O Nosso Clichê escrita por Bubbaloo


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

TAMO DE CAPA NOVA *-*
isso que da deixar a autora no photoshop por muito tempo.
ela fica fazendo mil capas.
Espero que tenham gostado! Deixem nos comentários o que acharam dela uhm?
em homenagem a capa tem cap novo!!!!!!!!!!!
ehhhhhhhhhhhhhhh
boa leitura



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/671778/chapter/2

Capítulo 1

Minas Gerais

Uberlândia

            Quando o ônibus finalmente parou de manobrar no pátio e estacionou, bem ao lado de uma fila de pessoas ansiosas para rever os parentes. Eu praticamente saltei para fora, direto nos braços de Leonardo. Meu irmão sorria alegremente para mim, passando a mão em meu cabelo e eu me mantinha colada nele.

            –Está tão linda Carol! Olha você fez um piercing! –Disse tocando a bola prata em cima do meu lábio superior, sorri assentindo.

            –E você vai casar! Uau.

            Ele apenas riu divertido, e nesse meio tempo meu olhar foi desviado para o homem ao lado dele.

            Eu reconheceria aquele sorriso sacana em qualquer lugar do mundo. Rafael tinha literalmente crescido desde que fui para São Paulo estudar.

            Alto, de pele bronzeada, os olhos castanhos com o mesmo olhar malicioso de sempre, o cabelo preto curtinho, e a barba por fazer, já não tinha falhas como antes, musculoso e me olhava com desejo?

            –Carolzinha! Se tornou uma feminista de primeira.

            –O que? –Senti meu sangue ferver, ele agora mordia o lábio inferior fino, em uma expressão risonha. –Oras, continua o mesmo escroto de sempre.

            Ele riu alto, sendo acompanhado pelo meu irmão mais velho.

            –Cortou o cabelo e colocou um piercing.

            –E desde quando só feminista faz isso?

            –Bom desde que mulher é bonita apenas de cabelo longo.

            –Olha aqui…

            –Ei, ei! –Leonardo chamou minha atenção o olhei agora irritada, ele apenas me sorriu puxando minha mala e a mim para a entrada da rodoviária. –Nada de briga entre padrinhos.

            –Padrinhos? –Olhei Rafael que ainda estava risonho, desejando o matar apenas com um olhar. –Eu não subo no altar com esse imbecil nem em um milhão de anos.

            –Não é para casar Carolzinha, até por que coitado do homem que casar com você.

            –Qual é a piadinha de agora?

            –Bom você com certeza é muito esquentada, o cara ia ter que pedir licença para pegar na sua bunda. –E começou a gargalhar. Se Leo não tivesse me segurado, com certeza aquelas teriam sido as últimas palavras dele.

            –Seu idiota!

            –Ei Fael, não fala assim da minha maninha.

            –Certo, certo. Não ta mais aqui quem falou.

            O resto do caminho para casa, eu fiz em silêncio, apenas lançando olhares assassinos para Rafael que ainda ria de minha reação as suas piadas. Alguns minutos depois, estávamos finalmente em casa.

            Desci do carro olhando a minha pequena casinha. Onde cresci e brinquei. O cheiro de mato que em senti tanta falta em São Paulo. Era um pequeno chalé branco, e de onde eu estava podia ver que praticamente explodia de tanta gente.

            Leonardo entrou com minha mala, e tarde de mais percebi que fiquei sozinha ali com Rafael. Ele então não perdeu a oportunidade de me azucrinar.

            –Então Carolzinha, pegando muitas meninas em Sampa?

            –Urgh, você podia ser menos insuportável.

            –E você podia ter crescido no corpo também.

            –No corpo? –Ele me lançou seu olhar sacana, enquanto corria o olhar pelo meu corpo.

            –Sim, podia ter ganhado peitos e bunda. Continua a mesma tabua de passar roupa.

            Minha boca se escancarou, e eu tive tempo apenas de acertar meu melhor soco de direita em seu estomago, antes de correr porta a dentro.

            Dentro de casa eu virei o alvo dos olhares da familia. Mamãe e Papai me olhavam com a boca aberta. Meus tios riram baixinho quando me viram. E então eu pensei tarde de mais que lá fora com o melhor amigo do meu irmão teria sido  melhor.

            –Ca–ca–carol? O que você fez com seu cabelo?

            Revirei os olhos para mamãe, e bufei me sentando ao lado de uma moça negra de olhos castanhos e trancinhas.

            –Fala sério mãe eu pintei e cortei. –Resmunguei passando a mão nele. Eu tinha pintado de preto antes de vir, justamente por que ele era azul royal e se minha familia me vissem com o cabelo daquela cor ia dar buxixo.

            Meu cabelo natural foi loiro. Loiro gema de ovo.

            Antes de passar  na USP eu o deixava longo, era ondulado e batia na minha bunda. Não, não foi a USP que me mudou, eu apenas abri meus horizontes, descobri que não era ter cabelo grande ou passar chapinha nele todos os dias que me tornava bonita.

            Infelizmente, minha familia tradicional brasileira não pensa assim.

            –E isso em cima da sua boca?

            –É um piercing. –Resmunguei passando o dedo nele.

            –Rogério sua filha colocou um piercing…

            –Ficou bonito. –Papai disse, me fazendo sorrir. Sempre me apoiando.

            –Obrigada papai.

            –Rogério!

            –Ora Luana deixa sua filha.

            –É tia Luana, deixa da Carolzinha, ta tão lindinha. –Rafael disse entrando em casa. A moça ao meu lado riu alto, atraindo a atenção de todos da casa.

            –Jaqueline, o que achou de sua cunhada? –Ele perguntou para a moça, olhei para ela e sorri. Uau meu irmão ta podendo! Que noiva gata!

            –Ela é decidida não?

            –Desde pequena. –Tia Luiza começou. Revirei os olhos. Me virei para a moça e sorri lhe estendendo a mão, ignorando as histórias que titia falava.

            –É um prazer.

            –Igualmente! Fico feliz em conhecer minha madrinha.

            –Madrinha?

            –Oh! Leo não te contou?

            –Olha… É uma honra mas eu…

            –Você é contra casamentos. –Respondeu sorrindo. Assenti corando. –Talvez você se case um dia.

            Fiz o sinal da cruz e neguei, ela caiu na gargalhada.

            –Acho que irá se apaixonar ainda Carol.

            –Não a ponto de me amarrar.

            –Como se alguém fosse se amarrar a Carolzinha.

            –Ei para de pesar na minha Rafael. Que saco.

            –Ai Rafa, assim parece que você tem um amor platônico por ela. –Jaqueline disse, a reação dele foi arfar e tossir um pouco.

            –Óbvio que não.

            –Eu diria que ele tem uma implicância platônica.

            –O tesão de te deixar brava é gigante Carolzinha.

            –Tata, que seja. –Me virei para Jaqueline o ignorando. –E ai, precisa de minha ajuda para algo?

            Com um sorriso alegre, ela assentiu e começamos um papo sobre todo o preparativo do casamento.

            Então como faltava apenas uma semana para o tão grande dia, que embora eu detestasse a idéia eu ajudava da maneira que podia, embarcamos eu e Rafael, junto com meu irmão e sua noiva em uma semana cansativa de preparativos.

            Ao fim da semana, eu estava exausta, e por acaso, fui convidada pela Jaque, por quem eu rapidamente nutri uma amizade. Para o dia de noiva dela.

            Então eu me encontrava em uma banheira de hidro, sendo paparicada pelas cabeleireiras que quebravam a cabeça para fazer um penteado em meu cabelo curto. Enquanto lia o meu exemplar de o renascer da força, e bebia uma taça de champagne.

            A noiva estava sendo maquiada, e duas cabeleireiras cuidavam de seu afro, que hoje ela decidiu soltar das tranças, nos dando uma bela visão de seu cabelo crespo.

            –Bem que você podia ter mais cabelo em Caroline. –Mamãe resmungou, eu a ignorei virando a pagina do livro. Agora sentindo as mãos habilidosas de uma das cabeleireiras mexendo em meu cabelo. –Tinha um cabelo tão grande minha filha.

            –Sim e me atrapalhava bastante também.

            –Ora essa… Sempre teve cabelo longo. Como que te atrapalhava.         

            –Simples, eu tinha que lavar toda a vez que transava. –Levantei os olhos do livro a encarando. –Lavar quatro vezes por dia estava me custando caro.

            E então Jaqueline começou a rir encarando minha mãe, que tinha a boca aberta em choque.

            –Ma–ma–mas… Você nem namora filha!

            –Claro que não, é apenas sexo casual.

            –Caroline de Almeida Sampaio!

            –Bla–bla–bla. –Resmunguei, recebendo um  beliscão. Mantive meus olhos em meu livro.

            E assim, finalmente pus meu vestido vermelho carmim no estilo sereia. Todas as madrinhas usavam o mesmo modelo e a mesma cor, mas em mim ele apenas realçou a minha pele pálida, e meu cabelo preto que estava preso em um coque rosquinha.

            Fomos todas para a igreja. E quando cheguei, tive que aceitar o braço de Rafael, que tinha tirado a semana para me atormentar. Então, rapidamente entravamos na igreja.

            Minutos mais tarde, quando já estávamos no altar, vendo os demais casais de padrinhos entrarem, olhei para meu par que tinha os olhos colados em meu corpo, fazendo o caminho de cima para baixo várias vezes.

            –Perdeu algo em mim? –Sussurrei, ele desviou o olhar para minha boca, e o manteve ali por um bom tempo.

            –Está muito gostosa Carolzinha.

            Estaquei, o olhei como quem olha para um louco.

            –O que disse?

            –Céus, você tá uma tremenda gata. Esse Piercing me dá um tesão…

            –Nós estamos em uma igreja seu idiota! –Rosnei o empurrando. Ato que fez toda a igreja nos olhar. Inclusive os noivos que agora estavam no altar.

            Eles não nos olharam apenas por que eu empurrei o padrinho, nos olharam por que o padrinho simplesmente caiu em cima do fotógrafo, que caiu em cima de um arranjo de flores.

            –Carol? –Meu irmão me encarava com a sobrancelha arqueada, enquanto eu permanecia estática olhando o vaso onde as flores estavam e a câmera do fotografo quebradas no chão.

            –Oh meu deus! Me desculpa. –Eu estava realmente em choque encarando a cena a minha frente, e bem deu que eu e o idiota do Rafael teríamos que ressarcir a câmera profissional de ultima geração que obviamente custaria meu rim.

            O resto do casamento passou quase que tranquilamente, já que eu me tremia internamente pensando em como pagar a câmera, mas meu irmão e sua noiva estavam exultantes e logo a atmosfera de felicidade me tomou.

            Mais tarde no bufet, eu caminhava pela parte de fora ouvindo as risadas e o som da valsa dos noivos. Minha mente viajava entre o que eu queria para meu irmão, e como a esposa dele era maravilhosa.

            Sentei em uma fonte que jorrava água, e remexi com meu dedo no liquido cristalino, o cheiro de rosas inebriava o local, e dava um toque romântico que fazia uma vontade de revirar os olhos me tomar.

            Pode parecer que eu tive um péssimo relacionamento e por isso sou tão contra casamentos, mas eu nunca tive um relacionamento sério com homem nenhum, mesmo que bi eu tinha uma inclinação maior para homens do que mulheres e mesmo assim, os meus três namoros fracassados foram com mulheres.

            Eu não sei quando e nem por que minha aversão por homens começou, digamos que eu fui para São Paulo e li tanta coisa, aprendi tanta coisa com as paulistas. Tantos homens que tem a masculinidade ferida por qualquer coisa pequena e insignificante.

            Como é frágil a masculinidade não?

            Se lava o cabelo com condicionador, por mais escroto que isso pareça, o pai do garoto já levanta a voz dizendo, filho meu tem que ser homem.

            Meu amor ele é homem, pode não ser hétero, mas cuidar da aparência não é coisa de gay, é questão de higiene e bem estar.

            Desde quando homem tem que ser largado? Cheio de pelos que em mulheres é um crime? Fedendo e suado o que em uma mulher é um absurdo.

            A tanto tempo eu vivia com essa batalha dentro de mim, entre o que eu era e o que eu queria ser.

            Eu não nasci lésbica, e não se torna lésbica. Mas a aversão pelo macho que se acha o dono da verdade me fez preferir fugir das garras machistas.

            Perdida em meus pensamentos, com a sobrancelha franzida encarando a água, pulei ao sentir uma mão quente em minha cintura.

            Tão rápido que pareceu ridículo para mim, o desastre em pessoa. Virei de frente para a pessoa desejando a xingar.

            –Rafael? –Ele sorria alegremente. –Da para me soltar?

            –Por que eu soltaria?

            –Para começar por que eu não quero que me segure.

            –Ah Carolzinha, eu tenho certeza que você quer.

            –Ah claro, e os homens tem um sétimo sentido uhm? Eles sabem o que uma mulher quer ou não quer?

            –Lá vem o discurso de facebook.

            –Imbecil! –Gritei o empurrando, e pela segunda vez no dia o palerma se desequilibrou e meteu as costas no chão, não pude conter a gargalhada que me tomou. Mas logo me calei quando meu corpo caiu em cima do dele, só então percebi que ele tinha puxado minha perna.

            Nos encaramos estáticos, eu sentia um calor me tomando, e o corpo dele ardia contra o meu, mesmo sob nossas roupas. O olhar dele ardia no meu, de uma forma tão estranha que eu senti minha bochecha arder corando.

            –Eu–eu... –Comecei a me levantar mas as mãos dele me seguraram.

            –Espera.

            –Me solta.

            –Não!

            –I–i–isso é assédio!

            –Eu não fiz nada, nem irei fazer.

            Meu sangue fervia pelas veias, a raiva dele e o estranho tesão que dominavam meu corpo, um lutando contra o outro, fazia com que ao mesmo tempo em que desejava o estapear, quisesse ficar ali.

            Então, a minha batalha interna foi vencida, e eu me inclinei na direção dele, a boca semi aberta, o ar quente que saia dela batendo no meu rosto, eu só pude gemer em deleite, o que o fez se remexer embaixo de mim.

            Por fim, eu finalmente estava com a boca a um centímetro da dele.

            Em meio ao choque daquela vontade estranha, eu me inclinei e colei nossos lábios.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

comentem!
O QUE ACHARAM DA CAROL?
e do rafael???



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Nosso Clichê" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.