Ele abriu os olhos. Não havia dor alguma. Suas mãos não estavam mais sujas de sangue. Sentiu uma brisa leve passando pelo rosto e levantando seus cabelos negros, como as vestes que usava – a mesma cor que o acompanhava desde pequeno. Snape elevou os olhos e viu o cenário ao seu redor: um gramado enorme, cercado por árvores dos mais diversos tipos, todas floridas como na primavera, formando a mais bela das paisagens que jamais vira. O homem apalpou o chão, sentindo a grama entre os dedos mostrando-lhe que aquilo era real. Novamente fechou os olhos, apreciando a brisa, o gramado e o cheiro de calmaria que aquele lugar lhe trazia.

Segundos mais tarde, Snape foi despertado por um som. Ouvindo atentamente, percebeu que era um canto suave. A voz era feminina e familiar. Por um instante, o bruxo hesitou. Olhou a sua volta e percebeu que botões de flores de lírio estavam se abrindo lentamente, formando as margens de um caminho. Snape não sentiu medo, não havia razão para isso. Ele seguiu por entre as flores recém brotadas, o canto cada vez mais alto. Chegando ao fim do caminho, seus olhos avistaram uma enorme casa na árvore, cercada por orquídeas e pelos mesmos lírios que o acompanharam por todo o percurso.

O canto cessou quando, do alto da casa, uma janela se abriu. Snape olhou fixamente e sorriu, assim como os olhos verdes da mulher de cabelos vermelhos pareciam sorrir para ele, convidando-o a subir. A paisagem perfeita estava completa.

Não havia dor.

Não havia medo.

Não havia culpa.

Era o fim.

E apenas o fim.