Inexistente escrita por LadyWolf


Capítulo 2
Turma 3-3


Notas iniciais do capítulo

Oi, povo! Aqui começa realmente a nossa história. Espero que gostem :3



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Papai parou o carro frente a uma velha casa, que deduzi ser a de meus avós. Achava que já tinha visto aquele lugar antes em alguma foto, mas não tinha certeza. Ele fez Aoki deixar o tablet e nos mandou sair do carro, confirmando minha suspeita. Papai balançou o pequeno sino que fez um som um tanto perturbador.

— É aqui que vamos morar? – perguntou o menino olhando a casa de cima a baixo. – Que casa velha!

— Aoki! – disse prendendo seu pescoço com o braço.

A porta da casa se abriu e de lá saiu vovó baixinha e de cabelos bem branquinhos. Ela nos olhou e logo tratei de soltar meu irmão que saiu correndo para abraçar a senhorinha.

— Que bom que chegaram!

— Vovó! – exclamou todo manhoso.

— Meu querido. – disse o abraçando. – Como foi à viagem? Vamos, entrem. Entrem!

Aoki e eu entramos na casa e deixando papai para trás com as malas. Cheguei a perguntar se ele queria ajuda, afinal era bastante coisa, mas ele não aceitou. Talvez por orgulho masculino ou alguma coisa do tipo.

— Não posso acreditar o quanto vocês cresceram. – disse vovó nos guiando por um corredor.

A casa dos meus avós era grande e antiga. Tinha um cheiro irritante de mofo que se estendia por todos os cômodos com o qual teria que me acostumar até papai arrumar dinheiro o suficiente e conseguirmos nos mudar.

— Vovó, onde está o vovô? – perguntei.

— Ah, querida. – disse ainda andando. – O time de baseball do seu avô teve jogo hoje, então só deve chegar a noite.

Vovó nos levou até a sala de jantar. A mesa estava posta com comidas de todos os tipos que se podia imaginar. Do mais delicioso lámen ao pequeno corte de sashimi.

— Sirvam-se, meus queridos. Fiz tudo para vocês!

Bem, depois de uma viagem de muitas horas e daquele acidente horrível na ponte realmente merecíamos uma boa refeição. Ainda mais comida de avó. Todo mundo sabe que comida de avó não se recusa, afinal, é melhor do que a comida de qualquer restaurante famosinho.

— Itadakimasu! – dissemos em conjunto e começamos a comer.

Eu bem devagar como sempre. Aoki parecia que não sabia o que era comida há uns três dias e antes que eu terminasse a tigela de arroz ele já havia devorado uma tigela enorme de lámen.

— Está muito bom vovó. – disse com um sorriso no rosto. – Como consegue fazer algo tão delicioso?

— Com muito amor e carinho, minha querida. – disse ela dando uma risadinha. – Então, para que ano na escola você vai mesmo?

— Nona série. – respondi de forma natural.

— Nossa! Como o tempo passou rápido. Ainda ontem minha pequena Emi estava entrando no ginásio.

— Passou rápido mesmo. – disse terminando a tigela de arroz.

— E pretende estudar em que escola? – perguntou observando Aoki concentrado no gyoza.

— Acho que Yomiyama do Norte.

— Hum. – o olhar da anciã se perdeu por um momento em meu olho de boneca. Parecia se lembrar de um passado distante.

— Vovó?

— Hum? Ah, desculpe querida. Estava me lembrando que sua mãe também estudou nessa escola, na nona série.

— Papai me contou, por isso quero estudar lá.

— É uma ótima escola. – ela sorriu e tomou mais um gole de seu chá.

Naquele momento papai entrou na sala parecendo bastante cansado. Não era para menos já que tinha acabado de carregar um conjunto de malas nada leves. Então ele se sentou conosco e todos terminamos a refeição com muita conversa e risadas.

Depois de comer fomos conhecer nossos quartos. Papai ficaria em um quarto com Aoki e eu teria um quarto só para mim, o que era ótimo porque em nossa outra casa tinha que dividir com o baixinho. Nunca vi alguém roncar tanto.

Já devidamente instalados fomos para a sala de estar assistir TV todos juntos. Estava passando uma novela de época que vovó parecia gostar muito, pois toda hora fazia algum comentário sobre um personagem ou outro. Nós não conhecíamos, então simplesmente colocávamos um sorriso no rosto e olhávamos para a tela da televisão. Foi então que a porta da casa se abriu e vovô entrou na casa.

— Boa noite. – disse ele com um sorriso gentil.

— Vovô! – dissemos Aoki e eu nos levantando para abraçá-lo.

— Meus netos! – falou pegando meu irmão no colo e me abraçando. – Que saudade!

— Boa noite, sogro. – disse papai se levantando.

— Querido! Demorou.

— Desculpe, querida. – disse pondo Aoki no chão e indo beijar a testa da vovó. – O jogo demorou para terminar.

— Hum. – fez um bico, parecendo uma criança. – Está com fome?

— Estou, minha velha.

— Vamos para a cozinha, vou fazer algo para você comer.

— Certo.

— Eu vou também. – disse papai. – Precisamos conversar.

E logo eu e meu irmão estávamos sozinhos na sala. Então resolvemos voltar nos sentar e assistir televisão. A novela já tinha acabado e agora havia começado o noticiário.

— “Esta manhã, na ponte Yomiyama houve um acidente muito grave envolvendo três carros...”

— Ei, não é o acidente que aconteceu hoje de manhã? – perguntou Aoki.

— “...Não se sabe ao certo o número exato de pessoas envolvidas, mas cinco morreram e uma está internada no hospital de Yomiyama em estado grave.”

Vimos tudo acontecer diante de nossos olhos. Naquele momento fiquei toda arrepiada e um frio invadiu o meu ser. E papai não tivesse desviado do carro? E se morrêssemos? Mais um acidente de carro em tão pouco tempo... Acho que não iria resistir.

#001

O mês de março passou voando e já tínhamos nos adaptado a casa dos meus avós. Papai estava até mais gordinho por causa da comida de minha avó (risos). Aoki parecia estar mais elétrico que nunca. A ideia da nova escola parecia perturbá-lo um pouco. Mas eu estava normal, afinal, era só uma escola normal como qualquer outra.

Era manhã de segunda-feira e acordamos todo bem cedo. Vesti meu uniforme recentemente comprado, prendi os cabelos cor-de-rosa em um rabo de cavalo bem alto, peguei a mochila e fui tomar o café da manhã em família que no último mês se tornara rotina.

— Então, querida, animada para o primeiro dia de aula? – perguntou minha avó com toda a calma do mundo.

— Sim, vovó.

— Eu não quero ir. – disse Aoki chegando a sala todo emburrado com papai praticamente o empurrando.

— Mas vai.

— Que história é essa de não querer ir para a escola? – perguntou vovó. – Estudar é muito importante, querido.

— Quero ir para minha escola antiga, com o MEUS amigos.

Perdi o apetite naquele instante. Aoki já tinha estragado o meu dia e ele mal havia começado. Respirei fundo e me levantei.

— Como licença. – peguei a mochila, dei um beijo em minha avó e em meu pai e saí de casa. Pelo menos não iria chegar atrasada.

Yomiyama do Norte não ficava tão longe da casa dos meus avós. Na verdade, nada era longe já que a cidade era bastante pequena. Dez minutos de caminhada e finalmente cheguei na escola. Pois é, agora minha nova vida começaria.

Entrei na escola, troquei os sapatos pelas sapatilhas e fui andando pelos corredores. Um quadro enorme na entrada mostrava a que turma cada um estaria. Me meti entre a multidão que ali se formava e finalmente consegui ver o quadro. Nona série, turma um não. Turma dois também não. Hum... Aqui, turma três.

Andei mais um pouco pelo corredor, subi as escadas e finalmente cheguei à sala nomeada de 3-3. Quando entrei senti um arrepio estranho. Parecia a mesma sensação quando andamos pela casa escura à noite para beber um copo d’água. Procurei um lugar qualquer para me sentar e lá fiquei quieta. Uma lâmpada piscava impaciente na parte da frente da sala, parecia queimar a qualquer momento.

Não demorou muito para que o professor chegasse e todos os que estavam de pé se sentaram. O professor era um homem alto, de cabelos bem pretos e usava um óculos. Vestia uma blusa social branca e calça preta, que se encaixavam na medida no corpo dele.

— Bom dia. – disse se dirigindo até a mesa e pondo alguns livros. Em seguida pegou o giz e colocou a data no quadro, em seguida escrevendo seu nome. – Meu nome é Kawanami Toguro, sou professor de matemática e vou ser o professor responsável pela turma de vocês esse ano.

O professor mexeu nos óculos e olhou para cada rosto presente na sala. Quando seu olhar passou por mim olhei em outra direção. Todo aquele silêncio estava me deixando nervosa. E aquela luz piscando também não estava ajudando muito. O homem deixou seu lugar e foi andando pela classe, passando entre as carteiras e chegando até uma no fim da sala. Era velha e arranhada. Ele passou a mão sobre a mesma e suspirou.

— A terceira série do ginásio é uma turma diferente das outras. Ela guarda uma história trágica de anos e anos que nunca se soube como parar.

Mais um momento de silêncio. Do que ele estava falando? Estava ficando com medo, confesso. E aquela mesa? Ela me trazia uma energia muito ruim e parecia ser a fonte de todo aquele problema. A luz continuava piscando.

— Há trinta e um anos atrás, na turma três existia um aluno chamado Yomiyama Misaki. Ele era um rapaz muito popular na escola e todos os seus colegas e professores gostavam dele. Mas, inesperadamente, Misaki acaba morrendo o que faz com que todos fiquem muito tristes. Porém, certo dia, um aluno diz que ele está vivo e a partir de então todos passam a agir dessa forma. O ano passou e no dia da foto de formatura nosso colega apareceu na foto e... Bem, a partir de então a turma três é amaldiçoada com uma calamidade. – o professor fez uma pausa, respirou fundo e continuou. – Diz-se que nessa turma há um aluno extra. E enquanto esse aluno estiver nessa turma à calamidade continuará. Para pará-la é necessário que a turma eleja uma pessoa para que seja inexistente. Que faça o contrário do que a turma de trinta e um anos atrás fez. Essa pessoa deve ser excluída, invisível, deletada. Caso contrário a calamidade continuará e alunos e seus parentes continuarão morrendo.

— HAHAHAHAHAHA! A melhor história de terror que já ouvi, professor. – riu um garoto de cabelos pretos. – Aluno extra, calamidade, todo mundo morre MUAHAHAHAHA.

Todos permaneceram calados olhando para o rapaz.

— Senhor... Okumura, certo? Isso não é só uma história, é a mais pura verdade.

— Então prove! – disse uma menina de cabelos vermelhos se levantando no fundo da sala.

De repente todos ouviram um estalo. A lâmpada caiu em cima de uma menina de marias-chiquinhas sentada na fileira da frente e explodiu. Todos ficaram parados em estado de choque e quando deram por si a menina estava no chão com a roupa e o rosto chamuscados. O ferro que antes segurava a lâmpada perfurou seu crânio. E esse foi o meu primeiro dia de aula.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram? Deixe um comentário, vai fazer a tia feliz!
Beijinhos ;*



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