Capítulo narrado por Chica

Sexto mês de gestação

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Estávamos no carro há muito tempo, mas do que considerado necessário para chegar no aeroporto. Eu tentava olhar pelas janelas, mas enjoava logo depois. Tentei perguntar a um mago, mas eles só deram de ombros. Para onde estavam nos levando?

Não é como se eu estivesse ansiosa para sair. Todos estavam muito felizes. A música estava nas alturas e até bebemos um pouco de álcool. Por falar nisso, Claw estava dormindo bêbado do meu lado. Ele foi um dos que mais aguentou antes de desmaiar. Meu Deus, ele tinha bebido muito. Ainda bem que os magos disseram que a cerveja é enfeitiçada para não dar ressaca.

Ele dormia com a boca aberta e babando um pouco. Suas mãos sustentavam sua cabeça e sua jaqueta estava aberta.

Eu fiquei olhando fixamente para sua barriga. E, por curiosidade coloquei o dedo indicador na barriga dele, logo depois fui acrescentando mais dedos um a um, menos o polegar que ficou se apoiando na jaqueta. Ele parecia estar gostando, já que estava com um sorriso bobo no rosto. Devagar, fui descendo eles suavemente pela sua barriga. A sensação era boa, mas meu coração estava prestes de explodir de nervosismo.

Quando cheguei no umbigo, parei e tentei tirar a mão. Antes que eu pudesse fazer isso, Claw, ainda dormindo, segurou minha mão e a deixou ali, no mesmo lugar... Corei imediatamente, mas percebi que ele não ia soltar. Ele puxou minha cintura e me forçou a deitar a cabeça sob seu ombro. E foi nessa sensação gostoso que eu adormeci.

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Quando acordei, a primeira coisa que fiz depois de despertar foi ver se Claw ainda estava dormindo. Mas ele não estava. Ele olhava pra mim com um olhar feliz, mas quando percebeu que eu acordei e estava vermelha como tomate, ele logo atingiu um tom pior e soltou minha mão e minha cintura. Quando ele ia falar algo, a voz de Bill em um microfone interrompeu:

—Magos e animatronics, por favor retirem-se da limusine-táxi.

Os magos saíram primeiro em um caos total de fogo, gelo, água e espadas. Logo depois, os animatronics saíram vagarosamente, mas ainda em uma confusão. Quando todos saíram, ficamos chocados. Aquilo definitivamente não era um aeroporto.

A rua inteira era uma fileira de casinhas idênticas, umas grudadas a outra. O padrão era quebrado por um terreno com grama alta, troncos de árvores cortados, lenha caída em um canto e muitos esquilos com uma barraca de madeira escura volta por uma cerca branca quebrada. Um caminho de pedras cinzentas levava até a porta da cabana, que devia ser grande o suficiente para caberem só 3 de nós.

Depois do choque inicial, todos começaram a se entreolhar, esperando uma solução. Sofia, com sua armadura negra alada, voou até a porta da cabana e Bibi, simplesmente... “Mergulhou” na terra onde estava e reapareceu ao lado da Sofia. Para ficar na mesma altura que ela, fez uma espécie de banco de rochas sair da terra logo abaixo dela.

—Relaxem! – Disse Sofia – Tudo está sob controle, isso está dentro dos nossos planejamentos. Vamos, entrem!

Dizendo isso, Sofia andou até a porta da cabana, abriu-a e entrou. Bibi fez o mesmo.

Os magos, um a um, foram imitando o gesto, até sobrarem só os animatronics. Bonnie correu para frente, olhou de um lado pro outro e entrou. Devagar, o resto de nós imitou o ato. Eu fui a última a entrar e quando o fiz, fiquei de queixo caído.

O lugar era enorme por dentro. Era uma espécie de salão de festas. No centro, havia uma pista de dança enorme. Atrás da pista, havia um pequeno palco com a mesa do DJ em cima, onde a FofaCeleste tocava. A direita e a esquerda, uma caixa de som e uma mesa de doces e salgadinhos, de cada lado. Mais pra dentro, havia uma jacuzzi que não molhava as roupas e em cima, um globo grande e espelhado.

Andei para frente atrás de Sofia para agradecer. Ela disse que não era nada e mandou eu me divertir. Bonnie e Estrela estavam se pegando em um cantinho pro lado oposto da jacuzzi, e na minha opinião, é nojento fazer isso em público. Freddy e Ping comiam doces e Pandy e Foxy conversavam na jacuzzi. Me senti uma vela, totalmente sem ter com quem ficar. Então me veio à cabeça. Onde estaria o Guaxe? Ele também deve estar se sentindo uma vela nessas horas. Acho que ele deve se sentir uma vela toda hora.

Andei um pouco a procura dele e o encontrei em um cantinho mexendo nos aparelhos de som com algumas ferramentas.

—O que está fazendo? – Perguntei.

—Entendendo como funciona esse lugar.

—Mas ele é mágico, não tem muito como entender.

—Esse lugar é maluco, isso sim. Olhe isso. – Disse ele apontando para dentro da máquina.

Eu olhei e me surpreendi. Dentro de uma roda de hamster estava um mini unicórnio correndo para dar energia pra máquina. Ele parecia bem feliz, devia ser divertido.

—Esse lugar deve ter sido feito pela Sofia ou por algum outro mago. – Respondi.

—Com certeza.

Um silêncio profundo se estabeleceu durante alguns minutos.

—Então... Você tá legal aí? Não é meio entediante? – Tentei puxar assunto.

—Faço a mesma pergunta.

—Eu tô me sentindo meio vela com tantos casais aqui. Você não?

O rosto dele escureceu e sua expressão ficou mais séria do que de costume.

—Eu preciso trabalhar. Com licença.

Ele se retirou e eu fiquei com medo de segui-lo.

Fui até uma das mesas de comida e fiquei admirando o grande bolo amarelo e branco. De repente, Claw apareceu meio que magicamente do meu lado. Ou talvez ele só fosse um cara muito silencioso.

—Oi. – Disse ele.

—Oi. Foi você que fez? – Perguntei apontando pro bolo.

—Sim, mas eu não sabia que seria usado aqui.

—É lindo. Obrigada.

—Não foi nada.

Antes que pudéssemos continuar, a voz de Sofia em um microfone pode ser ouvida.

—Alô? Alô? ESSE TRECO TÁ FUNCIONANDO?! – Quando ela disse isso, o microfone fez um barulho agudo muito alto. – A pronto, agora tá. ATENÇÃOOOO.

— PARA DE GRITAR! NINGUÉM AQUI É... Eita... esqueci o nome. - Bibi coçou a cabeça.

— PSIU! Agora seria a hora em que nós cantamos parabéns, mas como isso é muito chato, vamos logo comer o bolo! Mas antes, parabéns Chica! AGORA, COMIDA!

Todos os animatronics foram pra cima do bolo e comeram sem piedade. Os magos fizeram a mesma coisa.

Depois que nos servimos, a Sofia anunciou:

—Chica, suba aqui no palco! A viagem foi um presente do Claw, mas agora está na hora do meu presente.

Aquilo me chamou atenção. Presentes sempre são bem vindos. Subi no palco e Sofia me ajudou. Os magos estavam muito ansiosos.

—Chica, como você sabe, você é híbrida de galinha.

Concordei com a cabeça. Sim, eu era. Isso sempre me chateou muito. Todos animais elegantes, fortes, fofos e eu... era a galinha.

—Então o meu presente é que você não vai mais ser!

Antes que eu pudesse fazer alguma pergunta ou interferir em algo, uma fumaça branca me envolveu e me cegou. Senti uma dor de cabeça forte e senti náusea. Minhas costas doeram. Meu corpo todo doía.

Quando a fumaça foi embora, eu ainda estava meia tonta, mas me sentia melhor. Todos os animatronics me olhavam boquiabertos. Eu me sentia diferente, mas não sabia como. Olhei para baixo e minhas roupas estavam diferentes, mas parecia ser só aquilo. Me lembrei do que a Sofia disse, então como as mãos na cabeça e no final das costas, mas não sentia nada de diferente.

Mas aí, minhas mãos bateram em alguma coisa.

E eu descobri que tinha asas.