Step It Up escrita por minkly


Capítulo 1
Pandora - Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Eu não sou Kamilia (fandom do grupo pop sul coreano, de KPop, KARA), mas KARA foi um dos primeiros grupos femininos de Kpop que conheci e passei a gostar, portanto peguei um certo apego as músicas delas, principalmente a discografia japonesa delas que é, na minha opinião, impecável! Como vocês farão falta no Kpop, suas lindas!

Link da música “STEP” nas notas finais e boa leitura ^^



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Setembro de 2011, me lembro como se fosse ontem.

Meia noite, um dia de insônia, escondido dos meus pais, meu irmão dormindo, liguei a TV, estava passando uma edição especial do “Korea Hits” e como em um passe de mágica, cinco mulheres belíssimas apareceram cantando e dançando alegremente: Park GyuRi, Han SeungYeon, Goo HaRa, Jung “YongJoo” Nicole e Kang JiYoung, que juntas formavam uma “Doce Melodia”, ou simplesmente KARA.

As mulheres que despertaram em mim o sonho de ser idol.

As mulheres que mudaram minha vida para sempre.

Coloridas, vibrantes e deslumbrantes como se fossem cinco deusas do entretenimento, assim elas entraram no meu mundo, cantarolando uma agitada canção na qual só entendia as partes em inglês. Depois do clipe delas passar, eu quis ficar para ver o próximo clipe a ser anunciado, afinal era a música que bombou no inverno inteiro, “Keep Your Head Down” do grupo coreano fenômeno Tohoshinki (DSBK ou TVXQ), entretanto eu ouvi passos. Rapidamente fui para o quarto, mas com aquele “Step it up, step it up” cantarolando na minha mente até invadir meus sonhos e acordar cantarolando aquele trecho em inglês mais o refrão em um coreano enrolado. E elas não me eram estranhas...

Mais um dia normal, café da manhã, meus pais ligaram a TV e adivinha quem estava cantando? Elas! Cantavam a mesma música, “STEP”, na minha língua mãe, o japonês. Que legal, agora poderia cantar elas sem problema algum!

(...) Eu acredito na voz do meu coração (mais alto, mais alto)

Oh yeah, yeah, yeah, yeah

Aumente o passo, aumente o passo para a segunda etapa

Aumente o ritmo, vamos imediatamente

Apenas aumente o passo, aumente o passo, mais forte

Aumente o volume mais alto, querido, meu querido (…)”

Enquanto elas dançavam, encantavam e dançavam me imaginava no lugar delas, naquele programa, ou em um show, agradecendo cada pessoa que veio me ver. Ali decidi: “eu, Kiyoshi Miyaji, vou me tornar um ídolo da Ásia igual elas”. Logo em seguida, quando elas ias tocar outra música, meu pai desligou a televisão, alegando:

O que está acontecendo com essa sociedade? Mostrando a “Dança da Bundinha” a essa hora da manhã...”.

Dança da Bundinha”... Bingo! Minha mente conectou o porquê de não achá-las estranhas: elas eram o tal grupo coreano que fez, antes de “STEP”, a música da tal “Dança da Bundinha” que virou uma febre aqui no Japão e eu mais meu irmão, Yuya, ficamos o ano inteiro sem entender esse viral, porque nossos pais proibiam de vermos essa tal da “Dança da Bundinha”.

Já não bastasse isso, éramos os únicos na escola que não tínhamos computador no quarto e cujos celulares não acessavam YouTube ou NicoNico... até um belo dia, durante a madrugada e totalmente escondido dos meus pais, eu liguei o PC, onde finalmente vi o clipe dessa tal dança . A dança é sensual? Sim, mas nada a ponto de chegar ao extremo dos meus pais, eles que, naquela época, eram super protetores mesmo. Após ver o clipe (PV), guardei a música com carinho na minha mente, a ponto de sonhar que fui sorteado em um programa de TV para dançá-la junto a elas no palco.

Dia seguinte, café da manhã, televisão ligada novamente, um comercial de uma marca de roupas populares qualquer e lá estava ela: a minha deusa, a que me ensinou o conceito de ídola mor, Goo HaRa, em um misto de inocência e simpatia, criando em mim o conceito de admiração e paixão por uma idol, o início do ser fã de algo. Naturalmente, dia após dia depois as minhas atividades escolares, passei a ter também como hobby procurar tudo sobre Goo HaRa, depois tudo sobre GyuRi, em seguida tudo sobre SeungYeon, tudo sobre Nicole, tudo sobre JiYong, tudo sobre KARA... Fiquei fascinado pela Sung Hee e lamentei a saída dela do grupo, além da chateação por não ter conhecido o grupo desde o seu início, me apaixonei por cada música pré STEP – tanto as coreanas como “Break It”, “If You Wanna”, “Secret World”, quanto as japonesas como “Lupin”, “Mister”, “Jet Coaster Love” i – , me apaixonei pela líder “Deusa GyuRi”, pela “Pequena Hamster, Grande Voz SeungYeon”, me apaixonei um pouco mais pela “Princesa (Deusa) Sereia HaRa”, junto me apaixonei também pela “Coca Cole Nicole” mais a “Maknae Bolinho de Arroz JiYoung”, a “Eterna Voz Preciosa Sung Hee” e quando menos percebi, meu quarto estava cheio de pôsteres, CDs, DVDs, bugigangas mais a carteirinha oficial do fandom. É... me apaixonei por KARA a um ponto sem volta, onde mergulhei de braços abertos a Kamilia, o KARA, mais toda aquela coisa de Kpop, Jpop na minha vida... e tudo isso em apenas um ano. Entretanto eu queria mais, muito mais... Queria ser como elas: dançar e cantar, viver de levar felicidade para as pessoas.

Obviamente, meus pais foram contra quando falei do meu sonho de ser idol, conforme estava escrito na folha de orientação vocacional do colégio e quando pedi para eles um curso de coreano, os dois enlouqueceram de raiva, principalmente meu pai. Ele me deu um tapa bem doído no rosto, mas isso não me desmotivou, muito pelo contrário. Ele serviu de incentivo para eu arranjar vários bicos nas férias escolares, provar para eles que sou capaz de tudo para realizar meu sonho. Com sacrifício, economizei dinheiro para dar início ao meu curso de coreano, além de ter me inscrito em cursos de dança, atuação, canto gratuitos em universidades, junte a isso também uma inesperada paixão pelo basquete. Quando meus pais viram todos os meus esforços para conciliar meus estudos, minhas atividades extracurriculares mais os meus cursos, eles toparam em, pelo menos, pagar o curso de coreano e a partir dali, eu conquistei o total apoio deles ao meu sonho, onde minhas economias futuras, nos bicos das férias seguintes, foram totalmente investidas em cursos de canto, dança mais atuação.

Ano seguinte: colegial, passei junto com meu irmão em uma das escolas mais renomadas da região, a tradicional Shutoku e conheci várias pessoas nesses três anos de colegial – algumas legais, outras nem tanto, porém todas importantes para o meu evoluir futuro como pessoa.

Os meus três anos no colegial foram intensíssimos, várias experiências na minha vida, porém houveram três momentos, todos relacionados as minhas preciosas do KARA, que foram marcantes para mim e o primeiro deles foi quando eu fui convocado para o “Kara Info”, a maior fanbase não oficial delas no Japão, na função de tradutor de notícias. Conversava com Kamilias do mundo inteiro, fazíamos projetos internacionais, aprendi na marra a utilizar comunicadores instantâneos que nem imaginava a existência como o Whatsapp e KakaoTalk, por exemplo. Além disso, assim que fui aprovado como staff, fiz a descoberta que um dos meus maiores rivais no basquete, Kotarou Hayama da Escola Rakuzan em Quioto, era justamente o dono do site. Kamilia desde o início do grupo, Hayama era tudo que eu queria ser no fandom, uma admiração nata misturada com uma inveja boa, na época, realmente não havia nada que Kotarou não soubesse das mulheres. Ele realmente era admirável e mais admirável ainda era o fato de ele também estar na mesma onda que eu, lutando por um sonho, mas com algumas diferenças. Na época do colegial, os pais dele ainda não aceitavam nem ferrando o sonho dele de ser um skatista dos bons, eles criticavam o fato de Hayama utilizar as férias escolares para fazer vários bicos, gastando o dinheiro em um bom curso de inglês e coreano... quantas vezes eu fiquei de coração partido ao ver o Kotarou chorando por causa das brigas com os pais dele, mas ele não desistia, assim como eu. Dávamos total apoio ao sonho um do outro, além disso, os anos do colegial não foram fáceis mesmo para nós, Kamilias, fãs do KARA.

Primeiro, houve a saída das nossas princesas Nicole e JinYong – Hayama sentiu mais do que tudo, pois a Nicole era a favorita do grupo e de todas as idols que ele também amava. Ah, como doía ver o Kotarou chorando toda vezes que ele ouvia os raps da Cole em “Lupin” ou “Break It”, a música favorita dele. Além disso, um ano antes desse fato, vieram dois escândalos injustos envolvendo a minha HaRa – um totalmente ilógico, só porque ela ter terminou um longo e firme namoro mais outro por ela ter reclamado, com muita razão, de brincadeiras pesadas feitas contra ela em um programa da TV coreana, além de nesse mesmo programa, que ela foi junto com a SeungYeon, ter defendido a Ham Ham quando a obrigaram a fazer uma brincadeira que ela não queria. E já não bastasse tudo isso, a agência que gerencia o KARA anunciou o “KARA Project”, nada mais, nada menos do que um “reality show” feito para o público escolher a nova integrante do grupo, onde como resultado o fandom ficou ainda mais dividido do que antes de todo esse acúmulo de fatos.

Eu e Hayama optamos por abraçar cada uma dessas mulheres, trainee ávidas por essa oportunidade única, principalmente eu, porque sabia que dependendo da empresa que me aceitasse como trainee na Coreia, eu estaria no lugar delas, competindo ferozmente em um “reality show” a vaga para estar em algum grupo, seja antigo ou novo. Logo no início, a nossa simpatia foi para a concorrente Ham YoungJi: ela não podia ter a melhor voz, mas, de longe, era a mais carismática dali e era exatamente disso que o KARA precisava, na época. Uma nova voz, um novo rosto, fresquinho para a Coreia do Sul mais o Japão idolatrarem de forma ávida, todavia quem que ganhasse ali mereceria de verdade, pois todas elas tinham suas qualidades e potencial, entretanto não vou esconder a festa que eu e o Hayama fizemos, quando a YoungJi foi escolhida como vencedora, porém nem tudo foram flores. Doía ver as mensagens de ódio contra aquela mulher tão esforçada, Hayama foi mais além, ele até ameaçou fechar o site, caso as mensagens negativas contra YoungJi continuassem. As mensagens pararam, entretanto KARA sofreu mais um baque, um ano depois de tudo aquilo, através do suicídio da ex “Kara Project”, SolJin, devido a DPS – a empresa que agenciava o grupo – ter rompido o contrato com ela de forma abrupta e já não bastasse isso, os podres da empresa contra os trainees começaram a aparecer. Ao ver aquilo, tomei uma decisão, que no futuro se revelou muito acertada: eu faria testes na Coreia para qualquer agência, menos a DPS. Entretanto, mesmo com todas essas turbulências, nossas rainhas continuaram fortes – GyuRi, SeungYeon, HaRa e YoungJi promovendo ainda mais o KARA, Nicole com sua carreira solo como cantora, JiYoung em sua carreira solo como atriz e foi através desses altos e baixos que fui me aproximando cada vez mais de Hayama... e quando menos percebemos, lá estávamos nós, se declarando um ao outro e dando nosso primeiro beijo ao som de “Kiss Me Tonight”, perdendo a virgindade juntos ao som de “Baby I Need You” e ao som de “Promise”, Kotarou colocou uma aliança no meu dedo anelar direito, oficializando de vez nosso namoro.

Sim, o meu amor por Kotarou Hayama ser correspondido foi o meu segundo momento especial.

Já o terceiro e último momento especial ocorreu antes da saída de Nicole e JinYoung, foi quando eu fui para o primeiro de vários shows do KARA no Japão. Antes do show, fui até a sala onde ocorria o “Meet and Greet” com as mulheres: estava nervosismo, com medo de elas não serem simpáticas comigo, mas no final, foi como um sonho. Só conseguia chorar de tanta emoção ao vê-las ali, tão perto de mim... HaRa me abraçou primeiro, em seguida as outras fizeram o mesmo gesto, tirei minha foto e estranhamente HaRa perguntou qual era o meu sonho. Respondi com convicção: “Viver para estampar o sorriso de felicidade nos outros através da música, atuação, dança e publicidade como vocês e quando eu estiver futuramente em um palco, cantando “STEP” na minha performance solo, vocês estarão ali para me aplaudir, assim como você fizeram antes, com vários Kamilias que depois viraram idols. Mantenham seus olhos em mim, por favor”. Elas deram um sincero sorriso e falaram em que estariam me esperando, independente do que acontecesse, onde saí daquela realidade mágica que parecia um sonho. Depois no show, junto com Hayama, os membros do meu time de basquete na escola, alguns rivais no basquete, porém bons colegas e até mesmo amigos fora dele, tivemos momentos simplesmente mágicos, indescritíveis a cada misto de emoções positivas sentidas ali, desde a primeira a última música – fora as apresentações solo de cada uma delas. A doce orquestra da “doce melodia” que somente KARA poderia comandar.

Além disso, naquela época também evoluí no basquete, a ponto de virar capitão do time no último ano do colegial, continuei focado nos estudos, a ponto de ser membro do comitê disciplinar escolar no primeiro ano, e também continuei focadíssimo nos meus cursos extra escolares. Meu coreano estava em um nível bem avançado, pois um dos meus bicos era justamente em uma cafeteria comandada por coreanos, cujo os donos, cientes do meu sonho, faziam questão de me ajudar no idioma, a ponto até de proibir os outros funcionários de falar comigo em japonês, para eu praticar com força total minha conversação no idioma. Minhas habilidades de dança, canto e atuação, segundo os meus professores, também estavam em ótimos níveis e fui aconselhado por eles a já tentar ser trainee na Coréia, assim que acabasse o colegial.

Janeiro de 2016, recebi a pior notícia que poderia surgir: GyuRi, SeungYeon e HaRa não renovaram seus contratos com a DPS e YoungJi foi movida para o April, o novo grupo que a agência gerenciava. Tudo bem, foi duro aceitar como Kamilia, mas infelizmente elas não vendiam mais quanto antes, porém nada justificava o que a empresa fez com nossas mulheres. Fim do grupo de forma covarde, dolorida, sem permiti-las de dar a nós, Kamilias, um show ou um álbum de despedida. As únicas coisas que me mantiveram bem, naquela época, foram a minha vida pessoal ir cada vez mais de vento em popa e o meu sonho de ir para a Coreia do Sul estar cada vez mais próximo... até que chegou o momento certo de realizá-lo. Assim que eu me formei em Shutoku, eu me despedi de tudo e todos em Tóquio e rumei para Seul sem olhar para trás, prometendo só voltar como idol, porém não foi fácil mesmo minha estadia em Seul.

Primeiro, tentei uma audição na JYP, fui duramente rejeitado, em seguida na Pledis, rejeitado novamente, depois rejeitado pela YG, rejeitado pela CUBE e rejeitado até pelas considerada por muitos, as piores agências de entretenimento coreano Star Empire e MBK.

Fora as dificuldades que passava para conseguir bancar tudo isso, no meu primeiro ano em Seul: passei fome, dormi no relento, morei em quartos de hotéis, albergues, pois as únicas coisas que o dinheiro, vindo dos meus vários bicos, davam para pagar eram as audições, transporte, meus cursos de canto, dança, atuação e olhe lá, além do nítido preconceito contra japoneses que eles tinham e tem até hoje. Nunca vou esquecer das vezes que fui proibido de entrar em casas de banhos, restaurantes ou cusparadas que recebia de idosos, por causa da minha nacionalidade. Não irei mentir, teve várias horas nessa época que quase desisti de tudo, porém tinha todas as pessoas que deixei no Japão me apoiando psicologicamente, os poucos colegas na Coreia com quem conversava. Quando fiz um ano na Coreia, o Hayama veio me visitar com um amigo dele no qual era razoavelmente próximo, Seijuuro Akashi, o ex capitão do time dele de basquete e atual empresário do ramo imobiliário. Vendo a minha situação de luta, Akashi não pensou duas vezes e comprou um apartamento para mim, além de fazer com Hayama um vídeo com todas as pessoas que eu amo, mandando mensagens de incentivo para eu nunca desistir. Até hoje não tenho atos para agradecê-los diante de tamanha ajuda. Desde então, toda vez que pensava em desistir, eu via aquele vídeo e lembrava de todas as pessoas que apostavam no meu sucesso.

Continuei minha batalha, entre poucos altos e muitos baixos até que um dia, eu tomei coragem e a única empresa que pensava estar fora do meu alcance, por medo de tentá-la diante de tantas rejeições, a maior agência de entretenimento da Coréia do Sul, SM Entertainement, abriu suas temporada de audições e lá fui eu, tentar mais uma vez. Lá, passei novamente pelo de sempre: cantei uma música ou um medley. Meu medley foi com “Break It” do KARA mais a minha música favorita do Girls' Generation, “Into The New World”, os mesmos um minuto de dança e fazer algum papel de algum ator ou ator idol consagrado da agência. Esse seria meu penúltimo “não”, estava decidido. Caso não passasse nem na SM, iria tentar a agência que gerencia o CROSS GENE, um grupo coreano de renome na minha terra natal, famosa também por acolher vários trainees japoneses e se nem ela eu conseguisse, aí iria voltar para o Japão e finalmente aceitar a proposta de um olheiro da “Johnny's & Associates”, a maior agência de idols masculinos no Japão, para ser trainee de lá, que vivia me enchendo o saco, desde que eu o conheci acidentalmente durante um bico que fiz de barman, em uma dessas baladas mega chiques de Gangnam, o bairro dos endinheirados na Coreia do Sul, mas sempre recusei a oferta em prol do meu “sonho nipo coreano”.

Após fazer minha audição, horas de espera angustiantes, tensas. Quando quase pensei em sair dali e ir andando, veio a notícia: eu passei. Mas aquele foi apenas o início da minha luta, mesmo como trainee, as coisas não continuaram nada fáceis. Distância das pessoas amadas, sem tempo nem para respirar direito, só teorias, práticas, estudos e mais prática, ter que engolir muito choro para continuar firme, apresentar um resultado de aprimoramento diário quase sobre humano e ir agarrando cada oportunidade como se fosse a última: uma participação de dançarino de apoio em um single do EXO ali, uma participação como “mocinho” em algum clipe do Red Velvet acolá, cuidar bem da minha imagem quando passei para o quadro do SM Rookies, onde só os trainees de destaque próximos a estrear eram convocados, até a minha grande chance chegar e finalmente ser convocado para fazer parte de um grupo de nove homens, com o conceito “Queridinhos do continente asiático”, onde eu seria o segundo vocalista principal e dançarino líder, após quase 2 anos e meio morando na Coréia.

Mais algum tempo para os ajustes finais no aprimoramento do grupo e aos 21 anos, eu finalmente fiz minha estreia no cenário musical com o boygroup Re-DO. Por um golpe de mágica ou destino, nosso primeiro single lançado simultaneamente na Coreia e no Japão, chamado “Reach Up”, teve o que eles chamam lá na SM de “sorte de SHINee”: o single de estreia alcançar rapidamente o primeiro lugar dos principais charts dos dois países alvo e ganharmos rapidamente os primeiros lugares dos programas musicais. Ah, o quanto eu chorei quando recebemos nosso primeiro troféu no Music Bank, nosso primeiro certificado de primeiro lugar da Oricon no Music On, em minha terra natal, nosso primeiro show na Coreia, meu primeiro show como idol em minha terra natal... Quatro anos mágicos, que duram até hoje, se passaram desde então, três álbuns, um EP, singles na medida certa, várias participações em comerciais, programas de televisão, atuações em um ou outro dorama, porém tive que arcar com várias consequências quando assumi ser idol e uma delas é a minha sexualidade mais o meu namoro com Hayama serem escondidos da mídia até hoje, por causa de toda uma indústria midiática na Ásia totalmente hipócrita, onde permite fazer altos fanservice com teor homossexual, mas não permite uma pessoa pública ser abertamente homossexual; um dos vários reflexos da homofobia gritante na minha segunda terra e na minha terra natal. A proibição é tão séria, a ponto de nem os membros do meu próprio grupo saberem desta situação. Eles sequer imaginam que um dos skatistas japoneses mais famosos atualmente é, de fato, o meu namorado, entretanto também entendo o lado do Hayama em esconder nosso namoro da mídia. Infelizmente ele vive em um meio tão preconceituoso quanto o meu, o “nem tão fantástico mundo dos skatistas profissionais”, porém colocamos uma meta de nos assumirmos publicamente e casarmos nos Estados Unidos logo em seguida, quando eu estiver em carreira solo e o Hayama com a carreira estabilizada a ponto de tomar as próprias rédeas dela – apesar da minha família, meus amigos e colegas mais íntimos saberem da minha orientação sexual junto ao namoro há tempos. Cumprirei a nossa promessa feita em nossa despedida em Tóquio, aguente mais um tempo, meu amor! Além disso, eu não me imagino fazendo outra coisa além de doar felicidade e magia para os outros, através do meu canto, da minha dança, da minha atuação e ainda bem, fui parar em um time onde todos, acima de tudo, são unidos e querem o bem um do outro.

O palco está lotado, é a minha apresentação solo, aqui no Tokyo Dome, o estádio mais prestigiado do Japão. Minha família, meu namorado, meus amigos, meus companheiros de banda, meus fãs estão todos ali, torcendo por mim, e...

(...) Aumente o passo, aumente o passo para a segunda etapa

Aumente o ritmo, vamos imediatamente

Apenas aumente o passo, aumente o passo, mais forte

Aumente o volume mais alto, querido, meu querido (…)”

Cantei “STEP” do KARA com toda a minha alma, nunca escondi o meu amor por KARA. O público foi a loucura, ouvi até o fanchant da música original, enquanto eu cantava e o melhor: esse fanchant era feito de pais, mães, irmãos e irmãos mais velhos, tios, pessoas que eram como eu na adolescência. Pessoas que amaram intensamente KARA, pessoas que tiveram momentos marcantes com suas músicas, pessoas que, acima de tudo, são até hoje a “Família KARA”, a “Kamilia” que espalhará para sempre sua “doce melodia”.

Vocês, minhas ídolas, estão me aplaudindo, de pé, estão chorando por ter falado em alto e bom som que se hoje estou nesse palco, foi e é por causa de vocês, ao aparecerem na minha televisão há 12 anos, me encantando até hoje com suas doces melodias. Passaram um microfone para você, HaRa, e você lembrou de tudo que eu disse naquele dia.

Sim, eu cumpri a nossa promessa.

A “Doce Melodia” nunca cessará dos nossos corações, pois, acima de tudo, seremos para sempre a Kamilia.

Obrigado Park GyuRi, Han SeungYeon, Jung “YongJoo” Nicole, Kim SungHee, Goo HaRa, Kang JiYoung e Heo YoungJi por definirem o que sou hoje.

Obrigado por tudo, KARA.

KARA (2007 – 2016) – A Eterna Doce Melodia


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Notas finais do capítulo

Link de “STEP” do KARA – https://www.youtube.com/watch?v=zYoYoBtLqOY

Curiosidade: KARA é anagrama da palavra grega “chara”, que significa “doce melodia”. Por isso, o Miyaji se refere tanto ao KARA como “doce melodia”.

Micro glossário:
Fanchant – Na Coreia do Sul e no Japão, você cantar junto com o artista toda a música é considerado falta de educação e das graves, mas para mostrar seu apoio ao artista, em certos momentos da música eles gritam frases de apoio misturadas a trechos da música, ou apenas cantam junto o refrão da música, ou batem palmas em um trecho da música, etc. Isto é um fanchant.

Espero que tenham gostado e até a próxima ^^



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