Real world escrita por Bi Styles


Capítulo 44
Capítulo 41


Notas iniciais do capítulo

Gente, voltei!!
Antes de mais nada, gostaria de agradecer pelo apoio de todos os meus leitores! Eu amo muito vocês! A quantidade de acessos cresceu tanto que me deixou grandemente feliz! Obrigada por não desistirem da fic!
E agora, vamos ao capítulo!



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Eu que fiz o jantar. Lydia ajudou um pouco, enquanto Juan jogava bola. Ela não perguntou nada sobre o que estava acontecendo, mas eu sabia que ela tinha uma vaga noção. Juan não perguntou nada também. Ele apenas me olhou assustado. Deveria ser o mesmo olhar que estava em minha cara.

—Lydia, chame a mamãe e vão tirar a vovó da cama. A cadeira de rodas está no final da escada. Peguem-na com cuidado.

Ela assentiu e saiu correndo.  

Enquanto colocava os pratos na mesa, olhei no relógio. Faziam 5 horas que Pietro havia saído de casa e não tinha dado nenhum sinal. Eu tentara ligar para Lauren, mas ela não atendia.

Tentei falar com Luke, mas ele ainda não havia chegado da escola.

Massageei as têmporas. Uma dor excruciante cruzava minha cabeça desde a hora que Pietro saíra. E olha que já havia tomado analgésico.

Ouvi a porta se abrir e senti um alívio, pensando que era Pietro. No entanto, uma pessoinha muito suada entrou correndo na cozinha, pegando uma garrafa de água e bebendo o conteúdo de dentro.

—Vai tomar banho, Juan! Seu porquinho. –o repreendi e ele riu.

—Se eu for tomar banho, não vou aguentar e morrerei de fome. –ele fez beicinho.

Revirei os olhos.

—Anda! –falei e ele obedeceu.

Foi só ele sair da cozinha que minha avó entrou na sua cadeira de rodas, guiada por Lydia.

Suas duas pernas estavam engessadas, mas segundo o médico, o osso não quebrou completamente, o que a faria andar em pouco menos de 5 meses.

Ela sorriu pra mim.

—Fez o jantar sozinha, querida? –perguntou e eu assenti.

—Espero que esteja do seu agrado, vovó. –falei e ela sorriu mais.

—Cadê seu irmão? –perguntou.

Um sentimento ruim se apossou do meu coração. Nada iria acontecer com ele. Nada.

—Pietro saiu. Juan foi tomar banho. –expliquei e me virei antes que entregasse minha preocupação. Minha avó poderia estar aparentando problemas de Alzheimer, mas ela não era tão tola. Iria perceber logo de cara que havia algo errado.

—E sua mãe não vai descer? –outra pergunta.

—Não sei. Ela não disse nada? –respondi e coloquei a comida no prato da minha avó.

—Não. –Lydia respondeu e pegou seu prato. Ela sabia que havia algo de estranho ocorrendo.

—Então vamos comer. –falei, esfregando uma mão na outra, tensa.

Coloquei a comida, mas mal toquei nela. Eu estava preocupada com Pietro. Ficava olhando se havia chegado alguma mensagem no celular, mas nada.

Juan desceu logo, mais cheiroso do que tudo nessa vida.

Lydia não perde a oportunidade de provocar o irmão:

—Vai sair com alguma garota?

—Não, por quê? –respondeu, colocando comida em seu prato.

—Para estar cheiroso assim, era a única opção óbvia.

—Hahaha. –ele disse e se sentou ao lado dela. –Não sou nem você...

Minha atenção se dirigiu aos dois.

—O que quer dizer com isso, Juan? –perguntei. Ele olhou para Lydia, com a sobrancelha arqueada.

—Lydia é cheia de admiradores secretos na escola. –ele respondeu. –Vive recebendo recadinhos.

—É mentira, Soph! –minha irmã falou.

—É verdade! Ontem mesmo teve aquele menino da nossa sala...

—E você, com aquelas garotas mais velhas? E as líderes de torcida?

—Mas pelo menos eu não fico me agarrando com ninguém nos corredores da escola.

—E naquele dia que o professor de educação física flagrou você com a Amanda na quadra?

Eu deveria estar muito irritada com todas aquelas informações. Mas não conseguia. Comecei a rir, fazendo com que os dois parassem institivamente e olhassem para mim, completamente confusos.

Minha avó começou a rir também, me acompanhando.

—Só vocês mesmo para me fazerem rir em um dia como esse... –falei, tentando recuperar o fôlego.

—Não diga para a mamãe, Soph. Por favor. –Lydia pediu.

Apesar de achar engraçada toda aquela situação, eu deveria conversar com a mamãe sobre isso. Eu iria dizer isso agora para a minha irmã, mas o meu celular vibrou, indicando uma mensagem.

Peguei-o rapidamente. Era uma mensagem de Luke.

“Cheguei da escola agora. Tenho grandes novidades para contar.”

—Depois a gente conversa sobre isso, ok? –falei para a minha irmã. –Vou ligar para Luke e perguntar se Pietro está na casa dele. Enquanto isso, lavem a louça.

Eles fizeram beicinho, na tentativa de eu voltar atrás.

—Nem adianta fazerem essa carinha. E fiquem conversando com a vovó. –falei e fui para o jardim.

Me sentei no chão do jardim e disquei o número de Luke. Ele atendeu no terceiro toque.

                           LIGAÇÃO ON

Você não vai acreditar, Cupcake!—ele disse, completamente animado.

—Qual foi a grande novidade? –perguntei.

—Fui aceito no time de futebol novamente!

—O quê? Mas todas as vagas não estavam preenchidas?

Teve um menino que teve de ser transferido para outro país. Então apareceu uma vaga, e o treinador me chamou instantaneamente. Aí ele pediu que eu fizesse alguns testes, para ver como estava minha forma física e tal. Por isso demorei muito hoje.

—Que bom, Luke! –respondi, forçando um entusiasmo que não existia. Mas eu realmente estava muito feliz por ele.

O que houve? Não está feliz?

—Não é por isso. Eu estou muito contente por você ter conseguido uma vaga. É que... –minha voz falhou.

Aconteceu alguma coisa?—ele perguntou, seu tom de voz preocupado.

—Sim. –respondi baixinho, temendo perder o controle de vez.

Tem algum problema eu ir aí?

—Não. Minha mãe tá sem sair do quarto faz séculos.

—Então vou tomar um banho rápido e chego aí.

—Tudo bem. –falei e antes de desligar, perguntei: -Pietro está aí?

Não o vi aqui. Vou perguntar a Lauren.—ele disse.

—Assim que perguntar, me mande uma mensagem. –pedi.

Claro. –respondeu. –Até jajá.

—Até. –me despedi e desliguei.

                           LIGAÇÃO OFF

Respirei fundo e entrei de volta na casa. Os gêmeos estavam arrumando a louça e conversando com a vovó. Ela parecia bastante animada. Quando a perguntei o motivo para tanta alegria, ela disse:

—Estamos pensando em fazer um piquenique!

—Boa ideia! Poderia ser no sábado. –falei e me sentei á mesa perto da minha avó.

—Mas tem que ser algum lugar perto daqui, pra irmos a pé. –Juan disse.

—E por que temos que ir a pé? –perguntei.

—Por que é parte do meu projeto fitness. Para eu conseguir entrar no futebol avançado da escola, tenho que entrar em forma. –ele respondeu e levantou a camisa, para mostrar umas gordurinhas.

—Realmente. –Lydia alfinetou. Ela terminou de lavar o último copo e Juan terminou de secar a louça.

—E que tal agora irmos assistir um filme? –chamei e todos assentiram, inclusive minha avó.

—Mas tem que ser aqueles românticos. –ela pediu.

—Ah, não. Quero um de terror. –Juan reclamou e correu para a sala, pegando o controle mais rápido que nós.

Levei minha avó na cadeira de rodas até a sala, e a posicionei em frente á TV.

—Juan, de terror não. –falei e meu celular vibrou. Era uma mensagem de Luke.

“Seu irmão está aqui. Pelo que deu para perceber, tá rolando algo aí. Em 5 minutos chego em sua casa.”

Suspirei aliviada. Pietro estava bem. Finalmente estava relaxada. Em partes, pelo menos. A tormenta da visita ainda estava na minha mente. No entanto, meu irmão estava bem. Não havia acontecido nada com ele.

Quando saí do transe, vi um pequeno conflito entre os gêmeos.

—A vovó acabou de pedir que não colocasse em algo aterrorizante! Aí você coloca nessa merda, Juan? –Lydia disse, os olhos azuis escuros de raiva.

Olhei para a TV e estava passando um filme horrendo. Tinha figuras ensanguentadas e muitos gritos.

—Tira disso, Juan. –pedi e ele revirou os olhos.

—Não posso mais assistir nada. –reclamou e mudou de canal.

—Coloca na Fox! –Lydia pediu e ele, apesar de irritado, atendeu o pedido. Passava o filme “Simplesmente Acontece”, deixando nós, exceto Juan, loucas.

—Sabe, eu acho que tenho dever de casa para fazer... –disse e foi para o quarto.

Assisti por cerca de 10 minutos, então a campainha tocou.

—Eu atendo! –falei e fui até a porta, a abrindo. Era Luke.

Sorri para ele e dei um abraço bem apertado.

—Eu estava precisando tanto de você. –falei, ainda abraçando ele.

—Deu para perceber pela sua voz no telefone. –ele afastou-me dele, para que pudesse olhar nos meus olhos. –O que houve?

Olhei por sobre o ombro, para onde estava Lydia e minha avó. Elas não poderiam saber disso agora.

—Lydia, eu estou aqui na varanda com... –eu não podia revelar que era um garoto, minha avó poderia desconfiar. Ela tinha problemas de memória, mas não era boba. –Um amigo. -avisei e fechei a porta.

Luke me encarou com a sobrancelha arqueada.

—Amigo? Sério?

—Aqui em casa ninguém sabe de nós dois... Só Pietro.

Sentamos em um banco de madeira que havia na varanda e eu suspirei.

—Meu pai apareceu aqui hoje de manhã. –falei, sem rodeios.

—O quê? –ele parecia não acreditar. –Me conta tudo, Cupcake.

Contei tudo a ele. Tudo, tudinho. Desde o momento que ele aparecera no mercado, até o momento que Pietro fora embora.

Quando acabei o relato, Luke bufou, irritado.

—Seu irmão é um babaca do caralho. –falou. –Sempre que acontece essas coisas ele te deixa sozinha. Não suporto isso.

—Eu consigo lidar com essas coisas. –falei, apesar de que eu sabia que não era tão forte.

—Eu sei que consegue. Mas essa barra é para ser segurada por vocês dois, não só por você. Esse cara não é só seu pai, é dos dois. Dos quatro, na verdade.

—Sei lá. Pietro nunca foi forte o suficiente para essas coisas, sabe? Principalmente envolvendo meu pai.

—Mas ele deveria ver que você ficaria preocupada. E ainda por cima, sua mãe também está “sumida”. Essa sua família é tão fraca assim, para não conseguir segurar nenhuma barra?

—Não fale tão mal da minha família, Luke... –pedi, deixando subentendido que ele não tinha nenhum direito de falar dela, uma vez que o pai dele era um canalha.

—Eu sei que não devo falar mal dela. Mas, Sophia, sua família aparenta ser tão unida para, em um momento como esses acontecer uma coisa dessas.

—Eu também pensei nisso. Mas o assunto de meu pai sempre foi algo muito... frágil aqui em casa. Ninguém gosta de tocar nesse assunto.

Ele assentiu, como se começasse a compreender.

—É como se... Apesar de meu pai ter ido embora, o fantasma dele ter sempre estado aqui, assombrando a gente. Minha mãe chorava quando tocávamos nesse assunto. Pietro não queria nem ouvir. –falei e passei a mão no rosto. Ele estava molhado. Quando eu começara a chorar?

Luke olhou pra mim, e passou seus polegares nas bochechas, secando minhas lágrimas.

—Não quero que fique assim por causa disso. –disse e beijou minha testa. –Você vai superar. Sua família vai superar. Vai dar tudo certo.

—E se não der?

—Aí eu estarei aqui para dar uns murros nesse pai babaca. –ele brincou. Eu ri.

—Você é muito idiota, Luke. –falei.

—Talvez. Mas eu me importo com você.

Olhei para ele, me concentrando naqueles olhos azuis. Ele sorriu, mostrando suas covinhas.

—Você me deixa totalmente sem graça quando olha assim pra mim. –ele disse e desviou o olhar.

—Caramba, não sabia que tinha como te deixar sem graça. –falei e ele olhou pra mim, fazendo com que eu o encarasse.

—Você faz eu sentir coisas que nunca havia sentido, Sophia. –ele disse e eu me arrepio inteira. Ele vai se aproximando, beijando minha testa, minhas bochechas, a pontinha do meu nariz. Por fim, segura meu queixo e cola seus lábios nos meus.

O beijo é suave, lento: o meu preferido. As nossas línguas tem uma sintonia incomum. Nada rápido demais, nem devagar demais. Ele chupa meus lábios, mordendo-os logo em seguida. Faço o mesmo com os seus. Ele volta a me beijar, desta vez um pouco mais intenso. Sua mão esquerda puxa minha cabeça um pouco mais para perto, de modo que sua língua passeie melhor em minha boca.

Enquanto sua mão direita estava posicionada em minha cabeça, a outra passeava pelas minhas coxas. Senti algo dentro da minha calcinha pulsar, mas não dei muita atenção.

Então sua mão que passeava pelas minhas coxas foi para minha calcinha. Eu sabia exatamente qual a sua intenção.

—Luke... –pedi, meio arfando, meio sussurrando.

—O que foi? –ele perguntou, atordoado.

—Não quero isso agora. –falei e me senti corar.

Ele fez uma cara de surpresa.

—Sophia eu não estava querendo... –ele tentou achar as palavras corretas. –Fazer sexo com você.

—Então...? –eu realmente estava confusa.

Ele sorriu, sem graça.

—Não queria ter que explicar isso para você, Cupcake. Isso me deixa um pouco desconfortável.

—Luke... –falei, mas ele me interrompeu com um selinho.

—Deixa isso pra lá, ok? –pediu. E então mudou de assunto: -E eu nem te contei sobre ter sido aceito novamente no time da escola.

—Quiser me contar agora, sou toda ouvidos. –falei e vi seus olhos azuis brilharem.

—Eu estava saindo da última aula, quando o capitão me chamou na sala do diretor. Pensava que tinham aprontado alguma comigo, mas então ele e o diretor apenas disseram que havia aparecido uma vaga para o time. Disseram que o outro garoto ia ser transferido, e bla bla bla. Aí você deve estar se perguntando, e por que o diretor estava no meio?

—Você leu minha mente! –ironizei e ele sorriu, mostrando as covinhas.

—Ele disse que no campeonato estadual de futebol que nossa escola participará, haverá olheiros. Disso eu já sabia e tal, mas ele disse que este ano, esses olheiros levarão os melhores jogadores para base de futebol profissional. –fiz uma cara um pouco confusa. –Isso quer dizer que vou poder jogar futuramente no Manchester United! Meu time do coração!

—Ai meu Deus, Luke! Isso é maravilhoso! –exclamei e dei um abraço nele. –Estou muito feliz por você!

—Eu também estou muito feliz. –ele falou e suspirou. –Uma pena que vou ter que deixar a aula de música. Eu gostaria de tocar no festival, principalmente se fosse com você.

—Eu também. Mas acho que você deve seguir seu sonho. Treinar bastante para se tornar o melhor jogador do mundo!

—Isso já é demais. Na fila tem vários outros, como Messi, Cristiano Ronaldo, Neymar...

—Deixa de ser bobo! –falei e o empurrei de brincadeira. –Você entendeu o que eu quis dizer.

—Entendi, sim. Vai dar certo.

—Mas e a faculdade de administração? Não vai mais fazer?

—Na verdade, nunca quis ela. Meu pai era que me forçava a seguir o rumo da família. Seria uma pena que alguém decepcionasse ele.

—Ele vai fazer de tudo para você não ir.

—Felizmente, ano que vem já serei maior de idade, e ele não poderá mandar em mim. –ele falou com tanta convicção que senti orgulho dele. –Mas e você? Pretende fazer o quê ano que vem?

—Gostaria de fazer jornalismo. Mas minha mãe quer que eu estude na mesma faculdade que Pietro, de medicina. –disse, desanimada.

—E por quê não faz jornalismo?

—Minha mãe. –repeti.

—Você deveria fazer o que quisesse, pelo menos nesse sentido, Sophia. Não vá fazer algo que se arrependa depois.

—Acho que nesse quesito não tenho escolha. Mas é uma área muito boa.

—Mas não é algo que você queira faz... –o interrompi com um beijo.

Não queria falar sobre aquilo agora. Ainda demoraria um bom tempo. Eu já estava cheia de problemas. Não queria adicionar este.

Então, um barulho interrompeu nosso beijo. O barulho de uma porta se abrindo.

Ao olhar para trás, meu coração gelou.

Era minha mãe.

Me encarando.

Com o olhar tão cheio de raiva que fiquei sem respirar.

—Para dentro, Sophia, AGORA! –ela disse.

Continua...


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