— Hm... Seu pé não está nada bom. – A enfermeira falou enquanto examinava meu pé.

Avá, cê jura?

Apenas observei enquanto ela enfaixava meu pé novamente.

— Acho que seria melhor chamar sua mãe, você não está em condições de continuar na escola.

— Mas eu não acho que ela vá conseguir me buscar agora e eu não posso mais perder aulas Sra. Thompson. – Choraminguei.

A enfermeira de sobrenome Thompson escrito na plaquinha que a identificava suspirou pesadamente, olhou para o lado decidindo se atendia o meu pedido ou seguia o protocolo. Olhou para mim novamente por alguns instantes e fiz uma cara triste. Suspirou por uma segunda vez e disse:

— Está bem, eu vou deixar você ficar na aula, mas só vou deixar você sair quando a aula de agora acabar. – Sorri satisfeita.

— Ah muito obrigada Sra. Thompson, de verdade. – Ela deu um pequeno sorriso e saiu me deixando descansar.

Quando essa aula acabasse, iriam me restar mais quatro aulas no dia e eu realmente queria encontrar aquele tal de... qual era mesmo o nome dele? Dale?

Esperei pelo que pareciam ser horas até o sinal dessa aula bater, nesse momento a enfermeira apareceu ao lado da pequena maca onde eu estava e me ajudou a levantar. Saí da enfermaria aliviada, mais alguns minutos e eu ia ficar louca. Aproveitei que era o horário do intervalo para procurar o garoto ruivo, além de agradecer eu tinha algumas perguntas a fazer.

“...Me avise quando você já tiver saído daí”  e também tinha isso...

Estava tão perdida em meus devaneios que só percebi que eu havia trombado com alguém quando quase foi parar no chão novamente se a pessoa que eu esbarrei não tivesse segurado meu braço antes que eu pudesse cair. Finalmente olhei quem era.

— Você. – Falei mais aborrecida do que surpresa.

— É sempre tão animador te ver, você não tem ideia. – Disse com uma voz sarcástica.

— Espero que seja horrível pra você Luke, espero que seja insuportável quem sabe assim você não para de me seguir?

— Ah me desculpa, realmente eu deveria ficar mais atento para não andar no mundo da lua esbarrando nas pessoas com meu tornozelo machucado, vai que me acusam de perseguidor. – Ele deu ênfase a ultima palavra num tom de voz zombeteiro o que me deixou irritada.

— Olha, se eu não me engano, o que você está fazendo neste exato momento é me perseguindo, aliás, o que você quer?- Parei e virei para encará-lo com meus olhos transbordando raiva. - Por acaso quer que eu me desculpe por ter trombado em você?

— Não, mas ao que me parece você quer que EU me desculpe pela última noite. – Deu um sorriso sarcástico diante de minha expressão levemente atônita e se aproximou perto do meu ouvido. – Mas não parecia que você estava achando ruim ontem.

Eu não tenho as palavras exatas para descrever a mistura de ódio, vergonha, raiva e enjoo que estava sentindo. Senti meus olhos marejarem mas era de raiva.

— Sai daqui Luke, me deixa em paz. – Disse com meus dentes serrados num tom baixo e ameaçador com meus olhos brilhando intensamente de raiva. – Fica longe de mim, entendeu?

Algo nos seus olhos mudou, não estava mais com a expressão sarcástica e amarga de antes, agora eu podia ver algo como tristeza ou angústia... Medo? Aquilo era medo?  Mas ele recuperou a postura novamente e deu um passo na minha direção.

— Senão o que? – seus olhos agora demonstravam raiva também, mas nem perto da quantidade de raiva que eu estava no momento.

Abri a boca para responder mas antes mesmo que eu pudesse falar qualquer coisa alguém atrás de mim falou.

— Se eu não me engano, a moça falou para você deixa-la em paz.

Olhei para trás com meus olhos arregalados e vi Dale se aproximando e esticou o braço na minha frente de forma protetora. Comparando os dois, Dale era mais alto e mais forte mas por algum motivo que eu não sei explicar, eu sei que se eles entrassem em uma briga, Luke ganharia.

— Sim mas quem é você mesmo? – perguntou Luke de forma zombeteira de novo.

Uma pequena aglomeração começa a se formar a nossa volta. Isso não era nada bom.

— Contanto que você deixe a moça em paz, você não precisa saber quem eu sou.

Luke se aproximou dele que estava um pouco a minha frente e o olhou de uma forma realmente ameaçadora. Eu estava me sentindo a irmã mais nova assustada sendo protegida pelo irmão nos filmes.

— Acontece, desconhecido, que eu nunca vou deixar ela em paz.

Dale se aproximou dele também. Se os dois não estivessem bufando de raiva eu podia jurar que eles iam se beijar.

— Então eu sou quem vai quebrar sua cara. – Falou de uma forma ameaçadora também antes de acertar um soco tão forte no olho direito do Luke que ele quase caiu.

Luke retribuiu o soco com uma força que eu podia jurar que não era dele. Eu tinha que fazer isso parar, olhei a grande multidão que agora estava em volta de nós procurando alguma resposta, alguma coisa. Quando olhei novamente Dale estava no chão com os lábios e o nariz sangrando e com um corte no supercilio. Mas Luke não estava nada melhor, tinha um corte bem feio na maça do rosto e seu olho estava rapidamente assumindo um roxo assustador, seu nariz também estava sangrando.  Quando que isso tudo aconteceu tão rápido?

Eu tinha que fazer alguma coisa rápido então fiz a primeira coisa que pensei. Parei do lado dos dois e empurrei luke para trás com a maior força que tinha, então entrei no meio dos dois esticando a minha muleta em direção ao loiro para ter uma distância segura. Gritei "CHEGA" o mais alto que pude alternando meu olhar entro os dois. Ajudei Dale a se levantar o mais rápido que pude e saí do meio da multidão puxando ele pela mão, só queria sair de perto do Luke. Estava indo em direção a saída da escola, agora eu estava pouco me fodendo se eu ia ver o resto das aulas ou não, quando Dale puxou levemente meu braço, o que fez eu me virar e para minha total e completa surpresa me beijou antes que eu pudesse fazer qualquer coisa.