O Lado Obscuro do Amor escrita por Laura Ashley Redbird


Capítulo 3
Parte 3


Notas iniciais do capítulo

Um mais longuinho pra vocês :))))) Hmmmm o que será que aconteceu a mais de tragédias no passado de Lori e Daniel??????
Se alguém que estuda medicina ou é formado for ler isso.... DESCULPA. Eu realmente não entendo NADA disso, então só peguei linhas de um episódio de ER.
Bem... Depois desse capitulo só teremos o Epilogo.
Espero que gostem :)



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   Daniel fechou a porta do seu armário ao mesmo tempo em que a enfermeira Corday abriu a da sala de descanso.

   -Dr. McKennitt? Acidente de trânsito chegando em 1 min. Duas vítimas. 

   -Já vou.

   Ao sair da sala ele viu a correria que era a preparação do Trauma 1 e Trauma 2, as salas usadas para receber pacientes mais graves na emergência. Uma voz vinda de dentro da sala foi ouvida:

   -Precisamos de pelo menos duas unidades de O Negativo aqui!

   Indo em direção à porta Daniel pegou um par de luvas.

   -Corday, pelo visto a coisa foi feia, qual é o estado das vitimas?

   -Duas mulheres, dois carros, aparentemente a que atravessou o sinal vermelho só teve um corte um pouco profundo na cabeça, alguns arranhões e parece que quebrou uma perna, ainda está acordada. Já a outra foi parar quase dentro de um poste...

   Naquele momento a porta da emergência se abriu drasticamente e a primeira maca entrou. Daniel foi para o lado da paramédica. Foi quando ele viu quem era a mulher na maca. Alana parecia não estar totalmente lúcida, provavelmente por causa da batida que causara o corte na cabeça, ele pensou.

   -35 anos, ela...

   -Tá eu sei, ela é a minha mulher. Como ela está?

   -Vitais normais, respiração um pouco elevada, soro intravenoso no caminho.

   Entrando no Trauma 1 a correria começou. Eram dois médicos e três enfermeiras atendendo ela, mãos e objetos pareciam voar de um lado a outro da sala.

   -Mais um litro de soro!

   -Eu quero uma chapa desse tornozelo!

   -Um pouco de morfina aqui para a dor seria bom!

   Daniel tinha que admitir para si mesmo que apesar de amar Lori muito mais intensamente do que de Alana, ele ainda se importava com a mulher que ainda era sua esposa por papel.

   Então ele ouviu o som vindo da sala ao lado. Já era familiar, o bipe continuo do monitor quando o coração do paciente parava de bater, mas ainda sim ele olhou. Foi só um segundo. Mas quando ele viu pela brecha que duas enfermeiras faziam, o cabelo loiro claro caindo para o lado chamou sua atenção e sua mão travou na seringa.

   -Dr. Mackennit? – Era Corday do seu lado.

   -Um segundo...

   Mais uma brecha. O vestido rosa, sangue escorria da maca e o som continuava enquanto a Dra. Martinez, a especialista cirurgiã, colocava o desfibrilador no seu peito. Não.

  -Corday, pegue a seringa aqui...

   -Mas...

   Daniel não escutou, apenas foi o mais rápido que podia para a outra sala, trocando de luva. Mais um choque. E os bipes da maquina voltaram. O alivio na sala era palpável.

   -O que aconteceu aqui?

   Dra. Martinez olhou para Daniel que estava do seu lado.

   -Sarah Hathaway, 34 anos, parece que sua mulher bateu no carro dela, o carro ficou destruído, uma peça que parece um cano entrou direto no fígado dela... Acho que furou uma veia.  

   -O quão grave é?

   A médica analisava o furo no abdômen de Lori.

   -Pela quantidade de sangue que está saindo, eu diria que foi a veia cava inferior. Recebeu duas unidades de sangue na ambulância, mais uma e meia já foram aqui, mas o meu medo maior é que tenha furado um pulmão. A respiração dela está caindo lentamente, ele pode estar se enchendo de sangue.

  Daniel fechou os olhos sabendo o que aquilo significava.

   -Ela está perdendo sangue mais rápido do que nós podemos colocar para dentro do corpo dela.

   Ele olhou para Lori. A única cor do seu rosto era o blush, mas fora o rosa artificial suas altas maças do rosto estavam totalmente desprovidas de cor, o tubo respiratório saia da sua boca e os olhos azuis acinzentados estavam completamente fechados.

   -Ela não vai aguentar até a sala de cirurgia nesse estado, temos que dar um jeito de parar o sangramento.

   -Minha ideia é abrir o peito dela aqui e alguém segurar a veia enquanto os preparativos para a cirurgia são feitos, não consigo pensar em outra forma – a médica olhou para ele com um olhar confuso –Você por um acaso conhece ela? Não acha que deveria estar com a sua mulher, não? 

    -Ela é a minha amante.

   Parecia que cinco minutos haviam se passado, mas também poderiam ser cinco horas, nenhum dos dois sabia. Os gritos haviam diminuído, mas ainda era possível ouvir muitos deles. Foi quando a porta do quarto 112 se escancarou. Daniel e Lori se olharam enquanto os gritos de uma mulher ficavam mais altos.

    Ao espiar por um dos buracos da porta do roupeiro Daniel viu que era Elizabeth, a mãe de Lori, sendo carregada por mais três pessoas. Ela gritava e esperneava tentando se soltar, mas nada que ela fazia parecia adiantar.

   Do lado dele Lori olhava pelas frestas do armário completamente horrorizada, ela tremia e seus olhos estavam arregalados.

      Daniel olhou novamente para fora, um dos homens pegou uma corda de dentro de uma sacola, mas foi ao pendurá-la no teto do quarto que ele viu a tatuagem no braço dele. À distância parecia um tipo de nó celta, com um desenho no meio, mas assim que os outros dois assassinos puxaram Elizabeth para perto da corda a atenção de Daniel foi desviada para a mulher histérica.  

   Ele esticou o braço e puxou Lori para mais perto de si. A garota não hesitou, afundou o rosto nele, abraçando-o o mais forte que podia e tentando ao máximo reprimir os soluços que lutavam para escapar em alto e bom som.

  

   Daniel estava parado do lado de fora da porta da sala de cirurgia. Não conseguia tirar o gosto de vômito da boca. Sempre tivera estomago forte, porém toracotomias de emergências nunca foram bonitas de se ver, mais a visão da Dra. Kendrick usando o separador de costelas, abrindo o peito de Lori ao meio e enfiando a mão para tentar salvar a vida dela fora simplesmente demais para ele.

   Na sua mão estava o colar que ele tinha dado para Lori horas antes junto com duas fotos, uma era dela que ele tirou dezesseis anos atrás. Ele olhou para a foto que tinha sempre consigo. Era uma garota normal, com um vestido azul e o maior sorriso que ele já tinha visto. Na parte branca da foto estava escrito com caneta azul “o amor da minha vida”. A outra era a que ela tinha tirado dele. A foto que foi encontrada com Lori estava amassada e manchada de sangue em uma borda.

   -O que você está fazendo aqui Daniel?

   Ele sabia que quando a mãe dele o chamava de Daniel era porque a coisa estava feia.

   -Eu atendi Sarah quando ela chegou, só quero ver como ela vai ficar.

   -Sei. Mesmo assim, você deveria estar com a sua mulher, não essa sua amantezinha.

   -Como você sabe que... - por um momento tudo ficou quieto, até que ele entendeu – Foi você. Você descobriu sobre nós e contou para Alana! Foi assim que ela soube!

   -Sua mulher merecia saber. Ela não merecia ser traída.

   -Ai meu... Eu ia contar, já até pedi os papeis de divórcio!

   -Sua mulher te ama e é assim que você retribui? Largando ela pela primeira loira que passa?

   Daniel passou a mão livre no cabelo, a raiva tomava conta.

   -Você tem alguma ideia do que você fez? – ele respirou fundo – E não é porque você não gosta que possa simplesmente fazer uma coisa dessas. Eu amo essa “primeira loira que passou”, amo mais do que eu já amei qualquer outra coisa na minha vida. E agora ela está naquela sala de cirurgia, enquanto um bando de pessoas literalmente abrem o peito dela para tentar salvá-la de sangrar até a morte.

   Ele entregou as duas fotos para Sarah, para que ela pudesse entender a situação.

   -E é tudo culpa sua!

   Daniel abriu os olhos lentamente.

   Ele havia dormido?

   Olhou para o espaço na sua frente. Nada. Por um segundo ele congelou. Lori não deveria estar ali? O pânico tomou conta, para onde ela poderia ter ido? O que teria acontecido?

   Um instante antes que a sua mão pudesse abrir a porta do armário ele viu a silhueta do outro lado. Lori estava de pé na frente do corpo enforcado da mãe. Daniel não conseguia ver seu rosto, pois ela estava de costas para ele, mas ele via sua respiração acelerada.

   Depois de alguns segundos ela se virou e voltou rapidamente para dentro do armário.

   Seus olhos estavam vermelhos e o rosto encharcado de lágrimas, mas ela não soluçava mais.

   -O que você estava fazendo? – ele sussurrou em um tom urgente para ela – Você sabe o quão perigoso é lá fora.

   -Eu tinha que pegar o colar.

   Ela abriu a mão e mostrou a corrente de ouro com o pingente.

   Seus lábios fizeram somente um gesto silencioso:

   -Desculpe.

   E ele a abraçou novamente.

   -Eu não sabia.

   Daniel olhou para a sua mãe enquanto ela se sentava na cadeira da sala de espera ao seu lado.

   -Claro que não.

   -Se eu soubesse que era ela... A menina pela qual você se apaixonou...

   -Mãe...

   A maca passou na frente deles muito rápido, Dra. Kendrick estava com o jaleco quase totalmente vermelho e parou ao ver Daniel.

   A simples troca de olhar foi o suficiente.

   -O que aconteceu?

   -Nós achamos que é Embolia Pulmonar, estamos levando ela pro exame agora.

   -Como está a saturação? E o oxigênio??? – ele estava em pânico

   - 81, com 100% de oxigênio.

   -5000 de heparina, comecem a gotejar. 1000 por hora! – Dra. Kendrick gritou para as enfermeiras.

   Daniel se levantou para seguir a doutora e a sua mãe o seguiu.

   -Mas isso vai afinar o sangue dela! A cicatriz da cirurgia não faz coagular desse jeito e ela já não está com tanto sangue assim no sistema.

   Por um momento a médica parou, enquanto as enfermeiras levavam Lori para dentro. Dra. Kendrick colocou um das mãos no ombro de Daniel.

   -Vamos herparinizar ela por no máximo duas horas, confie em mim, é o melhor a fazer.

   A médica disparou para longe antes que Daniel conseguisse acompanhar. O que o fez voltar a realidade foi o toque da mãe no seu ombro.

   -Daniel... 

   -Não – ele arrancou a mão da mãe do seu ombro – eu tenho que ajuda-la.

   E disparou para dentro da sala.

   -Nós vamos ficar bem – ele a acalmou.

   -Eu vou morrer – Lori afirmou em um ruído que não passava de um sussurro.

   Ele passou a mão nos cabelos loiros bagunçados dela.

   -Não...

   Como varias vezes acontecera nos últimos dois dias o silêncio tomou conta, os gritos que antes os assombravam agora eram ecos distantes em suas mentes. Mas aquilo não deixava a situação nem um pouco mais fácil.

   -É noite – ela comentou – Aposto que tem como chegar na sala de comunicação despercebida. Eu poderia mandar alguma mensagem para policia.

   Daniel segurou as bochechas dela, obrigando Lori a desviar o olhar vago da garrafinha de água vazia e olhar para ele. Ela lançava cada vez com mais frequência esses olhares para lugares aleatórios, ação que estava começando a preocupa-lo.

   -Ah, não, nã-nã-não. A gente não vai sair daqui. Se sairmos daí sim estamos mortos.

   -Você não percebe? Já estamos ambos mortos. – a voz dela era tão calma que por um momento assustou Daniel – Eles vão nos achar eventualmente. E você vai ficar aqui. Eu vou sozinha.

   -Você não vai a lugar nenhum sozinha.

   Ela suspirou. Sabia que não poderia convecê-lo a não ir.

   -Tudo bem.

   Lori olhou através das frestas do guarda roupa e viu que, fora o corpo já cinzento da mãe o quarto estava vazio.

   -Vamos.

   -Na artéria pulmonar direita – Dra. Kendrick apontou para a tela.

   -Angiografia – foi a única coisa que Daniel disse – Vou preparar a sala.

   -Te encontro lá.

   Ao abrir a porta Daniel viu Lori ainda inconsciente na maca e não pôde deixar de perceber os curativos do tórax encharcados em vermelho.

   Uma enfermeira parou do lado dele.

   -O sangue saindo da incisão – ele se ouviu falando – acontece com a heparina.

   Silêncio.

   -A pressão sanguínea está boa, e sem maior hemorragia – ele continuou – Mas a tomografia mostra Embolia Pulmonar. Tenho que leva-la para a angiografia e aplicar um filtro. Ela vai precisar de outra transfusão.

   Foi quando o bipe alto veio de uma das máquinas e a enfermeira se moveu para ver o que acontecia.

    -PA abaixo de 60. Oxigenação 82!

   Foram as piores palavras que Daniel ouvira em toda a sua vida.

   -Começar compressões torácicas! – Daniel gritou para a enfermeira enquanto pegava a tesoura e abria a frente da roupa de hospital de Lori.

   Dra. Kendrick abriu a porta.

   -O que houve? Escutei o barulho e...

   -Eu preciso de um removedor de grampo! Rápido!! – ele gritou antes de se virar para Loreena outra vez.

   A enfermeira já empurrava as mãos contra o peito da paciente.

   -Você vai abri-la bem aqui? Não acha que ela aguenta até o centro cirúrgico? – Kendrick perguntou.

   -Não.

   -Então já pegue um cortador de arame.

   Ele passou batadine, liquido de preparação no toráx de Lori.

   -Cortador de arame?

   -Tivemos que amarrar os ossos do peito.

 

   Ela olhou o próximo corredor com cuidado antes de virar. Apesar de o chão do espaço estar coberto por corpos, estava tão desprovido de vida quanto cheio de sangue. Lori sinalizou com a mão para que Daniel passasse a sua frente.

   Eles estavam na metade do corredor quando Daniel notou as duas sombras vindo da esquina mais próxima. Em um gesto mais instintivo do que racional ele puxou Lori para a porta ao lado. Ao entrarem no quarto o garoto não pode deixar de perceber o cadáver de uma menina que não podia ter mais de seis ou sete anos com a garganta cortada em cima da cama.

   Infelizmente o único lugar que ele conseguiu pensar para se esconder em menos de três segundos foi atrás do leito da garotinha. Daniel sentiu o seu nariz se contrair com o cheiro que emanava do corpo sem vida atrás de si. Lori, por outro lado, não parecia se incomodar com o odor. O que atraia sua atenção era a mão que caia da cama, com um fino traço de sangue seco que deixara uma mancha metálica no chão ao seu lado.

   Loreena colocou a cabeça entre as pernas, tentando controlar a respiração enquanto o som de passos passavam reto pelo lado de fora do quarto. Ele colocou uma mão na nuca da loira ao seu lado, mexendo carinhosamente nos cabelos dela enquanto tentava ajuda-la a conter um ataque de pânico. 

    Lori só levantou a cabeça depois de cinco longos minutos e sem olhar para Daniel ou para o corpo da garotinha saiu do quarto com o queixo erguido.

 

   -Precisamos de mais duas enfermeiras. Começar compressões internas!

   Daniel não sabia de quem fora o grito, mas em menos de um segundo sua mão estava dentro do tórax aberto de Lori, o coração dela literalmente na sua mão enquanto ele tentava desesperadamente fazê-lo bater novamente.

   Dra. Kendrick tinha pinças e bisturis envolta e a maquina continuava a bipar alto, mas tudo o que Daniel conseguia fazer era tentar não vomitar de novo. Para salvar a vida dela. Ele pensou. 

   -Dr. McKennitt! – ele voltou a atenção para Kendrick enquanto sua mão continuava o movimento – Sucção. Agora!

   Ele pegou o tubinho com a mão livre e o colocou perto da outra, tirando o excesso de sangue do caminho.

   -Oxigenação? – Daniel gritou tirando a mão que estava fazendo as compressões,

  -68 em 100%

   -Droga!

   -Removendo o grampo lateral! – Dra. Kendick anunciou.

   Foi quando o bipe ficou ainda mais alto. Respire Daniel, a vida dela depende disso.

   -Fibrilação ventricular! Pás internas, carga em 15.

   Ele se afastou rápido, lutando para respirar.

   -Afastem!

   E ela colocou as pequenas estruturas de ferro dos lados do coração de Lori e deu o primeiro choque.

   O bipe continuou alto.

   -Carregar em 30! Afastem!

   Outra vez nada.

   -Precisamos de uma ampola de epinefrina!

   -Outra vez! Afastem!

    Mais um choque e nada. Porque não está funcionando?! Ela não pode morrer, não agora!

   -Vamos lá Lori! – ele sentiu os olhos se enchendo de lágrimas. Não. Não tinha tempo para isso agora – Carregar de novo! 100 de lidocaína!

   -Afastem!

   Eles tinham chegado tão perto. Daniel podia ver os aparelhos da sala de comunicação do lado de fora da porta da salinha de limpeza na qual ele e Lori de espremiam.

   -Droga– ele se ouviu sussurrar.

   Sim, os dois conseguiram chegar até a sala despercebidos, mas antes que pudessem mexer em qualquer um dos equipamentos vários homens armados haviam entrado lá também obrigando o casal a se esconder.

   Ele ouviu Lori respirando fundo atrás dele contra a estante e antes que ele pudesse virar para encara-la Loreena o puxou pelo braço.

   -Eu te amo. E vou sempre te amar. NUNCA esqueça isso. – Daniel a escutou sussurrando.

    Pela primeira vez em quase dois dias e meio ela não chorava. Nem mesmo tinha os olhos vermelhos. Ao invés disso seu olhar era determinado, focado em um só objetivo.

   -Só prometa que quando uma imagem minha passar na sua mente vai ser como eu estava lá em cima no deque. Feliz em pensar que eu iria passar o resto da minha vida com você, com a maquiagem e o vestido impecáveis. Não quero que você lembre de mim assim, nesse estado.

   -Não fale assim.

    -Eu quero que você fique com isso. – ela colocou o colar com a pedra azul delicadamente na mão dele – pense em mim sempre que o ver.

    -Para, nós vamos...

   Antes que ele pudesse terminar a frase ela se jogou nos braços dele e o beijou tão forte que o fez virar para não perder o equilíbrio. Ele podia sentir a lateral do seu corpo contra a estante de materiais, mas não se importou, sua mente estava completamente tomada pelo beijo.

   Ela se separou apenas o suficiente para poder falar.

   -Eu sinto muito, mas não tem outro jeito. Só fique em silêncio, ou nós dois acabamos mortos.

   A voz dela não tremia, mas pequenas lágrimas desciam pelas bochechas rosadas de Loreena.

   Daniel não teve tempo para falar nem uma palavra ou ao menos entender o que ela iria fazer, pois em menos de um minuto ela já tinha o empurrado para as sombras, aberto a porta e saído.

   Sua primeira reação ao ver a amada parada de pé enquanto os homens viravam para ver qual era a fonte do barulho foi ir em direção à porta, mas quando o fez seu braço o impulsionou de volta para trás e ele percebeu que Lori o tinha amarrado com um pano na estante.

   Ele percebeu pelo pequeno vão da porta aberta que os homens corriam porta a fora atrás de um vulto.

   Passos ecoavam cada vez mais distante. Não podia ser pior, não podia. Até que ele escutou os gritos agudos.

   ERA pior.

    Loreena estava morta.

    Daniel tinha quase certeza disso.

 

   -Afastem!

  Mais um choque.

   -Uma ampola de antropina! –Daniel gritou.

   -Quando foi a última epinefrina? – Dra. Kendrick perguntou.

   Daniel esperou. Ninguém respondeu. Onde estão as enfermeiras? Ele olhou no relógio.

   -Quatro minutos atrás!

   -Mais 7mg! AGORA. Afastem!

   Outra vez. Nada.

   -Travis, é isso. Fizemos tudo o que podíamos.

   Daniel olhou para a médica, sem entender o que ela queria dizer. Ela está desistindo de Lori? Kendrick ainda segurava as pás nas mãos enquanto olhava atentamente para o médico a sua frente, o único som da sala era o bique continuo da máquina. Não. Não, não, não, não!

    A visão dele estava turva, provavelmente das lágrimas que caíam.

   -NÃO!

   Daniel arrancou as pás de Kendrick.

   -AFASTEM!

   Outro choque. Nada.

   -Você não pode me deixar!

   Nada.

   -Não, não...

   Nada.

   Ele caiu no chão, ainda soluçando com as pás na mão.

   -Travis...

   Era Kendrick, mas ele não se importava.

   - Travis?

   Foi quando ele percebeu. O bipe da máquina já não soltava apenas um único som. Ele alternava entre mais de um tom. Bipe.

   Ele esperou.

   Bipe. Bipe. Bipe.

   O coração dela estava batendo outra vez.


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Notas finais do capítulo

Então.... o que acharam??????



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