Entrelinhas Do Destino escrita por Nishiki


Capítulo 4
Jeito Livre


Notas iniciais do capítulo

"Um novo dia nasce e com ele um novo tempo
Quem se prende ao passado, morre
Eu aprecio o movimento
Aqui vai água, ar e fogo, ferro, pedra e fumaça
A terra treme quando ela passa."



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Não posso dizer que não olhei, a presença dela eu notei, não é coisa para não se notar, sua beleza passa tão vulnerável aos olhos sicários de certos notários que fitam aquela que desejo, mas ela não me pertence, e pelo que parece, não deseja ser pertence de alguém, às vezes cortejo teus gestos e me pergunto se aquilo tudo era real, aquela selvageria, que ao mesmo tempo parecia um anjo descendo entre nuvens de mil e uma cores, sentidos e sabores, desejos e cortejos, amor e desejo.

Direi, não minto, quando ando contra o vento ele me traz teu cheiro, o famoso sabor do beijo que não lhe tomei, meus devaneios vagam livremente em mim, e como se fosse nada casual, ele salta de meus peitos, desafia meus instintos e meus movimentos estão cada vez mais nítidos, posso ser notado, parece até uma alta dose de desatino.

O dia, segundo Leonardo, não tinha aquela aparência que segundo ele é digna de contemplação. Não gostava de frio, não daquele frio em que você só tem a si mesmo, mas uma companhia para ficar junto a ele, era indispensável. Olhava as bancas, os pássaros, a velha guarda vagando com suas roupas coloridas, mostrando a essência da experiência. Ele vê a moça bonita que passa, e não deixa de notar as feias, lá contém de tudo um pouco, menos crianças correndo, como naqueles filmes em que um rapaz fica parado numa pracinha e observa crianças brincando, isso não tinha, não num dia semanal em que deveria estar na escola e não cabulando aula. Bom, por mais certo que agimos e somos, às vezes é sempre bom escapar de sua rotina, tirar um tempo para nós, enxergar os primeiros raios solares ao ar livre e não numa lata de sardinha revestida por ferro e concreto, nada de sala de aula, nada de obrigações, só reflexões, só a leve brisa, só a contemplação de seu espaço, mesmo assim... Sua mente nela focava.

*

—Droga, filho duma puta, morfético!

Assim berrava Lana, com seu próprio celular, será que ele gostou tanto daquela música que não queria mais trocar de faixa? Bom... Eu sei que Pink Floyd é muito bom, mas ouvir The Great Gig In The Sky cinco vezes seguidas já se torna monótono. E lá estava ela, se o destino resolveu unir alguém, esse alguém era Lana e Leonardo, ela também matou aula, e se alguém vê-la por ali, com certeza seria guilhotinada, escaldada ou carbonizada, são inúmeras possibilidades de punição. Além do que a vida já a tortura.

*

Passos médios, não andava muito rápido, mas também não muito lento, parecia ser livre, parecia ter a capacidade de fazer tudo o que queria, sua imaginação parecia vagar pelo ar, seus pulsos mínimos seriam uns cem batimentos cardíacos por minuto, mas a sua personalidade é forte, parecia se cobrar muito, e parecia tão só, parecia ser dele aquela solidão, só queria tê-la, já estava de bom tamanho.

 

Se olha e se enxerga um nada, às vezes a única luz, o único holofote, o genuíno e puro, e de novo volta ao começo, o impossibilitado, o necessitado e dependente do que eu não sei, com fome do abstrato e viajante do singular, um insular. A cada vez que à ela ele olhava, se sentia puro e simples de coração, mas o martírio estreava quando a mente salta através dos olhos, lhe mostrando que era inútil, que em meio a tudo, ali ao seu lado ela não estava, não como ele gostaria.

Pequenos pedaços de cristais caem do céu, os raios da vida se foram, o forte vento se esbarra em seu peito, sente um pequeno calafrio nas entranhas, um reboliço toma conta de seu corpo, "Heartbreaker Hotel"... Elvis lhe dá razão. Avidamente apanha sua mochila, contempla o céu e os cristais chocam em seu rosto, um leve suspiro traz um alívio imediato, e sai da vertical. Seu horizonte se depara com o dela, olho no olho, amor de sua parte no olhar, e da dela, só dúvidas, nitidamente o vê como um perfeito otário, não pior quanto o seu celular.

Felizmente, para ele, só tem um lugar onde se abrigar, as gotas de chuva continuam caindo de alturas impossíveis, trazendo o silêncio, e se encontram ainda olho no olho, debaixo de uma cobertura, e ali ficam.


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