Hermione se levantou, cambaleando um pouco. Sentia suas pernas bambas, como se...a castanha começou a dizer a palavra "Não" repetidas vezes, enquanto Draco observava o quarto com uma sombrancelha arqueada, sempre com seu rosto confuso.

– Quer calar essa boca, Granger?! - o loiro reclamou, e se levantou, abrindo o guarda roupa que havia ali. Nele, para a surpresa de Draco, não havia as roupas costumeras de seus pais, e sim, roupas diferentes...coisas que Draco usaria.

– O que você fez? Me drogou? Porque não estou no meu salão comunal?! Malfoy! - ela gritou a última parte. Draco bateu sua testa no armário, tentando se mutilar. Ele pegou uma roupa feminina qualquer (Que notou também não ser de sua mãe. Certamente que Narcisa Malfoy jamais usaria algo tão florido) e jogou para Hermione.

– Escuta aqui, Granger, vai se vestir primeiro, e depois falamos disso. E mais uma coisa, nem que eu fosse maluco, iria te enfeitiçar ou drogar para tê-la em minha cama. - ele disse, mas logo balançou a cabeça. - Quer dizer, cama dos meus pais.

– Argh! - resmungou a castanha, e ainda com as cobertas, saiu andando em passos pesados para o banheiro ali presente.

Tempos depois, os dois estavam devidamente vestidos. Hermione agora revirava o quarto, tentando achar algum sinal de feitiçaria ou algum objeto suspeito. Draco, mexia no armário novamente, e logo encontrou uma caixa de cor lilás, que jamais havia visto.

Ele desceu no banquinho, e se sentou na cama. Hermione notou o movimento, e chegou perto. Draco abriu a caixa, e jogou todo o conteúdo para fora. Várias fotografias se espalharam pela cama, e Hermione sentiu-se nauseada.

Havia fotos dela, e de Draco. Os dois começaram a mexer naquilo, boquiabertos. Havia fotos deles rodopiando em valsas chiques, felizes da vida. Uma foto, de ambos comemorando ao que parecia ser a formatura em Hogwarts.

Mas o pior de tudo, a última foto, escondida debaixo de todas. Ali, havia três crianças, uma menina de cabelos loiros cacheados, sorridente, com olhos marrons assim como os de Hermione, e um menino, mais velho, muito parecido com Draco, porém tinha também os conhecidos olhos marrons. E havia ainda, um mais novinho no colo da menina, tinha cabelos castanhos e olhos tão azuis-cinzados quanto os de Draco.

– O que tá rolando?! - Draco disse, se levantando da cama e olhando as fotografias que mexiam por conta da magia. Hermione ainda encarava as três crianças sorridentes.

– Será que perdemos a memória? - Hermione disse, mordendo os lábios. Ouviu a risada cortante de Malfoy.

– Grande dedução, Granger! - disse, e Hermione o encarou furiosa.

– Tem palpite melhor?!

– Viajamos no tempo, sei lá! Talvez para outra dimensão. - ele disse, colocando os braços para cima. Hermione sabia que poderia fazer sentido, mas não daria o gosto da vitória para aquele loiro aguado.

– Grande dedução, Malfoy! - ela disse em mesmo tom que ele. Os dois se encararam, com os olhos de ambos cintilando em ódio. Porém, ambos pararam assim que ouviram batidas na porta.

Hermione e Draco se viraram para a porta ao mesmo tempo. Seus rostos ficaram mais pálidos que o normal, ouviram mais uma batida, e vendo que Draco paralizara, Hermione resolveu agir.

– Quem é? - perguntou.

– Sou eu mãe, Scorpius. Tristan e Raven queriam saber se vão tomar o desjejum conosco. - a voz do adolescente de pelo menos quinze anos foi escutada por Draco e Hermione.

– Hãm...hoje não, querido. - ela disse em um tom que achou ser o mais normal possível.

– Tudo bem. - ele disse, e logo puderam ouvir os passos de Scorpius se afastarem. Draco pareceu acordar de um transe esquisito, e encarou a foto na mão de Hermione.

– Qual deles deve ser o Scorpius? - disse e pegou a foto, olhando o verso. Ali estava escrito em ordem, os nomes das três crianças. O Scorpius era o mais velho, logo vinha Raven e depois Tristan, mas havia um porém, ali naquela foto, o menino deveria ter uns sete anos, e sua voz aparentava ser de um jovem de quinze.

– O que vou fazer?... - Hermione cochichava consigo mesma, enquanto andava de um lado ao outro pelo quarto.

Draco se sentou, e estudou ainda mais as fotos. Parecia que ele era bem feliz, e que Hermione era feliz ao seu lado. Suspirou, e fitou a castanha andando desesperado pelo quarto.

– Desse jeito vai fazer um buraco no chão, Granger! - disse, e a parou pelos ombros. - Vamos nos manter calmos.

– Eu estou calma! - ela disse se soltando dele.

– Não está!

– Estou!

– Não!

– Sim!

– Caham... - ouviram alguém tossir.

E ali estavam três jovens, observando os dois. Cada um segurava uma carta, e fitavam seus pais com cenhos franzidos. O que Draco e Hermione notaram, foi que o menino mais novo tinha lágrimas nos olhos. Deveria ter por volta de seus onze anos, e segurava contra si a carta como se fosse seu maior tesouro. A menina olhava para os dois com certa diversão, enquanto o mais velho (Scorpius) observava os pais com preocupação.

– Desculpa interromper, é que as cartas de Hogwarts chegaram. - disse o que Hermione e Draco deduziram ser por Raven. - Achamos que era um momento especial, já que é a primeira carta do paspalho do Tristan.

– Ei! - o castanho reclamou. Raven mandou língua para o irmão, que respondeu com o mesmo ato. Scorpius rolou os olhos, ato que Draco fazia muito bem, e era estremamente parecido.

– Certo, saiam do quarto. - Draco disse com frieza, pegando o trio Malfoy de surpresa. Nunca Draco Malfoy usara este tom com eles, e isso os assustou bastante.

– Não vai querer ver minha carta, pai? - Tristan disse, Draco empurrava os filhos para fora.

– Não. Já vi cartas parecidas a minha vida toda. - falou. Hermione olhou horrorizada, era claro que a Granger estava assustada com a situação, ser casada com o Malfoy não era seu sonho, mas não admitia que ele tratasse uma criança daquela forma, afinal, Tristan pensava que ali eram seus pais de sempre.

– Como seu pai está piadista. - ela disse, e afastou Draco. Os três se viraram para Hermione. - Deixa eu ver sua carta, venha.

Tristan sorriu animado, e foi para o lado da mãe. Draco mordeu os lábios, e rolou os olhos. Raven e Scorpius notaram isso, e acharam estranho. Será que os pais estavam brigados? Pensavam em se separar? Foi a primeira vez que entraram no quarto deles e viram ambos discutindo.

– Muito bem, estou orgulhosa. - disse Hermione, retirando um sorriso orgulhoso de Tristan. - E não importa sua casa, sempre nos trará orgulho.

– Não foi isso que papai disse quando eu cai na Grifinória. - Raven resmungou.

– Agora, hora de sairem. Já vamos...hãm...descer. - Draco falou. Tristan saiu mais feliz do quarto, sendo seguido pelos irmãos.

Assim que Malfoy fechou a porta, Hermione o encarou com ódio.

– Poderia ter sido mais gentil com eles! - ela comentou. Pegou sua varinha, lançando um feitiço abafador no quarto. - O que acha que fez a gente parar aqui?

– Provavelmente Merlim deva está com raiva de mim. - disse Draco. - Quem em sã consciência teria filhos contigo?!

– Aparentemente, você. - ela falou, enquanto procurava mais alguma coisa no quarto. - Temos que achar um jeito de voltar e assim...

– ...continuaremos com nossas vidas! - terminou Draco, enquanto guardava rapidamente as fotos das "lembranças" felizes deles.

– Não estou feliz com isso Malfoy! Mas não quero ver essas crianças sofrendo. - disse Hermione. Se apegara bastante a eles, e Tristan era tão doce.

– Tudo bem, Senhora Malfoy. - Draco disse debochado. Hermione arrumou os cabelos, e respirou fundo.

– Só até descobrirmos o que aconteceu. - disse ela. Draco ainda estava de costas para a castanha, mas resmungou qualquer coisa em concordância.