PDV Isaac

 

Eu só podia estar ficando louco, eu quase havia me declarado para ela, pior, estava a ponto de beijá-la. E ambas as coisas seriam um erro, eu poderia perdê-la para sempre.

 

 E seu silencio me arrasava. Eloise não abriu a boca o caminho inteiro. O que ela estava pensando? Será que agora se distanciaria de mim? Será que me odiava?

 

Argh! Minha cabeça estava explodindo, eu não iria aguentar ficar longe dela.

 

Apertei o volante com força demais e acho que ele amassou, mas ela nem percebeu, estava ocupada demais olhando pela janela com um olhar perdido indecifrável. Ou seja, estava ocupada demais me torturando.

 

Quando chegamos ao castelo fiz questão de levá-la até seu quarto para evitar que acabasse se perdendo.

 

Parei na sua frente fitando-a.

 

- Bem... – Ela começou, graças a Deus havia resolvido voltar a falar. – Obrigada por me levar para caçar, foi divertido.

 

O que?! Só isso?!

 

Certo, melhor isso do que ela me ignorar para sempre.

 

- Hmn... De nada – respondi. E lembrei-me de que tinha que falar com Aro. – Tenho que ir agora. Não sai daqui, não quero que se perca de novo.

 

Eloise revirou os olhos e abriu a porta.

 

- Pra onde mais eu poderia ir Isaac? – Disse entrando no aposento.

 

Sorrir era inevitável. Eu adorava ouvi-la dizer meu nome.

 

- Só estou prevenindo.

 

- Certo, até logo.

 

Assim que ela fechou a porta e que eu tive certeza de que não sairia do quarto de novo, refiz todo o caminho e fui na direção da sala de reuniões. Encontrei Luke num dos corredores.

 

- Cara, ainda bem que você chegou. Já tava vendo a hora em que Aro ia soltar os cachorros em cima de mim.

 

- Desculpe, eu estava em Siena.

 

Ele me fitou com um olhar critico enquanto continuávamos caminhando.

 

- Sua voz estava estranha no telefone. O que aconteceu?

 

- Nada.

 

Ele insistiu.

 

- Isaac, não minta. O que houve?

 

- Nada, já disse, que coisa!

Eu não sei como conseguia ser amigo dele. Quando não estava me irritando estava invadindo a minha casa e mexendo nas minhas coisas.

 

Seu sorriso era debochado.

 

- Aposto que foi algo com a ruivinha.

 

Parei abruptamente e o encarei.

 

- O que?!

 

- A ruivinha, oras. Não me diga que eu atrapalhei alguma coisa? – Fez cara de inocente.

 

- Luke de quem você está falando?!

 

- De Eloise. De quem mais eu poderia estar falando? Você tem outra por acaso? – Soltou uma gargalhada que teve que abafar com a mão, se não acordaria a cidade toda.

 

- Ela não é ruiva Luke, procure um oftalmologista. – Falei serio e continuei andando pelo corredor, abri uma porta e entrei na primeira recepção.

 

- Ela só pode ser ruiva, nunca vi um cabelo como o dela. Mas em fim, o que foi que eu atrapalhei em Siena?

 

- Não aconteceu nada! – Praticamente gritei.

 

- Tudo bem então. Não quer me contar. Não conta. Eu não ligo. - Fechou a cara.

 

- Ótimo. – Disse e abri a porta da segunda recepção e cruzei a sala rapidamente.

 

Quando empurrei a porta Luke disse.

 

- Mas eu vou descobrir. – E sorriu maliciosamente.

 

Haha. Ele que tentasse para ver o que aconteceria.

 

- Isaac. Finalmente. – Aro disse se levantando e vindo na nossa direção.

 

- Lamento Aro, estive em Siena.

 

- Sim, posso ver. – Disse fitando, devia estar se referindo aos meus olhos.

 

- Bem, Luke disse que você deseja falar comigo...

 

- Exatamente. Isaac, eu sei que lhe pedi para ficar cuidando de Eloise, mas ocorreu um problema e preciso que parta para a Sibéria imediatamente.

 

 

-------------*------------

 

 

Eu, Luke e Demetri iríamos para a Sibéria por que um vampiro revoltado estava ameaçando nos expor.

 

O avião noturno chegaria dali à uma hora. Luke estava conversando com Elena, Demetri estava em algum lugar do castelo.

 

E eu?

 

Parei e encarei a porta de madeira. Do outro lado dela estava a mulher que havia conseguido transformar a minha vida monótona de quase trezentos anos em uma bagunça.

 

Há alguns dias atrás eu não me importaria de estar saindo em uma missão para o outro lado do continente.

 

Mas é claro que com Eloise as coisas eram diferentes.

 

Bati na porta duas vezes. Ninguém respondeu.

 

Resolvi entrar.

 

Pensei que ela havia saído do quarto, mas seu cheiro estava concentrado demais, então me virei e encarei a enorme cama no fundo do quarto.

 

Eu não podia acreditar.

 

Cheguei mais perto tentando evitar fazer barulho. E me ajoelhei ao lado da cabeceira onde Eloise estava dormindo.

 

Seus cabelos úmidos se enroscavam pelo travesseiro que estava sob sua cabeça, as cobertas bagunçadas mostravam que devia estar tendo um sono agitado.

 

Havia mais dois travesseiros, um deles cobrindo seu rosto que eu tive o cuidado de afastar para poder observá-la melhor, e um outro que era abraçado fortemente contra seu corpo.

 

Por um instante me peguei sentindo inveja do travesseiro, eu não me importaria de ficar a noite inteira deitado sem fazer nada contanto que ela me abraçasse como abraçava aquele amontoado de penas ensacadas.

 

Na verdade, eu já me sentiria entretido em ouvir sua respiração batendo no meu rosto do mesmo jeito que eu estava sentindo agora.

 

Suspirei e o sorriso do meu rosto se desfez.

 

Seria difícil ficar longe dela, mais difícil do que eu havia imaginado.

 

Olhei o relógio. Já tinha que ir.

 

Acho que devia ter insistido mais com Aro, mas ele não me daria ouvidos.

 

Claro que não, as coisas são mais fáceis quando se pode acabar com seus inimigos lhes lançando bombas ou ordenando que se jogassem numa fogueira.

 

Abri meus lábios num sorriso. Iria acabar logo com aquilo e voltar o quanto antes.

 

Olhei para Eloise que parecia um verdadeiro anjo dormindo.

 

Inclinei-me para frente e lhe dei um beijo na testa. Inspirei enquanto meus lábios tocavam sua pele permitindo que seu perfume me invadisse, assim não haveria como me esquecer dele.

 

- Voltarei o mais cedo possível. Meu amor.

 

Sai do quarto e fechei a porta.

 

- Onde esteve vamos acabar perdendo o avião. – Demetri disse ao me ver chegando perto do carro.

 

Luke sorriu de orelha a orelha e revirei os olhos.

 

- Deixa ele Demetri, vamos senão nos atrasamos mais.