Entrelinhas Do Destino escrita por Nishiki


Capítulo 6
5:20


Notas iniciais do capítulo

"Faça tudo o que quiser
Você não tem certeza se vai cair
Um belo dia tudo acabará
E o que você vai guardar?"



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Abriu os olhos lentamente, como quem se encontrava à deriva, ou passou por alguma longa tormenta no tenebroso mar. Sentiu aquele velho ar, aquele velho lugar, o velho cheiro de seu velho carro.

Alberto se perguntou “É mais uma chance? Poderei consertar o EU atual?” Por algum instante Alberto se sentiu um invasor, mas como alguém invade aquilo que lhe pertence? Afinal... É seu pertence, completamente de vossa mercê.

Um profano, profanando corpos, o próprio corpo...

Atualmente, Alberto aparenta ter seus 44 anos de idade, mas segundo a matemática, 45 menos 30 se iguala a 15. Retornou à sua adolescência, a raiz de tudo... O acordar cedo, caminhar pelas ruas, ir à escola e retornar, como sempre foi a sua carreira escolar, até que chegou o dia do BASTA, e mudou seus trilhos.

Aos 15 anos de idade, muita coisa mudou em sua vida. Primeira relação sexual e mudanças de comportamento.

A menina era mais velha, e conversas vai e conversas vem... Transaram, na verdade foi sexo oral... Feito por ela numa tarde, mas tudo acabou quando ocorreu o inesperado. Sua mãe os pegara no flagra, mas como sempre, se fez de desentendida, reencostou a porta e tudo chegou ao fim.

Os dias eram sempre iguais, a solidão, o cansaço e o medo perambulavam lado a lado. Alberto em si não sabia a maldade do mundo, não completamente... Sempre queria entender a essência da maldade. Em um coração puro e humilde, não entrava em entendimento com ela, não tão torrencialmente, tinha o conhecimento da maldade, mas a mesma nunca lhe possuiu.

Fora como se atravessar uma porta, uma ponte, um raio que o parta... As horas aceleraram-se, os minutos se foram como o breve contato das pálpebras, que mais uma vez se abriam para um novo dia.

Vinte e cinco anos de idade. Emprego, morando sozinho, a vida de um estrangeiro na vida adulta, mas rapidamente se adaptou.

Namorava uma garota, a mesma que dali a alguns anos se casara com Alberto, a mesma que causou o retardamento mental de Alberto, a mesma que causou um rebuliço na vida de Alberto, a mesma que matou-o internamente durante a sua vida e naquele momento, um pouco após a sua morte. Não era o mesmo sem ela, não mesmo... Dos vinte e cinco até os quarenta e cinco, quanto coisa já não haviam compartilhado? Não era justo a morte tê-la levado assim, tão jovem, a morte carregou-a com tanta rapidez que ele mal conseguira raciocinar. E ele ainda não conseguia, as lágrimas quentes desciam pelo seu rosto ali, ainda encostado sobre o volante, dentro do carro que continuava parado ali, no acostamento. Foi então que ele pensou – ou deixou de pensar.

Voltou a pisar no acelerador, voltando a ultrapassar os duzentos quilômetros por hora. Se o destino dele fosse morrer naquele momento, que seja. De que adiantaria viver sem ter a mulher que ele mais amou na vida ao seu lado?

Saiu da rodovia em uma curva perigosa para adentrar a cidade, as ruas estavam praticamente vazias porém, ele por pouco não bateu nos automóveis e nas pessoas que ali transitavam. Mas ele não ligava para as pessoas, sua vista estava embaçada pelas lágrimas e ele mal podia ver a rua à sua frente. Ele foi egoísta e não pensou em ninguém além de si mesmo, não pensou se podia machucar alguém no meio daquele sinuoso caminho que ele escolheu seguir, não pensou que uma jovem iria atravessar distraidamente a rua agora que a chuva tinha diminuído, sendo reduzida a uma fina garoa. Ele não se arrependeu um só momento. Nem quando o corpo da jovem foi jogado contra o vidro de seu carro. Nem quando o seu próprio corpo foi empurrado para frente, batendo a cabeça de modo fatal. Será que agora finalmente ficaria ao lado de sua esposa?


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