Acordei assustada no que parecia ser de madrugada, deveria ser lá pelas 03h30min da manhã. Meu monitor cardíaco estava apitando feito louco e marcava 120 batimentos por minuto e eu sabia o porquê. Sentei na cama me lembrando do pesadelo que tinha acabado de ter.

... Não sabia ao certo do que estava fugindo, mas via umas luzes como flashes e ao que me parecia eu estava correndo em direção a floresta. Lágrimas borravam a minha visão e escorriam incessantemente pelo meu rosto, tornando-o gelado por causa do vento. Estava descalça e com um vestido branco longo sujo na barra, meus cabelos estavam soltos. Borrões de árvores apareceram no meu campo de visão e soube que tinha adentrado a floresta. Meus pés e tornozelos logo começaram a sangrar por pisar em galhos descuidadamente, mas eu mal notava não podia parar de fugir. Um desses galhos presos a uma árvore enroscou no meu vestido, rasgando-o e me fazendo cair no chão. Sabia que esse era o fim. Vi um clarão, me preparei para minha morte. Ouço barulhos de passos, uma colisão e o clarão sumiu, assim como toda a luz do mundo... Vejo olhos azuis no quarto de um pronto socorro me encarando...

Olho para o lado me lembrando do que vi antes de dormir e esperando ter sido apenas um sonho. Literalmente quase caí da cama quando vi que ele ainda estava lá. Meu monitor cardíaco aumentou a frequência e agora marcava 125 batimentos por minuto e eu comecei a passar mal.

— Shhh, calma, calma. – Luke pulou da poltrona onde estava me encarando antes e pegou minha mão. – Não queremos que a enfermeira venha aqui.

Você não quer.

— O que... Como?? – Nem consegui formular uma frase inteira, estava muito confusa.

— Eu já te explico tudo ok? Mas eu preciso que você se acalme.

— Você invade o meu quarto não sei como, fica me olhando dormir E ESPERA QUE EU FIQUE CALMA? – Praticamente gritei.

— Shh. – Repetiu. – Respira.

Mesmo estando com raiva e até com um pouco de medo dele fiz o que ele mandava porque estava passando mal agora. Minha frequência abaixou consideravelmente depois de uns cinco minutos. Luke ficou segurando minha mão e me olhando calmo.

— Me explica. – Foi a única coisa que disse, mas ele entendeu.

— Eu dei meu jeito de entrar sem ser notado.

— Como você sabia onde eu estava?

— Se eu te contasse você ia ficar com medo.

— Olha não é como se eu realmente quisesse você aqui agora, então acho melhor você me contar logo.

— Tudo bem, eu te segui por um tempo. – Espera, que?

— Como??? Você ta louco? Eu já falei para você ficar longe de mim. – Quase gritei de novo e puxei minha mão da sua que eu não tinha notado que estava la até agora.

— Eu não quero ficar longe de você.

 Ele me olhou com tanta intensidade que qualquer coisa que eu tinha planejado em falar sumiu da minha mente assim que eu abri a boca. Então ele aproveitou esse momento em que eu não sabia o que responder e começou a se inclinar na minha direção até que estivéssemos a dois dedos de distância e minha respiração começasse a falhar. Ele olhava tão fundo nos meus olhos que eu tinha quase certeza que podia ler meus pensamentos o que me fazia sentir completamente perdida. Apoiou uma das mãos na maca e suavemente eliminou o resto da distância que nos separava, e quando me dei conta ele estava me beijando. No começo de um jeito bem fofo e calmo mas depois foi amentando o ritmo e me deitando de novo na maca.

— Ok é melhor a gente tirar esse negócio daqui né. – Disse sorrindo e tirando o pregador de plástico que estava no meu dedo, responsável pela marcação dos meus batimentos cardíacos.

Apenas fiquei observando enquanto ele tirava aquilo do meu dedo e o beijava logo em seguida. Fez o mesmo com todos os dedos e em seguida passou para a palma da minha mão. Traçou um caminho por todo meu braço até que ele chegou no meu pescoço e começou a distribuir beijos por ele. Arfei e arqueei meu pescoço dando livre acesso, ele era realmente muito bom nisso. Se afastou por alguns segundos e tirou sua blusa, tive um vislumbre de seu abdômen e peitoral suficientemente rápido para concluir que ele malhava antes de se inclinar novamente e me beijar intensamente. No fundo da minha cabeça eu sabia que isso era errado e que eu tinha que ficar longe dele, mas eu não sabia mais o que estava acontecendo eu simplesmente não respondia mais por mim. Ele passeou com suas mãos pelo meu corpo enquanto eu passava minha mão direita entre seu cabelo perto da nuca puxando-o levemente e passava minha mão esquerda pelo seu abdômen.

De repente ouvimos algumas batidas na porta e a enfermeira me chamando suavemente para ver se eu estava acordada. Quase empurrei o Luke pra fora da cama e me arrumei o máximo possível e ele estava colocando sua camisa de volta da ultima vez que eu olhei pra ele.

— Estou sim. – Respondi da maneira mais normal possível.

Só então notei que já era manhã e que o Luke já havia sumido. Como caralhos ele faz isso?

Então notei que a janela do meu quarto está aberta, ele deve ter saído por ali. Coisa que eu não sei como ele fez já que as janelas eram trancadas justamente para impedir coisas como essa de acontecerem. Coisas como essa... BURRA, ESTÚPIDA IDIOTA, não podia ter deixado isso acontecer.

A porta do meu quarto se abriu e minha mãe entrou bastante preocupada.

—Filha, como você está? Seu tornozelo está bom?

— Tá melhor já mãe, não se preocupe.

— Que alívio, porque amanhã você já tem pode ir a escola. – Eeeee que alívio...

Sorri e acenei com a cabeça.

— Ah sim, filha quase esqueci de te falar, um menino ruivo de olho verde que eu não sabia que era seu amigo passou em casa perguntando como você estava. – Olhou para mim e sorriu. – É muito bom saber que você tem mais amigos além de Cat, a proposito ela fez questão de vir até aqui comigo.

Da porta uma menina de cabelo preto enrolado entrou no quarto saltitando e com um sorriso de orelha a orelha. Cat.