Outra manhã típica de Nova York ao lado de sua detetive, da mulher que amava e que, enfim, dava sinais de que iria render-se ao sentimento que nutria por ele. Castle chegou a pensar que era tudo coisa de sua cabeça, que o sentimento de Beckett por ele não passava de fruto da sua imaginação sempre fértil. Mas não. Ele não imaginara nada. Era recíproco. Ela não disse com todas as palavras, porém ele pode ver em seus olhos.

No fim daquela investigação do zombie walk, ela não o rejeitara. Muito pelo contrário. Ela estava se preparando para aceitar o amor que ele sentia. Kate estava se esforçando para derrubar os muros por ele. Para ele. Para o seu escritor.

- Então, como o pai da formanda pretende comemorar? - Beckett perguntou com um sorriso no rosto. Estava aliviada por terem se acertado e estarem bem novamente.

Castle contou que a mãe iria para os Hamptons e a filha iria passar a noite fora comemorando, então lhe sobraria uma maratona de filmes de ação como passatempo. Acabou por descobrir que ela era fã do gênero, então arriscou-se a convidá-la. "O não eu já tenho... que mal fará?"

- Você não... gostaria de me acompanhar?

A insegurança em sua voz não passou despercebida por Kate, o que fez brotar um sorriso doce em seus lábios. Ela se virou e deu a resposta que Rick esperou tantos anos para ouvir.

- Na verdade eu adoraria.

O dia se seguiu e eles descobriram que o caso que investigavam se voltava para o caso de sua mãe. Como sempre, quando as coisas começavam a se acertar na vida de Beckett, algo vinha balançá-la e colocá-la à prova. Mas dessa vez ela não estaria sozinha. Castle estava com ela. E ela estava disposta a aceitar sua ajuda, enfim entendera que Castle era alguém de extrema importância em sua vida. Entendera que com ele poderia se manter equilibrada. Já não se importava em admitir que precisava dele a seu lado.

***

- Kate, você precisa parar essa investigação.

- Castle, nós já falamos sobre isso. Eu estou bem. Estou no controle.

- Não, você não está. Eles estão. E se você não parar, eles irão te matar, Kate.

Rick mantinha a voz calma, mas o medo estava presente em seus olhos. Kate estava confusa, principalmente com a expressão no rosto de Castle. Ele contou sobre o acordo feito por Montgomery para mantê-la a salvo. E explicou que para o acordo ser mantido ela teria que estar afastada, cabendo a ele a função de garantir isso. Beckett sentiu-se traída, como se tivesse sido apunhalada pelas costas. E o pior, pela pessoa em que mais confiava.

- Como você teve a capacidade de fazer isso?

- PORQUE EU TE AMO, DROGA! Eu estava tentando te proteger, Kate. Eu faria qualquer coisa para te manter segura, porque eu amo você. Será que você não enxerga isso?!

Ela o encarava atônita, apenas digerindo tudo o que acabara de ouvir. O acordo pela sua vida. Castle no meio disso tudo. O sentimento de traição que a invadia. A declaração de Castle gritada de forma desesperada. Um tapa na cara. Um balde de água fria jogado no fervor da raiva que ela sentia ao descobrir que ele lhe escondera informações sobre a coisa mais importante de sua vida. Porque ele teve que fazer isso? Porque justo agora?

Castle a observava esperando por uma reação, mas Beckett apenas o encarava com um misto de raiva e decepção. Então ele resolveu continuar. Tinha que convencê-la a parar. Não suportaria perdê-la novamente.

-Durante quatro anos eu estive bem aqui. Por quatro anos eu apenas esperei que você abrisse seus olhos e visse que eu estou bem aqui... e que eu sou mais que um parceiro.

Ainda nenhuma reação, mas o olhar se suavizou. Não tinha mais a raiva presente.

- Todas as manhãs eu te levo um copo de café só para ver um sorriso no seu rosto, porque eu acho que você é a pessoa mais... notável... enlouquecedora... desafiadora... frustrante que eu já conheci. E eu te amo, Kate, e se isso significa algo para você, se eu tenho alguma importância para você, só... não faz isso. Eu não posso te perder de novo, Kate. Não dá.

Aquelas palavras mexeram com ela. É claro que ela se importava com ele. Como ele poderia pensar que não? Ela era apaixonada por ele, e se essa discussão não terminasse logo, ela o perderia. E mesmo estando magoada por ele ter agido pelas suas costas, ela podia entender que Castle apenas pretendia mantê-la em segurança. Como ela poderia sentir raiva?

- Tudo bem, Castle. Eu acho que entendo seus motivos.

- Você entende?

- Sim. Mas você vai me contar tudo o que sabe.

- Kate, eu não posso...

- Sem essa, Castle. Você vai me contar tudo, e vai ser agora. Eu não vou correr nenhum risco, você vai estar comigo. E eu prometo que darei um tempo nessa história toda. UM TEMPO apenas, Castle.

- Está bem, Kate, mas será que podemos ter essa conversa depois do filme?

- Filme?! Do que você está falando?

- Seção de filmes, minha casa, ação, formatura da Alexis. Isso te lembra algo?

- Ah, claro.

- Você... desistiu? Não vai mais? Kate, eu...

- Não, não. É claro que vou, Castle.

Permaneceram parados, um de frente para o outro, encarando-se com um singelo sorriso no rosto. Kate encarava aqueles intensos olhos azuis procurando entender como ele conseguia convencê-la sempre, como ela sempre abria mão de algo por ele sem jamais sentir-se arrependida, como ele sempre estava disposto a fazer o que quer que fosse por ela. Sempre. Essa pequena palavra, mas com um enorme significado para eles. Rick era o seu "sempre". E, no que dependesse dela, ele jamais perderia essa posição.

Combinaram de se encontrar após a formatura de Alexis. Castle até tentou persuadi-la a ir, porém Beckett se negou argumentando ser um momento de família, e ela iria sentir-se uma intrusa no meio deles. Rick tentou jogar dizendo que ela era praticamente da família, mas desistiu quando se deu conta de que não conseguiria convencê-la nessa. Ademais, logo estaria juntos e sozinhos no loft, e ele esperava que as coisas acontecem da forma que ele vinha imaginando durante todo o dia.

***

No loft tudo estava preparado apenas aguardando a chegada de Beckett. Filmes. Guloseimas. Vinho. Castle passou também em um restaurante chinês, caso ela preferisse ter um jantar. Tudo já encontrava-se no seu devido lugar quando a campainha tocou anunciando a chegada da detetive.

- Oi, que bom que já chegou. Entra.

- Oi Castle.

Ele acompanhou sua entrada com o olhar e um sorriso iluminado no rosto. Ainda não conseguia entender como uma mulher poderia ser tão linda e mexer tanto com ele como sua detetive fazia. O cheiro característico de cerejas inundou o loft quando ela retirou o casado e o deixou pendurado no braço do sofá.

Beckett olhou em volta, certificando-se de que realmente estavam sozinhos, enquanto Castle seguiu para a cozinha a fim de lhes servir um pouco de vinho. Sentaram-se e iniciaram uma conversa sobre a formatura de Alexis. Depois de um tempo, Rick decidiu que era hora dos filmes.

- Então detetive, preparada para começar a ação da noite?

- Pensei que não fosse me perguntar, escritor.

Ele ajeitou o filme enquanto Kate foi buscar mais vinho e as guloseimas que Castle havia separado. Colocou tudo em uma mesinha próxima ao sofá e aconchegou-se ao lado dele, descansando a cabeça em seu ombro. Ele se surpreendeu com essa repentina atitude dela, mas não reclamou. Passou o braço em volta do corpo dela aproximando-a mais. Kate sorriu e relaxou o corpo. O filme rodava e Castle se esforçava ao máximo para se concentrar nas cenas a sua frente, mas o fato de ter Beckett aninhada em seus braços tão confortavelmente o desconcertava por inteiro. Seu coração parecia que iria sair pela boca, o que não passou despercebido por ela.

Apesar de estar se divertindo com o nervosismo dele, a proximidade de seus corpos estava causando uma agitação de borboletas em seu estômago. Ela queria dar o próximo passo. Queria passar dessa relação "só amigos", e sabia que ele também desejava isso.

Inclinou o rosto ligeiramente para cima e passou a mão nos cabelos de Castle, forçando-o a olhá-la. Os olhos azuis encaravam de forma intensa os belos olhos verdes amendoados. Ele entendeu o que Beckett queria, entendeu que ela estava pronta para assumir e aceitar o que ambos sentiam.

Os rostos aproximaram selando os lábios em um beijo calmo, terno, porém cheio de sentimentos. A detetive sentiu o corpo se aquecer com a dança de seus lábios. Ela já havia beijado Caslte uma vez, sabia como era maravilhoso aquele toque macio. Mas ali, naquele momento, nos braço de seu escritor, sentia que havia encontrado a pessoa certa para ela. Sentia que poderia ficar assim, beijando-o, para o resto de sua vida para jamais se cansar.

Pararam apenas para recuperar o fôlego. Rick a encarou com um sorriso iluminado, ela sorriu de volta sentindo as bochechas ruborizarem ao notar o brilho daqueles olhos a sua frente. Sentou-se no colo dele passando as pernas em volta do quadril de Castle, entrelaçou os braços no pescoço dele e o puxou de volta para seus lábios. Ele segurou firme na cintura de Beckett, colou ainda mais seus corpos aprofundando o beijo. O clima começou a esquentar e ela o empurrou no sofá, deitando-se sobre ele.

- Não Kate.

- O quê? - Beckett o encarou sem entender, o coração batendo a mil - Você... não... você não quer?

- Ahn?! Não, espera. É claro que quero. Eu quero demais!

- Então, porque você - mas Castle a interrompeu selando mais uma vez seus lábios, rápida e delicadamente.

- O que eu quis dizer foi para não terminarmos isso aqui no sofá. Venha Kate.

Rick levantou-se e estendeu a mão para ela, que sorriu abertamente e se deixou conduzir por ele. Seguiram em direção ao quarto, trocando carícias sem pressa, afinal tinham a noite inteira e o loft vazio apenas para eles. Kate decidiu esquecer toda a confusão desse dia, todas as incertezas e inseguranças. Queria apenas o seu escritor. Queria sentir tudo com ele. Hoje e para sempre. Decidiu entregar-se definitivamente ao sentimento. Depois pensaria no resto. Hoje era apenas sobre Castle, ela e seus beijos e carícias deliciosas.

The End