3 blood types escrita por Fen22


Capítulo 5
Quase sou transformada numa uva


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas! O capítulo ficou maior pq tive de juntar 2 capítulos para não ficar demasiado pequeno. Espero q gostem ;)



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Estava escuro, dei uns passos adiante e reparei que estava numa cela. Uma mulher de cabelos escuros e olhos vazios olhou para mim.

Aquilo não era real, era um sonho...

—Quem é a senhora?-perguntei.

—És uma semideusa?-perguntou.

—Acho que sim...

—Faz sentido. Só não percebi porque é que estás a sonhar comigo... 

—Não respondeu a minha pergunta.

—Eu também sou uma semideusa, chamo-me Clara. Estou presa nesta cela há mais de cinco anos...

A mulher era mais velha que eu e a sua cara transmitia cansaço e solidão. 

—Eu chamou-me Aurora -pude jurar que os olhos de Clara brilharam por alguns segundos mas logo a seguir ela abanou  a cabeça e voltou ao normal- Ok se isto é um sonho porque é que parece tão real?-perguntei.

—Nós semideuses temos estes sonhos que se passam em tempo real. Aqui podes sentir tudo até podes morrer. Se eles te descobrem- o medo invadiu a sua voz .

—Eles quem?

—Os demónios...

O sangue subiu me á boca e um arrepio subiu me pela espinha acima.

—E-eles estão aqui? 

Havia a possibilidade da Bea estar aqui?

—Existem mais pessoas aqui presas?

—Não sei o que se passa do lado de fora desta cela. Quem procuras?

Suspirei e sentei ao lado da Clara. Ela olhou-me com um olhar humilde e sincero. O bastante para me fazer confiar nela de imediato coisa difícil de se conseguir.

Contei lhe sobre o desaparecimento de Peter e da Bea. Como eu me tinha sentido insegura e assustada com a presença do demónio. Ela ouviu me sempre atenta e cuidadosa. Uma sensação quente e reconfortante invadiu o meu coração.

De seguida ela contou-me que ela tinha sido capturada à 5 anos atrás e mantida naquela cela fria e que o seu único desejo era ver a sua filha mais uma vez antes de morrer. Senti uma lágrima descer pelo meu rosto, ali estava uma coisa que eu nunca teria, amor de mãe.

 Uma luz invadiu-me a cabeça e percebi que iria acordar a qualquer momento. As ultimas palavras que ouvi da Clara antes de acordar foram: -Obrigada pela companhia, espero que possamos conversar outra vez um dia destes.

Depois daquele sonho estranho devo ter acordado várias vezes, mas o que ouvia e via não fazia qualquer sentido, e por isso voltei a adormecer.

Recordo-me de um rapaz de cabelos pretos e aspeto sombrio. Mirava-me e, de vez em quando, limpava os restos de comida do meu queixo.

Quando reparou que eu abrira os olhos, perguntou:

— O que vai acontecer? Só temos algumas semanas!

—Desculpa-murmurei-, eu não...

Alguém bateu à porta e o rapaz apressou-se a encher-me a boca com mais uma colherada de pudim.

—-----------------------------–----------

 

Quando finalmente acordei estava sentada numa cadeira numa enorme varanda com uma vista bonita. 

Na mesa ao meu lado estava uma bebida. Estava tão fraca que quase deixei cair o copo quando o agarrei.

—Cuidado- disse uma voz familiar.

Joshua estava debruçado sobre o alpendre com cara de quem não dormia há uma semana. Vestia uma T-shirt cor de laranja que dizia COLÓNIA DOS MESTIÇOS. 

Quem sabe, tudo aquilo não tivesse passado de um pesadelo. Talvez a Bea estivesse bem. Íamos ter com ela e paramos naquela casa por alguma razão. E...

—Salvaste-me a vida-disse Joshua- Eu...sou um fracasso... Sou o pior sátiro do mundo.

Joshua era um sátiro. E ontem...

—A quimera.-disse.

—Hum, Aurora não é lá muito boa ideia...

—É isso que lhe chamam na mitologia grega não é?

—Estiveste a dormir durante dois dias. Do que te lembras?

—A Bea? Ela está mesmo...?

Ele olhou para o chão.

Contemplei a paisagem bonita. Não tinha família e ja não tinha amigos. Abandonei George e a minha vida nunca esteve tão confusa...

—Eu devia ter-vos protegido.- suspirou Joshua.

—Mas porquê?

—Esse é o meu trabalho. Sou um guardião.

—Mas, porque...-senti a minha cabeça a andar à roda.

—Não te esforces. Toma.

Ajudou-me a segurar o copo e encostou a palhinha aos meus lábios.

Estranhei o gosto da bebida, pois sabia aos biscoitos de manteiga que eu, a Bea e o Peter fazíamos á sexta-feira. Aquelas memórias nostálgicas trouxeram um conforto quente ao meu coração não o suficiente para acabar com a tristeza mas foi bom.

—Era bom?- perguntou Joshua.

Acenei com a cabeça.

—Sabia a quê?

—Sabia a biscoitos de manteiga que eu fazia com...com os meus amigos.

—E como te sentes?

—Era capaz de correr até à China e voltar.

—Isso é muito bom. Acho que o melhor é não beberes mais dessa coisa.

—Como assim?

Tirou-me o copo das mãos com cautela, como se fosse um conjunto de explosivos, e colocou-o de volta na mesa.

—Vamos. Quíron e o senhor D estão à nossa espera.

Nem tive tempo de perguntar quem eram aqueles dois. Quando dei por mim já estava a observar dois homens sentados em frente a uma mesa de jogo. O rapaz de cabelos negros que me dera à boca o pudim com sabor a marshmallows estava debruçado na varanda ao lado deles.

—Aquele é o senhor D- murmurou Joshua- É o diretor da colónia. Sê simpática. O rapaz chama-se Nico Di Angelo filho do deus da morte. 

—Tem o mesmo apelido que eu...-e só por acaso era filho do deus da morte, Hades se não me engano... 

—Aquele ali é o Quiron.

Apontou para o homem de cadeira de rodas que estava de costas para mim.

—Agora que somos quatro já podemos jogar a bisca.- disse Quiron.

Apontou para uma cadeira ao lado do Sr.D que soltou um suspiro.

—Pois, parece que tenho de dizê-lo. Bem vinda à Colónia dos semideuses. Pronto, está dito. Agora não esperes que eu fique contente por te ver.

Esforcei-me para não lhe contar também a grandeza da minha felicidade ao vê-lo então limitei-me a lançar-lhe um olhar assassino. A nossa troca de olhares foi interrompida quando Quiron mandou o tal Di Angelo( ah isto soa muito estranho parece que lhe vou ter que lhe chamar pelo nome mesmo) o tal Nico ir chamar uma pessoa que eu não ouvi o nome.

—Senhor D significa alguma coisa?-perguntei.

Ele parou de baralhar as cartas e olhou para mim como se tivesse acabado de dar um arroto.

—Os nomes são preciosos minha jovem!

—Ah, sim, desculpe.

—Fico feliz que tenhas sobrevivido. Há muito tempo que não recebemos novos integrantes e muitos já se foram...

Quiron foi interrompido pela entrada de um rapaz. Ele olhou para mim durante o que pareceu uma eternidade e aquilo para além de estar a deixar-me irritada estava a deixar-me envergonhada...

Os olhos verdes dele dirigiram-se a Quiron e sem perceber relaxei um pouco.

—Esta é a rapariga?-perguntou.

—Aurora este é o Connor Stoles. Connor esta é a Aurora Di Angelo- virou-se para mim.- ele é o chefe da cabana onze. Vais ficar lá enquanto não se descobrir quem é o teu pai.

—Então vamos!- disse o Stoles arrastando-me dali para fora.

—Ei espera!-disse tirando a sua mão da minha.

—Uou pronto-disse ele pondo as mão no ar.

Ele tinha um olhar travesso e parecia andar sempre animado. Mas algo nele incomodava-me.

—Eu sou filho do deus dos ladrões. Se eu já não confiava nele antes agora muito menos .

—Esse não é Herm...

Ele tapou a minha boca com a mão e ficou mais próximo. Empurrei-o por reflexo e ele, para não cair agarrou-se a mim e acabamos por cair os dois! Eu ainda não tinha registo criminal mas estava prestes a ter...

Levantei-me rapidamente.

—Qual é o teu problema?-perguntei irritada.

—Qual o meu problema? Qual é o teu problema? Não sabes que não se deve dizer o nome dos Deuses?

—Eu nem sei se acredito em deuses!

—É bom que acredites pois um deles vai te transformar em algo!-gritou  o Sr.D que aparecera atrás de nós.

Engoli um seco. Que parva D era de Dionísio. Boa! Agora provavelmente ia ser transformada numa uva!

—Vai para a cabana onze com Connor e vê se ganhas juízo!!-gritou enquanto era acalmado por Quiron.

Eu e o filho de Hermes saímos dali e fomos na direção das tais cabanas.

—Ele não simpatizou nada contigo...

—Isso eu já percebi.-resmunguei.

—Estás bem?-perguntou.

—Ótima! Um demónio raptou a minha melhor amiga um deus quer me transformar em uvas, o Joshua tem pernas de bode e espetei um tronco nas entranhas de uma quimera!

—Disseste demónio?- oh claro toda a gente insistia que eu era uma semideusa e que a mitologia grega era verdade mas a doida era eu por acreditar em demónios!

Tive de olhar para a vista para controlar a vontade de socar a cara dele.

Devíamos estar na Costa Norte de Long Island, pois naquele lado o vale estendia-se até ao oceano, que brilhava à distância.

—É lindo não é?-Connor sussurrou. Oi? Ele ainda a poucos segundos achava-me maluca!

Connor tinha-se aproximado demais outra vez então afastei-o.

—Não te preocupes um dia mostro-te a praia!- lançou um sorriso animado. Devo ter ficado parada a observar o seu sorriso por mais tempo do que queria pois ele teve que chamar o meu nome para eu "acordar".

Finalmente tínhamos chegado à cabana 11.

Entre lá e cá, não fui simplesmente capaz de processar tudo o que via. A paisagem era preenchida por edifícios da Grécia antiga. Um pavilhão ao ar livre, um anfiteatro, colunas de mármore. Num campo de areia ali perto uma dúzia de miúdos e sátiros jogavam voleibol. Havia canoas a deslizar num pequeno lago e miúdos com T-shirts cor de laranja iguais às de Joshua e Connor brincavam em redor das cabanas. Uns praticavam tiro ao alvo, outros andavam a cavalo, e, ao menos que tivesse com alucinações, alguns dos cavalos tinham asas.


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Notas finais do capítulo

O q acharam? Preferem capítulos grandes ou pequenos?Comentem!(sei q já é a milésima q peço isto ^-^)



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