The Woods escrita por The Wanderer


Capítulo 7
Chuva


Notas iniciais do capítulo

Gente, estou tentando fazer capítulos mais longos porque os outros estavam muito curtinhos, boa leitura :)



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Fui pra minha primeira aula do dia que era de física. Não tinha nenhum amigo que fazia essa aula no mesmo horário que eu, então era mais fácil de prestar atenção e anotar as coisas, menos hoje aparentemente. Minha mente estava em outro lugar. Outra pessoa.

Eu tinha só duas aulas no dia com Cat e essas eram as únicas aulas em que eu não ia morrer de tédio. Assim que bateu o sinal eu fui pra aula de História e quando entrei na sala quase não acreditei quem tinha sentado na carteira ao meu lado. Ele só podia estar me perseguindo.

— Aparentemente nós temos aula de história juntos. – Abriu um sorriso de lado encantador e continuou – Olha só! De repente história virou minha matéria preferida.

Sorri pra ele e olhei pra frente. Eu sei que ele me disse que queria me conhecer melhor e que ele foi um fofo, mas eu simplesmente não podia ignorar todo o histórico dele. Nem o pressentimento de que alguma coisa está errada. A aula foi rápida, mas eu senti o olhar dele em mim o tempo todo o que me deixou bem nervosa.

Quando o sinal do intervalo tocou, corri para falar com Cat mas não consegui acha-la em lugar nenhum. Até liguei para ela mas seu celular estava dando na caixa postal. Estranho...

Resolvi então ir para a biblioteca e passar o intervalo lá procurando livros interessantes. A bibliotecária parecia muito concentrada em escrever alguma coisa na pasta de registros e nem me viu, então fui olhando as estantes de livros procurando algum que capturasse meu interesse, mas eram todos os mesmos livros chatos de sempre, história, geografia, literatura, alguns de religião. Fui para as estantes do fundo que os alunos raramente vão por só ter ‘coisa chata e antiguidade’ que só o terceiro ano precisa pra pesquisas eventuais. Olhei desinteressada pelos livros velhos até que um chamou minha atenção. O título dele era “Anjos Caídos” mas o que realmente me sobressaltou foi o pequeno subtítulo embaixo “A verdadeira história dos Reignthorns”. O sobrenome do Luke!!!

— Senhorita!! Com licença. – Tomei um susto tão grande que derrubei o livro no chão. Era a bibliotecária que até segundos atrás parecia nem ter notado a minha presença ali. – Você não deveria estar nessa área da biblioteca, muito menos quando o sinal da aula já bateu.

Eu nem ouvi o sinal da aula. Murmurei desculpas e me abaixei para pegar o livro no chão que tinha caído com a contracapa para cima, mas assim que li o que estava escrito nela me sobressaltei e dei um passo para trás. “Anjos da escuridão.”

A bibliotecária me olhou como se eu estivesse doida, abaixou, pegou o livro mas quando o colocou de volta na estante eu nem estava mais lá, já tinha corrido pra fora da biblioteca o mais rápido possível e fui para minha próxima aula sem pegar material nenhum.

O resto do dia foi monótono e quando a aula finalmente acabou estava chovendo. Eu ia embora a pé para casa e não tinha levado nenhuma sombrinha. Ótimo. Comecei a andar na chuva e em poucos minutos ela aumentou, fiquei molhada até os ossos, o pior de tudo é que eu sabia que quando chegasse em casa, ia pegar uma gripe terrível. Estava tão absorta em pensamentos que quase não notei que um carro preto parou do meu lado, uma janela abriu e um par de olhos azuis me encarou.

— Entra no carro. – Seu tom era autoritário, o que despertou minha teimosia.

— Quem você pensa que eu sou pra sair entrando no carro de estranhos? – Dei ênfase na última palavra.

— Não sei, uma doida meio bipolar que está tremendo de frio no meio da chuva, talvez? – Eu nem tinha percebido que estava tremendo. Seu tom agora estava irritado. – Quer deixar de ser tão teimosa e entrar logo no carro?-

— Não.

 Saí correndo na calçada mas para meu completo desespero e vergonha, não vi o pequeno desnível da mesma e como consequência pisei em falso, torci o pé e me vi sentada na calçada no meio da chuva torrencial, chorando de dor com o meu pé torcido. Senti alguém me pegando no colo e em seguida estava dentro de um carro. Luke olhava irritado para frente e dirigia, gotas de água da chuva pingavam de seu cabelo e meu tornozelo doía muito.

— Realmente não precisava ter feito isso. – Minha teimosia gritava mesmo por cima da minha dor.

— É tem razão, não precisava mesmo, eu ia deixar você voltar pra casa a pé no meio da chuva com o tornozelo torcido. – Disse ironicamente. – Aliás, eu até que devia ter feito isso mesmo.

Achei melhor não responder, porque estava tão irritada que não conseguia pensar em uma resposta racional. Ele parou em frente a minha casa e eu não conseguia imaginar como ele sabia onde eu morava, tentei abrir a porta do carro mas estava trancada.

— Lucy, qual é o seu problema?- Virei para olhar para ele mas ele estava olhando pra frente. – Sabe, eu realmente estava tentando me aproximar de você mas parece que toda vez que eu tento, você foge. Literalmente.

Olhei para baixo e lembrei tudo que tinha visto sobre ele. O livro, sua ficha, os boatos que Cat me disse. Ele não é quem aparenta ser, deve ser por isso que eu tinha um pressentimento de que alguma coisa estava errada. Um pensamento ecoava na minha cabeça, o mesmo que tive logo após o que aconteceu no baile “É só eu ficar longe dele, não pode ser difícil...”, no entanto estava sendo. Tinha que manter o foco, pro meu próprio bem.

— Fica longe de mim. –Tentei pronunciar essas palavras da maneira mais ameaçadora possível, destranquei a porta do carro dele e saí correndo pra dentro de casa tentando ignorar a dor no meu tornozelo. Assim que entrei em casa fui para o meu quarto e me sentei para dar uma olhada na gravidade do meu ferimento, quando meu celular tocou. Era a Cat.

— Por onde você andou??

— Alô pra você também. – Eu teria rido se não estivesse morrendo de dor. Esperei ela responder minha pergunta.

— No intervalo do primeiro sinal para o segundo, eu fui pegar os livros da minha aula de literatura e quando eu fechei meu armário e comecei a andar pelo corredor eu trombei com o Luke. Eu caí no chão junto com os livros dele e... – Uma pausa do outro lado da linha. – Lucy, não tem um jeito não assustador de dizer isso... – Outra pausa. – Um dos livros dele caiu aberto no chão e dentro dele tinha uma foto sua. Com seu nome escrito nela.

Fiquei tão surpresa que eu não sabia como reagir a isso, então ela prosseguiu.

—Depois disso, ele pegou o livro muito rápido e me ajudou a levantar, mas assim que eu levantei, eu fiquei tonta e minha visão escureceu. Essa é a última coisa que eu me lembro.

Contei a ela sobre o que tinha acabado de acontecer, desliguei o celular e fui tirar minha roupa molhada e tomar um banho. Desci pra cozinha e vi um bilhete na geladeira escrito ”Filha, precisamos conversar”. Achei estranho, não consegui pensar em nada de errado que eu tinha feito ultimamente. Meus pensamentos foram interrompidos por um ataque de espirro. Ótimo.


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Notas finais do capítulo

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