fill, e comecei a seguir a ordem da caligrafia que havia sido escrito na porta olhando ao mesmo tempo para a do papel, e bingo! Era a mesma

— Fill, preste bem atenção, o que conta a história no livro? Na verdade qual é o desfecho?

— A doutora Ana recobre a consciência, e consegue decifrar o enigma então ela vai até o mago e fala as palavras e então ele a dá o poder da imortalidade

— Então meu querido amigo! Precisamos encontrar o Padre Jackson, se existe alguém por aqui nesta cidade que pode dizer palavras em hebraico para uma porta velha vai ser ele